Dados de novas inserções de imóveis ao Sistema Nacional de Cadastro Ambiental Rural (SiCAR), ao longo de um ano, revelaram um papel do mundo rural brasileiro na preservação ambiental maior do que o estimado na primeira análise. Em fevereiro deste ano, agricultores, pecuaristas, silvicultores e extrativistas destinavam à preservação da vegetação nativa mais de 218 milhões de hectares, o equivalente a um quarto do território nacional (25,6%). Os números foram apresentados hoje (23), durante o
Global Agribusiness Forum 2018.
Os números foram levantados pela Embrapa Territorial, Campinas, SP, a partir das informações mantidas no SiCAR pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB). Na média, cada produtor rural utiliza apenas metade de suas terras. A outra metade é ocupada com áreas de preservação permanente (às margens de corpos d’água e topos de morros), reserva legal e vegetação excedente. O centro de pesquisa estimou o valor do patrimônio fundiário imobilizado em preservação ambiental e chegou à cifra de R$ 3,1 trilhões.
O chefe-geral da Embrapa Territorial, Evaristo de Miranda, chama a atenção para a distribuição desses espaços: “Eles estão extremamente conectados e recobrem todo o território nacional”. Miranda avalia que as áreas preservadas pelos agricultores compõem “um mosaico ambiental relevante e de grande dimensão com as áreas protegidas”. Estas são formadas pelas terras indígenas e as chamadas unidades de conservação integral – parques nacionais, estações ecológicas etc.
A área total destinada à preservação, manutenção e proteção da vegetação nativa no Brasil ocupa 66,3% do território. Neste número estão os espaços preservados pelo segmento rural, as unidades de conservação integral, as terras indígenas, as terras devolutas e as ainda não cadastradas no SiCAR. Elas somam 631 milhões de hectares, área equivalente a 48 países da Europa.
CAR
O Cadastro Ambiental Rural (CAR) é uma exigência do Código Florestal Brasileiro de 2012 para todas as propriedade e posses rurais no Brasil. Até 31/01/2018, estavam cadastrados pouco mais de 4,8 milhões de imóveis e 436,8 milhões de hectares de terras. Esses números vão crescer, uma vez que o cadastramento continua aberto.
No CAR, cada produtor delimitou, além do perímetro do imóvel, suas áreas de preservação permanente, reserva legal e de vegetação excedente. Essa base de dados geocodificados foi construída sobre imagens de satélite com cinco metros de resolução espacial. No caso do estado de São Paulo, a resolução é melhor, de um metro. “Os dados são muito precisos”, avalia Miranda.
Para calcular o território dedicado à vegetação nativa, a equipe da Embrapa Territorial baixou e integrou ao seu Sistema de Inteligência Territorial Estratégica 180 gigabytes de dados de cada um dos 5.570 municípios brasileiros. Os materiais e os métodos utilizados, bem como os resultados, estão disponíveis em www.embrapa.br/car.