Gestão da qualidade: como melhorar suas operações agrícolas utilizando ferramentas de qualidade

BANCO DE VARIEDADES POR: Profa. dra. Carla Segatto Strini Paixão Voltarelli

Coordenadora do curso de graduação de Engenharia Agronômica - Centro Universitário Facens

Continuando aquela nossa conversa sobre atualidades no campo da pesquisa, resolvi, por intermédio dessa coluna, também divulgar informações de pesquisa que já realizamos com uma linguagem mais popular e simples, além de uma aplicação no campo dessa descoberta. Acredito que assim conseguiremos mostrar para vocês, produtores, o quão importante é a pesquisa dentro da agricultura.

Na edição passada vimos algumas mudanças na questão de monitoramento das perdas e quão importante é essa questão para se manter a qualidade em uma operação. Quando pensamos numa operação agrícola, alguém já parou para pensar quantos fatores podem influenciar uma colheita, por exemplo? Vamos tentar imaginar isso: na opinião de vocês, observando a imagem a seguir, o que pode influenciar negativamente a qualidade, ou seja, causar mais perdas?

Assim, percebemos que a qualidade de operação é influenciada por inúmeros fatores e que estes podem interferir na colheita mecanizada de grãos em níveis diferentes (alta, média e baixa interferência), dependendo da região, máquina, produtor e cultura.

Entendeu como é dificil criarmos uma receita de bolo e generalizar toda colheita como sendo igual e não admitirmos que podemos a cada ano ser influencidos mais fortemente pela chuva, por exemplo (caso esse que pode não ter acontecido no ano anterior)?

“Nada existe permanente a não ser a mudança” – Eráclito

Isso começa com algumas ferramentas que podemos utilizar para a gestão da qualidade, lembrando que não serve só para a mecanização agrícola, mas deve ser aplicada na indústria, na sua cooperativa e na sua empresa.

Diagrama de causa e efeito

  • Também chamado de Diagrama de Espinha de Peixe ou Diagrama de Ishikawa, é uma representação gráfica que permite descobrir as causas principais de problemas, defeitos ou inconformidades;
  • Possui o objetivo de encontrar o efeito (problema) e todas as suas causas,
  • As causas são divididas em famílias, podendo ser 4 Ms e depois 6 Ms: máquinas, métodos, meio ambiente, mão de obra, medidas e materiais.

Vamos aprender como aplicar essa ferramenta de maneira simples:

  • Descreva claramente o problema;
  • Desenhe em uma folha de papel uma seta horizontal (da esquerda para a direita) com uma caixa retangular na extremidade direita;
  • Escreva dentro do retângulo o problema a ser solucionado;
  • Desenhe linhas diagonais que saem da seta, inclinadas para a esquerda, tanto acima quanto abaixo dela;
  • Escreva na primeira linha diagonal, próxima da caixa, uma possível causa “primária” do problema;
  • Faça a pergunta: “por que  isto ocorre?” e anote a resposta na diagonal anterior, como uma causa “secundária”,
  • Continue anotando as respostas e, novamente, fazendo a pergunta até chegar a uma causa inicial do problema.

Quando o diagrama estiver completo, com causas e efeitos suficientes, deverá ser revisado até que todos concordem sobre quais causas devem ser eliminadas ou corrigidas para sanar o efeito que leva ao problema em análise.

Agora, um exemplo do uso desta ferramenta aplicada, utilizando os fatores que mencionei acima para colheita mecanizada de soja, garantindo menores perdas e, assim, melhor qualidade.

Lógico que este diagrama foi elaborado para pesquisa e está com muitos fatores, mas comece a montar o seu. Dentro da sua propriedade, observe qual o seu problema e determine algumas das supostas causas e veja o que é prioridade para ser eliminada. Em uma fazenda, uma boa gestão é o diferencial entre o lucro e o prejuízo. Se está cansado em ter perdas na produção, altos custos com manutenção e máquinas quebrando a toda hora, estas ferramentas, como o diagrama, e outras que apresentarei nas próximas edições irão te ajudar a ter mais tranquilidade e melhorar a sua produtividade na fazenda.