Governo de Pernambuco vai comprar cana para ajudar gado e produtores

29/11/2012 Cana-de-Açúcar POR: Valor Econômico
O governo de Pernambuco deve oficializar nos próximos dias uma operação de compra de 120 mil toneladas de cana-de-açúcar dos produtores locais. A medida tem duplo objetivo. O primeiro é garantir alimento para o gado das regiões que sofrem com a seca. O segundo é ajudar os produtores de cana do Estado, que sofrem com o cenário adverso para o setor.

Os detalhes da operação vão ser acertados na quinta-feira, durante reunião entre produtores e o secretário estadual de Agricultura, Ranilson Ramos. "Ainda é preciso definir questões como os preços que serão praticados e toda a estratégia logística da operação", explicou o deputado estadual Aluisio Lessa (PSB), responsável pela articulação entre produtores e o governo.

A cana será adquirida pelo governo entre dezembro deste ano e março de 2013. O principal objetivo é prover alguma alternativa de ração para o gado do agreste e do sertão de Pernambuco, que sofrem com a falta de pastagens e a ineficiência na entrega do milho subsidiado pelo governo federal.

Apesar de não ser o alimento ideal em termos nutricionais, a cana-de-açúcar ajuda os pequenos agricultores do semiárido a manter vivos os animais. Com a persistência da pior seca dos últimos 40 anos no Nordeste, muitos animais estão morrendo ou sendo vendidos para fazendeiros de outras regiões, o que tem prejudicado a cadeia produtiva do semiárido.

A seca deste ano atingiu também a zona da mata pernambucana, onde está concentrada a produção de cana. Há duas semanas, a Associação dos Fornecedores de Cana de Pernambuco (AFCP), que representa mais de 12 mil produtores, estimou quebra de 35% na safra 2012/2013, o que representará prejuízo próximo de R$ 160 milhões.

O Nordeste é responsável por cerca de 12% da cana moída no país, mas concentra 30% dos custos, especialmente pela dificuldade no desenvolvimento da colheita mecanizada, devido à topografia da região. Assim, a produção nordestina de cana fica em uma situação ainda mais preocupante em tempos em que o etanol não consegue competir com a gasolina. Produtores e usineiros pedem benefícios fiscais.

Murillo Camarotto