Há 150 anos, São Paulo Railway começava a operar

14/02/2017 Logística POR: A Tribuna
O Porto de Santos, a ferrovia e o café são trigêmeos. Um não existiria sem o outro”. A definição é do pesquisador Rogério Toledo Arruda, que se dedicou a estudar a história da São Paulo Railway (SPR). Inaugurada em 1867, a linha férrea, que foi fundamental para a construção e o desenvolvimento dos primeiros metros de cais do complexo santista, completa 150 anos na próxima terça-feira. Ela garantiu o desenvolvimento do Estado e do País. 
 
Arruda passou 15 meses pesquisando exemplares de jornais da época em que a SPR foi construída. Para isso, mudou-se para São Vicente, onde teve acesso a publicações locais. Neste período, foram mais de mil registros, entre eles o da chegada de mais de 100 navios com materiais usados na obra, assim como os acidentes que aconteceram durante os trabalhos e a grande expectativa dos santistas para a conclusão da ferrovia. 
Essa ansiedade tinha um motivo: a grande dificuldade de acesso dos moradores do Litoral ao Planalto e a difícil situação dos residentes da Cidade, que estavam sujeitos a surtos e epidemias de várias doenças. 
“A região da Baixada Santista não presta para a agricultura. O futuro estava 800 metros acima. Mas essa distância assustava. Até os jesuítas odiavam se agarrar em galhos para conseguir chegar”, destacou Arruda. 
Naquela época, em meados de 1830, a cultura da cana-de-açúcar começou a passar por grandes dificuldades financeiras, por conta da forte concorrência internacional. Com isso, o governo imperial necessitava de novas fontes de riqueza, já que o ciclo do ouro em Minas Gerais estava esgotado.
Foi assim que a cultura cafeeira iniciou sua grande expansão a partir de terras fluminenses. Em São Paulo, a plantação de café tornou-se forte no leste paulista através do vale do Rio Paraíba do Sul. A região compreendida entre as cidades de Jundiaí, Itu, Porto Feliz, Piracicaba, Mogi Mirim e Campinas iniciou a produção. 
No entanto, a distância da região cafeeira dificultava a exportação da safra. Isto porque, naquela época, o transporte era feito através de mulas, que demoravam cerca de duas semanas para fazer o trajeto até Santos. Segundo Arruda, cada animal levava de quatro a cinco sacas, enquanto cada produtor tinha, em média, 500 mil sacas para enviar para outros países.
Assim, tornou-se importante a construção da SPR, iniciada em 15 de maio de 1860. “As obras se arrastaram mais do que o esperado devido a sua grande complexidade, em especial no trecho da Serra do Mar. Choviam cartas de reclamações nas redações dos jornais e no escritório da empresa inglesa, em especial as escritas pelos fazendeiros de café de todo o Interior e até de Minas Gerais, que sonhavam com a capacidade de aumento do escoamento das safras”, destacou o jornalista e historiador Sérgio Willians.
Desenvolvimento do Porto
Para Arruda, a inauguração da SPR forçou a construção dos primeiros metros de cais do Porto de Santos, em 1892, e ainda sua expansão. Isto porque, com a vinda dos ingleses para a construção da estrada de ferro, os paulistanos passaram a se inspirar no vestuário e a cobiçar os produtos importados. Assim, iniciaram-se os desembarques de mercadorias no cais santista.
“Foi novamente o caos. Aqueles 260 metros (de cais) não eram mais suficientes e o Porto precisou se expandir. Tudo isso obrigou Santos a melhorar”, destacou o pesquisador.
Rogério Arruda ainda leva em conta a chegada dos bancos estrangeiros e escritórios de importação, responsáveis por fornecer materiais para os imigrantes que desembarcavam na região e seguiam para a Capital, ainda temendo ser contaminados com doenças. A situação só melhorou anos mais tarde, com o surgimento dos canais, idealizados pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito.
“Essa cidade maravilhosa que vocês têm hoje que, para mim, é uma das melhores do País, surgiu em função do Porto. E o Porto surgiu em função da ferrovia. É impossível, historicamente, estudar um sem analisar o outro”, destacou o pesquisador.
O Porto de Santos, a ferrovia e o café são trigêmeos. Um não existiria sem o outro”. A definição é do pesquisador Rogério Toledo Arruda, que se dedicou a estudar a história da São Paulo Railway (SPR). Inaugurada em 1867, a linha férrea, que foi fundamental para a construção e o desenvolvimento dos primeiros metros de cais do complexo santista, completa 150 anos na próxima terça-feira. Ela garantiu o desenvolvimento do Estado e do País. 

Arruda passou 15 meses pesquisando exemplares de jornais da época em que a SPR foi construída. Para isso, mudou-se para São Vicente, onde teve acesso a publicações locais. Neste período, foram mais de mil registros, entre eles o da chegada de mais de 100 navios com materiais usados na obra, assim como os acidentes que aconteceram durante os trabalhos e a grande expectativa dos santistas para a conclusão da ferrovia. 

Essa ansiedade tinha um motivo: a grande dificuldade de acesso dos moradores do Litoral ao Planalto e a difícil situação dos residentes da Cidade, que estavam sujeitos a surtos e epidemias de várias doenças. 

“A região da Baixada Santista não presta para a agricultura. O futuro estava 800 metros acima. Mas essa distância assustava. Até os jesuítas odiavam se agarrar em galhos para conseguir chegar”, destacou Arruda. 

Naquela época, em meados de 1830, a cultura da cana-de-açúcar começou a passar por grandes dificuldades financeiras, por conta da forte concorrência internacional. Com isso, o governo imperial necessitava de novas fontes de riqueza, já que o ciclo do ouro em Minas Gerais estava esgotado.

Foi assim que a cultura cafeeira iniciou sua grande expansão a partir de terras fluminenses. Em São Paulo, a plantação de café tornou-se forte no leste paulista através do vale do Rio Paraíba do Sul. A região compreendida entre as cidades de Jundiaí, Itu, Porto Feliz, Piracicaba, Mogi Mirim e Campinas iniciou a produção. 

No entanto, a distância da região cafeeira dificultava a exportação da safra. Isto porque, naquela época, o transporte era feito através de mulas, que demoravam cerca de duas semanas para fazer o trajeto até Santos. Segundo Arruda, cada animal levava de quatro a cinco sacas, enquanto cada produtor tinha, em média, 500 mil sacas para enviar para outros países.

Assim, tornou-se importante a construção da SPR, iniciada em 15 de maio de 1860. “As obras se arrastaram mais do que o esperado devido a sua grande complexidade, em especial no trecho da Serra do Mar. Choviam cartas de reclamações nas redações dos jornais e no escritório da empresa inglesa, em especial as escritas pelos fazendeiros de café de todo o Interior e até de Minas Gerais, que sonhavam com a capacidade de aumento do escoamento das safras”, destacou o jornalista e historiador Sérgio Willians.

Desenvolvimento do Porto

Para Arruda, a inauguração da SPR forçou a construção dos primeiros metros de cais do Porto de Santos, em 1892, e ainda sua expansão. Isto porque, com a vinda dos ingleses para a construção da estrada de ferro, os paulistanos passaram a se inspirar no vestuário e a cobiçar os produtos importados. Assim, iniciaram-se os desembarques de mercadorias no cais santista.

“Foi novamente o caos. Aqueles 260 metros (de cais) não eram mais suficientes e o Porto precisou se expandir. Tudo isso obrigou Santos a melhorar”, destacou o pesquisador.

Rogério Arruda ainda leva em conta a chegada dos bancos estrangeiros e escritórios de importação, responsáveis por fornecer materiais para os imigrantes que desembarcavam na região e seguiam para a Capital, ainda temendo ser contaminados com doenças. A situação só melhorou anos mais tarde, com o surgimento dos canais, idealizados pelo engenheiro sanitarista Saturnino de Brito.

“Essa cidade maravilhosa que vocês têm hoje que, para mim, é uma das melhores do País, surgiu em função do Porto. E o Porto surgiu em função da ferrovia. É impossível, historicamente, estudar um sem analisar o outro”, destacou o pesquisador.