Mais de 300 profissionais ligados ao setor sucroenergético já participaram do curso teórico e prático de formação de MPB (Mudas Pré-Brotadas) organizado desde 2013, pelo Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico). A nona edição do curso aconteceu nos dias 06 e 07 de abril, no auditório do Centro, situado em Ribeirão Preto-SP, e reuniu 35 participantes de vários locais do país, interessados em alternativas para o plantio de suas lavouras.
“Para alcançar novos patamares de produtividade nos canaviais e dar saltos quantitativos significativos, nós temos que ser rápidos na adoção de novas tecnologias.
É preciso caminhar em direção aos três dígitos de produção, com produtividade acima de 100 toneladas na média dos cinco primeiros cortes, e também para uma maior longevidade de nossos canaviais. Isso implica na adoção de novas variedades, que apresentam uma maior população de colmos e, para isso, as mudas pré-brotadas se apresentam como uma solução por ser um sistema de multiplicação rápida, por isso, tem despertado tanto interesse”, afirmou Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC, que na ocasião, falou sobre as indicações varietais e manejo varietal.
De acordo com o melhorista do IAC, o dr. Mauro Xavier, além das aulas teóricas, o curso também tem atividades práticas dentro do núcleo de produção de mudas do Centro de Cana. “São turmas pequenas exatamente para o pessoal ter um aproveitamento otimizado do conteúdo do curso. Durante as aulas procuramos dar uma visão para os participantes da necessidade de colocar a MPB dentro de um sistema de produção. O produtor não vem aqui somente para aprender a fazer muda, ele vem aqui para aprender a fazer a MPB e a utilizar as mudas dentro de um sistema novo de produção de cana-de-açúcar.
Essa é a ideia e é uma realização do Programa Cana do IAC com seus inúmeros pesquisadores participando deste processo e curso”, explicou o pesquisador que proferiu palestra sobre o sistema de multiplicação da MPB.
A fisiologia da brotação da cana-de-açúcar foi abordada pelo pesquisador do IAC, dr. Maximiliano Scarpari. “No sistema MPB usamos gemas com diferentes idades e com isso teremos diferença na velocidade da brotação e na emissão de raízes. Normalmente temos gemas do ápice com reservas em maior concentração de glicose e frutose e isso traz uma maior velocidade na brotação além de gemas mais novas” explicou o profissional, lembrando que o produtor precisa estar atendo em relação à brotação do material escolhido para a produção de MPB.
Ao falar sobre as pragas da cana-de-açúcar, a pesquisadora Leila Dinardo Miranda, afirmou que o sistema de MPB tem uma série de vantagens, por se tratar de uma muda sadia, livre de pragas. “Portanto, o agricultor não corre o risco de introduzir praga em uma outra área, como no caso específico do Sphenophorus levis, essa é a principal vantagem do ponto de vista entomológico”, afirmou, contando que além de frisar este aspecto, orientações sobre como conduzir uma muda sadia ao campo e cuidados com viveiros foram transmitidos aos participantes. “A MPB é uma cana e ela vai sofrer o ataque de pragas de brocas de cigarrinhas como qualquer cultivar e, como é um material nobre de produção, o seu plantio é mais caro do que um plantio convencional, então é necessário ter uma série de cuidados para não perdê-lo”, ponderou.
Já o dr. Ivan dos Anjos falou sobre manejo para controle de doenças na produção de MPB. “Existem 206 doenças catalogadas na cana-de-açúcar, sendo que em torno de 10 ocorrem no Brasil com maior ênfase, porém, são apenas cinco doenças que nós consideramos principais, dessas o raquitismo da soqueira, a escaldadura, o mosaico, o carvão e a ferrugem causam muito problema na produção, portanto, o produtor precisa estar atento à qualidade da muda e fazer uma boa desinfestação dos instrumentos de cortes evitando assim que se leve doença para o campo”, ensinou o pesquisador.
Irrigação no sistema de mudas pré-brotadas foi o tema da palestra da pesquisadora Regina Célia Pires. “A irrigação é uma pratica adotada em todo o sistema de produção de MPB, portanto, é importante a gente conhecer a quantidade, o intervalo e a uniformidade com que se aplica essa irrigação”, disse, afirmando que existem vários caminhos para fazer uma abordagem e melhorar
o uso da irrigação. “Inicialmente podemos pensar em uma avaliação quanto a uniformidade de sistema dentro da área de produção de MPB e, posteriormente, verificar se precisa manter a manutenção ou não do sistema”, analisou a profissional, que apresentou informações sobre experimentos feitos com as mudas dentro da estufa, mostrando a correlação delas com elementos do clima, a demanda climática da área, como também, com a utilização de alguns sensores para monitoramento do potencial de água no tubete. “São sensores pequenininhos que se mostraram interessantes para se conduzir adequadamente o manejo da água neste sistema de produção”, explicou.
O uso de herbicidas no sistema de MPB foi abordado na ocasião pelo pesquisador dr. Carlos Alberto Mathias Azania, que alertou a necessidade do produtor ter planejamento para fazer a aplicação dos produtos. “Não temos ainda um receituário de um manejo adequado para o MPB, o que temos preconizado ao produtor é aplicar produtos em alguma antecedência do plantio MPB, com isso ele pode usar doses gerenciadas e certamente vai reduzir o banco de sementes.
Transcorridos 30 a 60 dias da aplicação do produto, deve intervir com o plantio e somente voltar a aplicar o herbicida após a fase de pegamento, ou seja, após cerca de 40 dias, aí sim faz o complemento havendo a necessidade”, ensinou.
O pesquisador dr. Júlio César Garcia abordou o tema da nutrição e adubação da cana-de-açúcar. “Destacamos aqui alguns conceitos básicos sobre nutrientes e a sua importância no desenvolvimento inicial das plantas. O manejo adequado desses nutrientes em viveiro, a importância de se ter um equilíbrio e não excesso para que a planta tenha um perfeito desenvolvimento inicial. Como também frisamos que o produtor precisa ser criterioso na escolha dos resíduos que utiliza para a formação de substrato, deve-se ter cuidado com elementos tóxicos que podem ser maléficos”, alertou.
Para os participantes, as informações obtidas vão contribuir para o progresso em suas lavouras. Como é o caso de Ighor Raphael Oliveira Dumont Cruvinel, gestor de tratos culturais e responsável pelo viveiro de produção de MPB da usina Jalles Machado, localizada em Goinésia, Goiás. “O intuito da participação neste curso foi buscar novas informações para o uso do MPB, conhecer novas tecnologias e técnicas utilizadas pelo IAC, como também trocar experiências com outras pessoas”, disse. Segundo ele, há cinco anos já utilizam o sistema na usina, em áreas de 20 a 30 hectares como ferramenta para um manejo varietal, mas a intenção é ter a MPB também em área comercial.
O produtor de cana-de-açúcar de Taquaritinga-SP, Ricardo Magnani, também se interessou em fazer o curso para se inteirar das novidades sobre o sistema, que ele considera o futuro do plantio de canaviais. “Eu já tenho um viveiro com algumas mudinhas que adquiri, mas vim aqui conhecer mais a respeito do sistema para ver se consigo produzir as minhas próprias mudas e aplicá-las na minha propriedade”, afirmou ele que fornece cana para as Usina Bonfim e Usina São Francisco. “A questão principal não é aumentar a produtividade dos meus canaviais, que é de 96 toneladas por hectare, e sim o corte de custo em plantio, que hoje é muito grande e quem não correr atrás de uma nova forma de reduzir isso, provavelmente vai ficar para trás.
A intenção é essa, partir para usar mais tecnologia no campo e o IAC está dando essa oportunidade para nós, então devemos aproveitar”, elucidou.
Mais de 300 profissionais ligados ao setor sucroenergético já participaram do curso teórico e prático de formação de MPB (Mudas Pré-Brotadas) organizado desde 2013, pelo Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico). A nona edição do curso aconteceu nos dias 06 e 07 de abril, no auditório do Centro, situado em Ribeirão Preto-SP, e reuniu 35 participantes de vários locais do país, interessados em alternativas para o plantio de suas lavouras.
“Para alcançar novos patamares de produtividade nos canaviais e dar saltos quantitativos significativos, nós temos que ser rápidos na adoção de novas tecnologias.
É preciso caminhar em direção aos três dígitos de produção, com produtividade acima de 100 toneladas na média dos cinco primeiros cortes, e também para uma maior longevidade de nossos canaviais. Isso implica na adoção de novas variedades, que apresentam uma maior população de colmos e, para isso, as mudas pré-brotadas se apresentam como uma solução por ser um sistema de multiplicação rápida, por isso, tem despertado tanto interesse”, afirmou Marcos Landell, diretor do Centro de Cana do IAC, que na ocasião, falou sobre as indicações varietais e manejo varietal.
De acordo com o melhorista do IAC, o dr. Mauro Xavier, além das aulas teóricas, o curso também tem atividades práticas dentro do núcleo de produção de mudas do Centro de Cana. “São turmas pequenas exatamente para o pessoal ter um aproveitamento otimizado do conteúdo do curso. Durante as aulas procuramos dar uma visão para os participantes da necessidade de colocar a MPB dentro de um sistema de produção. O produtor não vem aqui somente para aprender a fazer muda, ele vem aqui para aprender a fazer a MPB e a utilizar as mudas dentro de um sistema novo de produção de cana-de-açúcar.
Essa é a ideia e é uma realização do Programa Cana do IAC com seus inúmeros pesquisadores participando deste processo e curso”, explicou o pesquisador que proferiu palestra sobre o sistema de multiplicação da MPB.
A fisiologia da brotação da cana-de-açúcar foi abordada pelo pesquisador do IAC, dr. Maximiliano Scarpari. “No sistema MPB usamos gemas com diferentes idades e com isso teremos diferença na velocidade da brotação e na emissão de raízes. Normalmente temos gemas do ápice com reservas em maior concentração de glicose e frutose e isso traz uma maior velocidade na brotação além de gemas mais novas” explicou o profissional, lembrando que o produtor precisa estar atendo em relação à brotação do material escolhido para a produção de MPB.
Ao falar sobre as pragas da cana-de-açúcar, a pesquisadora Leila Dinardo Miranda, afirmou que o sistema de MPB tem uma série de vantagens, por se tratar de uma muda sadia, livre de pragas. “Portanto, o agricultor não corre o risco de introduzir praga em uma outra área, como no caso específico do Sphenophorus levis, essa é a principal vantagem do ponto de vista entomológico”, afirmou, contando que além de frisar este aspecto, orientações sobre como conduzir uma muda sadia ao campo e cuidados com viveiros foram transmitidos aos participantes. “A MPB é uma cana e ela vai sofrer o ataque de pragas de brocas de cigarrinhas como qualquer cultivar e, como é um material nobre de produção, o seu plantio é mais caro do que um plantio convencional, então é necessário ter uma série de cuidados para não perdê-lo”, ponderou.
Já o dr. Ivan dos Anjos falou sobre manejo para controle de doenças na produção de MPB. “Existem 206 doenças catalogadas na cana-de-açúcar, sendo que em torno de 10 ocorrem no Brasil com maior ênfase, porém, são apenas cinco doenças que nós consideramos principais, dessas o raquitismo da soqueira, a escaldadura, o mosaico, o carvão e a ferrugem causam muito problema na produção, portanto, o produtor precisa estar atento à qualidade da muda e fazer uma boa desinfestação dos instrumentos de cortes evitando assim que se leve doença para o campo”, ensinou o pesquisador.
Irrigação no sistema de mudas pré-brotadas foi o tema da palestra da pesquisadora Regina Célia Pires. “A irrigação é uma pratica adotada em todo o sistema de produção de MPB, portanto, é importante a gente conhecer a quantidade, o intervalo e a uniformidade com que se aplica essa irrigação”, disse, afirmando que existem vários caminhos para fazer uma abordagem e melhorar o uso da irrigação. “Inicialmente podemos pensar em uma avaliação quanto a uniformidade de sistema dentro da área de produção de MPB e, posteriormente, verificar se precisa manter a manutenção ou não do sistema”, analisou a profissional, que apresentou informações sobre experimentos feitos com as mudas dentro da estufa, mostrando a correlação delas com elementos do clima, a demanda climática da área, como também, com a utilização de alguns sensores para monitoramento do potencial de água no tubete. “São sensores pequenininhos que se mostraram interessantes para se conduzir adequadamente o manejo da água neste sistema de produção”, explicou.
O uso de herbicidas no sistema de MPB foi abordado na ocasião pelo pesquisador dr. Carlos Alberto Mathias Azania, que alertou a necessidade do produtor ter planejamento para fazer a aplicação dos produtos. “Não temos ainda um receituário de um manejo adequado para o MPB, o que temos preconizado ao produtor é aplicar produtos em alguma antecedência do plantio MPB, com isso ele pode usar doses gerenciadas e certamente vai reduzir o banco de sementes.
Transcorridos 30 a 60 dias da aplicação do produto, deve intervir com o plantio e somente voltar a aplicar o herbicida após a fase de pegamento, ou seja, após cerca de 40 dias, aí sim faz o complemento havendo a necessidade”, ensinou.
O pesquisador dr. Júlio César Garcia abordou o tema da nutrição e adubação da cana-de-açúcar. “Destacamos aqui alguns conceitos básicos sobre nutrientes e a sua importância no desenvolvimento inicial das plantas. O manejo adequado desses nutrientes em viveiro, a importância de se ter um equilíbrio e não excesso para que a planta tenha um perfeito desenvolvimento inicial. Como também frisamos que o produtor precisa ser criterioso na escolha dos resíduos que utiliza para a formação de substrato, deve-se ter cuidado com elementos tóxicos que podem ser maléficos”, alertou.
Para os participantes, as informações obtidas vão contribuir para o progresso em suas lavouras. Como é o caso de Ighor Raphael Oliveira Dumont Cruvinel, gestor de tratos culturais e responsável pelo viveiro de produção de MPB da usina Jalles Machado, localizada em Goinésia, Goiás. “O intuito da participação neste curso foi buscar novas informações para o uso do MPB, conhecer novas tecnologias e técnicas utilizadas pelo IAC, como também trocar experiências com outras pessoas”, disse. Segundo ele, há cinco anos já utilizam o sistema na usina, em áreas de 20 a 30 hectares como ferramenta para um manejo varietal, mas a intenção é ter a MPB também em área comercial.
O produtor de cana-de-açúcar de Taquaritinga-SP, Ricardo Magnani, também se interessou em fazer o curso para se inteirar das novidades sobre o sistema, que ele considera o futuro do plantio de canaviais. “Eu já tenho um viveiro com algumas mudinhas que adquiri, mas vim aqui conhecer mais a respeito do sistema para ver se consigo produzir as minhas próprias mudas e aplicá-las na minha propriedade”, afirmou ele que fornece cana para as Usina Bonfim e Usina São Francisco. “A questão principal não é aumentar a produtividade dos meus canaviais, que é de 96 toneladas por hectare, e sim o corte de custo em plantio, que hoje é muito grande e quem não correr atrás de uma nova forma de reduzir isso, provavelmente vai ficar para trás.
A intenção é essa, partir para usar mais tecnologia no campo e o IAC está dando essa oportunidade para nós, então devemos aproveitar”, elucidou.