O retorno da Contribuição e Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, principal pleito dos usineiros, pode não trazer o efeito esperado pelo setor, uma vez que o possível aumento do combustível fóssil seria compensado pela queda do petróleo no mercado internacional.
Analistas ouvidos pelo DCI argumentam que a resolução da crise ainda depende de políticas públicas sobre a definição do papel do etanol entre os combustíveis. O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, conta que ainda não se sabe qual será o nível da Cide adotado pelo governo, mas tudo indica que haverá uma combinação entre a volta da tributação e uma revisão, para baixo, dos preços nas refinarias.
"É difícil especular sobre a decisão do governo, mas, provavelmente, você reduz o preço da gasolina na refinaria e substitui pelo aumento vindo em função da Cide, como uma compensação. Isso significa que, mesmo com a arrecadação, o impacto no preço dos combustíveis na bomba deve ser limitado, fato que não seria positivo para o etanol", explica.
Queda do petróleo
Na avaliação dos analistas da Fitch Ratings, a recente queda dos preços internacionais do petróleo, para o patamar mais baixo em anos, aumenta o risco das usinas de cana-de-açúcar.
De acordo com a agência de classificação de risco, o recuo no combustível fóssil reduz a possibilidade de aumento nos valores domésticos da gasolina, o que também diminui a demanda pelo biocombustível, como uma alternativa de abastecimento para o consumidor.
"Os produtores do Brasil precisam de preços elevados de etanol para fazer frente aos baixos preços do açúcar nos mercados internacionais, mas aumentos significativos do biocombustível são possíveis apenas se houver gasolina mais cara nas bombas. A Fitch não espera gasolina significativamente mais barata nos postos, mas também acredita que elevações continuam bastante improváveis no curto prazo", dizem os especialistas.
Atualmente, a Petrobras mantém os valores da gasolina acima dos patamares internacionais e, segundo a agência, a companhia não tem demonstrado o desejo de se alinhar às cotações externas, dado ao "desafiador programa de investimentos, que deve afetar o fluxo de caixa futuro", ressalta.
Crise nas usinas
O presidente da Datagro lembra que, neste ano, deve haver uma expansão na demanda de 1,1 bilhão de litros ocasionados pelo aumento na mistura, de 25% para 27,5% de etanol na gasolina, com grande probabilidade de se concretizar ainda neste semestre.
Além disso, o Estado de Minas Gerais terá um incremento de 700 milhões de litros no consumo por uma alteração de ICMS. A arrecadação mineira na gasolina teve reajuste de 27% para 29% e no biocombustível hidratado recuou de 19% para 14%. Porém, nem este acréscimo na demanda é suficiente para tirar as usinas da crise financeira.
"A situação dos usineiros continua incerta por conta do endividamento elevado e da falta de uma política que inclua o biocombustível", comenta Nastari. A presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, acrescenta que o setor tem matéria-prima e capacidade instalada para suportar uma maior demanda, mas, de fato, carece de uma definição sobre o papel estratégico do etanol na matriz energética brasileira.
A crise já afeta a situação econômica das cidades que ficam no entorno das usinas, com demissões em massa. No município paulista de Sertãozinho está marcada uma manifestação do "Movimento Popular pelo Emprego do Setor Sucroenergético", para o próximo dia 27, a fim de chamar a atenção dos governos do estado e federal.
O retorno da Contribuição e Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre a gasolina, principal pleito dos usineiros, pode não trazer o efeito esperado pelo setor, uma vez que o possível aumento do combustível fóssil seria compensado pela queda do petróleo no mercado internacional.
Analistas ouvidos pelo DCI argumentam que a resolução da crise ainda depende de políticas públicas sobre a definição do papel do etanol entre os combustíveis. O presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari, conta que ainda não se sabe qual será o nível da Cide adotado pelo governo, mas tudo indica que haverá uma combinação entre a volta da tributação e uma revisão, para baixo, dos preços nas refinarias.
"É difícil especular sobre a decisão do governo, mas, provavelmente, você reduz o preço da gasolina na refinaria e substitui pelo aumento vindo em função da Cide, como uma compensação. Isso significa que, mesmo com a arrecadação, o impacto no preço dos combustíveis na bomba deve ser limitado, fato que não seria positivo para o etanol", explica.
Queda do petróleo
Na avaliação dos analistas da Fitch Ratings, a recente queda dos preços internacionais do petróleo, para o patamar mais baixo em anos, aumenta o risco das usinas de cana-de-açúcar.
De acordo com a agência de classificação de risco, o recuo no combustível fóssil reduz a possibilidade de aumento nos valores domésticos da gasolina, o que também diminui a demanda pelo biocombustível, como uma alternativa de abastecimento para o consumidor.
"Os produtores do Brasil precisam de preços elevados de etanol para fazer frente aos baixos preços do açúcar nos mercados internacionais, mas aumentos significativos do biocombustível são possíveis apenas se houver gasolina mais cara nas bombas. A Fitch não espera gasolina significativamente mais barata nos postos, mas também acredita que elevações continuam bastante improváveis no curto prazo", dizem os especialistas.
Atualmente, a Petrobras mantém os valores da gasolina acima dos patamares internacionais e, segundo a agência, a companhia não tem demonstrado o desejo de se alinhar às cotações externas, dado ao "desafiador programa de investimentos, que deve afetar o fluxo de caixa futuro", ressalta.
Crise nas usinas
O presidente da Datagro lembra que, neste ano, deve haver uma expansão na demanda de 1,1 bilhão de litros ocasionados pelo aumento na mistura, de 25% para 27,5% de etanol na gasolina, com grande probabilidade de se concretizar ainda neste semestre.
Além disso, o Estado de Minas Gerais terá um incremento de 700 milhões de litros no consumo por uma alteração de ICMS. A arrecadação mineira na gasolina teve reajuste de 27% para 29% e no biocombustível hidratado recuou de 19% para 14%. Porém, nem este acréscimo na demanda é suficiente para tirar as usinas da crise financeira.
"A situação dos usineiros continua incerta por conta do endividamento elevado e da falta de uma política que inclua o biocombustível", comenta Nastari. A presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, acrescenta que o setor tem matéria-prima e capacidade instalada para suportar uma maior demanda, mas, de fato, carece de uma definição sobre o papel estratégico do etanol na matriz energética brasileira.
A crise já afeta a situação econômica das cidades que ficam no entorno das usinas, com demissões em massa. No município paulista de Sertãozinho está marcada uma manifestação do "Movimento Popular pelo Emprego do Setor Sucroenergético", para o próximo dia 27, a fim de chamar a atenção dos governos do estado e federal.