Incentivos ao etanol

13/07/2012 Etanol POR: Brasil Econômico
Com o anúncio da criação de um plano estratégico para o setor sucroalcooleiro, o governo federal pretende retomar a capacidade produtiva do etanol, considerado o biocombustível com o melhor desempenho entre as fontes de energia renováveis e líquidas disponíveis.
O etanol brasileiro de cana-de-açúcar é líder de produtividade, balanço energético e menor impacto ambiental, quando comparado a biocombustíveis produzidos a partir de outras biomassas, como o milho, amplamente utilizado nos Estados Unidos, e a beterraba, empregada na Europa.
A maior oferta de energia renovável no Brasil vem da cana-de-açúcar, com uma participação de cerca de 18%. Contudo, a produção que, em 2008, chegou a 24,5 bilhões de litros, hoje, é de 10 bilhões de litros.
A queda é justificada pelos impactos da crise mundial sobre as condições de financiamento e pelo clima dos últimos dois anos.
A perda de competitividade do etanol está associada também a um contexto mais favorável ao consumo de gasolina no plano interno, com incentivos ao setor automobilístico, manutenção do preço da gasolina na bomba e suprimento da demanda crescente com importação de combustível, por conta dos limites de nossa capacidade de refino e produção de derivados, que só mudará com a ampliação e maturação dos investimentos em refinarias.
Em 2009, o etanol abastecia 54% da frota de veículos médios. Hoje, não passa de 35%, segundo dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica).
Para conter a perda de fôlego do etanol e dar conta da demanda em alta, visando ainda o potencial do mercado externo, foi anunciado o Plano Estratégico do Setor Sucroalcooleiro para os próximos quatro anos, com previsão de R$ 60 bilhões em investimentos. O objetivo é expandir a oferta de cana destinada ao etanol.
Uma das medidas é renovar, até 2015, os 6,4 milhões de hectares usados para plantio, buscando melhorar a capacidade produtiva dos canaviais. Outra é atender à capacidade instalada das usinas que, hoje, têm ociosidade média de 16%, ampliando em quatro anos 355 mil hectares de área produtiva anualmente.
Há ainda estudos para ampliar o percentual de álcool anidro na gasolina e a proposta de uma linha de financiamento para a estocagem de etanol, a fim de poder recolocar o produto no mercado no período de entressafra, diminuindo as flutuações de preço e assegurando estabilidade no abastecimento.
Os investimentos em pesquisa também farão parte do plano. A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) trabalhará no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar resistentes à seca e adaptadas à região Centro-Oeste, por exemplo, com previsão de R$ 40 milhões de recursos entre 2012 e 2015.
Esse plano de estímulo, vinculado à pesquisa e inovação, será essencial para o desenvolvimento do setor, em um momento em que o Brasil é visto como parceiro estratégico para suprimento energético.
Além disso, o incentivo à produção de um combustível que, em substituição à gasolina, reduz as emissões de gases de efeito estufa em mais de 80%, está em sintonia com a nossa trajetória de desenvolvimento sustentável, nos últimos dez anos