Infestação da broca da cana já preocupa especialistas

17/02/2014 Cana-de-Açúcar POR: ProCana Brasil
A broca da cana vem aumentando há alguns anos em decorrência da colheita mecanizada de cana crua com resultados de "populações" ou infestações altas em algumas regiões. A afirmação é de Leila Luci Dinardo-Miranda, pesquisadora do Centro de Cana do IAC. "Essa praga voltou com populações altas por diversos motivos. A descapitalização do setor contribuiu para a falta de um controle bem feito, além disso, hoje há variedades mais suscetíveis, sem contar a colheita de cana crua que também contribuiu".
Segundo ela, na região de Ribeirão Preto a broca tomou grande importância além de estados como Goiás, Mato Grosso em várias intensidades de infestação final, ou seja em regiões mais quentes. "Há usinas que a intensidade varia acima de 3% a até mais de 10% e deveria ser mantida abaixo de 1% da área. Dependendo da situação o controle biológico pode ser priorizado, mas em alguns casos é importante entrar com controle químico", reforça.
 
O engenheiro agronômo, Joelmir Silva, especialista em pragas da cana, explica que as lagartas da broca causam prejuízo direto pela abertura de furos levando a perda de peso da cana e provoca a morte das gemas, causando falhas na germinação. "Quando a broca faz galerias circulares, corta o colmo provocando o tombamento da cana pelo vento e nas canas novas surge o secamento dos ponteiros conhecido como "coração morto"", lembra.
 
Sintoma do "coração morto" provocado pela broca
De acordo com especialistas da empresa Bug, os danos indiretos são muito importantes pois criam condições para entrada de microrganismos, como fungos e bactérias que vão prejudicar o processo de produção de açúcar e álcool. "Na produção de açúcar, os fungos causam a inversão da sacarose em outros açucares que não vão cristalizar, e na produção de álcool, as bactérias vão competir com as leveduras que fazem a fermentação alcoólica, diminuindo o volume de álcool produzido. As perdas podem chegar a 35 Kg de açúcar/ha, e 30 litros de álcool/ha, com apenas 1% de colmos broqueados", explicam os técnicos.
Joelmir Silva enfatiza ainda que para monitorar a população da praga com objetivo da aplicação de inseticida, leva-se em conta dentre outros parâmetros a idade do canavial (canas com entrenós formados e com cerca de 1,5 metros de altura). "Para levantamento dos melhores locais para o controle químico, os canaviais prioritários a serem amostrados são de primeiro e segundo cortes e áreas de vinhaça sujeitas a elevadas infestações da praga. Uma outra metodologia explica que o trabalho deve consistir no exame de 10 canas/hectare, escolhidas ao acaso, a partir do mês de agosto/setembro e repetidos quinzenalmente, avaliando-se o número de lagartas nas folhas e no cartucho, número de entrenós total e número de entrenós brocados", relata.