Infraero, de volta ao azul, quer 19 ativos em nova subsidiária

13/02/2017 Logística POR: Valor Econômico
Após ter perdido o controle de seis aeroportos, que representavam 53% de suas receitas, a Infraero pretende deixar para trás quatro anos seguidos de prejuízo e voltar ao azul em 2017. O ajuste deve permitir um lucro operacional em torno de R$ 470 milhões, segundo projeções recém ¬fechadas da empresa, que acaba de entregar um detalhado plano de recuperação à cúpula do governo. 
Em entrevista ao Valor, sua primeira nos oito meses como presidente da estatal, o engenheiro Antônio Claret defendeu a criação de uma nova subsidiária para concentrar os ativos já lucrativos ou potencialmente rentáveis. 
A Infraero Aeroportos incorporaria 19 terminais, em três etapas diferentes, e teria capital aberto até o fim de 2018. O Banco do Brasil já foi contratado para preparar a modelagem financeira. 
A ideia não é necessariamente o lançamento de ações em bolsa, mas analisar a possibilidade de seguir essa alternativa ou buscar um investidor estrangeiro como sócio minoritário. 
De qualquer forma, a proposta tem como premissa manter o controle acionário da Infraero nas mãos da União e descarta novas concessões de aeroportos nos próximos anos. "Precisamos ter cuidado com a integração do país e ainda devemos manter o controle estratégico da aviação civil com uma estatal. Mas, abrindo o capital, a tendência é uma melhoria da governança e um aumento da responsabilidade. Isso blinda o futuro da empresa", diz Claret. 
Para ir ao mercado e trazer investidores, a Infraero precisa de segurança jurídica na exploração de seus aeroportos, o que significa ter contratos assinados com o poder concedente. 
Hoje a Infraero não pode contabilizá-¬los como ativos em seus balanços porque, diferentemente dos operadores privados, ela jamais assinou esse tipo de contrato com a União. Ela enviou, no mês passado, um ofício ao Ministério dos Transportes pedindo a outorga dos terminais por um período de 20 a 30 anos. 
O plano da Infraero Aeroportos prevê a incorporação imediata de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), as duas joias da coroa, além de Manaus e Curitiba. Em uma segunda etapa, a proposta é tirar da holding e levar para a nova subsidiária outros cinco aeroportos rentáveis: Recife, Belém, Goiânia, Cuiabá e Vitória. O processo terminaria com a segregação de Aracaju, João Pessoa, Maceió, São Luís, Teresina, Campo Grande, Navegantes, Foz do Iguaçu, Pampulha e Uberlândia. 
"É um projeto com baixíssima chance de dar errado", avalia Claret, que garante ter recebido manifestações de interesse de vários operadores europeus do setor. Empresa pretende garantir exploração de terminais e mandou pedido de outorga ao governo em janeiro.
Com três décadas de experiência na iniciativa privada, onde atuava como executivo da Vallourec & Mannesmann, ele reafirma a disposição da Infraero em vender suas participações acionárias de 49% nos aeroportos privatizados pelo governo da ex¬presidente Dilma Rousseff. 
Essa é uma decisão tomada pelo governo e sem perspectiva de recuo, mas Claret adverte que convém esperar a retomada do crescimento econômico para favorecer a valorização dos ativos. "Agora não é o momento adequado." 
A fatia minoritária nas empresas que administram esses aeroportos ¬ Guarulhos, Viracopos, Brasília, Galeão e Confins ¬ vai ser reunida em outra nova empresa: a Infraero Participações. 
Para manter essa posição inalterada enquanto não concretiza a venda, é preciso fazer um aporte de R$ 770 milhões nas concessionárias controladas pelo setor privado. 
Esse dinheiro, que servirá para o pagamento anual das outorgas ao governo, está assegurado no Orçamento Geral da União de 2017 como transferência do Tesouro para a estatal. Uma terceira subsidiária, a Infraero Serviços, teve sua criação definida ainda no governo Dilma em parceria com a operadora alemã Fraport e atuará como prestadora de serviços para aeroportos regionais administrados hoje por Estados ou municípios. 
Para sanear as contas da estatal, foi decisivo o fôlego dado pelo Ataero, um valor adicional pago pelos passageiros nas tarifas dos aeroportos. A taxa já era cobrada, mas uma mudança legal em 2016 permitiu à Infraero ficar com mais dinheiro, em vez do depósito de todos os recursos no Fundo Nacional de Aviação Civil. Além disso, a empresa deve economizar até R$ 300 milhões por ano com a transferência de suas responsabilidades sobre o controle de tráfego para o Comando da Aeronáutica. 
O martelo já foi batido pelo governo. Essas operações são deficitárias e absorvem cerca de dois mil empregados, que serão remunerados pela Força Aérea Brasileira. O programa de demissões incentivadas já propiciou a retirada de 2,6 mil funcionários do quadro de pessoal e um enxugamento da folha. Além disso, segundo Claret, a Infraero tem buscado estabelecer um "mix" mais equilibrado entre receitas tarifárias e comerciais.
 A proporção é de 65% e 35%, respectivamente, e planeja¬se chegar a metade para cada. Hoje a Infraero opera 60 aeroportos, mas perderá mais quatro terminais. O leilão de Fortaleza, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis e está marcado para o dia 16 de março. Eles representam atualmente 20% das receitas. Apesar da perda, Claret projeta lucro operacional (antes dos investimentos) de R$ 470 milhões neste ano. O prejuízo foi de R$ 222 milhões em 2015 e de R$ 85 milhões em 2016. 
Com todos os ajustes implementados, a promessa do executivo é livrar¬se da dependência do Tesouro a partir de 2018. Ou seja: a estatal não precisará de ajuda do governo e poderá bancar, inclusive, seus próprios investimentos. "A meta é colocar a Infraero numa condição de autossustentabilidade e independência financeira", conclui o executivo, que está em sua primeira passagem na administração pública.
Após ter perdido o controle de seis aeroportos, que representavam 53% de suas receitas, a Infraero pretende deixar para trás quatro anos seguidos de prejuízo e voltar ao azul em 2017. O ajuste deve permitir um lucro operacional em torno de R$ 470 milhões, segundo projeções recém ¬fechadas da empresa, que acaba de entregar um detalhado plano de recuperação à cúpula do governo. 
Em entrevista ao Valor, sua primeira nos oito meses como presidente da estatal, o engenheiro Antônio Claret defendeu a criação de uma nova subsidiária para concentrar os ativos já lucrativos ou potencialmente rentáveis. 
A Infraero Aeroportos incorporaria 19 terminais, em três etapas diferentes, e teria capital aberto até o fim de 2018. O Banco do Brasil já foi contratado para preparar a modelagem financeira. 
A ideia não é necessariamente o lançamento de ações em bolsa, mas analisar a possibilidade de seguir essa alternativa ou buscar um investidor estrangeiro como sócio minoritário. 
De qualquer forma, a proposta tem como premissa manter o controle acionário da Infraero nas mãos da União e descarta novas concessões de aeroportos nos próximos anos. "Precisamos ter cuidado com a integração do país e ainda devemos manter o controle estratégico da aviação civil com uma estatal. Mas, abrindo o capital, a tendência é uma melhoria da governança e um aumento da responsabilidade. Isso blinda o futuro da empresa", diz Claret. 
Para ir ao mercado e trazer investidores, a Infraero precisa de segurança jurídica na exploração de seus aeroportos, o que significa ter contratos assinados com o poder concedente. 
Hoje a Infraero não pode contabilizá-¬los como ativos em seus balanços porque, diferentemente dos operadores privados, ela jamais assinou esse tipo de contrato com a União. Ela enviou, no mês passado, um ofício ao Ministério dos Transportes pedindo a outorga dos terminais por um período de 20 a 30 anos. 
O plano da Infraero Aeroportos prevê a incorporação imediata de Congonhas (SP) e Santos Dumont (RJ), as duas joias da coroa, além de Manaus e Curitiba. Em uma segunda etapa, a proposta é tirar da holding e levar para a nova subsidiária outros cinco aeroportos rentáveis: Recife, Belém, Goiânia, Cuiabá e Vitória. O processo terminaria com a segregação de Aracaju, João Pessoa, Maceió, São Luís, Teresina, Campo Grande, Navegantes, Foz do Iguaçu, Pampulha e Uberlândia. 

 
"É um projeto com baixíssima chance de dar errado", avalia Claret, que garante ter recebido manifestações de interesse de vários operadores europeus do setor. Empresa pretende garantir exploração de terminais e mandou pedido de outorga ao governo em janeiro.

Com três décadas de experiência na iniciativa privada, onde atuava como executivo da Vallourec & Mannesmann, ele reafirma a disposição da Infraero em vender suas participações acionárias de 49% nos aeroportos privatizados pelo governo da ex¬presidente Dilma Rousseff. 
Essa é uma decisão tomada pelo governo e sem perspectiva de recuo, mas Claret adverte que convém esperar a retomada do crescimento econômico para favorecer a valorização dos ativos. "Agora não é o momento adequado." 
A fatia minoritária nas empresas que administram esses aeroportos ¬ Guarulhos, Viracopos, Brasília, Galeão e Confins ¬ vai ser reunida em outra nova empresa: a Infraero Participações. 
Para manter essa posição inalterada enquanto não concretiza a venda, é preciso fazer um aporte de R$ 770 milhões nas concessionárias controladas pelo setor privado. 
Esse dinheiro, que servirá para o pagamento anual das outorgas ao governo, está assegurado no Orçamento Geral da União de 2017 como transferência do Tesouro para a estatal. Uma terceira subsidiária, a Infraero Serviços, teve sua criação definida ainda no governo Dilma em parceria com a operadora alemã Fraport e atuará como prestadora de serviços para aeroportos regionais administrados hoje por Estados ou municípios. 
Para sanear as contas da estatal, foi decisivo o fôlego dado pelo Ataero, um valor adicional pago pelos passageiros nas tarifas dos aeroportos. A taxa já era cobrada, mas uma mudança legal em 2016 permitiu à Infraero ficar com mais dinheiro, em vez do depósito de todos os recursos no Fundo Nacional de Aviação Civil. Além disso, a empresa deve economizar até R$ 300 milhões por ano com a transferência de suas responsabilidades sobre o controle de tráfego para o Comando da Aeronáutica. 
O martelo já foi batido pelo governo. Essas operações são deficitárias e absorvem cerca de dois mil empregados, que serão remunerados pela Força Aérea Brasileira. O programa de demissões incentivadas já propiciou a retirada de 2,6 mil funcionários do quadro de pessoal e um enxugamento da folha. Além disso, segundo Claret, a Infraero tem buscado estabelecer um "mix" mais equilibrado entre receitas tarifárias e comerciais.
 A proporção é de 65% e 35%, respectivamente, e planeja¬se chegar a metade para cada. Hoje a Infraero opera 60 aeroportos, mas perderá mais quatro terminais. O leilão de Fortaleza, Salvador, Porto Alegre e Florianópolis e está marcado para o dia 16 de março. Eles representam atualmente 20% das receitas. Apesar da perda, Claret projeta lucro operacional (antes dos investimentos) de R$ 470 milhões neste ano. O prejuízo foi de R$ 222 milhões em 2015 e de R$ 85 milhões em 2016. 
Com todos os ajustes implementados, a promessa do executivo é livrar¬se da dependência do Tesouro a partir de 2018. Ou seja: a estatal não precisará de ajuda do governo e poderá bancar, inclusive, seus próprios investimentos. "A meta é colocar a Infraero numa condição de autossustentabilidade e independência financeira", conclui o executivo, que está em sua primeira passagem na administração pública.