O II Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-Açúcar com Água, promovido pelo GIFC, reuniu mais de 300 profissionais de usinas, centros de pesquisa, universidades, empresas de equipamentos e tecnologia e poder público, nos dias 28 e 29 de outubro, em Ribeirão Preto-SP.
Inovação, viabilidade financeira e tecnológica de projetos de manejo de água, sustentabilidade e crise hídrica foram discutidas em 16 palestras com o intuito de mostrar que a gestão eficiente da água e dos insumos pode potencializar a produtividade da cana irrigada.
“Já sabemos que a irrigação aumenta a produtividade da cana. Temos que discutir a gestão de projetos de manejo, integrar a cadeia e aprender com a experiência de setores como o cafeicultor e também com países como os EUA”, explicou Marco Viana, superintendente do GIFC ao dar as boas-vindas aos participantes.
Segundo ele, é importante a integração de diferentes agentes do setor sucroenergético no debate nacional da irrigação, e também da aproximação com outros segmentos e a necessidade de se aprender com experiências também de fora do país.
O diretor presidente do Grupo Jalles Machado, Otávio Lage, abriu os debates, reforçando que é em períodos de crise que o setor canavieiro deve se renovar e quebrar paradigmas. “Nestes momentos, a gente dorme mais tarde e acorda mais cedo. E isso é bom, faz a gente vencer desafios, como foi o caso do Grupo Jalles Machado, que hoje planta cana no cerrado com alta produtividade. Soubemos a hora de mudar estrategicamente nossos investimentos para a irrigação”, elucidou.
Importância dos projetos de irrigação e novas tecnologias
Palestrantes de centros de pesquisa e universidades referências no país, além de representantes de usinas que apresentaram cases de sucesso em irrigação, destacaram a importância dos projetos de irrigação no primeiro dia do evento. Rubens Duarte Coelho, da ESALQ/USP, explanou sobre a importância de começar da maneira certa um projeto de irrigação de cana e de como é fundamental a coleta de dados e métodos adequados para calcular corretamente a demanda de água. Mário Cicareli Pinheiro, da UFMG e diretor da Potamos Engenharia e Hidrologia, mostrou como a reservação de água pode ser uma solução viável e ambientalmente cor reta para garantir o seu fornecimento para irrigação.
Já Ademário Araújo, gerente de Agricultura Sênior do Grupo Terracal Alimentos e Bioenergia, destacou a nutrição como fator de sucesso na irrigação e mostrou a experiência de canaviais irrigados que produzem mais de 200 toneladas por hectare. E Hélio do Prado, do Programa Cana do IAC, ressaltou a necessidade de conhecer muito bem os diferentes ambientes de produção para a implantação dos projetos de irrigação.
A inovação também esteve em pauta no primeiro dia do seminário. Glauber José de Castro Gava, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – (APTA Jaú), falou sobre “Irrigação de precisão – a adubação parcelada em taxa variável da cana-de--açúcar” e apresentou tecnologias de monitoramento aéreo com drones para controle de manejo de fertirrigação.
Patrick Francino Campos, gestor Corporativo de Irrigação do Grupo Jalles Machado e presidente do GIFC, apresentou as experiências bem-sucedidas de uso de Sistemas Centrais de Controle de Irrigação (SCCI) nas usinas do grupo. Campos destacou como a gestão e o monitoramento de todos os processos de irrigação trazem melhorias para a geração de informações, operação e redução de riscos. “Tudo isso contribui para a diminuição do custo do hectare irrigado”, afirmou.
O dia ainda contou com a visão de dois pesquisadores de centros de pesquisa de renome. Regina Célia de Matos Pires, diretora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica do IAC, fez palestra com o tema “Como obter a melhor relação água x produtividade de cana--de-açúcar”. Já Vinicius Bof Buffon, pesquisador da Embrapa Cerrados para Desenvolvimento de Produção Irrigada de Cana no Cerrado, ressaltou a necessidade de quebrar paradigmas em irrigação de cana. O pesquisador concluiu o ciclo de palestras do dia com uma mensagem. “Temos que inovar e pensar diferente. A irrigação é a tecnologia que tem o maior potencial de, no curto prazo, mudar o patamar de produtividade da cana”, enfatizou Buffon.
Aprendendo com a crise hídrica A experiência norte-americana com irrigação marcou o segundo dia de palestras do IRRIGACANA 2015. O assessor do Departamento de Recursos Hídricos do Estado da Califórnia (EUA) e presidente da Consultoria Hydrofocus, Steven John Deverel, alertou sobre a importância de programar projetos de irrigação de forma adequada. “Possuímos mais de 100 anos de experiências com projetos de irrigação para a agricultura nos EUA. Aprendemos a mediar os conflitos e hoje podemos falar para o Brasil, que busca discutir a ampliação de sua área irrigada, que deve proceder com mais cautela. O país pode olhar para os EUA, aprender com os erros e fazer de forma mais adequada”, afirmou Deverel.
Na sequência do dia, Devanir Garcia dos Santos, gerente de Uso Sustentável de Água e Solo do Programa Produtor de Água da ANA, apresentou uma ótima oportunidade de aprendizado para o segmento sucroenergético. Destacou que o setor deve participar de forma mais ativa dos comitês governamentais que discutem a gestão hídrica do país e mostrar que pode se enquadrar nos programas que incentivam o produtor agrícola a gerir os recursos hídricos de forma sustentável para o desenvolvimento econômico.
Acesso à irrigação
A viabilidade econômica dos projetos de irrigação também foi debatida na ocasião. Um bom exemplo foi a experiência do Plano Diretor de Irrigação dos Canaviais do Grupo Clealco, trabalho que vem sendo realizado em parceria com o GIFC. Marco Antonio de Melo Bortoletto, supervisor de Geoprocessamento do Grupo Clealco, e Leonardo Mina Viana, supervisor de Pesquisa & Desenvolvimento do GIFC, falaram da primeira fase do projeto de estudos de viabilidade da empresa e destacaram a metodologia utilizada para calcular o custo da tonelada de cana irrigada.
Os palestrantes ressaltaram que cada novo projeto de irrigação deve contar com um plano diretor e estudar de forma minuciosa a realidade da usina e da região aonde será implantado. “Só com essas informações é possível decidir pelo investimento”, afirmaram. O seminário ainda contou com a apresentação do pesquisador espanhol Manuel More no Ruiz Poveda, da CENBIO (Centro Nacional de Referência em Biomassa), que pesquisa a análise econômica e ambiental comparativa do uso da vinhaça nas usinas.
Cenário otimista
Na conclusão do IRRIGACANA, foram promovidos debates reunindo os palestrantes e convidados para falar sobre os mitos e verdades da irrigação da cana-de-açúcar. Entre os temas, esteve em destaque a viabilidade de investimentos em irrigação. Otávio Lage, diretor presidente do Grupo Jalles Machado, foi direto ao ponto. “Investimos em irrigação porque no final do processo a conta fecha, dá resultado para nossa empresa”, afirmou. Mediador dos debates, Ricardo Pinto, diretor da RPA Consultoria, destacou o cenário de preços que voltou a remunerar o setor e questionou se as empresas passarão a investir mais em irrigação. Já Viana ressaltou que o segmento não pode perder esse ciclo virtuoso.
Para o diretor de operações da Terracal Alimentos e Bioenergia, João Batista Saccomano, o futuro da irrigação de cana é otimista. “Acredito que o setor vai caminhar para o investimento no plantio de cana irrigada”, concluiu. Vinícius Maia Costa, gerente de Negócios da Lindsay América do Sul, também acredita no crescimento da irrigação no setor de cana e ressaltou que é preciso as entidades representativas do segmento atuarem cada vez mais em parceria.
O II Seminário Brasileiro de Irrigação de Cana-de-Açúcar com Água, promovido pelo GIFC, reuniu mais de 300 profissionais de usinas, centros de pesquisa, universidades, empresas de equipamentos e tecnologia e poder público, nos dias 28 e 29 de outubro, em Ribeirão Preto-SP.
Inovação, viabilidade financeira e tecnológica de projetos de manejo de água, sustentabilidade e crise hídrica foram discutidas em 16 palestras com o intuito de mostrar que a gestão eficiente da água e dos insumos pode potencializar a produtividade da cana irrigada.
“Já sabemos que a irrigação aumenta a produtividade da cana. Temos que discutir a gestão de projetos de manejo, integrar a cadeia e aprender com a experiência de setores como o cafeicultor e também com países como os EUA”, explicou Marco Viana, superintendente do GIFC ao dar as boas-vindas aos participantes.
Segundo ele, é importante a integração de diferentes agentes do setor sucroenergético no debate nacional da irrigação, e também da aproximação com outros segmentos e a necessidade de se aprender com experiências também de fora do país.
O diretor presidente do Grupo Jalles Machado, Otávio Lage, abriu os debates, reforçando que é em períodos de crise que o setor canavieiro deve se renovar e quebrar paradigmas. “Nestes momentos, a gente dorme mais tarde e acorda mais cedo. E isso é bom, faz a gente vencer desafios, como foi o caso do Grupo Jalles Machado, que hoje planta cana no cerrado com alta produtividade. Soubemos a hora de mudar estrategicamente nossos investimentos para a irrigação”, elucidou.
Importância dos projetos de irrigação e novas tecnologias
Palestrantes de centros de pesquisa e universidades referências no país, além de representantes de usinas que apresentaram cases de sucesso em irrigação, destacaram a importância dos projetos de irrigação no primeiro dia do evento. Rubens Duarte Coelho, da ESALQ/USP, explanou sobre a importância de começar da maneira certa um projeto de irrigação de cana e de como é fundamental a coleta de dados e métodos adequados para calcular corretamente a demanda de água. Mário Cicareli Pinheiro, da UFMG e diretor da Potamos Engenharia e Hidrologia, mostrou como a reservação de água pode ser uma solução viável e ambientalmente cor reta para garantir o seu fornecimento para irrigação.
Já Ademário Araújo, gerente de Agricultura Sênior do Grupo Terracal Alimentos e Bioenergia, destacou a nutrição como fator de sucesso na irrigação e mostrou a experiência de canaviais irrigados que produzem mais de 200 toneladas por hectare. E Hélio do Prado, do Programa Cana do IAC, ressaltou a necessidade de conhecer muito bem os diferentes ambientes de produção para a implantação dos projetos de irrigação.
A inovação também esteve em pauta no primeiro dia do seminário. Glauber José de Castro Gava, pesquisador da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios – (APTA Jaú), falou sobre “Irrigação de precisão – a adubação parcelada em taxa variável da cana-de--açúcar” e apresentou tecnologias de monitoramento aéreo com drones para controle de manejo de fertirrigação.
Patrick Francino Campos, gestor Corporativo de Irrigação do Grupo Jalles Machado e presidente do GIFC, apresentou as experiências bem-sucedidas de uso de Sistemas Centrais de Controle de Irrigação (SCCI) nas usinas do grupo. Campos destacou como a gestão e o monitoramento de todos os processos de irrigação trazem melhorias para a geração de informações, operação e redução de riscos. “Tudo isso contribui para a diminuição do custo do hectare irrigado”, afirmou.
O dia ainda contou com a visão de dois pesquisadores de centros de pesquisa de renome. Regina Célia de Matos Pires, diretora do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Ecofisiologia e Biofísica do IAC, fez palestra com o tema “Como obter a melhor relação água x produtividade de cana--de-açúcar”. Já Vinicius Bof Buffon, pesquisador da Embrapa Cerrados para Desenvolvimento de Produção Irrigada de Cana no Cerrado, ressaltou a necessidade de quebrar paradigmas em irrigação de cana. O pesquisador concluiu o ciclo de palestras do dia com uma mensagem. “Temos que inovar e pensar diferente. A irrigação é a tecnologia que tem o maior potencial de, no curto prazo, mudar o patamar de produtividade da cana”, enfatizou Buffon.
Aprendendo com a crise hídrica A experiência norte-americana com irrigação marcou o segundo dia de palestras do IRRIGACANA 2015. O assessor do Departamento de Recursos Hídricos do Estado da Califórnia (EUA) e presidente da Consultoria Hydrofocus, Steven John Deverel, alertou sobre a importância de programar projetos de irrigação de forma adequada. “Possuímos mais de 100 anos de experiências com projetos de irrigação para a agricultura nos EUA. Aprendemos a mediar os conflitos e hoje podemos falar para o Brasil, que busca discutir a ampliação de sua área irrigada, que deve proceder com mais cautela. O país pode olhar para os EUA, aprender com os erros e fazer de forma mais adequada”, afirmou Deverel.
Na sequência do dia, Devanir Garcia dos Santos, gerente de Uso Sustentável de Água e Solo do Programa Produtor de Água da ANA, apresentou uma ótima oportunidade de aprendizado para o segmento sucroenergético. Destacou que o setor deve participar de forma mais ativa dos comitês governamentais que discutem a gestão hídrica do país e mostrar que pode se enquadrar nos programas que incentivam o produtor agrícola a gerir os recursos hídricos de forma sustentável para o desenvolvimento econômico.
Acesso à irrigação
A viabilidade econômica dos projetos de irrigação também foi debatida na ocasião. Um bom exemplo foi a experiência do Plano Diretor de Irrigação dos Canaviais do Grupo Clealco, trabalho que vem sendo realizado em parceria com o GIFC. Marco Antonio de Melo Bortoletto, supervisor de Geoprocessamento do Grupo Clealco, e Leonardo Mina Viana, supervisor de Pesquisa & Desenvolvimento do GIFC, falaram da primeira fase do projeto de estudos de viabilidade da empresa e destacaram a metodologia utilizada para calcular o custo da tonelada de cana irrigada.
Os palestrantes ressaltaram que cada novo projeto de irrigação deve contar com um plano diretor e estudar de forma minuciosa a realidade da usina e da região aonde será implantado. “Só com essas informações é possível decidir pelo investimento”, afirmaram. O seminário ainda contou com a apresentação do pesquisador espanhol Manuel More no Ruiz Poveda, da CENBIO (Centro Nacional de Referência em Biomassa), que pesquisa a análise econômica e ambiental comparativa do uso da vinhaça nas usinas.
Cenário otimista
Na conclusão do IRRIGACANA, foram promovidos debates reunindo os palestrantes e convidados para falar sobre os mitos e verdades da irrigação da cana-de-açúcar. Entre os temas, esteve em destaque a viabilidade de investimentos em irrigação. Otávio Lage, diretor presidente do Grupo Jalles Machado, foi direto ao ponto. “Investimos em irrigação porque no final do processo a conta fecha, dá resultado para nossa empresa”, afirmou. Mediador dos debates, Ricardo Pinto, diretor da RPA Consultoria, destacou o cenário de preços que voltou a remunerar o setor e questionou se as empresas passarão a investir mais em irrigação. Já Viana ressaltou que o segmento não pode perder esse ciclo virtuoso.
Para o diretor de operações da Terracal Alimentos e Bioenergia, João Batista Saccomano, o futuro da irrigação de cana é otimista. “Acredito que o setor vai caminhar para o investimento no plantio de cana irrigada”, concluiu. Vinícius Maia Costa, gerente de Negócios da Lindsay América do Sul, também acredita no crescimento da irrigação no setor de cana e ressaltou que é preciso as entidades representativas do segmento atuarem cada vez mais em parceria.