Japão desenvolve etanol de resíduos agrícolas a preço competitivo

31/05/2013 Etanol POR: Reuters
Na quarta-feira (29) começou oficialmente a colheita de cana-de-açúcar em Campos dos Goytacazes, Norte Fluminense. Este ano, a safra deve ser 15% menor do que em 2012, por causa da estiagem que castigou as plantações e atrasou a colheita em um mês.
Os prejuízos no campo refletem na indústria, que já espera queda na produção, na maior usina do estado. A moagem deve ter início no fim de semana,e a expectativa é de 700 mil toneladas. Em 2012 foram 33 mil toneladas à mais.
Para os trabalhadores da cooperativa, além da necessidade do clima ajudar, é preciso incentivar os produtores a aumentar a oferta de matéria prima. Há pelo menos três anos a região sofre com a seca e baixa nos preços do álcool e do açúcar.
Mesmo com a crise no setor, os investimentos continuam no campo. A mecanização das lavouras para evitar a queima para o corte chegou a 25% de toda a colheita em 2012. O objetivo é aumentar esse número. Outras nove máquinas foram trazidas para o campo, e até o próximo ano, metade da colheita deve ser mecanizada.
A japonesa Kawasaki Heavy Industries Ltd disse na quinta-feira que desenvolveu tecnologia para produzir combustível para carros a partir de resíduos agrícolas a um custo competitivo com o etanol importado, inclusive do Brasil, feito a partir de produtos alimentícios, como cana-de-açúcar. A substituição dos combustíveis fósseis por bioetanol para automóveis pode ajudar a reduzir emissões de dióxido de carbono (CO2), substância que contribui para o aquecimento global, mas o custo de produção e a competição com fontes de alimentos reduzem o seu apelo.
Um estudo de cinco anos, subsidiado pelo governo japonês, provou que a nova tecnologia da Kawasaki Heavy, se introduzida no mercado, pode produzir etanol a partir da palha de arroz, a um custo de 40 ienes (US$ 0,40) por litro, disse a empresa. Se os custos de coleta dos resíduos de palha do cultivo de arroz no Japão forem adicionados, o custo seria de 80 ienes por litro, disse um porta-voz da empresa. Isso se compara com 80 a 100 ienes por litro para a importação de etanol do Brasil, disse um funcionário do Ministério de Agricultura do Japão.
Companhias petrolíferas japonesas atualmente usam um aditivo feito a partir do etanolbrasileiro para misturar com a gasolina para ajudar o quinto maior emissor de gases de efeito estufa do mundo nos esforços de reduzir o aquecimento global. O porta-voz da Kawasaki disse que a empresa não tem um plano específico para a produção comercial e acrescentou que a tecnologia seria competitiva em um país com recursos de biomassa amplos, com custos trabalhistas mais baixos, como o Brasil e nações do Sudeste Asiático.
O governo japonês é mais cauteloso sobre as perspectivas para essa tecnologia. Quando o Ministério da Agricultura traçou planos para a tecnologia de produção de bioetanol, em setembro, disse que levaria cerca de cinco anos antes que a produção comercial deetanol a partir de produtos não-alimentícios fosse economicamente viável.