Juros e câmbio pressionam dívidas das usinas

23/09/2015 Cana-de-Açúcar POR: Valor Econômico
O aumento das taxas de juros no país e a valorização do dólar em relação ao real tendem a elevar ainda mais o endividamento das companhias sucroalcooleiras instaladas Centro-Sul do país até o fim desta safra (2015/16), em 31 de março.
Levantamento do Itaú BBA com 65 grupos, que representam uma moagem de 427 milhões de toneladas por safra, ou 75% do total da região, mostra que, no fim do ciclo 2014/15, a dívida líquida conjunta já chegou a R$ 56,8 bilhões, 23% mais que um ano antes (R$ 46,3 bilhões). Esses resultados serão apresentados hoje em evento promovido pela consultoria Datagro em São Paulo.
"Ao término da safra 2014/15 [em 31 de março deste ano], o dólar estava em R$ 3,20, e neste momento está em quase R$ 4. Além disso, no ciclo passado a taxa Selic ficou, em média, a 11,5%, e agora está em 14,25%", pondera Alexandre Figliolino, diretor de agronegócios do Itaú BBA.
A alta de R$ 10,5 bilhões do endividamento do fim da safra 2013/14 para o término do ciclo 2014/15 é resultado de um fluxo de caixa livre negativo de R$ 5,4 bilhões e do efeito da variação cambial sobre o passivo em dólar, que representa 42% da dívida total (sem considerar bonds).
No que depende do câmbio, a pressão está maior, apesar dos reflexos positivos sobre a receita no médio e longo prazos. E, do ponto de vista de fluxo de caixa, o cenário nos primeiros meses desta temporada 2015/16 não se mostrou muito diferente do observado em 2014/15.
Até o início do mês passado, por exemplo, os preços do etanol pagos às usinas continuavam abaixo dos níveis de igual intervalo da temporada anterior, apesar de o consumo de etanol hidratado estar elevado no mercado interno e de ter havido uma recomposição parcial da Cide na gasolina no início deste ano.
"A condição financeira ruim das empresas do segmento fez com que o etanol fosse vendido a baixos preços para fazer caixa. Assim, todos os ganhos ao etanol resultantes da cobrança da Cide na gasolina foram repassados para outros elos da cadeia, como distribuição, varejo e consumidor", afirma Figliolino.
E, diferentemente do que aconteceu na safra 2014/15, a cogeração não deverá trazer retornos elevados às usinas neste ciclo 2015/16. O governo reduziu o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que serve de referência no mercado livre de energia, de mais de R$ 800 para R$ 388 o megawatt-hora, o que reduz o "incentivo econômico" da atividade.
Conforme o levantamento do Itaú BBA, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda dos 65 grupos que compõem a amostra da instituição saiu de 3,8 vezes, em 2013/14, para 4,3 vezes em 2014/15. Já a relação entre a dívida líquida e o volume de cana processado subiu para R$ 133 por tonelada, um aumento de 24% na comparação com 2013/14.
Nesse contexto, as despesas financeiras do grupo de usinas que faz parte do trabalho do Itaú BBA, com a Selic em 11,5% e a taxa de câmbio a R$ 3,20, subiu 21% em 2014/15, para R$ 11,9 por tonelada de cana-de-açúcar processada.
Mas Figliolino vê sinais positivos no horizonte. Um deles é o próprio dólar valorizado, que tem tornando o açúcar brasileiro mais competitivo no mercado internacional e tende, com isso, a trazer benefícios no futuro, que poderão ser maiores se as previsões de déficit mundial se confirmarem e as cotações internacionais subirem por causa disso.
Ele também lembra que existe uma expectativa em torno da elevação da alíquota da Cide na gasolina. "Esperávamos que [a medida] fosse entrar nesse pacote de ajuste fiscal. Não entrou. Ainda há esperanças". 
O aumento das taxas de juros no país e a valorização do dólar em relação ao real tendem a elevar ainda mais o endividamento das companhias sucroalcooleiras instaladas Centro-Sul do país até o fim desta safra (2015/16), em 31 de março.
Levantamento do Itaú BBA com 65 grupos, que representam uma moagem de 427 milhões de toneladas por safra, ou 75% do total da região, mostra que, no fim do ciclo 2014/15, a dívida líquida conjunta já chegou a R$ 56,8 bilhões, 23% mais que um ano antes (R$ 46,3 bilhões). Esses resultados serão apresentados hoje em evento promovido pela consultoria Datagro em São Paulo.
"Ao término da safra 2014/15 [em 31 de março deste ano], o dólar estava em R$ 3,20, e neste momento está em quase R$ 4. Além disso, no ciclo passado a taxa Selic ficou, em média, a 11,5%, e agora está em 14,25%", pondera Alexandre Figliolino, diretor de agronegócios do Itaú BBA.
A alta de R$ 10,5 bilhões do endividamento do fim da safra 2013/14 para o término do ciclo 2014/15 é resultado de um fluxo de caixa livre negativo de R$ 5,4 bilhões e do efeito da variação cambial sobre o passivo em dólar, que representa 42% da dívida total (sem considerar bonds).
No que depende do câmbio, a pressão está maior, apesar dos reflexos positivos sobre a receita no médio e longo prazos. E, do ponto de vista de fluxo de caixa, o cenário nos primeiros meses desta temporada 2015/16 não se mostrou muito diferente do observado em 2014/15.
Até o início do mês passado, por exemplo, os preços do etanol pagos às usinas continuavam abaixo dos níveis de igual intervalo da temporada anterior, apesar de o consumo de etanol hidratado estar elevado no mercado interno e de ter havido uma recomposição parcial da Cide na gasolina no início deste ano.
"A condição financeira ruim das empresas do segmento fez com que o etanol fosse vendido a baixos preços para fazer caixa. Assim, todos os ganhos ao etanol resultantes da cobrança da Cide na gasolina foram repassados para outros elos da cadeia, como distribuição, varejo e consumidor", afirma Figliolino.

 
E, diferentemente do que aconteceu na safra 2014/15, a cogeração não deverá trazer retornos elevados às usinas neste ciclo 2015/16. O governo reduziu o Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), que serve de referência no mercado livre de energia, de mais de R$ 800 para R$ 388 o megawatt-hora, o que reduz o "incentivo econômico" da atividade.

Conforme o levantamento do Itaú BBA, a relação entre a dívida líquida e o Ebitda dos 65 grupos que compõem a amostra da instituição saiu de 3,8 vezes, em 2013/14, para 4,3 vezes em 2014/15. Já a relação entre a dívida líquida e o volume de cana processado subiu para R$ 133 por tonelada, um aumento de 24% na comparação com 2013/14.

Nesse contexto, as despesas financeiras do grupo de usinas que faz parte do trabalho do Itaú BBA, com a Selic em 11,5% e a taxa de câmbio a R$ 3,20, subiu 21% em 2014/15, para R$ 11,9 por tonelada de cana-de-açúcar processada.
Mas Figliolino vê sinais positivos no horizonte. Um deles é o próprio dólar valorizado, que tem tornando o açúcar brasileiro mais competitivo no mercado internacional e tende, com isso, a trazer benefícios no futuro, que poderão ser maiores se as previsões de déficit mundial se confirmarem e as cotações internacionais subirem por causa disso.
Ele também lembra que existe uma expectativa em torno da elevação da alíquota da Cide na gasolina. "Esperávamos que [a medida] fosse entrar nesse pacote de ajuste fiscal. Não entrou. Ainda há esperanças".