A crise no setor sucroalcooleiro, que tem no controle dos preços dos combustíveis no país sua principal razão, pode levar à bancarrota mais usinas do país nos próximos seis meses. Levantamento feito pela consultoria Ricardo Pinto Associados (RPA), com sede em Ribeirão Preto (SP), indica que 30 usinas no Brasil estão inadimplentes há meses com o pagamento de fornecedores, insumos e outros débitos e poderiam requerer recuperação judicial. Dessas 30, sete já estão paradas, sem operar.
Juntas, elas somam uma capacidade de moagem próxima de 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, segundo estimativas da RPA. "O prognóstico considera uma situação muito difícil para essas empresas se recuperarem nos próximos seis meses, intervalo no qual não se espera uma melhora para o preço do açúcar. Essas unidades também não vão conseguir aproveitar a alta esperada para os preços do etanol na entressafra, pois quase já não têm o que vender", explica o diretor da consultoria, Ricardo Arruda Pinto.
Ele observa que o levantamento não usa critérios contábeis, pois a maior parte dessas usinas não publica balanços auditados. "Fizemos levantamentos com fornecedores de matéria-prima e insumos. São usinas que estão atrasadas no pagamento e muito próximas de entrar em default", esclareceu.
Desse total de 30 usinas, oito estão na região Nordeste, em especial em Pernambuco e Alagoas. As outras 22 estão no Centro-Sul, sendo 14 em São Paulo - 7,5% do total de usinas do Estado, que soma 190 unidades, nos cálculos da consultoria.
O levantamento da RPA tem como ponto de partida a existência de 439 usinas sucroalcooleiras no país em 2000. Dessas, 96 foram afetadas de alguma forma pela crise, segundo Arruda Pinto. "33 estão apenas paradas, 31 estão em recuperação judicial, mas operando, 22 estão em recuperação e sem operar, e 11 entraram em falência e estão desativadas", resume. Ele observa que, por outro lado, entre 2006 e 2010, 103 usinas foram inauguradas no país.
A maior parte das 30 usinas que está na "corda bamba" tem capacidade de moagem máxima de 2 milhões de toneladas por safra, informa o diretor da consultoria. Segundo ele, 19 das 30 unidades pertencem a cinco grupos sucroalcooleiros com mais de uma usina.
Até o momento, a cana-de-açúcar proveniente das unidades fechadas está sendo processada por outras usinas, de acordo com Arruda Pinto. "Em algum momento, pode haver mais cana do que capacidade industrial de moagem. Daqui em diante, o setor pode voltar a ter cana bisada (que fica no campo de um ano para outro)", diz.
Nos cálculos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), entre 2012 e 2014, usinas que somam capacidade para moer 40 milhões de toneladas de cana foram desativadas e os equipamentos ficaram parados, ou seja, não foram desmontados e aproveitados em outras usinas. Segundo o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, 70% dessas usinas estão no Estado de São Paulo.
A perda de capacidade de moagem, no entanto, não vem apenas do fechamento de usinas, afirma Rodrigues. Ele explica que, com a colheita mecanizada, aumentou muito a quantidade de impurezas minerais que vão para a fábrica juntamente com a cana. "A matéria-prima vai com 8% a 9% de impureza, em alguns casos, acima de 10%", citou. Essa situação, acrescenta Rodrigues, impacta na indústria. "Estimamos que o efeito é uma perda de capacidade da ordem de 3%".
O diretor da Unica afirma que é difícil calcular a capacidade industrial instalada do setor, uma vez que essa capacidade é uma função também do número de dias de moagem, o que pode depender, portanto, da incidência de chuvas, das quebras de safra, entre outros imprevistos, como, por exemplo, a interrupção da moagem para manutenção durante a safra. Houve uma grande perda de capacidade com o fechamento de usinas, mas alguns grupos também expandiram suas unidades, observa Rodrigues. Ele estima que o limite industrial de moagem de cana do Centro-Sul esteja na casa das 600 milhões de toneladas de cana, considerando uma safra com condições favoráveis ao processamento. Neste ciclo 2014/15, a previsão da Unica é de um volume de 546 milhões.
A crise no setor sucroalcooleiro, que tem no controle dos preços dos combustíveis no país sua principal razão, pode levar à bancarrota mais usinas do país nos próximos seis meses. Levantamento feito pela consultoria Ricardo Pinto Associados (RPA), com sede em Ribeirão Preto (SP), indica que 30 usinas no Brasil estão inadimplentes há meses com o pagamento de fornecedores, insumos e outros débitos e poderiam requerer recuperação judicial. Dessas 30, sete já estão paradas, sem operar.
Juntas, elas somam uma capacidade de moagem próxima de 60 milhões de toneladas de cana-de-açúcar por safra, segundo estimativas da RPA. "O prognóstico considera uma situação muito difícil para essas empresas se recuperarem nos próximos seis meses, intervalo no qual não se espera uma melhora para o preço do açúcar. Essas unidades também não vão conseguir aproveitar a alta esperada para os preços do etanol na entressafra, pois quase já não têm o que vender", explica o diretor da consultoria, Ricardo Arruda Pinto.
Ele observa que o levantamento não usa critérios contábeis, pois a maior parte dessas usinas não publica balanços auditados. "Fizemos levantamentos com fornecedores de matéria-prima e insumos. São usinas que estão atrasadas no pagamento e muito próximas de entrar em default", esclareceu.
Desse total de 30 usinas, oito estão na região Nordeste, em especial em Pernambuco e Alagoas. As outras 22 estão no Centro-Sul, sendo 14 em São Paulo - 7,5% do total de usinas do Estado, que soma 190 unidades, nos cálculos da consultoria.
O levantamento da RPA tem como ponto de partida a existência de 439 usinas sucroalcooleiras no país em 2000. Dessas, 96 foram afetadas de alguma forma pela crise, segundo Arruda Pinto. "33 estão apenas paradas, 31 estão em recuperação judicial, mas operando, 22 estão em recuperação e sem operar, e 11 entraram em falência e estão desativadas", resume. Ele observa que, por outro lado, entre 2006 e 2010, 103 usinas foram inauguradas no país.
A maior parte das 30 usinas que está na "corda bamba" tem capacidade de moagem máxima de 2 milhões de toneladas por safra, informa o diretor da consultoria. Segundo ele, 19 das 30 unidades pertencem a cinco grupos sucroalcooleiros com mais de uma usina.
Até o momento, a cana-de-açúcar proveniente das unidades fechadas está sendo processada por outras usinas, de acordo com Arruda Pinto. "Em algum momento, pode haver mais cana do que capacidade industrial de moagem. Daqui em diante, o setor pode voltar a ter cana bisada (que fica no campo de um ano para outro)", diz.
Nos cálculos da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), entre 2012 e 2014, usinas que somam capacidade para moer 40 milhões de toneladas de cana foram desativadas e os equipamentos ficaram parados, ou seja, não foram desmontados e aproveitados em outras usinas. Segundo o diretor técnico da entidade, Antonio de Padua Rodrigues, 70% dessas usinas estão no Estado de São Paulo.
A perda de capacidade de moagem, no entanto, não vem apenas do fechamento de usinas, afirma Rodrigues. Ele explica que, com a colheita mecanizada, aumentou muito a quantidade de impurezas minerais que vão para a fábrica juntamente com a cana. "A matéria-prima vai com 8% a 9% de impureza, em alguns casos, acima de 10%", citou. Essa situação, acrescenta Rodrigues, impacta na indústria. "Estimamos que o efeito é uma perda de capacidade da ordem de 3%".
O diretor da Unica afirma que é difícil calcular a capacidade industrial instalada do setor, uma vez que essa capacidade é uma função também do número de dias de moagem, o que pode depender, portanto, da incidência de chuvas, das quebras de safra, entre outros imprevistos, como, por exemplo, a interrupção da moagem para manutenção durante a safra. Houve uma grande perda de capacidade com o fechamento de usinas, mas alguns grupos também expandiram suas unidades, observa Rodrigues. Ele estima que o limite industrial de moagem de cana do Centro-Sul esteja na casa das 600 milhões de toneladas de cana, considerando uma safra com condições favoráveis ao processamento. Neste ciclo 2014/15, a previsão da Unica é de um volume de 546 milhões.