Logística ainda é um gargalo para agronegócio

03/03/2016 Logística POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 117
Os desafios enfrentados pelo agronegócio em relação à logística em 2015 foram tema principal do 4° Café da Manhã com Logística, realizado em dezembro, em Piracicaba--SP, pelo grupo ESALQ-LOG (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP). Profissionais do setor, lideranças e estudantes da área participaram do evento que mostrou também o atual panorama do segmento de logística no país, além das expectativas para o futuro.
Na ocasião, foi lançado o aplicativo Sifreca, um sistema de informações de fretes rodoviários disponível para dispositivos móveis, elaborado através dos dados primários coletados no Grupo ESALQ-LOG. “Trata-se de mais uma opção de acesso às informações de fretes rodoviários de produtos agroindustriais para auxiliar nas decisões do negócio do agricultor”, explicou José Vicente Caixeta Filho, professor titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP e mentor da ideia junto ao Grupo ESALQ-LOG, ressaltando que é possível obter informações referentes aos fretes rodoviários de produtos como soja; milho; açúcar; etanol e fertilizantes, entre outros.
Thiago Péra, coordenador do ESALQ-LOG, iniciou o evento destacando os principais acontecimentos ocorridos no último ano, entre eles, as paralisações dos motoristas. Essa movimentação teve como principais reivindicações estipular a jornada de trabalho de 12 horas; a redução do preço do óleo diesel; a tabela de preço mínimo e a isenção de pedágio para os eixos suspensos. “Esta paralização resultou em melhorias nas condições de trabalho dos motoristas, profissionalização do setor, maior produtividade e redução de acidentes, entre outros fatos”, disse Péra, que apresentou outros dados de pesquisa feita pelo ESALQ-LOG sobre movimentação.
Os acidentes ocorridos no Porto de Santos e os principais gargalos/entraves do agendamento portuário implantado para melhorar o controle sobre a chegada das cargas no local também foram ressaltados. O resultado do agendamento não foi tão benéfico, já que a fila eletrônica impactou em rotas mais curtas, resultando em restrição na liberação de vagas e aumentando o intervalo de tempo entre o carregamento e a descarga, além da falta de informações quando ocorre a suspensão de cotas.
Outro ponto citado na ocasião foi o Arco Norte. “A exportação acumulada em portos de São Luís, Santarém, Barcarena, Manaus e Salvador cresceu 44% no último ano, no caso da soja, além de algo em torno de 126% no caso do milho”, disse Fernando Vinícius da Rocha, engenheiro agrônomo e pesquisador do ESALQ-LOG, destacando o diferencial competitivo dessa via, que possibilita o transporte rodoviário e Mato Grosso até o Porto de Itaituba e transporte hidroviário para o Porto de Santarém, além do transporte rodoviário direto para o Porto de Santos.
Quanto ao PIL (Programa de Investimento em Logística), o pesquisador lembrou que houve alteração no modelo de financiamento, com a redução da capacidade de investimento do governo via BNDES, assim como a necessidade de se buscar novas fontes de financiamento para projetos no Brasil.
Em relação ao panorama do açúcar, foi destacado o comportamento médio por regional do mercado de fretes rodoviários de açúcar para corredores de exportação com destino a Santos, em 2015 ficou em torno de R$ 0,22/t.km. Apontou também que, embora o porto de Santos seja o responsável pelo escoamento de quase 8 milhões de toneladas de açúcar no ano passado, o volume é menor do que o movimentado em 2014. Alguns fatores que levaram a esta queda, tais como falta de vagões destinados a movimentação de açúcar; modal rodoviário pressionado e armazéns sendo intensamente utilizados também foram indicados.
Sobre o etanol, o estudo apresentado mostrou que a movimentação do combustível pelo sistema dutoviário totalizou quase dois milhões de metros cúbicos em 2015, contra 1 milhão em 2014.
Quanto aos fretes rodoviários, o comportamento médio para corredores de mercado doméstico e externo, em 2015, ficou em média em R$ 0,20/m³.km.
As expectativas em relação ao produto são boas, principalmente levando em consideração o estudo do Governo Federal para possível aumento da CIDE sobre a gasolina em 2016, o aumento da demanda dos EUA por combustíveis renováveis e a desvalorização do Real. “Os preços de açúcar deverão permanecer elevados para incentivar uma produção maior à frente”, afirmou a pesquisadora Bruna Drago de Araújo, lembrando que a intenção de início precoce da colheita de 2016 também pode incrementar a demanda do combustível.
O setor de fertilizantes também foi destaque na programação. “O aumento nos custos de produção, alta do dólar e da taxa de juros e o atraso na liberação do crédito prejudicou o segmento, ocasionando uma redução de 6,5% no volume 
2015”, explicou Mariela Carmignani. De modo complementar Letícia Odum frisou ainda que o mercado de fretes ficou instável para esses produtos. “A movimentação ficou concentrada no segundo semestre do ano e o modal rodoviário foi o mais utilizado, o que provocou uma concorrência com a movimentação de grãos”.
Ao finalizar, os palestrantes listaram as perspectivas e tendências para 2016 em relação a fretes. No caso de grãos, as interferências climáticas, a venda antecipada e necessidade de capital de giro próprio deverão influenciar os valores neste ano. Com relação aos fertilizantes, o aumento do fluxo em relação a 2015 chama atenção, sendo que a concentração da movimentação deverá se dar no segundo semestre, tendo o Arco Norte como perspectiva. Para o açúcar, a necessidade de liquidez é fator determinante.
“A Rumo-ALL, que nasceu a partir da aquisição da ferrovia pela empresa de logística da Cosan e a VLI, uma empresa com sistema integrado de ferrovias, portos e terminais, possibilitou uma menor dependência do modal rodoviário, surgindo assim uma maior preferência pelo modal ferroviário”, comentou Samuel da Silva Neto, explicando que essa indicação vale também para o etanol. “Há altos patamares de fluxos previstos incluindo o aumento da utilização da ferrovia como também da dutovia para mercado interno e externo”, concluiu.
LIDE também discutiu logística
“O Brasil está empobrecido pela recessão e pela má-gestão governamental, e este cenário não deve inibir atitudes construtivistas da iniciativa privada.
Cabe a nós, empresários, pressionar o governo, mostrar o poder das privatizações, e encarar que, em muitos setores, o Estado não deve estar presente”, afirmou João Doria, presidente do Comitê Executivo do LIDE durante o 3º Fórum de Infraestrutura e Logística, realizado em novembro, em Belo Horizonte (MG).
O evento, que teve como pauta principal a transferência de investimentos e, principalmente, a gestão de rodovias, portos, aeroportos e rodovias do Brasil para a iniciativa privada foi promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais e reuniu líderes empresariais e as principais personalidades dos setores público e privado para discutir os avanços e gargalos da infraestrutura e logística nacional.
“As empresas privadas abarcam tecnologia, treinam mão de obra, aprimoram serviços, melhoram os salários e colocam o Brasil num patamar de maior concorrência mundial. O governo não tem verba para melhorar toda a infraestrutura nacional. O que vai mudar o Brasil é a privatização”, afirmou Doria.
Roberto Giannetti da Fonseca, economista e presidente do LIDE INFRAESTRUTURA, sugeriu que o país precisa realizar grandes esforços para o desenvolvimento da logística, já que ela é multissetorial e se configura como um dos principais itens de competitividade.
“No Brasil, precisamos de uma logística confiável, estruturada e pontual para o desenvolvimento da economia. Estruturá-la gera economia nas duas pontas:  melhora a renda dos produtores e diminui o preço para os consumidores finais, além de proporcionar competitividade às empresas”, enfatizou.
“O investimento privado é penalizado em nosso País e carrega uma taxa tributária que atinge até 40%”, prosseguiu Gianetti. Este modelo dificulta a ação de investidores nacionais e internacionais e deixa o Brasil muitas vezes num cenário pouco estimulante. Por isso, para o presidente do LIDE INFRAESTRUTURA, “colocar imposto em cima de investimento é uma imbecilidade”. 
Programa de investimentos 
Ao explanar sobre o PIL (Programa de Investimento em Logística), Fernando Marcato, da GD Associados, afirmou que o programa do governo federal prevê um investimento de R$ 198,4 bilhões para a modernização de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos entre 2015 e 2018. “Parte do crescimento do PIB só existe por meio do investimento na infraestrutura. O PIL é fundamental para reaquecer a economia”, ressaltou.
Um dos desafios apontados positivamente por Marcato foi realizado pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que se tornou sócia minoritária nas concessões dos aeroportos. “Já as rodovias têm um passado consolidado, mas permanece a necessidade de investimentos constantes. Entre os portos, é preciso uma melhor coordenação entre o planejamento de Estados e municípios. Não adianta ter somente o porto, mas sem a estrada para escoar”, pontou.
Para Marcato, a fórmula de sucesso é um tripé composto por: regulação, planejamento e gestão. “O retrato da infraestrutura nacional é sinônimo de necessidade de investimentos. O caminho da PPP (Parceria Público Privada) e das privatizações deve avançar ainda mais”, salientou.
Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, afirmou que o desenvolvimento na infraestrutura não serve para privilegiar um ou outro setor específico, mas para a evolução de todo o país. “Para se ter ideia, 25% do Bolsa Família fica retido em logística para uma pessoa que mora no Norte ou Nordeste. Uma boa logística é questão social. Todos os anos, 12 mil caminhoneiros morrem nas rodovias que não oferecem segurança”, alertou. Resende foi categórico ao dizer que o Brasil precisa entrar na fase da operação de projetos: “É hora de iniciarmos a substituição da pauta de projetos para a pauta de planejamento e de operacionalização”.
A modernização da infraestrutura, porém, tem a ver com a modernização da legislação, ponderou. Para Luiz Fernando Furlan, chairman of the Board (presidente do conselho) do LIDE: “É necessário a retirada dos entraves governamentais. Além disso, o Brasil tem um péssimo hábito de destruir a infraestrutura que foi feita no passado, para uma nova que entra em cena, e nada é aproveitado”.
A Fábio Lavor, secretário de Políticas Portuárias da Secretaria de Portos, coube a análise sobre o novo marco regulatório e o PIL-Portos (Plano de Investimento em Logística). “O porto é um elo logístico, e o país passa hoje por uma série de projetos em andamento.
Entre os terminais privados, estão acontecendo diversas ampliações e melhorias, além dos novos em construção. O montante chega a R$ 7,2 bilhões de investimento privado. 
Temos clareza que o governo não tem dinheiro para investir no setor, que já é liderado pela iniciativa privada”, enfatizou Lavor. Para João Doria, não faz sentido investir em portos fora do país, como em Cuba. “O dinheiro arrecadado dos brasileiros deve ser investido no Brasil”, afirmou o presidente do Comitê Executivo do LIDE.
Carta Legado
No final do evento, foi lida a Carta Legado do 3º Fórum de Infraestrutura e Logística. “A conclusão final do Fórum é que o país não pode esperar mais pela melhoria imediata da infraestrutura logística nacional. Para isto, é preciso estimular de forma abrangente o processo de privatização dos modais com licitações objetivas e transparentes que permitam resultar na atração dos investimentos privados suficientes e necessários, bem como qualificar os gestores operacionais, resultando em custos reduzidos num ambiente de mercado mais competitivo”, diz um dos principais trechos da carta.
 
Os desafios enfrentados pelo agronegócio em relação à logística em 2015 foram tema principal do 4° Café da Manhã com Logística, realizado em dezembro, em Piracicaba--SP, pelo grupo ESALQ-LOG (Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz/USP). Profissionais do setor, lideranças e estudantes da área participaram do evento que mostrou também o atual panorama do segmento de logística no país, além das expectativas para o futuro.
 
Na ocasião, foi lançado o aplicativo Sifreca, um sistema de informações de fretes rodoviários disponível para dispositivos móveis, elaborado através dos dados primários coletados no Grupo ESALQ-LOG. “Trata-se de mais uma opção de acesso às informações de fretes rodoviários de produtos agroindustriais para auxiliar nas decisões do negócio do agricultor”, explicou José Vicente Caixeta Filho, professor titular do Departamento de Economia, Administração e Sociologia da ESALQ-USP e mentor da ideia junto ao Grupo ESALQ-LOG, ressaltando que é possível obter informações referentes aos fretes rodoviários de produtos como soja; milho; açúcar; etanol e fertilizantes, entre outros.
 
Thiago Péra, coordenador do ESALQ-LOG, iniciou o evento destacando os principais acontecimentos ocorridos no último ano, entre eles, as paralisações dos motoristas. Essa movimentação teve como principais reivindicações estipular a jornada de trabalho de 12 horas; a redução do preço do óleo diesel; a tabela de preço mínimo e a isenção de pedágio para os eixos suspensos. “Esta paralização resultou em melhorias nas condições de trabalho dos motoristas, profissionalização do setor, maior produtividade e redução de acidentes, entre outros fatos”, disse Péra, que apresentou outros dados de pesquisa feita pelo ESALQ-LOG sobre movimentação.
 
Os acidentes ocorridos no Porto de Santos e os principais gargalos/entraves do agendamento portuário implantado para melhorar o controle sobre a chegada das cargas no local também foram ressaltados. O resultado do agendamento não foi tão benéfico, já que a fila eletrônica impactou em rotas mais curtas, resultando em restrição na liberação de vagas e aumentando o intervalo de tempo entre o carregamento e a descarga, além da falta de informações quando ocorre a suspensão de cotas.
 
Outro ponto citado na ocasião foi o Arco Norte. “A exportação acumulada em portos de São Luís, Santarém, Barcarena, Manaus e Salvador cresceu 44% no último ano, no caso da soja, além de algo em torno de 126% no caso do milho”, disse Fernando Vinícius da Rocha, engenheiro agrônomo e pesquisador do ESALQ-LOG, destacando o diferencial competitivo dessa via, que possibilita o transporte rodoviário e Mato Grosso até o Porto de Itaituba e transporte hidroviário para o Porto de Santarém, além do transporte rodoviário direto para o Porto de Santos.
 
Quanto ao PIL (Programa de Investimento em Logística), o pesquisador lembrou que houve alteração no modelo de financiamento, com a redução da capacidade de investimento do governo via BNDES, assim como a necessidade de se buscar novas fontes de financiamento para projetos no Brasil.
 
Em relação ao panorama do açúcar, foi destacado o comportamento médio por regional do mercado de fretes rodoviários de açúcar para corredores de exportação com destino a Santos, em 2015 ficou em torno de R$ 0,22/t.km. Apontou também que, embora o porto de Santos seja o responsável pelo escoamento de quase 8 milhões de toneladas de açúcar no ano passado, o volume é menor do que o movimentado em 2014. Alguns fatores que levaram a esta queda, tais como falta de vagões destinados a movimentação de açúcar; modal rodoviário pressionado e armazéns sendo intensamente utilizados também foram indicados.
 
Sobre o etanol, o estudo apresentado mostrou que a movimentação do combustível pelo sistema dutoviário totalizou quase dois milhões de metros cúbicos em 2015, contra 1 milhão em 2014.
 
Quanto aos fretes rodoviários, o comportamento médio para corredores de mercado doméstico e externo, em 2015, ficou em média em R$ 0,20/m³.km.
 
As expectativas em relação ao produto são boas, principalmente levando em consideração o estudo do Governo Federal para possível aumento da CIDE sobre a gasolina em 2016, o aumento da demanda dos EUA por combustíveis renováveis e a desvalorização do Real. “Os preços de açúcar deverão permanecer elevados para incentivar uma produção maior à frente”, afirmou a pesquisadora Bruna Drago de Araújo, lembrando que a intenção de início precoce da colheita de 2016 também pode incrementar a demanda do combustível.
 
O setor de fertilizantes também foi destaque na programação. “O aumento nos custos de produção, alta do dólar e da taxa de juros e o atraso na liberação do crédito prejudicou o segmento, ocasionando uma redução de 6,5% no volume 2015”, explicou Mariela Carmignani. De modo complementar Letícia Odum frisou ainda que o mercado de fretes ficou instável para esses produtos. “A movimentação ficou concentrada no segundo semestre do ano e o modal rodoviário foi o mais utilizado, o que provocou uma concorrência com a movimentação de grãos”.
 
Ao finalizar, os palestrantes listaram as perspectivas e tendências para 2016 em relação a fretes. No caso de grãos, as interferências climáticas, a venda antecipada e necessidade de capital de giro próprio deverão influenciar os valores neste ano. Com relação aos fertilizantes, o aumento do fluxo em relação a 2015 chama atenção, sendo que a concentração da movimentação deverá se dar no segundo semestre, tendo o Arco Norte como perspectiva. Para o açúcar, a necessidade de liquidez é fator determinante.
 
“A Rumo-ALL, que nasceu a partir da aquisição da ferrovia pela empresa de logística da Cosan e a VLI, uma empresa com sistema integrado de ferrovias, portos e terminais, possibilitou uma menor dependência do modal rodoviário, surgindo assim uma maior preferência pelo modal ferroviário”, comentou Samuel da Silva Neto, explicando que essa indicação vale também para o etanol. “Há altos patamares de fluxos previstos incluindo o aumento da utilização da ferrovia como também da dutovia para mercado interno e externo”, concluiu.
 
LIDE também discutiu logística
 
“O Brasil está empobrecido pela recessão e pela má-gestão governamental, e este cenário não deve inibir atitudes construtivistas da iniciativa privada.
 
Cabe a nós, empresários, pressionar o governo, mostrar o poder das privatizações, e encarar que, em muitos setores, o Estado não deve estar presente”, afirmou João Doria, presidente do Comitê Executivo do LIDE durante o 3º Fórum de Infraestrutura e Logística, realizado em novembro, em Belo Horizonte (MG).
 
O evento, que teve como pauta principal a transferência de investimentos e, principalmente, a gestão de rodovias, portos, aeroportos e rodovias do Brasil para a iniciativa privada foi promovido pelo LIDE – Grupo de Líderes Empresariais e reuniu líderes empresariais e as principais personalidades dos setores público e privado para discutir os avanços e gargalos da infraestrutura e logística nacional.
 
“As empresas privadas abarcam tecnologia, treinam mão de obra, aprimoram serviços, melhoram os salários e colocam o Brasil num patamar de maior concorrência mundial. O governo não tem verba para melhorar toda a infraestrutura nacional. O que vai mudar o Brasil é a privatização”, afirmou Doria.
 
Roberto Giannetti da Fonseca, economista e presidente do LIDE INFRAESTRUTURA, sugeriu que o país precisa realizar grandes esforços para o desenvolvimento da logística, já que ela é multissetorial e se configura como um dos principais itens de competitividade.
 
“No Brasil, precisamos de uma logística confiável, estruturada e pontual para o desenvolvimento da economia. Estruturá-la gera economia nas duas pontas:  melhora a renda dos produtores e diminui o preço para os consumidores finais, além de proporcionar competitividade às empresas”, enfatizou.
 
“O investimento privado é penalizado em nosso País e carrega uma taxa tributária que atinge até 40%”, prosseguiu Gianetti. Este modelo dificulta a ação de investidores nacionais e internacionais e deixa o Brasil muitas vezes num cenário pouco estimulante. Por isso, para o presidente do LIDE INFRAESTRUTURA, “colocar imposto em cima de investimento é uma imbecilidade”. 
 
Programa de investimentos 
 
Ao explanar sobre o PIL (Programa de Investimento em Logística), Fernando Marcato, da GD Associados, afirmou que o programa do governo federal prevê um investimento de R$ 198,4 bilhões para a modernização de aeroportos, rodovias, ferrovias e portos entre 2015 e 2018. “Parte do crescimento do PIB só existe por meio do investimento na infraestrutura. O PIL é fundamental para reaquecer a economia”, ressaltou.
 
Um dos desafios apontados positivamente por Marcato foi realizado pela Infraero (Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária), que se tornou sócia minoritária nas concessões dos aeroportos. “Já as rodovias têm um passado consolidado, mas permanece a necessidade de investimentos constantes. Entre os portos, é preciso uma melhor coordenação entre o planejamento de Estados e municípios. Não adianta ter somente o porto, mas sem a estrada para escoar”, pontou.
 
Para Marcato, a fórmula de sucesso é um tripé composto por: regulação, planejamento e gestão. “O retrato da infraestrutura nacional é sinônimo de necessidade de investimentos. O caminho da PPP (Parceria Público Privada) e das privatizações deve avançar ainda mais”, salientou.
 
Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral, afirmou que o desenvolvimento na infraestrutura não serve para privilegiar um ou outro setor específico, mas para a evolução de todo o país. “Para se ter ideia, 25% do Bolsa Família fica retido em logística para uma pessoa que mora no Norte ou Nordeste. Uma boa logística é questão social. Todos os anos, 12 mil caminhoneiros morrem nas rodovias que não oferecem segurança”, alertou. Resende foi categórico ao dizer que o Brasil precisa entrar na fase da operação de projetos: “É hora de iniciarmos a substituição da pauta de projetos para a pauta de planejamento e de operacionalização”.
 
A modernização da infraestrutura, porém, tem a ver com a modernização da legislação, ponderou. Para Luiz Fernando Furlan, chairman of the Board (presidente do conselho) do LIDE: “É necessário a retirada dos entraves governamentais. Além disso, o Brasil tem um péssimo hábito de destruir a infraestrutura que foi feita no passado, para uma nova que entra em cena, e nada é aproveitado”.
 
A Fábio Lavor, secretário de Políticas Portuárias da Secretaria de Portos, coube a análise sobre o novo marco regulatório e o PIL-Portos (Plano de Investimento em Logística). “O porto é um elo logístico, e o país passa hoje por uma série de projetos em andamento.
 
Entre os terminais privados, estão acontecendo diversas ampliações e melhorias, além dos novos em construção. O montante chega a R$ 7,2 bilhões de investimento privado. 
 
Temos clareza que o governo não tem dinheiro para investir no setor, que já é liderado pela iniciativa privada”, enfatizou Lavor. Para João Doria, não faz sentido investir em portos fora do país, como em Cuba. “O dinheiro arrecadado dos brasileiros deve ser investido no Brasil”, afirmou o presidente do Comitê Executivo do LIDE.
 
Carta Legado
 
No final do evento, foi lida a Carta Legado do 3º Fórum de Infraestrutura e Logística. “A conclusão final do Fórum é que o país não pode esperar mais pela melhoria imediata da infraestrutura logística nacional. Para isto, é preciso estimular de forma abrangente o processo de privatização dos modais com licitações objetivas e transparentes que permitam resultar na atração dos investimentos privados suficientes e necessários, bem como qualificar os gestores operacionais, resultando em custos reduzidos num ambiente de mercado mais competitivo”, diz um dos principais trechos da carta.