Logum, do etanolduto, muda comando

05/12/2012 Geral POR: O Estado de S. Paulo
O comando da Logum, empresa de logística responsável pela construção do etanolduto de 1,3 mil quilômetros de extensão entre Goiás e São Paulo, ao custo de R$ 7 bilhões, foi modificado. Funcionário de carreira da Petrobrás e executivo de prestígio dentro da empresa, Alberto Guimarães - que havia presidido uma joint venture já desfeita da petrolífera com a Mitsui e a Camargo Corrêa - foi demitido discretamente e substituído por outro nome da companhia, Roberto Gonçalves.

A mudança ocorreu no início de novembro, por determinação da Petrobrás, segundo apurou o Estado. A empresa é uma das sócias da Logum, com 20% de participação, ao lado de outras gigantes do setor de açúcar e álcool, como Copersucar, Raízen e Odebrecht/ETH (todas também com 20%), além de Camargo Corrêa e Uniduto Logística (ambas com 10%). Procuradas para comentar o assunto, as assessorias de imprensa da Petrobrás e da Logum não quiseram falar sobre o caso. Guimarães também não respondeu às perguntas enviadas pela reportagem.

No fim de outubro, cerca de dez dias antes de ser retirado do cargo, Guimarães havia concedido entrevista à Agência Estado confirmando a informação de que a Petrobrás não faria, em 2013, o aporte financeiro correspondente à sua fatia na construção do etanolduto. A decisão estaria relacionada às dificuldades da Petrobrás em cumprir um pesado cronograma de investimentos, que inclui as obrigações da exploração do petróleo na camada pré-sal.

"De fato, a Petrobrás está priorizando a carteira de investimentos e tem suas razões para alocar os recursos aos mais chegados do ´core business´ (negócio principal) da companhia", disse Guimarães no fim de outubro. "É um pedido de que, por um ano, pudesse desacompanhar os investimentos dos demais." O executivo admitia ainda que os demais sócios buscavam alternativas para compensar a diluição do aporte da Petrobrás.

Incerteza. Depois desse episódio - e da demissão de seu diretor-presidente -, a situação na Logum ficou complicada do ponto de vista de comunicação: nenhum dos sócios quer falar em nome da empresa e a ordem na matriz é simplesmente barrar qualquer pedido de informação. Quando informações são solicitadas às parceiras do empreendimento, as companhias fazem questão de dizer que falam por si mesmas, e não pelo negócio como um todo.

Segundo uma fonte, que pediu anonimato, a incerteza sobre o aporte da Petrobrás, que representa 20% do investimento total, fez com que as próximas fases do investimento fossem postas em dúvida (ninguém quer se mexer enquanto a petrolífera não tomar uma decisão). Até agora, só está garantida a entrega da primeira fase do projeto, que vai de Ribeirão Preto à Refinaria de Paulínia (Replan).

Esta primeira fase deverá ser concluída em fevereiro do ano que vem, ao custo de R$ 830 milhões - pouco mais de 10% do valor total a ser aplicado para que a obra seja efetivamente completada. Até o momento, de acordo com informações de empresas ligadas à Logum, cerca de 70% da obra do etanolduto entre Ribeirão Preto e Paulínia já foram completados.

Um fator que poderá levar o restante do projeto adiante é o fato de o investimento direto dos sócios no etanolduto ser relativamente baixo. A estimativa é que 80% do valor do projeto seja arrecadado com financiamentos do Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Antes de sair do cargo, Alberto Guimarães havia afirmado que o aporte previsto para os sócios para o projeto seria "baixíssimo" em 2013.

Fernando Scheller