Mais que segurança, respeito

20/01/2020 Agricultura POR: Marino Guerra
Mais que segurança, respeito Programa GPS Rural vai aproximar as forças de segurança pública ao produtor rural

Parceria entre Copercana, Canaoeste e Sicoob Cocred com Polícia Militar leva cidadania ao campo

 

Entregue à minha própria sorte
o medo me dominou
a insegurança se concretizou
perante tamanha falta de respeito
perdi meus bens, minha dignidade
e soube que em alguns sítios
a coisa acabou até em morte

 

Dentre tantos problemas que o produtor de cana do interior do Estado de São Paulo e Triângulo Mineiro teve que enfrentar a partir da virada do século está um assunto importante que nunca tomou as proporções que deveria: o da insegurança.

Mais que a mudança no manejo em decorrência do fim do corte da cana queimada, além da política de preços subsidiados da gasolina que quase dizimou com a indústria do etanol brasileira, veio um estatuto de desarmamento totalmente inconsequente, que deixou ao homem do campo apenas seus punhos, facões e corajosos cachorros como defesa contra o crime, que não tardou para perceber a oportunidade.

Nesses quase vinte anos foram inúmeros tratores, caminhões, implementos, insumos e até vidas perdidas em razão da extrema facilidade com que bandidos invadem fazendas e sítios e aprontavam o diabo, não causando apenas prejuízos financeiros, mas ferindo a dignidade de quem retira o seu sustento do trabalho com a terra.

Ao longo de 2019, finalmente parece que esse jogo começou a ficar um pouco mais equilibrado, e não apenas pela volta da liberdade do produtor em portar sua arma dentro de sua propriedade, mas também pela sinergia ocorrida através do trabalho em conjunto da Segurança Pública e instituições que representam o produtor rural, o que culminou no lançamento, a partir de dezembro, do "GPS Rural". 

Mais que uma promessa de ação, significa o pontapé inicial de uma mudança de rota de 180 graus nos conceitos de segurança pública rural, que terá outras fases e resultará cada vez mais na transferência do medo sentido pelo agricultor de outrora para o criminoso que pretende tentar alguma coisa no campo.

Um filho que nasceu de três partes distintas, a primeira vinda do conhecimento da Canaoeste em georreferenciamento, conquistado a partir do trabalho iniciado no CAR (Cadastro Ambiental Rural) em 2012, que iniciou um minucioso e custoso processo de mapeamento das propriedades, e foi aprimorado na implantação do sistema de monitoramento de incêndios no ano passado.

A segunda parte vem dos recursos financeiros e de mão de obra oriundos da Copercana e Sicoob Cocred, que não mediram esforços para a produção, distribuição e instalação de todo o material de identificação e instrução (placas, imãs de geladeira e cartilha orientativa).

Para encerrar, temos o primoroso trabalho feito pelo 43º BPMI (Batalhão de Polícia Militar do Interior), comandado pelo tenente coronel Alexandre Wellington de Souza e a sua valorosa equipe que está levando ao campo a tranquilidade já vivenciada pela área urbana, consequência da implementação de diversos projetos, com destaque ao “Vida”, que se resume numa engrenagem construída ao lado do poder judiciário e concretizada com extremo sucesso. Hoje, além de pioneiro, o projeto é considerado revolucionário dentro da disciplina.

Como se trata de uma política de segurança pública, era impossível para as três instituições privadas privilegiar, de alguma forma, somente seus associados e/ou cooperados. Mesmo assim investiram pesado (dinheiro e conhecimento) para o bem da sociedade, evidenciando uma das principais virtudes do associativismo e cooperativismo - garantir o desenvolvimento da sociedade. Vale muito a pena uma reflexão sobre isso.