Manejo inteligente de plantas daninhas

Cana-de-Açúcar POR: Diana Nascimento

Dica é utilizar os herbicidas de forma mais adequada possível, observando os aspectos técnicos e a relação custo-benefício

Em apresentação oferecida pela UPL, Christoffoleti abordou os principais aspectos do manejo de plantas daninhas

A edição on-line do Agronegócios Copercana trouxe muito conteúdo interessante para os produtores rurais e cooperados.

Exemplo disso foi a apresentação oferecida pela UPL e realizada pelo professor e consultor da Agrocon, Pedro Christoffoleti, que falou sobre os principais aspectos do manejo de plantas daninhas.

Na visão do professor, as plantas daninhas são fatores de redução de produtividade, pois são controladas com o objetivo de minimizar perdas e não para incrementar a produtividade. "O manejo de plantas daninhas é um fator de proteção do investimento em todo o canavial", frisou.

Christoffoleti explicou o que é o manejo inteligente de plantas daninhas e como aplicá-lo nos canaviais. "O manejo inteligente de plantas daninhas não é apenas aplicar o herbicida. Ele começa com a integração das práticas agrícolas desde o preparo de solo, cana planta, condução da soqueira, passando pela maximização dos inputs incrementais de produtividade e diminuição das perdas, permitindo o máximo potencial produtivo da cultura de forma sustentável e econômica."

No entanto, não é uma tarefa fácil controlá-las. "Na verdade, é uma situação de investimento bastante complicada. Se invisto com o objetivo de reduzir custos, corro o risco de ter perdas por matocompetição. Se, por outro lado, há investimento para evitar a matocompetição, corre-se o risco de incrementar os custos. Caso haja a redução dos investimentos em herbicidas, corre-se o risco de perder em produtividade, o que é algo fundamental para obter lucro. O investimento deve ser feito de forma mais inteligente possível para evitar perdas", sugere.

O professor mostrou que há diversas tecnologias para o controle de daninhas. Vale lembrar que a decisão sobre em qual delas investir é técnica, mas também deve-se observar o lado econômico. "Existem dez tecnologias possíveis de serem utilizadas na soca-seca, 17 possibilidades na soca-úmida e 11 na soca semiúmida", enumera ao dizer que o primeiro fator técnico a ser observado na escolha do produto é a infestação de plantas daninhas no canavial.

Dentre as várias plantas daninhas que atingem a cultura da cana-de-açúcar, Christoffoleti  chamou a atenção para a mamona, mucuna, o complexo de espécies de corda-de-viola, as brachiarias, capim-colonião, camalote e os complexos de espécies de  capim-colchão.

A mucuna é uma planta daninha que veio da adubação verde e causa sérios prejuízos. Caso seja feito um investimento errado em herbicida, com recomendação também errada, pode-se ter como resultado uma alta infestação de mucuna na pré-colheita, com perdas maiores do que os custos dos herbicidas.

A mamona é outra planta daninha que causa grandes problemas. "A alta interferência da mamona na cultura da cana pode implicar em até 80% de perdas de produtividade nas reboleiras, além de dificultar a colheita e ter suas sementes dispersas a longas distâncias", explica Christoffoleti.

Seu controle pede herbicidas que atendam algumas características técnicas como alta solubilidade e trabalho em profundidade.

Outro ponto de atenção das plantas daninhas é a sua germinação escalonada, o que gera a necessidade de fazer o repasse no canavial por ter aplicado uma tecnologia em que o herbicida não teve residual suficiente para atender os diversos fluxos de emergência da planta daninha.

Com uma infestação de merremia, o canavial pode sofrer perdas de 53% em sua produtividade. "Controlar a planta daninha não é elevar a produtividade de 70 para 80, mas evitar que as 70 t/ha caiam para 40 t/ha. Costumo dizer que controlar planta daninha é a mesma coisa que pagar um seguro de automóvel: tomara que nunca roubem, mas se roubarem, pelo menos se recupera o investimento. Precisamos investir para evitar perdas e incrementos de custo", compara o professor e consultor.

Ele também lembra que tem sido comum a necessidade de voltar em algumas áreas dos canaviais para fazer as reaplicações na pré-colheita. "Atualmente há empresas cobrando entre R$ 80 e R$ 100 para fazer uma aplicação deste tipo, incrementando e elevando os custos muitas vezes por não se manejar de forma inteligente as plantas daninhas na pré-emergência".

Gramíneas

Ao falar sobre as gramíneas, Christoffoleti destacou a brachiaria, que apresenta alta infestação por falta de manejo correto, gerando perda de produtividade. Outras plantas agressivas são o capim-massambará e falso-massambará, além do capim-carrapicho.

"Muitos produtores não têm apenas brachiaria ou corda-de-viola, sendo necessário fazer uma mistura, uma associação de produtos para folhas estreitas com produtos para folhas largas. Aí que as coisas começam a se complicar em termos de custo", pontuou o professor e consultor.

Outro grupo fundamental é o capim-colonião e o camalote, que tem tirado o sono de muita gente. De acordo com o especialista, um conselho é adotar o conceito de tolerância zero para o camalote, pois a infestação pode ser de tal maneira que os custos para o controle ficam inadmissíveis.

Já para o controle do capim-colonião, há várias possibilidades de herbicida de época seca, para a época de transição e poucas na época chuvosa. O tratamento para capim-colonião não é tão complicado, mas o camalote exige aplicações sequenciais, aumentando consideravelmente o custo de produção e o investimento necessário com herbicidas.

"Deve-se manejar a planta daninha de forma inteligente, usar todos os processos operacionais, desde a implantação do canavial até o seu desenvolvimento, utilizar os herbicidas de forma mais adequada possível, observando os aspectos técnicos e, principalmente, relacionando o seu custo com o benefício em termos de redução de produtividade que a planta daninha proporciona, não só por matocompetição, mas por dificuldades operacionais na colheita e necessidade de catação", finalizou Christoffoleti.