Mãos a obra!

27/05/2013 Geral POR: Udop
Vivemos hoje o final de uma entressafra de crescimento do setor bioenergético que durou, pelo menos, cinco anos, desde 2008, com a famigerada crise econômica internacional e seus impactos posteriores, que para alguns era uma "marolinha", mas que para nós representou um verdadeiro tsunami que culminou com o fechamento de ao menos 10% de nossas usinas e a redução de nossa produtividade agrícola próxima a 25%.
Falo em entressafra de crescimento levando em conta que nestes quase 40 anos de PróAlcool tivemos nossa trajetória marcada por inúmeras crises, intercaladas por períodos de crescimento vertiginoso. O último deles, talvez, o do início da década 2000, quando saltamos de uma condição de inanição das destilarias, para o apogeu deste setor nos idos de 2008, quando dobramos o números de agroindústrias canavieiras e garantimos o abastecimento pleno de etanol que culminou no anúncio, inclusive, de nossa "autossuficiência" energética, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No último mês de março comemoramos os 10 anos desde que os carros flex foram lançados oficialmente, em 2003, quando das comemorações dos 50 anos da Volkswagen que culminaram no lançamento do Gol Total Flex 1.6.
Esta última década, no entanto, foi marcada por paradoxos, uma vez que depois de atingirmos quase 90% do total de veículos comercializados no país com a tecnologia flex, partindo de 4% em 2003, assistimos hoje a uma queda vertiginosa na utilização de etanol no tanque destes automóveis. As causas disso, pasmem: a falta de competitividade do etanol frente a seu principal oponente, a gasolina.
Sempre defendemos que a indústria automobilística deveria aprimorar os ganhos energéticos dos motores flex quando utilizam-se de etanol. Hoje a tecnologia está baseada em motores a gasolina, adaptados ao uso de etanol.
Essa paridade faz com que o etanol passe a ser competitivo apenas quando seu preço está menos que 70% do preço da gasolina na bomba, isso levando-se em conta apenas a economicidade da equação, e descartando as demais externalidade altamente positivas do etanol, como o fato de ser um combustível renovável, verde por natureza; com impactos muito menores na emissão de gases do efeito estufa; e uma oportunidade única que coloca o Brasil em destaque por diminuir sua dependência dos combustíveis fósseis, caros e produzidos em países altamente instáveis.
Todavia, o objetivo deste artigo não é fomentar as discussões sobre as melhorias tecnológicas que são possíveis e altamente praticáveis e que façam retornar nossa competitividade, mas sim, mostrar que estamos saindo de uma crise severa e que as oportunidades que virão devem ser aproveitadas mais racionalmente por todos da cadeia.
Os constantes incentivos para que as vendas de automóveis continuem impulsionando a economia brasileira nos fazem prever que a demanda por combustíveis no curto, médio e longo prazo continuará aquecida no Brasil, e a pergunta é: qual será o combustível que vai abastecer estes milhões de automóveis?
Defendemos é claro que o etanol seja esse combustível, por diversos fatores, como a não perspectiva de implantação de nenhuma nova refinaria de petróleo nos próximos cinco anos, e o caos logístico que atinge o país, e por consequência inviabiliza a importação de mais gasolina, o que ainda aumentaria o rombo gigantesco que a insanidade do "congelamento" dos preços da gasolina gerou à gigante Petrobras.
Assim, a opção, e única, diga-se de passagem, é a retomada dos investimentos no setor bioenergético, esquecido desde a descoberta do Pré-Sal, talvez até por influência dele. Esta visão mostra claramente que a opção de retomar a atenção do governo federal para com o setor não é estratégica, nem ao menos leva em conta as necessidades de nosso setor, mas sim, somos a saída para um agravamento ainda maior da crise inflacionária, para citarmos apenas uma, que vivemos.
Precisamos de mais etanol de primeira e segunda geração, e por consequência, demandamos mais cana, mais usinas, mais mão de obra especializada e mais investimentos. A entressafra de crescimento realmente chega a seu final.
Pensando nisso tudo a UDOP volta a investir pesado em uma carência crescente e que se intensificará nos próximos meses, a falta de mão de obra qualificada, por isto, vai investir neste ano num incremento de seu portfólio de opções para a capacitação profissional, com cursos que vão desde os operacionais, de aperfeiçoamento tecnológico, até a pós-graduação.
Prova deste investimento que tornou a entidade líder nacional na capacitação profissional, é que somente neste ano a UDOP já criou três novas turmas de pós-graduação, nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que devem formar executivos e gestores capacitados para enfrentar este novo desafio de tornar nosso crescimento sustentável.
Na área de aperfeiçoamento tecnológico, a entidade já definiu os temas e datas de suas aulas/palestras nas áreas Agrícola, Industrial e Administrativa/Financeira, além de fomentar e realizar inúmeras reuniões de seus Comitês de Gestão, que impulsionam o avanço deste segmento.
Por tudo isso, acreditamos que a hora de investirmos pesado na retomada de nosso desenvolvimento sustentável finalmente amadureceu, a duras penas, e nós, sobreviventes desse tsunami, ao invés de lamentarmos o passado, vamos nos focar no futuro: promissor e de grande perspectiva.
O grande poeta alemão Johann Wolfgang Goethe imortalizou seu poema com a estrofe: "Tolo, se estiver queimando, apague! Se tudo já foi queimado, reconstrua!" Mãos a obra!
*Artigo publicado, originalmente, na Revista Stab, Edição mar/abr de 2013 
Antonio Cesar Salibe - Presidente-executivo da UDOP
Vivemos hoje o final de uma entressafra de crescimento do setor bioenergético que durou, pelo menos, cinco anos, desde 2008, com a famigerada crise econômica internacional e seus impactos posteriores, que para alguns era uma "marolinha", mas que para nós representou um verdadeiro tsunami que culminou com o fechamento de ao menos 10% de nossas usinas e a redução de nossa produtividade agrícola próxima a 25%.
Falo em entressafra de crescimento levando em conta que nestes quase 40 anos de PróAlcool tivemos nossa trajetória marcada por inúmeras crises, intercaladas por períodos de crescimento vertiginoso. O último deles, talvez, o do início da década 2000, quando saltamos de uma condição de inanição das destilarias, para o apogeu deste setor nos idos de 2008, quando dobramos o números de agroindústrias canavieiras e garantimos o abastecimento pleno de etanol que culminou no anúncio, inclusive, de nossa "autossuficiência" energética, pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
No último mês de março comemoramos os 10 anos desde que os carros flex foram lançados oficialmente, em 2003, quando das comemorações dos 50 anos da Volkswagen que culminaram no lançamento do Gol Total Flex 1.6.
Esta última década, no entanto, foi marcada por paradoxos, uma vez que depois de atingirmos quase 90% do total de veículos comercializados no país com a tecnologia flex, partindo de 4% em 2003, assistimos hoje a uma queda vertiginosa na utilização de etanol no tanque destes automóveis. As causas disso, pasmem: a falta de competitividade do etanol frente a seu principal oponente, a gasolina.
Sempre defendemos que a indústria automobilística deveria aprimorar os ganhos energéticos dos motores flex quando utilizam-se de etanol. Hoje a tecnologia está baseada em motores a gasolina, adaptados ao uso de etanol.
Essa paridade faz com que o etanol passe a ser competitivo apenas quando seu preço está menos que 70% do preço da gasolina na bomba, isso levando-se em conta apenas a economicidade da equação, e descartando as demais externalidade altamente positivas do etanol, como o fato de ser um combustível renovável, verde por natureza; com impactos muito menores na emissão de gases do efeito estufa; e uma oportunidade única que coloca o Brasil em destaque por diminuir sua dependência dos combustíveis fósseis, caros e produzidos em países altamente instáveis.
Todavia, o objetivo deste artigo não é fomentar as discussões sobre as melhorias tecnológicas que são possíveis e altamente praticáveis e que façam retornar nossa competitividade, mas sim, mostrar que estamos saindo de uma crise severa e que as oportunidades que virão devem ser aproveitadas mais racionalmente por todos da cadeia.
Os constantes incentivos para que as vendas de automóveis continuem impulsionando a economia brasileira nos fazem prever que a demanda por combustíveis no curto, médio e longo prazo continuará aquecida no Brasil, e a pergunta é: qual será o combustível que vai abastecer estes milhões de automóveis?
Defendemos é claro que o etanol seja esse combustível, por diversos fatores, como a não perspectiva de implantação de nenhuma nova refinaria de petróleo nos próximos cinco anos, e o caos logístico que atinge o país, e por consequência inviabiliza a importação de mais gasolina, o que ainda aumentaria o rombo gigantesco que a insanidade do "congelamento" dos preços da gasolina gerou à gigante Petrobras.
Assim, a opção, e única, diga-se de passagem, é a retomada dos investimentos no setor bioenergético, esquecido desde a descoberta do Pré-Sal, talvez até por influência dele. Esta visão mostra claramente que a opção de retomar a atenção do governo federal para com o setor não é estratégica, nem ao menos leva em conta as necessidades de nosso setor, mas sim, somos a saída para um agravamento ainda maior da crise inflacionária, para citarmos apenas uma, que vivemos.
Precisamos de mais etanol de primeira e segunda geração, e por consequência, demandamos mais cana, mais usinas, mais mão de obra especializada e mais investimentos. A entressafra de crescimento realmente chega a seu final.
Pensando nisso tudo a UDOP volta a investir pesado em uma carência crescente e que se intensificará nos próximos meses, a falta de mão de obra qualificada, por isto, vai investir neste ano num incremento de seu portfólio de opções para a capacitação profissional, com cursos que vão desde os operacionais, de aperfeiçoamento tecnológico, até a pós-graduação.
Prova deste investimento que tornou a entidade líder nacional na capacitação profissional, é que somente neste ano a UDOP já criou três novas turmas de pós-graduação, nos estados do Paraná, Mato Grosso do Sul e São Paulo, que devem formar executivos e gestores capacitados para enfrentar este novo desafio de tornar nosso crescimento sustentável.
Na área de aperfeiçoamento tecnológico, a entidade já definiu os temas e datas de suas aulas/palestras nas áreas Agrícola, Industrial e Administrativa/Financeira, além de fomentar e realizar inúmeras reuniões de seus Comitês de Gestão, que impulsionam o avanço deste segmento.
Por tudo isso, acreditamos que a hora de investirmos pesado na retomada de nosso desenvolvimento sustentável finalmente amadureceu, a duras penas, e nós, sobreviventes desse tsunami, ao invés de lamentarmos o passado, vamos nos focar no futuro: promissor e de grande perspectiva.
O grande poeta alemão Johann Wolfgang Goethe imortalizou seu poema com a estrofe: "Tolo, se estiver queimando, apague! Se tudo já foi queimado, reconstrua!" Mãos a obra!
*Artigo publicado, originalmente, na Revista Stab, Edição mar/abr de 2013 
Antonio Cesar Salibe - presidente-executivo da UDOP