NY continuou sua espetacular recuperação durante a semana. Os preços do contrato futuro de açúcar na bolsa encerraram a sexta-feira com o contrato março/2016 (agora o primeiro mês de vencimento) cotado a 13.53 centavos de dólar por libra-peso, uma expressiva alta de 112 pontos na semana, quase 25 dólares por tonelada. Os demais meses fecharam todos em território positivo com variações entre 17 a 28 dólares por tonelada.
O melhor ainda é que os fundos viraram a mão e estão comprados em cerca de 26.000 lotes, embora esse número faça referência a última terça-feira quando o CFTC apura a posição separada por comitentes. Se de terça para cá o mercado variou quase 90 pontos, é de se esperar que o volume total comprado dos fundos esteja ao redor de 40.000 contratos (2 milhões de toneladas). Não podemos esquecer que no livro ABC das commodities, normalmente os fundos posicionam-se no lado comprador em mercados cuja curva mais curta de preços é invertida. Caso do açúcar nesse momento, com março/2016 negociando acima de maio/2016. Vai resistir?
Não fosse a desvalorização alucinada do real em relação ao dólar, que aponta valores apetitosos para que as usinas façam seus hedges para 2016 e 2017, certamente teríamos NY apontando para 15-16 centavos de dólar por libra-peso. Observe bem: a correlação (20 dias) entre o câmbio e o açúcar em NY atingiu menos 0,9200 em 19 de agosto. Ou seja, para cada 1% de alta do real, NY caia 0.92%; depois disso, inverteu até chegar no dia 17 de setembro e atingir mais 0,8400, ou seja, o dólar subia 1% e o açúcar também subia 0,84%! Moeda e açúcar estão descolados nesse momento. Os fundamentos do açúcar estão em campo.
Aconteceu o que prevíramos há três meses: a entrega de 1.200.000 toneladas de açúcar na expiração do contrato de outubro/2015 completou o ciclo iniciado pela trading asiática com o terceiro recebimento consecutivo de açúcar na bolsa de NY (maio, julho e outubro) por parte de uma única trading. Opinamos aqui no início de julho que a estratégia era engenhosa e muito inteligente pois restringia a movimentação física de açúcar do Centro-Sul às portas da entressafra a um único comprador e isso certamente faria com que os prêmios se apreciassem. Pode-se argumentar que o volume é pouco em relação às exportações mensais, mas a comparação deve ser feita em relação ao volume de açúcar não comprometido, não vendido, que não consta de cont rato entre as usinas e as tradings. Aí sim, o volume pode pesar. O racional de quem recebe açúcar deve ser esse.
A apreciação dos prêmios não são favas contadas porque o mercado de Commodities não é uma ciência exata, mas a engenharia da operação como um todo parece ter sido bem construída mesmo para quem a vê como simples observador interessado nesse mundo do mercado. No entanto, é bom que se frise, os prêmios ainda não mostraram nenhuma reação. No dia da expiração uma trading vendia açúcar para embarque outubro a um desconto de 105 pontos contra o março/2016. Na sexta-feira havia oferta de compra a 120 de desconto. Mas nos spreads a operação deve ter sido exitosa.
Saber tirar proveito dos spreads faz parte, ou pelo menos deveria fazer parte, do dia-a-dia das empresas envolvidas com commodities. As distorções observadas ao longo do ano mostraram taxas implícitas de carregamento dos estoques em níveis muito superiores ao custo financeiro de carregar o estoque físico e abriu enormes espaços para se ganhar dinheiro. Para tanto, mister se faz que ação seja acompanhada de muito sangue-frio e disciplina.
No comentário O Nome do Jogo, em 4/7/2015, dissemos: “acredito que já vimos o preço mais baixo do ano. O estudo da Archer mencionado aqui na semana passada aponta que nos últimos quinze anos o segundo semestre apresentou uma recuperação dos preços médios praticados – principalmente – no segundo trimestre do ano. Dessa feita, nossa estimativa é que os preços alcancem seu pico no ano por volta de outubro (quando março será o primeiro mês de negociação) e os preços podem alcançar 14.20-14.50 centavos de dólar por libra-peso”. Depois corrigimos esse valor, ainda recentemente (em função da desvalorização do real) e colocamos como meta 13,26 centavos de dólar por libra-peso em dezembro. O mercado (março/2016) alcançou esse valor muito antes do que esperávamos. Por que?
A primeira estimativa do modelo da Archer apurada em 15 de setembro indica que as usinas estão fixadas 17,41% das vendas para a safra 2016/2017. Esse é um percentual elevado considerando que reflete apenas metade do mês de setembro. O preço médio obtido pelas usinas é de 12,48 centavos de dólar por libra-peso ou o equivalente a R$ 988,76 por tonelada, ambos FOB. O dólar médio fixado pelas usinas na safra até o momento é de 3.4539
O economista da MB Associados, Antônio Louro, afirmou em podcast que acredita que a desvalorização do real “deve prosseguir” e que em breve o Brasil deverá perder ö grau de investimento por outra agência de rating”. Segundo ele, “os cenários político e fiscal conturbados dificultam o prognóstico sobre até onde a moeda pode ir”. Para 2016, o economista acredita que existe espaço para a estabilização do real a níveis inferiores a 4,0000.
NY continuou sua espetacular recuperação durante a semana. Os preços do contrato futuro de açúcar na bolsa encerraram a sexta-feira com o contrato março/2016 (agora o primeiro mês de vencimento) cotado a 13.53 centavos de dólar por libra-peso, uma expressiva alta de 112 pontos na semana, quase 25 dólares por tonelada. Os demais meses fecharam todos em território positivo com variações entre 17 a 28 dólares por tonelada.
O melhor ainda é que os fundos viraram a mão e estão comprados em cerca de 26.000 lotes, embora esse número faça referência a última terça-feira quando o CFTC apura a posição separada por comitentes. Se de terça para cá o mercado variou quase 90 pontos, é de se esperar que o volume total comprado dos fundos esteja ao redor de 40.000 contratos (2 milhões de toneladas). Não podemos esquecer que no livro ABC das commodities, normalmente os fundos posicionam-se no lado comprador em mercados cuja curva mais curta de preços é invertida. Caso do açúcar nesse momento, com março/2016 negociando acima de maio/2016. Vai resistir?
Não fosse a desvalorização alucinada do real em relação ao dólar, que aponta valores apetitosos para que as usinas façam seus hedges para 2016 e 2017, certamente teríamos NY apontando para 15-16 centavos de dólar por libra-peso. Observe bem: a correlação (20 dias) entre o câmbio e o açúcar em NY atingiu menos 0,9200 em 19 de agosto. Ou seja, para cada 1% de alta do real, NY caia 0.92%; depois disso, inverteu até chegar no dia 17 de setembro e atingir mais 0,8400, ou seja, o dólar subia 1% e o açúcar também subia 0,84%! Moeda e açúcar estão descolados nesse momento. Os fundamentos do açúcar estão em campo.
Aconteceu o que prevíramos há três meses: a entrega de 1.200.000 toneladas de açúcar na expiração do contrato de outubro/2015 completou o ciclo iniciado pela trading asiática com o terceiro recebimento consecutivo de açúcar na bolsa de NY (maio, julho e outubro) por parte de uma única trading. Opinamos aqui no início de julho que a estratégia era engenhosa e muito inteligente pois restringia a movimentação física de açúcar do Centro-Sul às portas da entressafra a um único comprador e isso certamente faria com que os prêmios se apreciassem. Pode-se argumentar que o volume é pouco em relação às exportações mensais, mas a comparação deve ser feita em relação ao volume de açúcar não comprometido, não vendido, que não consta de cont rato entre as usinas e as tradings. Aí sim, o volume pode pesar. O racional de quem recebe açúcar deve ser esse.
A apreciação dos prêmios não são favas contadas porque o mercado de Commodities não é uma ciência exata, mas a engenharia da operação como um todo parece ter sido bem construída mesmo para quem a vê como simples observador interessado nesse mundo do mercado. No entanto, é bom que se frise, os prêmios ainda não mostraram nenhuma reação. No dia da expiração uma trading vendia açúcar para embarque outubro a um desconto de 105 pontos contra o março/2016. Na sexta-feira havia oferta de compra a 120 de desconto. Mas nos spreads a operação deve ter sido exitosa.
Saber tirar proveito dos spreads faz parte, ou pelo menos deveria fazer parte, do dia-a-dia das empresas envolvidas com commodities. As distorções observadas ao longo do ano mostraram taxas implícitas de carregamento dos estoques em níveis muito superiores ao custo financeiro de carregar o estoque físico e abriu enormes espaços para se ganhar dinheiro. Para tanto, mister se faz que ação seja acompanhada de muito sangue-frio e disciplina.
No comentário O Nome do Jogo, em 4/7/2015, dissemos: “acredito que já vimos o preço mais baixo do ano. O estudo da Archer mencionado aqui na semana passada aponta que nos últimos quinze anos o segundo semestre apresentou uma recuperação dos preços médios praticados – principalmente – no segundo trimestre do ano. Dessa feita, nossa estimativa é que os preços alcancem seu pico no ano por volta de outubro (quando março será o primeiro mês de negociação) e os preços podem alcançar 14.20-14.50 centavos de dólar por libra-peso”. Depois corrigimos esse valor, ainda recentemente (em função da desvalorização do real) e colocamos como meta 13,26 centavos de dólar por libra-peso em dezembro. O mercado (março/2016) alcançou esse valor muito antes do que esperávamos. Por que?
A primeira estimativa do modelo da Archer apurada em 15 de setembro indica que as usinas estão fixadas 17,41% das vendas para a safra 2016/2017. Esse é um percentual elevado considerando que reflete apenas metade do mês de setembro. O preço médio obtido pelas usinas é de 12,48 centavos de dólar por libra-peso ou o equivalente a R$ 988,76 por tonelada, ambos FOB. O dólar médio fixado pelas usinas na safra até o momento é de 3.4539
O economista da MB Associados, Antônio Louro, afirmou em podcast que acredita que a desvalorização do real “deve prosseguir” e que em breve o Brasil deverá perder ö grau de investimento por outra agência de rating”. Segundo ele, “os cenários político e fiscal conturbados dificultam o prognóstico sobre até onde a moeda pode ir”. Para 2016, o economista acredita que existe espaço para a estabilização do real a níveis inferiores a 4,0000.