O XIII Encontro sobre a Cultura do Amendoim realizado pela FUNEP (Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão), no campus da FCAV (Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias) da UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), em Jaboticabal-SP, em agosto, reuniu produtores, pesquisadores, universitários e profissionais da área para discutir e compartilhar conhecimentos sobre inovações tecnológicas do amendoim, manejo de pragas e doenças, adubação e nutrição foliar, agricultura de precisão, melhoramento e estresse hídrico.
Ao ressaltar a relevância do evento para o desenvolvimento da cadeia produtiva do amendoim, Pedro Luiz Costa Aguiar Alves, diretor da universidade e coordenador do encontro, explicou que a programação é feita visando atender às necessidades do setor e as expectativas vêm sendo atingidas diante do sucesso das 13 edições realizadas. “Nosso objetivo é oferecer um panorama sobre o mercado da cultura, transmitindo conhecimento e atualização sobre novas tecnologias e manejo, tanto para os produtores quanto para os nossos alunos”, afirmou, contando que, além das palestras são apresentados trabalhos, sendo que, na oportunidade, três deles foram premiados.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, a cultura dos grãos tem um grande potencial de crescimento, visto ser uma alternativa para rotação em áreas de reforma de canavial, como também, para cultivo nas áreas remanescentes nas quais não é mais possível realizar plantio de cana-de-açúcar, em função da impossibilidade da colheita mecanizada, principalmente por questões de relevo.
“No ano passado, 92% da colheita da cana-de-açúcar foi mecanizada e a nossa expectativa é avançar para 95% nesta safra”, disse, elucidando que, para atender ao Protocolo Agroambiental, cerca de 1 milhão de hectares poderá ser ocupado por outras culturas, até 2017, com a mecanização da colheita da cana, fato que deve favorecer a safra de grãos. Jardim lembrou ainda que o IAC (Instituto Agronômico) é responsável pela maioria das variedades de amendoim cultivadas no país, reforçando a necessidade de se estimular a pesquisa através de PPP (Parcerias-Público-Privadas).
Câmara se mobiliza para fortalecer a exportação do amendoim
O presidente da Câmara Setorial do Amendoim, o engenheiro agrônomo, Luiz Antonio Vizeu, apresentou, na ocasião, os resultados das ações da entidade no fomento da cadeia produtiva da leguminosa, conquistados nos últimos dois anos, entre eles, o reconhecimento do amendoim como CSFI (Cultura de Suporte Fitossanitário Insuficiente), junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Ele também frisou a atuação da entidade com órgãos competentes para enfrentar os desafios do setor, tais como os de ordem tributária, que envolve a solicitação de redução no ICMS; de revisão de zoneamento agrícola, a partir de uma demanda da Copercana e melhoramento genético das sementes e na produção do grão, para garantir qualidade e boa produtividade, contribuindo assim, para aumentar a exportação da cultura. Atualmente, somente 14 dos cerca de 20 exportadores registrados no MAPA com seguem colocar seu produto na Europa, devido ao nível de exigências da região.
Com mais qualidade, o leque de oportunidades se abre, explica o profissional. “Unindo forças dos diversos exportadores cria-se instabilidade e melhora a qualidade do amendoim, já que temos que atender às exigências internacionais com alto padrão de qualidade. O crescimento da exportação fortalece a cadeia produtiva”, justificou, ressaltando a importância do amendoim para a economia, pois 60% da produção nacional é exportada, trazendo divisas para o país, além de gerar empregos e contribuir com impostos.
Vizeu destacou ainda a necessidade da expansão das áreas de plantio, que correspondem nos dias atuais, a 140 mil hectares, mas esclareceu que esta também é uma informação que precisa ser mais apurada, já que a estatística do setor é outro problema debatido na Câmara. “Existem muitos dados contraditórios, gerando incerteza sobre a área plantada e a produção. Hoje, trabalhamos com as informações da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que recebe os dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola de São Paulo), pois o Estado paulista responde por 90% da produção nacional do amendoim, e, embora seja um dado oficial, sabemos que está aquém da realidade nacional”, ressalta.
Cenário da cadeia produtiva do amendoim
“O Estado de São Paulo foi o responsável por 311,5 m/t das 346,8 milhões de toneladas de amendoim produzidas no Brasil, em 2015”, afirmou o especialista da Entressafra-Consultoria dePós-Colheita, Dejair Minotti, ao apresentar a palestra "Evolução e Características do Mercado de Amendoim no Brasil", com dados desde a década de 70, quando a indústria processava 80% da produção para a fabricação de óleo e depois passou por diversas fases, computando perdas no mercado externo para o farelo de soja e no interno para o óleo de soja, e ganhos, como ocorreu no final da década de 90, quando iniciou um processo de aumento de mercado com a introdução do amendoim estilo “runner” e novos métodos de produção.
Minotti pontuou a necessidade de normas para a cultura, visto que é um mercado com alto percentual de informalidade, refugiando possíveis investimentos. Outro ponto destacado foi em relação aos preços, que oscilam devido ao amendoim ser relacionado a commodities, embora não seja, argumentando que o uso de um modelo matemático poderia ser uma opção para evitar prejuízos. “Atualmente, dos nove maiores fundos que operam no mercado de açúcar, sete deles decidem suas operações pelo modelo matemático”, elucidou.
Dr. Marcos Donizete Michelotto, pesquisador-científico da APTA – Polo Regional Centro Norte, explanou sobre as diversas pragas que afetam o amendoim no seu desenvolvimento no campo sendo o tripés-do-prateamento (Ennfothrips flavens) considerado a principal praga da cultura pelos prejuízos causados, pela ocorrência generalizada e elevados níveis populacionais. Outras pragas citadas foram as lagartas desfolhadoras que atacam também a
soja, algodão e milho (Spodopera spp. e Chydeixes includens), (Lepidoptera: Noctuidae); Anticarsia gemmatalis
(Lepidopera: Eribidore) e a lagarta-do-pescoço-vermelho, Stegasta bosquella (Lepidóptera: Gelichiidae), praga específica que causa perfurações nos folíolos, atacando também as brotações jovens.
“Estimam-se que em cerca de 30% das reduções de produtividade na ausência de controle ou manejo inadequado destas pragas, como a prática comum entre os agricultores, é o de controle com uso de inseticida, sendo essa aplicação feita por calendário, sem que se conheça o nível populacional da praga”, advertiu, indicando a retomada das amostragens para se determinar o momento adequado para as aplicações de inseticidas.
Tecnologias e soluções para aumentar a produtividade
“Embora a solução tecnológica para a mecanização já esteja à disposição dos produtores, a tecnologia voltada para a produção dessa cultura tem tudo para evoluir, trazendo lucros para o produtor” afirmou o professor Cristiano Zerbato, da UNESP/FCAV durante sua palestra “Agricultura de Precisão na Cultura do Amendoim”. Zerbato apresentou resultados de pesquisa com o uso de piloto automático e mostrou que o aparelho possibilita realizar as operações com menor erro de paralelismo, sendo relevante para o cultivo de amendoim, quando são realizadas operações mecanizadas, tanto na semeadura quanto na colheita.
“Com a indicação via satélite é possível diminuir o erro de alinhamento na semeadura mantendo o espaçamento entre linhas adequadas, e possa consequentemente diminuir as perdas na colheita mecanizada”, afirmou, ressaltando que estudos comprovam que para cada dois centímetros de desvio da linha, uma media de 186 kg/ha de perda de rendimento pode ser esperada.
Já o professor Carlos Alexandre C Crusciol, da UNESP Botucatu-SP, explanou sobre extração e exportação de nutrientes por cultivares modernos deamendoim do tipo rasteiro. “É importante conhecer a marcha de absorção de nutrientes para saber posicionar as adubações ou os manejos nutricionais via foliar, ou seja, conseguir identificar o que a planta está extraindo ou absorvendo mais”, explicou.
A palestra apresentada foi baseada em resultado de experimento solicitado pela Copercana, que visava obter informações para oferecer recomendação de adubação específica para a cultura aos produtores que fazem parte do Projeto Amendoim, coordenado pela cooperativa. O professor David John Bertioli, da Universidade de Brasília, apresentou a palestra “Uso de Espécie Silvestre e Ferramentas Genética para Melhoramento de Amendoim”, na oportunidade.
De acordo com dados apontados, o amendoim surgiu há cerca de 10 mil anos, a partir de uma única hibridização (mistura) entre duas espécies de amendoim silvestre no noroeste da Argentina, ou sul da Bolívia, e esta origem hídrica faz sua genética complexa, implicando em limites para o melhoramento do amendoim, porque todas as plantas do grão puro descendem de apenas duas plantas individuais. “As espécies silvestres de Aradis têm muitas resistências contra pragas e doenças, mas seu uso é difícil e os resultados vêm há longo prazo”, explicou ele, ressaltando que o estudo dessas espécies silvestres gerou o desenvolvimento de marcadores de DNA, possibilitando o estudo da genética do amendoim, podendo assim, identificar, por exemplo, a causa da resistência excepcional contra mancha preta e ferrugem em algumas linhagens do grão, que têm uma pequena contribuição de uma espécie silvestre em seu pedigree.
“O uso desses marcadores está sendo integrado ao programa de melhoramento do IAC, ajudando assim, no potencial para a produção de novas variedades que precisam de menos pulverizações com fungicidas”, concluiu.
A última palestra do evento tratou de estresse hídrico e foi proferida pelo Me Williams César Carega, doutorando da UNESP/FCAV. O palestrante afirmou que as condições climáticas também influenciam a cultura do amendoim, principalmente em longos períodos de seca, afetando o crescimento e desenvolvimento das plantas, promovendo perdas significativas na produtividade.
“Pesquisas mostram que essas perdas variam entre 25 e 30%, mas com o aumento na intensidade dessas mudanças, esta estimativa tende a ser muito maior, promovendo forte impacto na economia desse setor”, disse, esclarecendo ainda que para entender o potencial da cultura diante de deficit hídrico, foi firmada parceria entre a FCAV/Unesp e IAC e INTA, visando selecionar materiais com maior tolerância hídrica Insuficiente e de apresentações das soluções tecnológicas das empresas Aminoagro, Basf, Oxiquímica e Syngenta para o grão. Além das palestras internacionais com explanação do presidente da Fundação Mani Argentino, o engenheiro agrônomo Gustavo Roberto Rinaudo, sobre o mercado e atuação da entidade na Argentina e do professor Alberti K. Culbreath, da Universidade da Georgia, que falou sobre o problema de manchas foliares em seu país e que a maioria dos cultivares é bastante suscetível à doença, inclusive as variedades novas, sendo que o controle dependente muito de fungicidas.
Copercana movimenta dois milhões de sacas
Augusto César Strini Paixão, gerente da Uname - unidade de grãos da Copercana, acompanhado pela equipe responsável pelo Projeto Amendoim da cooperativa, Edgard Matrangolo Jr., Dirceu Pardo Godoy, Thiago de Souza Zarinello, Juliano José Valério e Mariana Rosa de Souza, participou do evento e confirmou a importância de debater assuntos ligados à cultura que tem significativo impacto na atuação da cooperativa.
Segundo ele, a Copercana deve movimentar, este ano, dois milhões de sacas de amendoim. “A expectativa era de receber 300 mil sacas a mais, mas tivemos uma queda na produção devido a problemas climáticos, que atrasou o plantio e estendeu a safra até junho, quando normalmente ocorre até o final de abril”, explicou. O volume de leguminosa é produzido por 45 agricultores participantes de projeto da entidade, ocupando para o plantio, 12.500 hectares, tendo em média produtividade de 175 sacos por hectares.
O XIII Encontro sobre a Cultura do Amendoim realizado pela FUNEP (Fundação de Apoio à Pesquisa, Ensino e Extensão), no campus da FCAV (Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias) da UNESP (Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”), em Jaboticabal-SP, em agosto, reuniu produtores, pesquisadores, universitários e profissionais da área para discutir e compartilhar conhecimentos sobre inovações tecnológicas do amendoim, manejo de pragas e doenças, adubação e nutrição foliar, agricultura de precisão, melhoramento e estresse hídrico.
Ao ressaltar a relevância do evento para o desenvolvimento da cadeia produtiva do amendoim, Pedro Luiz Costa Aguiar Alves, diretor da universidade e coordenador do encontro, explicou que a programação é feita visando atender às necessidades do setor e as expectativas vêm sendo atingidas diante do sucesso das 13 edições realizadas. “Nosso objetivo é oferecer um panorama sobre o mercado da cultura, transmitindo conhecimento e atualização sobre novas tecnologias e manejo, tanto para os produtores quanto para os nossos alunos”, afirmou, contando que, além das palestras são apresentados trabalhos, sendo que, na oportunidade, três deles foram premiados.
Para o secretário de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, Arnaldo Jardim, a cultura dos grãos tem um grande potencial de crescimento, visto ser uma alternativa para rotação em áreas de reforma de canavial, como também, para cultivo nas áreas remanescentes nas quais não é mais possível realizar plantio de cana-de-açúcar, em função da impossibilidade da colheita mecanizada, principalmente por questões de relevo.
“No ano passado, 92% da colheita da cana-de-açúcar foi mecanizada e a nossa expectativa é avançar para 95% nesta safra”, disse, elucidando que, para atender ao Protocolo Agroambiental, cerca de 1 milhão de hectares poderá ser ocupado por outras culturas, até 2017, com a mecanização da colheita da cana, fato que deve favorecer a safra de grãos. Jardim lembrou ainda que o IAC (Instituto Agronômico) é responsável pela maioria das variedades de amendoim cultivadas no país, reforçando a necessidade de se estimular a pesquisa através de PPP (Parcerias-Público-Privadas).
Câmara se mobiliza para fortalecer a exportação do amendoim
O presidente da Câmara Setorial do Amendoim, o engenheiro agrônomo, Luiz Antonio Vizeu, apresentou, na ocasião, os resultados das ações da entidade no fomento da cadeia produtiva da leguminosa, conquistados nos últimos dois anos, entre eles, o reconhecimento do amendoim como CSFI (Cultura de Suporte Fitossanitário Insuficiente), junto ao MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) Ele também frisou a atuação da entidade com órgãos competentes para enfrentar os desafios do setor, tais como os de ordem tributária, que envolve a solicitação de redução no ICMS; de revisão de zoneamento agrícola, a partir de uma demanda da Copercana e melhoramento genético das sementes e na produção do grão, para garantir qualidade e boa produtividade, contribuindo assim, para aumentar a exportação da cultura. Atualmente, somente 14 dos cerca de 20 exportadores registrados no MAPA com seguem colocar seu produto na Europa, devido ao nível de exigências da região.
Com mais qualidade, o leque de oportunidades se abre, explica o profissional. “Unindo forças dos diversos exportadores cria-se instabilidade e melhora a qualidade do amendoim, já que temos que atender às exigências internacionais com alto padrão de qualidade. O crescimento da exportação fortalece a cadeia produtiva”, justificou, ressaltando a importância do amendoim para a economia, pois 60% da produção nacional é exportada, trazendo divisas para o país, além de gerar empregos e contribuir com impostos.
Vizeu destacou ainda a necessidade da expansão das áreas de plantio, que correspondem nos dias atuais, a 140 mil hectares, mas esclareceu que esta também é uma informação que precisa ser mais apurada, já que a estatística do setor é outro problema debatido na Câmara. “Existem muitos dados contraditórios, gerando incerteza sobre a área plantada e a produção. Hoje, trabalhamos com as informações da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), que recebe os dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola de São Paulo), pois o Estado paulista responde por 90% da produção nacional do amendoim, e, embora seja um dado oficial, sabemos que está aquém da realidade nacional”, ressalta.
Cenário da cadeia produtiva do amendoim
“O Estado de São Paulo foi o responsável por 311,5 m/t das 346,8 milhões de toneladas de amendoim produzidas no Brasil, em 2015”, afirmou o especialista da Entressafra-Consultoria dePós-Colheita, Dejair Minotti, ao apresentar a palestra "Evolução e Características do Mercado de Amendoim no Brasil", com dados desde a década de 70, quando a indústria processava 80% da produção para a fabricação de óleo e depois passou por diversas fases, computando perdas no mercado externo para o farelo de soja e no interno para o óleo de soja, e ganhos, como ocorreu no final da década de 90, quando iniciou um processo de aumento de mercado com a introdução do amendoim estilo “runner” e novos métodos de produção.
Minotti pontuou a necessidade de normas para a cultura, visto que é um mercado com alto percentual de informalidade, refugiando possíveis investimentos. Outro ponto destacado foi em relação aos preços, que oscilam devido ao amendoim ser relacionado a commodities, embora não seja, argumentando que o uso de um modelo matemático poderia ser uma opção para evitar prejuízos. “Atualmente, dos nove maiores fundos que operam no mercado de açúcar, sete deles decidem suas operações pelo modelo matemático”, elucidou.
Dr. Marcos Donizete Michelotto, pesquisador-científico da APTA – Polo Regional Centro Norte, explanou sobre as diversas pragas que afetam o amendoim no seu desenvolvimento no campo sendo o tripés-do-prateamento (Ennfothrips flavens) considerado a principal praga da cultura pelos prejuízos causados, pela ocorrência generalizada e elevados níveis populacionais. Outras pragas citadas foram as lagartas desfolhadoras que atacam também a soja, algodão e milho (Spodopera spp. e Chydeixes includens), (Lepidoptera: Noctuidae); Anticarsia gemmatalis (Lepidopera: Eribidore) e a lagarta-do-pescoço-vermelho, Stegasta bosquella (Lepidóptera: Gelichiidae), praga específica que causa perfurações nos folíolos, atacando também as brotações jovens.
“Estimam-se que em cerca de 30% das reduções de produtividade na ausência de controle ou manejo inadequado destas pragas, como a prática comum entre os agricultores, é o de controle com uso de inseticida, sendo essa aplicação feita por calendário, sem que se conheça o nível populacional da praga”, advertiu, indicando a retomada das amostragens para se determinar o momento adequado para as aplicações de inseticidas.
Tecnologias e soluções para aumentar a produtividade
“Embora a solução tecnológica para a mecanização já esteja à disposição dos produtores, a tecnologia voltada para a produção dessa cultura tem tudo para evoluir, trazendo lucros para o produtor” afirmou o professor Cristiano Zerbato, da UNESP/FCAV durante sua palestra “Agricultura de Precisão na Cultura do Amendoim”. Zerbato apresentou resultados de pesquisa com o uso de piloto automático e mostrou que o aparelho possibilita realizar as operações com menor erro de paralelismo, sendo relevante para o cultivo de amendoim, quando são realizadas operações mecanizadas, tanto na semeadura quanto na colheita.
“Com a indicação via satélite é possível diminuir o erro de alinhamento na semeadura mantendo o espaçamento entre linhas adequadas, e possa consequentemente diminuir as perdas na colheita mecanizada”, afirmou, ressaltando que estudos comprovam que para cada dois centímetros de desvio da linha, uma media de 186 kg/ha de perda de rendimento pode ser esperada.
Já o professor Carlos Alexandre C Crusciol, da UNESP Botucatu-SP, explanou sobre extração e exportação de nutrientes por cultivares modernos deamendoim do tipo rasteiro. “É importante conhecer a marcha de absorção de nutrientes para saber posicionar as adubações ou os manejos nutricionais via foliar, ou seja, conseguir identificar o que a planta está extraindo ou absorvendo mais”, explicou.
A palestra apresentada foi baseada em resultado de experimento solicitado pela Copercana, que visava obter informações para oferecer recomendação de adubação específica para a cultura aos produtores que fazem parte do Projeto Amendoim, coordenado pela cooperativa. O professor David John Bertioli, da Universidade de Brasília, apresentou a palestra “Uso de Espécie Silvestre e Ferramentas Genética para Melhoramento de Amendoim”, na oportunidade.
De acordo com dados apontados, o amendoim surgiu há cerca de 10 mil anos, a partir de uma única hibridização (mistura) entre duas espécies de amendoim silvestre no noroeste da Argentina, ou sul da Bolívia, e esta origem hídrica faz sua genética complexa, implicando em limites para o melhoramento do amendoim, porque todas as plantas do grão puro descendem de apenas duas plantas individuais. “As espécies silvestres de Aradis têm muitas resistências contra pragas e doenças, mas seu uso é difícil e os resultados vêm há longo prazo”, explicou ele, ressaltando que o estudo dessas espécies silvestres gerou o desenvolvimento de marcadores de DNA, possibilitando o estudo da genética do amendoim, podendo assim, identificar, por exemplo, a causa da resistência excepcional contra mancha preta e ferrugem em algumas linhagens do grão, que têm uma pequena contribuição de uma espécie silvestre em seu pedigree.
“O uso desses marcadores está sendo integrado ao programa de melhoramento do IAC, ajudando assim, no potencial para a produção de novas variedades que precisam de menos pulverizações com fungicidas”, concluiu.
A última palestra do evento tratou de estresse hídrico e foi proferida pelo Me Williams César Carega, doutorando da UNESP/FCAV. O palestrante afirmou que as condições climáticas também influenciam a cultura do amendoim, principalmente em longos períodos de seca, afetando o crescimento e desenvolvimento das plantas, promovendo perdas significativas na produtividade.
“Pesquisas mostram que essas perdas variam entre 25 e 30%, mas com o aumento na intensidade dessas mudanças, esta estimativa tende a ser muito maior, promovendo forte impacto na economia desse setor”, disse, esclarecendo ainda que para entender o potencial da cultura diante de deficit hídrico, foi firmada parceria entre a FCAV/Unesp e IAC e INTA, visando selecionar materiais com maior tolerância hídrica Insuficiente e de apresentações das soluções tecnológicas das empresas Aminoagro, Basf, Oxiquímica e Syngenta para o grão. Além das palestras internacionais com explanação do presidente da Fundação Mani Argentino, o engenheiro agrônomo Gustavo Roberto Rinaudo, sobre o mercado e atuação da entidade na Argentina e do professor Alberti K. Culbreath, da Universidade da Georgia, que falou sobre o problema de manchas foliares em seu país e que a maioria dos cultivares é bastante suscetível à doença, inclusive as variedades novas, sendo que o controle dependente muito de fungicidas.
Copercana movimenta dois milhões de sacas
Augusto César Strini Paixão, gerente da Uname - unidade de grãos da Copercana, acompanhado pela equipe responsável pelo Projeto Amendoim da cooperativa, Edgard Matrangolo Jr., Dirceu Pardo Godoy, Thiago de Souza Zarinello, Juliano José Valério e Mariana Rosa de Souza, participou do evento e confirmou a importância de debater assuntos ligados à cultura que tem significativo impacto na atuação da cooperativa.
Segundo ele, a Copercana deve movimentar, este ano, dois milhões de sacas de amendoim. “A expectativa era de receber 300 mil sacas a mais, mas tivemos uma queda na produção devido a problemas climáticos, que atrasou o plantio e estendeu a safra até junho, quando normalmente ocorre até o final de abril”, explicou. O volume de leguminosa é produzido por 45 agricultores participantes de projeto da entidade, ocupando para o plantio, 12.500 hectares, tendo em média produtividade de 175 sacos por hectares.