A Petrobras deve reduzir a meta de produção de petróleo no Brasil para 2020, no âmbito do novo plano de negócios, com horizonte 2017¬2021, previsto para ser deliberado pelo conselho de administração da companhia hoje, na avaliação de analistas e especialistas do setor. A meta atual da estatal para 2020 é de extrair 2,7 milhões de barris diários de petróleo em campos nacionais.
Para a maioria dos analisas ouvidos pelo Valor, porém, a redução da meta deverá ser pequena, já que grande parte dos projetos de produção para o período já está contratada. A queda deve se dar, segundo eles, devido a um aumento do plano de venda de ativos.
"Enxergamos um potencial para redução da estimativa de produção no longo prazo, dado o potencial efeito da venda de ativos doméstico e no exterior", diz o Bank of America Merrill Lynch (BofA), em relatório distribuído a clientes e assinado pelos analistas Frank McGann e Vicente Falanga Neto.
Bruno Piangentini, analista do setor petrolífero da Coinvalores, também espera um ligeiro impacto na produção, dado que a Petrobras já fez os principais ajustes necessários com relação ao plano anterior. A principal expectativa do mercado com relação ao plano, segundo ele, é a nova meta de venda de ativos que será anunciada pela companhia.
"A previsão de investimentos e de produção [da Petrobras] não é uma preocupação. O principal ponto desse plano vai ser a divulgação da meta de desinvestimentos", explica Piangentini.
Já o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, vê espaço para uma queda maior da meta de produção da Petrobras para 2020. De acordo com o especialista, a redução da estimativa de produção vai se dar devido à taxa de declínio de produção na Bacia de Campos e à ampliação do plano de venda de ativos.
"A meta para 2020 está comprometida. Mesmo que a Petrobras mantenha a meta próxima do patamar atual [de 2,7 milhões de barris diários], essa meta não é mais factível", diz o diretor do CBIE, que trabalha com uma estimativa da ordem de 2,3 milhões de barris diários para o fim da década.
Segundo Pires, o novo plano de negócios deverá ser muito focado na parte financeira para fazer caixa no curto prazo, principalmente em venda de ativos. "Gostaria também de ver algo na linha de política de preços de combustíveis", acrescenta ele.
A estimativa do CBIE está em linha com a projeção da Raymond James. Para a consultoria, em relatório divulgado em junho, a Petrobras, diante da tendência de redução de investimentos, precisa ajustar também sua atual meta de produção. A Raymond James trabalha com uma projeção de 2,3 milhões de barris/dia em 2020, assumindo um aumento de 2% em 2017 e de 3% ao ano a partir de 2018, e considerando o declínio da produção de campos maduros.
Em conversa com jornalistas na última semana, a diretora de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, Solange Guedes, disse não poder antecipar números ou expectativas sobre a meta para 2020, mas disse que o cronograma dos projetos de produção dependerá da "intensidade" com que serão feitos os investimentos.
"O que está no pipeline, que está por vir, vai depender de escolhas e decisões que serão anunciadas no dia 19 [hoje] referentes à intensidade que serão feitos os investimentos", disse a executiva na ocasião, sem dar mais detalhes sobre o assunto.
Solange também explicou que os ajustes nos investimentos não têm impacto na previsão de produção de curto prazo da companhia (até dois anos), pois os projetos para este horizonte já estão definidos e contratados.
Em entrevista recente à imprensa, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, sinalizou que uma eventual redução de investimentos não prejudicaria necessariamente a curva de produção.
Um indicativo, porém, de que a curva de produção da petroleira deve ser revista para baixo foi o adiamento de alguns importantes projetos no pré¬sal. De acordo com informações divulgadas em junho pela Galp, uma das principais sócias da Petrobras no pré¬sal, a produção nos campos de Lula Oeste (previsto para 2020 no plano 2015¬2020) e Atapu Norte (projetado para 2018), por exemplo, devem ficar para depois de 2020. A petroleira portuguesa também prevê o adiamento em um ano, para 2020, da produção do campo de Sépia, também na Bacia de Santos.
Por Rodrigo Polito, André Ramalho e Paula Selmi
A Petrobras deve reduzir a meta de produção de petróleo no Brasil para 2020, no âmbito do novo plano de negócios, com horizonte 2017¬2021, previsto para ser deliberado pelo conselho de administração da companhia hoje, na avaliação de analistas e especialistas do setor. A meta atual da estatal para 2020 é de extrair 2,7 milhões de barris diários de petróleo em campos nacionais.
Para a maioria dos analisas ouvidos pelo Valor, porém, a redução da meta deverá ser pequena, já que grande parte dos projetos de produção para o período já está contratada. A queda deve se dar, segundo eles, devido a um aumento do plano de venda de ativos.
"Enxergamos um potencial para redução da estimativa de produção no longo prazo, dado o potencial efeito da venda de ativos doméstico e no exterior", diz o Bank of America Merrill Lynch (BofA), em relatório distribuído a clientes e assinado pelos analistas Frank McGann e Vicente Falanga Neto.
Bruno Piangentini, analista do setor petrolífero da Coinvalores, também espera um ligeiro impacto na produção, dado que a Petrobras já fez os principais ajustes necessários com relação ao plano anterior. A principal expectativa do mercado com relação ao plano, segundo ele, é a nova meta de venda de ativos que será anunciada pela companhia.
"A previsão de investimentos e de produção [da Petrobras] não é uma preocupação. O principal ponto desse plano vai ser a divulgação da meta de desinvestimentos", explica Piangentini.
Já o diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), Adriano Pires, vê espaço para uma queda maior da meta de produção da Petrobras para 2020. De acordo com o especialista, a redução da estimativa de produção vai se dar devido à taxa de declínio de produção na Bacia de Campos e à ampliação do plano de venda de ativos.
"A meta para 2020 está comprometida. Mesmo que a Petrobras mantenha a meta próxima do patamar atual [de 2,7 milhões de barris diários], essa meta não é mais factível", diz o diretor do CBIE, que trabalha com uma estimativa da ordem de 2,3 milhões de barris diários para o fim da década.
Segundo Pires, o novo plano de negócios deverá ser muito focado na parte financeira para fazer caixa no curto prazo, principalmente em venda de ativos. "Gostaria também de ver algo na linha de política de preços de combustíveis", acrescenta ele.
A estimativa do CBIE está em linha com a projeção da Raymond James. Para a consultoria, em relatório divulgado em junho, a Petrobras, diante da tendência de redução de investimentos, precisa ajustar também sua atual meta de produção. A Raymond James trabalha com uma projeção de 2,3 milhões de barris/dia em 2020, assumindo um aumento de 2% em 2017 e de 3% ao ano a partir de 2018, e considerando o declínio da produção de campos maduros.
Em conversa com jornalistas na última semana, a diretora de Exploração e Produção (E&P) da Petrobras, Solange Guedes, disse não poder antecipar números ou expectativas sobre a meta para 2020, mas disse que o cronograma dos projetos de produção dependerá da "intensidade" com que serão feitos os investimentos.
"O que está no pipeline, que está por vir, vai depender de escolhas e decisões que serão anunciadas no dia 19 [hoje] referentes à intensidade que serão feitos os investimentos", disse a executiva na ocasião, sem dar mais detalhes sobre o assunto.
Solange também explicou que os ajustes nos investimentos não têm impacto na previsão de produção de curto prazo da companhia (até dois anos), pois os projetos para este horizonte já estão definidos e contratados.
Em entrevista recente à imprensa, o presidente da Petrobras, Pedro Parente, sinalizou que uma eventual redução de investimentos não prejudicaria necessariamente a curva de produção.
Um indicativo, porém, de que a curva de produção da petroleira deve ser revista para baixo foi o adiamento de alguns importantes projetos no pré¬sal. De acordo com informações divulgadas em junho pela Galp, uma das principais sócias da Petrobras no pré¬sal, a produção nos campos de Lula Oeste (previsto para 2020 no plano 2015¬2020) e Atapu Norte (projetado para 2018), por exemplo, devem ficar para depois de 2020. A petroleira portuguesa também prevê o adiamento em um ano, para 2020, da produção do campo de Sépia, também na Bacia de Santos.
Por Rodrigo Polito, André Ramalho e Paula Selmi