Mercado: O mundo sem o açúcar indiano
Na semana passada a trading britânica Czarnicow se pronunciou dizendo que ao início da safra mundial 22/23 de açúcar (que começa sempre no mês de outubro) a Índia poderá zerar ou reduzir drasticamente sua participação no mercado internacional.
Essa perspectiva é pautada no acordo firmado pelo país asiático com a OMC em 2015 que prevê o fim dos subsídios de redução dos custos de embarque do adoçante, recurso fundamental para lhe dar competitividade.
Como os indianos já refugaram uma vez, o mercado não tem plena confiança que o cenário vai se confirmar. Contudo dessa vez parece factível, isso perante o fato de que até 2025 o país deve finalizar a implantação do plano de misturar 20% de etanol na gasolina, o que, pelo menos no campo da percepção faria com que a cana destinada a produção do açúcar exportação, passe para a fabricação do biocombustível.
Em sua coluna semanal sobre o mercado de açúcar, Arnaldo Luiz Corrêa (Archer Consulting) reforçou a perspectiva com outros dois argumentos pesados.
O primeiro é em relação a necessidade de se importar menos petróleo, o que acontecerá com a entrada do etanol na matriz de combustíveis e a segunda considera o aumento consistente no consumo interno de açúcar, melhorando a já positiva remuneração no mercado interno.
Então, a saída da Índia do mercado internacional é sustentada para além dos discursos, o peso das contas joga uma importante luz à perspectiva. Significa uma redução de seis milhões de toneladas, o que com certeza irá influenciar no preço, que tem boas chances de atingir novos patamares autistas, mas que precisa de outros fatores para saber ao certo até onde ele conseguirá chegar.