Pelo oitavo ano consecutivo, o Centro de Cana IAC, vinculado ao Instituto Agronômico e pertencente a Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou a pesquisa que detalha as principais práticas que estão sendo utilizadas nas áreas de renovação de canaviais. Esse trabalho foi realizado nos principais estados produtores do Brasil, com o objetivo de mapear a proporção das empresas que estão adotando as técnicas mais modernas e, com isso, obter melhores resultados tanto em relação ao aumento na produtividade como na economia de custos.
Até o momento foram levantadas informações sobre 188 empresas produtoras, totalizando uma área de renovação superior a 800 mil hectares, distribuídos por 15 estados: Alagoas (4 empresas); Bahia (1); Espírito Santo (2); Goiás (19); Maranhão (1); Mato Grosso (5); Mato Grosso do Sul (10); Minas Gerais (25); Paraíba (2); Paraná (14); Pernambuco (7); Rio de Janeiro (2); São Paulo (94) e Tocantins (1).
Para as áreas de renovação dos canaviais, a pesquisa observou que cerca de 50,5% das empresas utilizaram a adubação verde nas áreas de reforma em 2024, (figura 1), sendo que essas empresas usaram adubação verde em 25,9% de suas áreas de plantio. A rotação com adubos verdes ou outras culturas comerciais, a exemplo de soja e amendoim, deve ser uma prática recomendada em função das inúmeras vantagens que promove, como a conservação do solo, o aumento de matéria orgânica, o aumento de N no solo, quando se usam leguminosas, o aumento de biodiversidade, a melhoria da microbiota, uma possível renda extra quando se planta soja ou amendoim, entre outros benefícios.
Porcentagem de empresas que usarão adubação foliar, em 2024, e área média de uso dentro dessas empresas.
A pesquisa também abordou a adoção do sistema de Meiosi (Método Intercalar Ocorrendo Simultaneamente) pelas usinas. Os resultados mostraram que o uso de Meiosi que atingiu uma importante participação em anos anteriores tem apresentado redução nos últimos anos, em função da dificuldade, devido à elevada utilização de mão de obra. No ano de 2024, 47,9% das empresas pesquisadas disseram que utilizarão essa técnica em seus canaviais, ocupando 12,1% das áreas de renovação no país. A Cantosi, por sua vez, vem crescendo em adoção pela sua praticidade e economia. Nela, parte do talhão (uma ponta) é utilizada para a produção de mudas que serão desdobradas após 8 a 10 meses naquele local. Em 2024, 42,0% dos produtores pretendem utilizar esse método, ocupando 9,0% das áreas de renovação do Brasil.
Na figura 2 são comparadas as principais formas de adubação utilizada nos canaviais em 2024, quando estudamos o plantio comercial e as áreas de Meiosie Cantosi. Verifica-se que nas áreas de produção de mudas (Meiosi ou Cantosi) os produtores têm grande preocupação em aliar a adubação com a adição de fontes de matéria orgânica, sejam elas os resíduos do próprio setor sucroenergético ou resíduos de outras cadeias produtivas. Assim, 47% e 31% das áreas em Meiosi e Cantosi foram adubadas com resíduos acrescidas ou não de fertilizantes minerais. Cerca de 18% e 24% fazem uso de compostagem de resíduos para as áreas de Meiosi e Cantosi, respectivamente. Apenas com adubação mineral foram 24% e 26%, respectivamente, para Meiosi e Cantosi. Apenas 2 a 4% não farão adubação mineral nas áreas de produção de mudas. A vinhaça praticamente não é utilizada nas áreas de plantio.
No plantio comercial, a principal técnica utilizada será adubação mineral NPK + micro (33% da área de renovação), seguida da adubação usando resíduos (vinhaça, torta, etc) complementado ou não com NPK (27%) e da adubação com composto (torta, cama frango, etc) ou outra fonte orgânica complementado ou não com NPK (25%).
Adubação utilizada em áreas de plantio comercial, áreas de Meiosi e Cantosi em 2024, em porcentagem do total de 188 empresas produtoras.
Outro importante tema estudado nessa pesquisa se referiu ao uso da adubação foliar nas áreas de plantio. Inquiridas se usarão nutrição foliar nas áreas de renovação em 2024, 81,9% das empresas disseram que sim (figura 3), sendo que essas empresas usarão adubação foliar, numa média de85,0% de suas áreas de plantio. Isso mostra o significativo avanço que essa técnica, já consagrada em diversas outras culturas, está alcançando nos últimos anos na canavicultura.
Porcentagem de empresas que usarão adubação foliar, em 2024, e área média de uso dentro dessas empresas.
A equipe do Programa Cana IAC agradece a DMB pelo patrocínio que viabiliza essa pesquisa e a confiança depositada pelos produtores que responderam os questionários enviados. Essa grande adesão permitiu a geração de importantes análises estratégicas para o setor canavieiro.