A multinacional americana Monsanto, que faturou US$ 13,5 bilhões em 2012, quer vender uma participação em seu negócio de cana-de-açúcar no Brasil, cuja marca é a CanaVialis. Segundo antecipou com exclusividade o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a gigante de biotecnologia contratou o banco Morgan Stanley para procurar um sócio financeiro. A ideia é vender uma participação minoritária no negócio, que foi adquirido em novembro de 2008 da Votorantim Novos Negócios, por R$ 616 milhões (US$ 290 milhões).
Se conseguir encontrar esse sócio, a Monsanto vai estrear um formato inédito de negócio, pois a empresa não detém sociedade nas outras culturas nas quais atua. Em nota, a multinacional afirmou que, como estratégia, mantém-se "atenta a oportunidades que possibilitem acelerar o processo de inovação e o aumento de produtividade por meio de colaborações e parcerias". Procurado, o Morgan Stanley não comentou.
Por ano, a companhia investe de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões na divisão de cana-de-açúcar, basicamente formada pelos ativos da brasileira CanaVialis - criada há dez anos e então considerada uma referência mundial em genética de cana. Quando foi vendida para a Monsanto, em novembro de 2008, a CanaVialis foi alvo de críticas pois suas pesquisas foram financiadas com recursos públicos, como os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A Monsanto teria se desapontado com o setor canavieiro, segundo fontes ouvidas pela reportagem. Quando adquiriu a CanaVialis e a Alellyx - a primeira de melhoramento genético e a outra de biotecnologia aplicadas à cana-de-açúcar -, há quase cinco anos, o setor sucroalcooleiro vivia um boom de investimentos, com perspectiva de forte expansão no Brasil. As empresas brasileiras também anunciavam projetos para América Latina e África em produção de etanol de cana.
Quando a Monsanto tomou a decisão de comprar o negócio, terminava a moagem de cana da safra 2008/09 e a área plantada com a cultura na região Centro-Sul - que concentra 90% da produção brasileira - se expandia a taxas de dois dígitos. A cultura ocupava 7,16 milhões de hectares na região, o que significava um salto de 54,5% em três anos.
Nas safras seguintes, o cenário se reverteu. O setor sucroalcooleiro entrou numa severa crise, com muitos projetos de novas usinas sendo suspensos ou adiados. Assim, desde 2008/09, até este ciclo 2013/14, ou seja, no acumulado de quase quatro anos, a área cultivada com cana no Centro-Sul cresceu apenas 7,36%, para 7,69 milhões de hectares.
O cenário ainda é de desencanto, sobretudo diante da falta de previsibilidade na formação de preços dos combustíveis no país - o que limita o mercado de etanol, o principal subproduto da cana no Brasil.
Nesse contexto de estagnação, segundo fontes, pesou na decisão da empresa de vender uma fatia do negócio de cana um fato já relativamente conhecido: desenvolver variedades para essa cultura é uma atividade complexa, que demanda mais dinheiro e tempo para chegar a resultados, diferentemente de culturas anuais como a soja.
Por ser semiperene, a cana é colhida - e rebrota - por, pelo menos, cinco anos. Assim, uma variedade leva mais tempo para 'provar' que desempenha bem durante toda a sua vida útil. O mesmo ocorre com a adoção dessas tecnologias. O produtor de cana testa por até cinco anos uma variedade lançada no mercado antes de passar a usá-la em maior escala.
Desde que comprou a operação de cana, a Monsanto lançou três variedades no mercado (resultantes de pesquisas que tinham começado a ser desenvolvidas pela Votorantim Novos Negócios). Estima-se que a participação desses materiais na área de cana no Brasil não alcance 0,5% do mercado. Em nota, a multinacional americana informou que detém variedades comerciais que são "amplamente utilizadas" pelos principais grupos sucroalcoleiros do país.
Globalmente, a Monsanto investe mais de US$ 1,4 bilhão por ano em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos (cerca de 10% de seu faturamento). Na nota enviada à reportagem, a empresa informou que as pesquisas com cana-de-açúcar estão em andamento e que o Brasil é o centro de pesquisa mundial da Monsanto nessa cultura. "Esse mercado é uma oportunidade de longo prazo muito atrativa e continuaremos com altos investimentos, pois acreditamos que nossos produtos podem contribuir com o aumento de produtividade do setor sucroalcoleiro".
A multinacional americana Monsanto, que faturou US$ 13,5 bilhões em 2012, quer vender uma participação em seu negócio de cana-de-açúcar no Brasil, cuja marca é a CanaVialis. Segundo antecipou com exclusividade o Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, a gigante de biotecnologia contratou o banco Morgan Stanley para procurar um sócio financeiro. A ideia é vender uma participação minoritária no negócio, que foi adquirido em novembro de 2008 da Votorantim Novos Negócios, por R$ 616 milhões (US$ 290 milhões).
Se conseguir encontrar esse sócio, a Monsanto vai estrear um formato inédito de negócio, pois a empresa não detém sociedade nas outras culturas nas quais atua. Em nota, a multinacional afirmou que, como estratégia, mantém-se "atenta a oportunidades que possibilitem acelerar o processo de inovação e o aumento de produtividade por meio de colaborações e parcerias". Procurado, o Morgan Stanley não comentou.
Por ano, a companhia investe de R$ 30 milhões a R$ 35 milhões na divisão de cana-de-açúcar, basicamente formada pelos ativos da brasileira CanaVialis - criada há dez anos e então considerada uma referência mundial em genética de cana. Quando foi vendida para a Monsanto, em novembro de 2008, a CanaVialis foi alvo de críticas pois suas pesquisas foram financiadas com recursos públicos, como os do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
A Monsanto teria se desapontado com o setor canavieiro, segundo fontes ouvidas pela reportagem. Quando adquiriu a CanaVialis e a Alellyx - a primeira de melhoramento genético e a outra de biotecnologia aplicadas à cana-de-açúcar -, há quase cinco anos, o setor sucroalcooleiro vivia um boom de investimentos, com perspectiva de forte expansão no Brasil. As empresas brasileiras também anunciavam projetos para América Latina e África em produção de etanol de cana.
Quando a Monsanto tomou a decisão de comprar o negócio, terminava a moagem de cana da safra 2008/09 e a área plantada com a cultura na região Centro-Sul - que concentra 90% da produção brasileira - se expandia a taxas de dois dígitos. A cultura ocupava 7,16 milhões de hectares na região, o que significava um salto de 54,5% em três anos.
Nas safras seguintes, o cenário se reverteu. O setor sucroalcooleiro entrou numa severa crise, com muitos projetos de novas usinas sendo suspensos ou adiados. Assim, desde 2008/09, até este ciclo 2013/14, ou seja, no acumulado de quase quatro anos, a área cultivada com cana no Centro-Sul cresceu apenas 7,36%, para 7,69 milhões de hectares.
O cenário ainda é de desencanto, sobretudo diante da falta de previsibilidade na formação de preços dos combustíveis no país - o que limita o mercado de etanol, o principal subproduto da cana no Brasil.
Nesse contexto de estagnação, segundo fontes, pesou na decisão da empresa de vender uma fatia do negócio de cana um fato já relativamente conhecido: desenvolver variedades para essa cultura é uma atividade complexa, que demanda mais dinheiro e tempo para chegar a resultados, diferentemente de culturas anuais como a soja.
Por ser semiperene, a cana é colhida - e rebrota - por, pelo menos, cinco anos. Assim, uma variedade leva mais tempo para 'provar' que desempenha bem durante toda a sua vida útil. O mesmo ocorre com a adoção dessas tecnologias. O produtor de cana testa por até cinco anos uma variedade lançada no mercado antes de passar a usá-la em maior escala.
Desde que comprou a operação de cana, a Monsanto lançou três variedades no mercado (resultantes de pesquisas que tinham começado a ser desenvolvidas pela Votorantim Novos Negócios). Estima-se que a participação desses materiais na área de cana no Brasil não alcance 0,5% do mercado. Em nota, a multinacional americana informou que detém variedades comerciais que são "amplamente utilizadas" pelos principais grupos sucroalcoleiros do país.
Globalmente, a Monsanto investe mais de US$ 1,4 bilhão por ano em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos (cerca de 10% de seu faturamento). Na nota enviada à reportagem, a empresa informou que as pesquisas com cana-de-açúcar estão em andamento e que o Brasil é o centro de pesquisa mundial da Monsanto nessa cultura. "Esse mercado é uma oportunidade de longo prazo muito atrativa e continuaremos com altos investimentos, pois acreditamos que nossos produtos podem contribuir com o aumento de produtividade do setor sucroalcoleiro".