MPB é música para os canaviais

07/03/2016 Cana-de-Açúcar POR: Andréia Vital – Revista Canavieiros – Edição 116
Um canavial verde e bonito que dá gosto de se ver. É essa lavoura rica em produtividade que buscam os fornecedores de cana--de-açúcar para se desenvolverem. Uma luz no final do túnel se acendeu nesta direção com a criação do sistema de MPB (Mudas-Pré-Brotadas) lançado pelo Programa Cana do IAC (Instituto Agronômico) a mais de cinco anos. 
Desde então, o sistema vem mudando o conceito de plantar cana-de-açúcar e alcança novo patamar este ano, ganhando os canaviais brasileiros e até estrangeiros.
“Isso não faz mais parte da canavicultura nacional. Já tem países usando o sistema na América Central, África e até na Ásia”, disse o pesquisador científico Mauro Alexandre Xavier, do Centro de Cana do IAC, localizado em Ribeirão Preto-SP.
A tecnologia tem como intuito aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e possivelmente renovação e expansão de áreas de cana-de-açúcar. “Passou a ser um novo conceito de multiplicação da cana. Reduz volume, possibilita multiplicação para a produção rápida de mudas e traz grande salto na qualidade fitossanitária, vigor e uniformidade de plantio”, afirmou Xavier, contando que o início do processo se deu devido a propagação do Sphenophorus levis na maneira tradicional de plantio, sendo o MPB uma forma de evitar a disseminação da praga.
A simplicidade do sistema é uma característica do modo de se plantar ressaltada por Xavier. “Pela simplicidade do processo não é um sistema de plantio desenvolvido para atender somente às usinas, mas sim para atender a diversos produtores, independente da escala de produção”, afirma o pesquisador, “porém não se pode confundir com fazer de qualquer jeito, envolve determinados princípios técnicos que a gente deve ter o cuidado de seguí-los”, ponderou.
Outro destaque é referente à redução da quantidade de mudas que vai para o campo. “O consumo de mudas cai de 18 a 20 toneladas, no plantio convencional, para 2 toneladas no MPB. É mais cana que vai para a indústria", constata.
Neste sentido, o IAC aposta na capacitação e oferece treinamento para produtores. “Cerca de 250 profissionais já participaram dos nossos cursos de capacitar neste sistema de multiplicação e agora, em abril, pretendemos realizar a 9ª edição”, disse o pesquisador, contando que a inauguração de um novo galpão de trabalho será uma das novidades dessa versão.
“O sistema de MPB atua na base do processo de produção e terá uma série de desdobramentos lá na frente. De certa forma, oferece para o produtor o resgate de uma operação básica no processo porque ele forma bons viveiros para que possa se utilizar disto em suas áreas de produção”, finaliza.
Preparação das mudinhas
No sistema de MPB, no lugar dos colmos como semente, entram as mudas pré-brotadas que são produzidas a partir de cortes de cana chamados de minirrebolos nos quais estão as gemas, que vão dar origem às mudas.
Após o corte é feita uma seleção visual para garantir que todos os minirrebolos estejam com as gemas saudáveis e são tratados com fungicidas, depois os minirrebolos são colocados em caixas de brotação com substrato, feito de matéria orgânica própria, para a produção de mudas e levados à estufa com temperatura e umidade controlada.
Depois de 12 dias na estufa, as gemas são individualizadas e cada uma é colocada em um tubete próprio é iniciada a 1ª fase de climatização que dura cerca de 20 dias, período no qual a muda volta para a estufa e as raízes se desenvolvem. Neste processo são realizadas quatro irrigações por dia de 2 mm, totalizando 8 mm ao dia. 
Até que chega a hora da rustificação. É quando a muda deve ganhar força para enfrentar a dureza do campo. Algumas podas são feitas, reduz-se a irrigação, o sol é pleno e serão 25 dias até a mudinha ficar pronta para o plantio.
A etapa seguinte é ir para a climatização, em pleno sol quando a muda é exposta a condições do ambiente onde será cultivada com irrigação reduzida e as realizadas poda nesta etapa além de quatro irrigações de 1 mm por dia totalizando 4 mm por dia. No final de 60 dias - período do ciclo completo - a muda é retirada do tubete e está pronta para ser plantada. No IAC o plantio é feito usando uma transplantadeita de mudas adaptada de outras culturas.
Uso de MPB aumenta
Grupos de usinas e fornecedores também passaram a fazer uso da tecnologia buscando maior sanidade, produtividade e longevidade de suas lavouras, como no caso da Biosev, que adquiriu recentemente um milhão de mudas pré-brotadas para serem alocadas em todas as unidades do grupo na região Centro-Sul.
De acordo com Ricardo Lopes, diretor agrícola da empresa, a adoção dessa tecnologia permite a produção de cana a partir de mudas devidamente selecionadas e de alta qualidade, livres de doenças e pragas, o que garante uma taxa de multiplicação maior quando comparada com o sistema de plantio tradicional, devido ao alto vigor dos materiais. “A introdução dessa tecnologia permite a formação de viveiros base, garantindo sua multiplicação acelerada associada ao elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio”, comentou.
A introdução de MPB na Biosev foi realizada por sua equipe de Desenvolvimento
Agronômico, em 2013, através de campos experimentais na unidade Vale do Rosário/SP. Os testes de campo permitiram avaliar diferentes variáveis técnicas como espaçamento entre plantas, perfilhamento, número de gemas por colmo e produtividade. Com os resultados obtidos e por acreditar nessa tecnologia agrícola, a empresa optou pelo investimento na aquisição das mudas da Syngenta, que foram adquiridas em parceria com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).
“O plantio será realizado de forma mecanizada com as mais modernas plantadoras para esse tipo de operação, contendo todas as tecnologias de precisão como computador de bordo e piloto automático”, explicou Lopes.
A Viralcool (Viradouro-SP) é outra usina adepta do uso de MPB. Recentemente os resultados de experimentos com mudas pré-brotadas da plataforma Plene da Syngenta foram mostrados durante dia de campo. Na ocasião, o gerente agrícola da Viralcool, Fábio Toniello, ressaltou os benefícios do sistema e a importância da parceria com a Syngenta, na busca constante de melhor rendimento da colheita por meio do plantio de mudas sadias.
Opinião aprovada pelo diretor de marketing de cana-de-açúcar da multinacional,
Leandro Amaral. “A empresa se preocupa em oferecer soluções inovadoras que atendam às demandas dos produtores e garantam maior rendimento do canavial”, disse, afirmando que a Syngenta tem vários experimentos de Plene Evolve, que é a muda de meristema, oriunda da biofábrica, fazendo viveiros pré-primários e introdução de novas variedades. Também temos trabalhos com a muda pré-brotada, para trazer qualidade para o viveiro numa escala maior, e em áreas de replantio de falhas, oferecendo tanto um protocolo agronômico quanto uma proposta de máquinas para preparo da soqueira”.
O grupo São Martinho também faz uso da tecnologia para a rápida expansão de novas variedades de cana, inclusive construiu até uma biofábrica com capacidade de produção de 7,5 milhões de mudas por ano.
Conforme dados apresentados pelo assessor de Tecnologia Agronômica da empresa, René de Assis Sordi, durante o 8º Congresso Nacional da Bioenergia, realizado em novembro, em Araçatuba-SP, as oportunidades com o plantio de 
MPB garantem a redução do custo de produção da muda, o aumento da taxa de brotação, o pegamento e irrigação da muda no campo e melhor “stand” do canavial. “Sem falar na maior velocidade de multiplicação de materiais promissores e o aumento da idade média do canavial”, afirma.
Fornecedores experimentam o sistema
Para o produtor de cana-de-açúcar da região de Ribeirão Preto-SP, José Eduardo de Melo Wiezel, a experiência com a MPB até agora tem sido excelente. Com uma área de 155 hectares para reforma, o agricultor resolveu apostar em um novo sistema de plantio a fim de aumentar a produtividade de seus canaviais.
“Busquei informações sobre a implantação das mudas pré-brotadas e resolvi investir neste sistema inicialmente como experiência, mas o resultado foi tão bom que pretendo usar este know-how nos próximos anos”, disse Wiezel, que optou pela meiose com amendoim, no esquema de cinco ruas da leguminosa para uma de cana.
 
As 400 mil mudas usadas nos 155 hectares foram desenvolvidas por ele, que contou com a ajuda de 18 funcionários, contratados especificamente por 60 dias para a formação das mudas e plantio, este feito com matraca e plantadeira de linha da Motocana.  “A uniformidade do canavial e a brotação chama atenção”, conclui o produtor ao mostrar sua lavoura com pouco mais de 60 dias.
Com fazenda em Luis Antônio-SP, de 400 hectares onde produz em torno de 30 mil toneladas, o produtor Rogério Consoni Bonaccorsi também se interessou pelo sistema logo após ter visto a sua apresentação durante uma reunião do Grupo Fitotécnico, isso em 2013. “A partir daí busquei mais dados, fui até o IAC, e resolvi fazer meu primeiro experimento. Cortei 50 minirrebolos, plantei e fiquei muito impressionado com o resultado, já que não tinha nenhum tratamento. De lá para cá comecei outras experiências, fui fazer o curso do IAC e entrei para o Programa Mais Cana e posso dizer é que o sistema é muito promissor e acho que será o futuro para quem quiser continuar plantando cana”, afirmou ao mostrar-se satisfeito com sua lavoura, dizendo “Olha a quantidade de perfilhos, tem excelente brotação e a cana está muito boa, com vigor e sanidade”.
Outro fato apontado por Bonaccorsi diz respeito ao acesso varietal. “A MPB proporcionou para a gente trazer variedades novas e isso foi um dos conceitos meus que foram mudados, pois eu tinha uma postura muito conservadora devido ao fato de que os fazendeiros não têm acesso fácil aos lançamentos e agora, sou mais arrojado, mais inovador, então hoje eu tenho variedades novas como a IAC 5000, IAC 1099, IAC 5094, RB 5476, RB5201 e a RB 5952, que são variedades lançadas recentemente. Talvez uma das inovações que a MPB traz para a fazenda é que ele te permite trazer novas variedades com custo baixíssimo”, afirma.
Apesar de ter conseguido produtividade de 102 toneladas por hectare no último ano, a meta é chegar a 115 t/h este ano. “O resultado até agora tem sido muito bom e não tem mais volta aqui na fazenda. Inclusive já estamos nos programando para incluir o sistema de MPB com meiose na fazenda”, conta animado o produtor.
Meiose: a boa parceria entre a cana e outras culturas
O sistema de meiose (método inter-rotacional ocorrendo simultaneamente) tem se tornado um aliado do produtor no que se refere a redução de custos na formação de canaviais, além de promover uma rotação saudável de culturas com soja, amendoim, adubação verde e uma rápida renovação do plantel varietal.
Seu uso, aliado ao plantio com MPB (Muda Pré-Brotada), tem garantido sucesso
de lavouras de São Paulo, como ficou provado durante o Dia de Campo do sistema AgMusa da BASF em meiose com soja, amendoim, feijão e crotalaria, realizado em janeiro pela multinacional, para produtores de cana-de-açúcar do interior paulista.
O evento aconteceu na Fazenda Belo Horizonte, em Jaboticabal-SP, quando os participantes puderam ver de perto detalhes da planta, que garante ao agricultor mudas com qualidade elevada que incrementam o potencial produtivo dos canaviais. Além de permitir a introdução de um novo cultivar de forma acelerada.
“O AgMusa é um sistema de mudas sadias e formação de viveiros com alta qualidade, propagação por meiose e correção de falhas. Além de aumentar a longevidade e a produtividade dos canaviais, o sistema tem o objetivo de reduzir a complexidade das operações no campo”, afirmou Luís Carlos Martins Amorim, da BASF ao explicar os conceitos da tecnologia AgMusa.
De acordo com Nilton Degaspari, gerente de Desenvolvimento de Mercado da BASF, e Agnaldo Carlos Siqueira, técnico agropecuário da Fazenda Belo Horizonte, já foi possível alcançar a taxa de multiplicação de 1 x 20 no plantio manual com o sistema, que vem sendo usado na propriedade há quatro anos. A lavoura de cana ali ocupa 550 hectares e 100% da reforma dos canaviais já é feita neste molde, atingindo produtividades acima de 100 t/ha.
“Após o preparo convencional, usamos espaçamento de 60 cm para plantar as mudas e neste sistema com meiose foram usadas três variedades de cana: a RB96 6928, RB85-5156 e a CTC 4”, explicou Agnaldo Carlos Siqueira.
O engenheiro agrônomo, consultor e produtor, José Tadeu Coleti, explicou os cuidados indispensáveis para o sucesso do sistema de plantio de falhas no canavial, na ocasião. Entre eles, destacou que é necessário fazer o replantio com grande cuidado, sendo que a cova precisa ser bem adubada e receber água imediatamente após o plantio, evitando assim o stress do primeiro dia. “O plantio superficial, sem a abertura de soca, embora irrigado no momento do plantio, apresentou casos de sensibilidade a herbicida usado na soca, ainda que decorridos 60 dias. Além de apresentar número reduzido de perfilhos/touceiras” elucidou.
De acordo com o anfitrião do evento, o engenheiro agrônomo Ismael Perina, com o uso do sistema é possível ter uma redução de 30% no custo da operação de plantio. “Se compararmos com o método mais atual, que é plantio mecânico, nós temos uma economia de pelo menos R$ 2 mil por hectare. É muito dinheiro, se pensarmos que o custo de um plantio tradicional é de R$ 7 mil e vamos economizar R$ 2 mil e ainda dá para disponibilizar 2% ou 3% da cana para ir para a usina”, afirmou ele, que foi um dos primeiros produtores brasileiros a usar o sistema AgMusa em meiose.
Além de andar pelos talhões para conhecer as etapas e o desenvolvimento do canavial, os participantes do Dia de Campo da BASF puderam ver o funcionamento da plantadora de MPB da BASF. O equipamento foi especialmente desenvolvido para o plantio de mudas AgMusa. Henrique Pigatto Rodrigues, da Agricef, empresa que desenvolveu a máquina de plantio semimecanizado de MPB junto ao projeto da multinacional,explicou os funcionamentos do equipamento, que chega a ter rendimento de plantio de dois a três hectares por dia.
Atualmente, a BASF conta com 25 máquinas dessas no mercado. A plantadora desenvolvida pela BASF foi licenciada para a DMB, empresa de Sertãozinho-SP. Já no plantio manual ou para correção de falhas, que podem ser feitos com uma matraca, quatro pessoas fazem um hectare por dia.
“É um sistema muito moderno, que pode incrementar muita produtividade ao produtor porque já se começa fazendo o trabalho da maneira correta, plantando muda sadia, isenta de doença e de praga. Dessa forma certamente consegue bons resultados”, afirmou a gestora técnica operacional da Canaoeste, Alessandra Durigan, que acompanhou, ao lado da agrônoma Daniela Santa Rosa, o evento.
Os produtores participantes do Dia de Campo também gostaram do que viram, como o caso de Antoninho Penariol, que tem propriedade de 700 hectares na região de Mirassol-SP, onde planta soja, amendoim e cana. “Fiquei impressionado com o que vi e tenho a certeza que a MPB é o futuro do setor”, disse ele, ao contar que já estão com um experimento de meiose plantando a própria cana, e até o momento está indo muito bem. Já o produtor de Severínia e Pitangueiras-SP e associado da Canaoeste, José Renato Paro, quer expandir o sistema Agmusa que usa há dois anos em suas terras. “Até hoje fizemos somente a formação de viveiros, porém, para o próximo ano, nós vamos partir
Novas técnicas para a rotação de cultura Novas técnicas para a rotação de cultura
Os primos Lucas Alexandre Pavani e André Luiz Pavani fazem parte da nova geração de agricultores antenada com as tecnologias disponíveis para agregar valor à produção de suas propriedades, com sustentabilidade e redução de custos. Com propriedades na região paulistas de Jaboticabal e São José do Rio Preto, o engenheiro agrônomo e o estudante de agronomia, respectivamente, já se familiarizaram com o sistema MPB, pois o modelo de plantio vem sendo usado nas terras da família desde o ano passado. “Iniciamos o projeto com MPB em setembro de 2015, quando montamos um primeiro viveiro de mudas e agora vamos partir para o sistema de cantose”, explicou o agricultor, dizendo que a média de produtividade em seus canaviais é de 100 t/h e que fornecem para as usinas Moreno, Guarani, São Francisco e São Martinho.
Os jovens produtores participaram no começo de fevereiro de uma visita técnica ao Projeto Amendoim na Palha, sistemas de manejo do solo para amendoim em reforma de cana crua, utilizados em uma área da Usina Pitangueiras, no interior paulista. “Nos interessou o novo sistema que faz o plantio direto de amendoim na palha, pois é uma coisa nova e que reduz o custo, já que não é necessário fazer o reparo do solo, etapa que representa uma parcela muito grande do custo de plantio”, explicou Lucas, contando que sua lavoura é dividida em cinco mil hectares de cana, 1.200 hectares de soja e 1000 hectares de amendoim.
O Projeto Amendoim na Palha é desenvolvido pela APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) - Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico Centro Leste e financiado pela Fundação Agrisus, coordenado pela APTA / IAC. Conta com apoio da Stefani Massey, KBM, Jumil, Coplana, Eficente Soluções Florestais e Stoller.
De acordo com o pesquisador da APTA e coordenador do projeto, Denizart Bolonhezi, o amendoim participa do processo de produção, sendo que mais de
80% da cultura no Estado de São Paulo, que é o maior produtor da leguminosa, está vinculada com a cana, por isso é necessário ficar atento às novas tecnologias que envolvem as culturas. “Vale lembrar que a partir de 2017 não haverá mais queimada em 100% da área canavieira, então a convivência com a palha será cada vez maior”, apontou.
Segundo o pesquisador, o projeto tem como objetivo quantificar e qualificar a produtividade de vagens e as perdas na colheita, além de estudar o crescimento radicular do amendoim em três sistemas de manejo do solo na reforma de cana crua. A intenção também é identificar as alterações em alguns atributos químicos e físicos do solo, decorrentes da adoção de diferentes sistemas de manejo, que possam influenciar o canavial instalado em sucessão. Além da área na região de
Pitangueiras- SP, que tem solo com textura argilosa, administrada pelo produtor Paulo Ulian, uma propriedade em Planalto/SP, do produtor Rodrigo Valochi, onde o solo é mais arenoso, também faz parte do projeto de estudo.
Foi usado no projeto, o cultivar IAC
OL-3, sendo a regulagem para 26 sementes por metro. Já o tratamento foi feito conforme o sistema utilizado: no preparo convencional foram feitos enleiramento e recolhimento do palhiço; duas vezes gradagens, uma vez aração profunda e duas vezes enxada rotativa.
No Rip Strip utilizou sistema Massey Ferguson de agricultura de precisão, já no plantio direto foi usada a semeadora JUMIL 7090 Guerra GII, com sete repetições. “Hoje nós entendemos que o plantio convencional é um componente que encarece o custo de produção do agricultor da região”, afirma Bolonhezi.
De acordo com o pesquisador os resultados esperados com o projeto são os seguintes: diminuir expressivamente os riscos de erosão e outros impactos ambientais; favorecer o arrendamento de terras aos produtores de amendoim; reduzir o custo de produção do amendoim e aumentar renda do agricultor. “A ideia é fechar o ciclo destas áreas com a colheita e continuar o projeto com a instalação de MPB”, concluiu.
Participando do evento, José Antonio de Souza Rossato Junior, presidente da Coplana, parceira no projeto, ressaltou a importância da disseminação de novas tecnologias para os produtores, destacando a vantagem ambiental e econômica no processo. Como também reforçou o sucesso do “Projeto Mais Cana – mais produtividade no canavial” lançado em março de 2015 pela Coplana, Socicana e IAC (Instituto de Agronômico).
Canaoeste estuda projeto junto ao IAC
“Eu vejo no sistema MPB uma boa perspectiva para que os pequenos e médios, que são a grande maioria dos produtores de cana-de-açúcar, possam continuar na atividade ampliando a sua participação no trabalho com redução de custos e maior produtividade”, afirmou o presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan.
Segundo ele, a implantação da mecanização, que exige áreas grandes e maquinários caros, dificulta a atividade deste pequeno e médio produtor, ao contrário do que acontece com a MPB que necessita de maquinário de menor potência, tratores de 90 a 100 HP, e possibilita o plantio em plantio em áreas menores e de reforma.
“A Canaoeste ainda não oferece MPB para os seus associados, mas estamos junto ao IAC estudando um projeto para, além de fornecer as mudas, ser educativo no sentido de preparar produtores para que eles tenham os seus viveiros e possam fazer suas mudas e também ajudar a disseminar esta tecnologia. Nós já estamos em tratativa com o IAC e já temos um plano de trabalho para ser implementado junto à associação e a Copercana e acredito que para este ano, nós começaremos a trabalhar isso”, contou.
Um canavial verde e bonito que dá gosto de se ver. É essa lavoura rica em produtividade que buscam os fornecedores de cana--de-açúcar para se desenvolverem. Uma luz no final do túnel se acendeu nesta direção com a criação do sistema de MPB (Mudas-Pré-Brotadas) lançado pelo Programa Cana do IAC (Instituto Agronômico) a mais de cinco anos. 

 
Desde então, o sistema vem mudando o conceito de plantar cana-de-açúcar e alcança novo patamar este ano, ganhando os canaviais brasileiros e até estrangeiros.

 
“Isso não faz mais parte da canavicultura nacional. Já tem países usando o sistema na América Central, África e até na Ásia”, disse o pesquisador científico Mauro Alexandre Xavier, do Centro de Cana do IAC, localizado em Ribeirão Preto-SP.

 
A tecnologia tem como intuito aumentar a eficiência e os ganhos econômicos na implantação de viveiros, replantio de áreas comerciais e possivelmente renovação e expansão de áreas de cana-de-açúcar. “Passou a ser um novo conceito de multiplicação da cana. Reduz volume, possibilita multiplicação para a produção rápida de mudas e traz grande salto na qualidade fitossanitária, vigor e uniformidade de plantio”, afirmou Xavier, contando que o início do processo se deu devido a propagação do Sphenophorus levis na maneira tradicional de plantio, sendo o MPB uma forma de evitar a disseminação da praga.

 
A simplicidade do sistema é uma característica do modo de se plantar ressaltada por Xavier. “Pela simplicidade do processo não é um sistema de plantio desenvolvido para atender somente às usinas, mas sim para atender a diversos produtores, independente da escala de produção”, afirma o pesquisador, “porém não se pode confundir com fazer de qualquer jeito, envolve determinados princípios técnicos que a gente deve ter o cuidado de seguí-los”, ponderou.

 
Outro destaque é referente à redução da quantidade de mudas que vai para o campo. “O consumo de mudas cai de 18 a 20 toneladas, no plantio convencional, para 2 toneladas no MPB. É mais cana que vai para a indústria", constata.

 
Neste sentido, o IAC aposta na capacitação e oferece treinamento para produtores. “Cerca de 250 profissionais já participaram dos nossos cursos de capacitar neste sistema de multiplicação e agora, em abril, pretendemos realizar a 9ª edição”, disse o pesquisador, contando que a inauguração de um novo galpão de trabalho será uma das novidades dessa versão.

 
“O sistema de MPB atua na base do processo de produção e terá uma série de desdobramentos lá na frente. De certa forma, oferece para o produtor o resgate de uma operação básica no processo porque ele forma bons viveiros para que possa se utilizar disto em suas áreas de produção”, finaliza.

 
Preparação das mudinhas

 
No sistema de MPB, no lugar dos colmos como semente, entram as mudas pré-brotadas que são produzidas a partir de cortes de cana chamados de minirrebolos nos quais estão as gemas, que vão dar origem às mudas.

 
Após o corte é feita uma seleção visual para garantir que todos os minirrebolos estejam com as gemas saudáveis e são tratados com fungicidas, depois os minirrebolos são colocados em caixas de brotação com substrato, feito de matéria orgânica própria, para a produção de mudas e levados à estufa com temperatura e umidade controlada.

 
Depois de 12 dias na estufa, as gemas são individualizadas e cada uma é colocada em um tubete próprio é iniciada a 1ª fase de climatização que dura cerca de 20 dias, período no qual a muda volta para a estufa e as raízes se desenvolvem. Neste processo são realizadas quatro irrigações por dia de 2 mm, totalizando 8 mm ao dia. 

 
Até que chega a hora da rustificação. É quando a muda deve ganhar força para enfrentar a dureza do campo. Algumas podas são feitas, reduz-se a irrigação, o sol é pleno e serão 25 dias até a mudinha ficar pronta para o plantio.

 
A etapa seguinte é ir para a climatização, em pleno sol quando a muda é exposta a condições do ambiente onde será cultivada com irrigação reduzida e as realizadas poda nesta etapa além de quatro irrigações de 1 mm por dia totalizando 4 mm por dia. No final de 60 dias - período do ciclo completo - a muda é retirada do tubete e está pronta para ser plantada. No IAC o plantio é feito usando uma transplantadeita de mudas adaptada de outras culturas.

 
Uso de MPB aumenta

 
Grupos de usinas e fornecedores também passaram a fazer uso da tecnologia buscando maior sanidade, produtividade e longevidade de suas lavouras, como no caso da Biosev, que adquiriu recentemente um milhão de mudas pré-brotadas para serem alocadas em todas as unidades do grupo na região Centro-Sul.

 
De acordo com Ricardo Lopes, diretor agrícola da empresa, a adoção dessa tecnologia permite a produção de cana a partir de mudas devidamente selecionadas e de alta qualidade, livres de doenças e pragas, o que garante uma taxa de multiplicação maior quando comparada com o sistema de plantio tradicional, devido ao alto vigor dos materiais. “A introdução dessa tecnologia permite a formação de viveiros base, garantindo sua multiplicação acelerada associada ao elevado padrão de fitossanidade, vigor e uniformidade de plantio”, comentou.

 
A introdução de MPB na Biosev foi realizada por sua equipe de Desenvolvimento
Agronômico, em 2013, através de campos experimentais na unidade Vale do Rosário/SP. Os testes de campo permitiram avaliar diferentes variáveis técnicas como espaçamento entre plantas, perfilhamento, número de gemas por colmo e produtividade. Com os resultados obtidos e por acreditar nessa tecnologia agrícola, a empresa optou pelo investimento na aquisição das mudas da Syngenta, que foram adquiridas em parceria com o CTC (Centro de Tecnologia Canavieira).

 
“O plantio será realizado de forma mecanizada com as mais modernas plantadoras para esse tipo de operação, contendo todas as tecnologias de precisão como computador de bordo e piloto automático”, explicou Lopes.

 
A Viralcool (Viradouro-SP) é outra usina adepta do uso de MPB. Recentemente os resultados de experimentos com mudas pré-brotadas da plataforma Plene da Syngenta foram mostrados durante dia de campo. Na ocasião, o gerente agrícola da Viralcool, Fábio Toniello, ressaltou os benefícios do sistema e a importância da parceria com a Syngenta, na busca constante de melhor rendimento da colheita por meio do plantio de mudas sadias.

 
Opinião aprovada pelo diretor de marketing de cana-de-açúcar da multinacional,
Leandro Amaral. “A empresa se preocupa em oferecer soluções inovadoras que atendam às demandas dos produtores e garantam maior rendimento do canavial”, disse, afirmando que a Syngenta tem vários experimentos de Plene Evolve, que é a muda de meristema, oriunda da biofábrica, fazendo viveiros pré-primários e introdução de novas variedades. Também temos trabalhos com a muda pré-brotada, para trazer qualidade para o viveiro numa escala maior, e em áreas de replantio de falhas, oferecendo tanto um protocolo agronômico quanto uma proposta de máquinas para preparo da soqueira”.

 
O grupo São Martinho também faz uso da tecnologia para a rápida expansão de novas variedades de cana, inclusive construiu até uma biofábrica com capacidade de produção de 7,5 milhões de mudas por ano.

 
Conforme dados apresentados pelo assessor de Tecnologia Agronômica da empresa, René de Assis Sordi, durante o 8º Congresso Nacional da Bioenergia, realizado em novembro, em Araçatuba-SP, as oportunidades com o plantio de 
MPB garantem a redução do custo de produção da muda, o aumento da taxa de brotação, o pegamento e irrigação da muda no campo e melhor “stand” do canavial. “Sem falar na maior velocidade de multiplicação de materiais promissores e o aumento da idade média do canavial”, afirma.

 
Fornecedores experimentam o sistema

 
Para o produtor de cana-de-açúcar da região de Ribeirão Preto-SP, José Eduardo de Melo Wiezel, a experiência com a MPB até agora tem sido excelente. Com uma área de 155 hectares para reforma, o agricultor resolveu apostar em um novo sistema de plantio a fim de aumentar a produtividade de seus canaviais.

 
“Busquei informações sobre a implantação das mudas pré-brotadas e resolvi investir neste sistema inicialmente como experiência, mas o resultado foi tão bom que pretendo usar este know-how nos próximos anos”, disse Wiezel, que optou pela meiose com amendoim, no esquema de cinco ruas da leguminosa para uma de cana.
 
As 400 mil mudas usadas nos 155 hectares foram desenvolvidas por ele, que contou com a ajuda de 18 funcionários, contratados especificamente por 60 dias para a formação das mudas e plantio, este feito com matraca e plantadeira de linha da Motocana.  “A uniformidade do canavial e a brotação chama atenção”, conclui o produtor ao mostrar sua lavoura com pouco mais de 60 dias.

 
Com fazenda em Luis Antônio-SP, de 400 hectares onde produz em torno de 30 mil toneladas, o produtor Rogério Consoni Bonaccorsi também se interessou pelo sistema logo após ter visto a sua apresentação durante uma reunião do Grupo Fitotécnico, isso em 2013. “A partir daí busquei mais dados, fui até o IAC, e resolvi fazer meu primeiro experimento. Cortei 50 minirrebolos, plantei e fiquei muito impressionado com o resultado, já que não tinha nenhum tratamento. De lá para cá comecei outras experiências, fui fazer o curso do IAC e entrei para o Programa Mais Cana e posso dizer é que o sistema é muito promissor e acho que será o futuro para quem quiser continuar plantando cana”, afirmou ao mostrar-se satisfeito com sua lavoura, dizendo “Olha a quantidade de perfilhos, tem excelente brotação e a cana está muito boa, com vigor e sanidade”.

 
Outro fato apontado por Bonaccorsi diz respeito ao acesso varietal. “A MPB proporcionou para a gente trazer variedades novas e isso foi um dos conceitos meus que foram mudados, pois eu tinha uma postura muito conservadora devido ao fato de que os fazendeiros não têm acesso fácil aos lançamentos e agora, sou mais arrojado, mais inovador, então hoje eu tenho variedades novas como a IAC 5000, IAC 1099, IAC 5094, RB 5476, RB5201 e a RB 5952, que são variedades lançadas recentemente. Talvez uma das inovações que a MPB traz para a fazenda é que ele te permite trazer novas variedades com custo baixíssimo”, afirma.

 
Apesar de ter conseguido produtividade de 102 toneladas por hectare no último ano, a meta é chegar a 115 t/h este ano. “O resultado até agora tem sido muito bom e não tem mais volta aqui na fazenda. Inclusive já estamos nos programando para incluir o sistema de MPB com meiose na fazenda”, conta animado o produtor.

 
Meiose: a boa parceria entre a cana e outras culturas

 
O sistema de meiose (método inter-rotacional ocorrendo simultaneamente) tem se tornado um aliado do produtor no que se refere a redução de custos na formação de canaviais, além de promover uma rotação saudável de culturas com soja, amendoim, adubação verde e uma rápida renovação do plantel varietal.

 
Seu uso, aliado ao plantio com MPB (Muda Pré-Brotada), tem garantido sucesso
de lavouras de São Paulo, como ficou provado durante o Dia de Campo do sistema AgMusa da BASF em meiose com soja, amendoim, feijão e crotalaria, realizado em janeiro pela multinacional, para produtores de cana-de-açúcar do interior paulista.

 
O evento aconteceu na Fazenda Belo Horizonte, em Jaboticabal-SP, quando os participantes puderam ver de perto detalhes da planta, que garante ao agricultor mudas com qualidade elevada que incrementam o potencial produtivo dos canaviais. Além de permitir a introdução de um novo cultivar de forma acelerada.

 
“O AgMusa é um sistema de mudas sadias e formação de viveiros com alta qualidade, propagação por meiose e correção de falhas. Além de aumentar a longevidade e a produtividade dos canaviais, o sistema tem o objetivo de reduzir a complexidade das operações no campo”, afirmou Luís Carlos Martins Amorim, da BASF ao explicar os conceitos da tecnologia AgMusa.

 
De acordo com Nilton Degaspari, gerente de Desenvolvimento de Mercado da BASF, e Agnaldo Carlos Siqueira, técnico agropecuário da Fazenda Belo Horizonte, já foi possível alcançar a taxa de multiplicação de 1 x 20 no plantio manual com o sistema, que vem sendo usado na propriedade há quatro anos. A lavoura de cana ali ocupa 550 hectares e 100% da reforma dos canaviais já é feita neste molde, atingindo produtividades acima de 100 t/ha.

 
“Após o preparo convencional, usamos espaçamento de 60 cm para plantar as mudas e neste sistema com meiose foram usadas três variedades de cana: a RB96 6928, RB85-5156 e a CTC 4”, explicou Agnaldo Carlos Siqueira.

 
O engenheiro agrônomo, consultor e produtor, José Tadeu Coleti, explicou os cuidados indispensáveis para o sucesso do sistema de plantio de falhas no canavial, na ocasião. Entre eles, destacou que é necessário fazer o replantio com grande cuidado, sendo que a cova precisa ser bem adubada e receber água imediatamente após o plantio, evitando assim o stress do primeiro dia. “O plantio superficial, sem a abertura de soca, embora irrigado no momento do plantio, apresentou casos de sensibilidade a herbicida usado na soca, ainda que decorridos 60 dias. Além de apresentar número reduzido de perfilhos/touceiras” elucidou.

 
De acordo com o anfitrião do evento, o engenheiro agrônomo Ismael Perina, com o uso do sistema é possível ter uma redução de 30% no custo da operação de plantio. “Se compararmos com o método mais atual, que é plantio mecânico, nós temos uma economia de pelo menos R$ 2 mil por hectare. É muito dinheiro, se pensarmos que o custo de um plantio tradicional é de R$ 7 mil e vamos economizar R$ 2 mil e ainda dá para disponibilizar 2% ou 3% da cana para ir para a usina”, afirmou ele, que foi um dos primeiros produtores brasileiros a usar o sistema AgMusa em meiose.

 
Além de andar pelos talhões para conhecer as etapas e o desenvolvimento do canavial, os participantes do Dia de Campo da BASF puderam ver o funcionamento da plantadora de MPB da BASF. O equipamento foi especialmente desenvolvido para o plantio de mudas AgMusa. Henrique Pigatto Rodrigues, da Agricef, empresa que desenvolveu a máquina de plantio semimecanizado de MPB junto ao projeto da multinacional,explicou os funcionamentos do equipamento, que chega a ter rendimento de plantio de dois a três hectares por dia.

 
Atualmente, a BASF conta com 25 máquinas dessas no mercado. A plantadora desenvolvida pela BASF foi licenciada para a DMB, empresa de Sertãozinho-SP. Já no plantio manual ou para correção de falhas, que podem ser feitos com uma matraca, quatro pessoas fazem um hectare por dia.

 
“É um sistema muito moderno, que pode incrementar muita produtividade ao produtor porque já se começa fazendo o trabalho da maneira correta, plantando muda sadia, isenta de doença e de praga. Dessa forma certamente consegue bons resultados”, afirmou a gestora técnica operacional da Canaoeste, Alessandra Durigan, que acompanhou, ao lado da agrônoma Daniela Santa Rosa, o evento.

 
Os produtores participantes do Dia de Campo também gostaram do que viram, como o caso de Antoninho Penariol, que tem propriedade de 700 hectares na região de Mirassol-SP, onde planta soja, amendoim e cana. “Fiquei impressionado com o que vi e tenho a certeza que a MPB é o futuro do setor”, disse ele, ao contar que já estão com um experimento de meiose plantando a própria cana, e até o momento está indo muito bem. Já o produtor de Severínia e Pitangueiras-SP e associado da Canaoeste, José Renato Paro, quer expandir o sistema Agmusa que usa há dois anos em suas terras. “Até hoje fizemos somente a formação de viveiros, porém, para o próximo ano, nós vamos partir para plantio em meiose, com taxa de multiplicação 1 para 10 e 1 para 12 em áreas comerciais”, explicou, afirmando que tem uma área de plantio de 900 mil hectares. “Vamos começar devagar, com menos área e ir aprendendo e então definimos a nossa capacidade”, concluiu ressaltando os benefícios do novo modo de se plantar.

 
Novas técnicas para a rotação de cultura Novas técnicas para a rotação de cultura
Os primos Lucas Alexandre Pavani e André Luiz Pavani fazem parte da nova geração de agricultores antenada com as tecnologias disponíveis para agregar valor à produção de suas propriedades, com sustentabilidade e redução de custos. Com propriedades na região paulistas de Jaboticabal e São José do Rio Preto, o engenheiro agrônomo e o estudante de agronomia, respectivamente, já se familiarizaram com o sistema MPB, pois o modelo de plantio vem sendo usado nas terras da família desde o ano passado. “Iniciamos o projeto com MPB em setembro de 2015, quando montamos um primeiro viveiro de mudas e agora vamos partir para o sistema de cantose”, explicou o agricultor, dizendo que a média de produtividade em seus canaviais é de 100 t/h e que fornecem para as usinas Moreno, Guarani, São Francisco e São Martinho.

 
Os jovens produtores participaram no começo de fevereiro de uma visita técnica ao Projeto Amendoim na Palha, sistemas de manejo do solo para amendoim em reforma de cana crua, utilizados em uma área da Usina Pitangueiras, no interior paulista. “Nos interessou o novo sistema que faz o plantio direto de amendoim na palha, pois é uma coisa nova e que reduz o custo, já que não é necessário fazer o reparo do solo, etapa que representa uma parcela muito grande do custo de plantio”, explicou Lucas, contando que sua lavoura é dividida em cinco mil hectares de cana, 1.200 hectares de soja e 1000 hectares de amendoim.

 
O Projeto Amendoim na Palha é desenvolvido pela APTA (Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios) - Polo Regional de Desenvolvimento Tecnológico Centro Leste e financiado pela Fundação Agrisus, coordenado pela APTA / IAC. Conta com apoio da Stefani Massey, KBM, Jumil, Coplana, Eficente Soluções Florestais e Stoller.

 
De acordo com o pesquisador da APTA e coordenador do projeto, Denizart Bolonhezi, o amendoim participa do processo de produção, sendo que mais de
80% da cultura no Estado de São Paulo, que é o maior produtor da leguminosa, está vinculada com a cana, por isso é necessário ficar atento às novas tecnologias que envolvem as culturas. “Vale lembrar que a partir de 2017 não haverá mais queimada em 100% da área canavieira, então a convivência com a palha será cada vez maior”, apontou.

 
Segundo o pesquisador, o projeto tem como objetivo quantificar e qualificar a produtividade de vagens e as perdas na colheita, além de estudar o crescimento radicular do amendoim em três sistemas de manejo do solo na reforma de cana crua. A intenção também é identificar as alterações em alguns atributos químicos e físicos do solo, decorrentes da adoção de diferentes sistemas de manejo, que possam influenciar o canavial instalado em sucessão. Além da área na região de
Pitangueiras- SP, que tem solo com textura argilosa, administrada pelo produtor Paulo Ulian, uma propriedade em Planalto/SP, do produtor Rodrigo Valochi, onde o solo é mais arenoso, também faz parte do projeto de estudo.

 
Foi usado no projeto, o cultivar IAC

 
OL-3, sendo a regulagem para 26 sementes por metro. Já o tratamento foi feito conforme o sistema utilizado: no preparo convencional foram feitos enleiramento e recolhimento do palhiço; duas vezes gradagens, uma vez aração profunda e duas vezes enxada rotativa.

 
No Rip Strip utilizou sistema Massey Ferguson de agricultura de precisão, já no plantio direto foi usada a semeadora JUMIL 7090 Guerra GII, com sete repetições. “Hoje nós entendemos que o plantio convencional é um componente que encarece o custo de produção do agricultor da região”, afirma Bolonhezi.

 
De acordo com o pesquisador os resultados esperados com o projeto são os seguintes: diminuir expressivamente os riscos de erosão e outros impactos ambientais; favorecer o arrendamento de terras aos produtores de amendoim; reduzir o custo de produção do amendoim e aumentar renda do agricultor. “A ideia é fechar o ciclo destas áreas com a colheita e continuar o projeto com a instalação de MPB”, concluiu.

 
Participando do evento, José Antonio de Souza Rossato Junior, presidente da Coplana, parceira no projeto, ressaltou a importância da disseminação de novas tecnologias para os produtores, destacando a vantagem ambiental e econômica no processo. Como também reforçou o sucesso do “Projeto Mais Cana – mais produtividade no canavial” lançado em março de 2015 pela Coplana, Socicana e IAC (Instituto de Agronômico).

 
Canaoeste estuda projeto junto ao IAC

 
“Eu vejo no sistema MPB uma boa perspectiva para que os pequenos e médios, que são a grande maioria dos produtores de cana-de-açúcar, possam continuar na atividade ampliando a sua participação no trabalho com redução de custos e maior produtividade”, afirmou o presidente da Canaoeste e Orplana, Manoel Ortolan.

 
Segundo ele, a implantação da mecanização, que exige áreas grandes e maquinários caros, dificulta a atividade deste pequeno e médio produtor, ao contrário do que acontece com a MPB que necessita de maquinário de menor potência, tratores de 90 a 100 HP, e possibilita o plantio em plantio em áreas menores e de reforma.

 
“A Canaoeste ainda não oferece MPB para os seus associados, mas estamos junto ao IAC estudando um projeto para, além de fornecer as mudas, ser educativo no sentido de preparar produtores para que eles tenham os seus viveiros e possam fazer suas mudas e também ajudar a disseminar esta tecnologia. Nós já estamos em tratativa com o IAC e já temos um plano de trabalho para ser implementado junto à associação e a Copercana e acredito que para este ano, nós começaremos a trabalhar isso”, contou.