Os membros do grupo de trabalho da Câmara Temática de Agroenergia, que busca alternativas para ampliar a produção de etanol no Estado, visitaram nesta quarta-feira (18) o viveiro da empresa Tecnoplanta, no município de Barra do Ribeiro. O grupo estuda a viabilidade técnica e estrutural para a produção de mudas de batata doce, a principal matéria-prima a ser utilizada pelas seis biodestilarias a serem instaladas no Rio Grande do Sul. A câmara temática foi instalada pela Secretaria Estadual da Agricultura.
A produção de etanol a partir da batata doce é uma tecnologia que vem sendo pesquisada pela Embrapa Clima Temperado e universidades, empresas privadas e organizações representativas de agricultores. Na visita, observaram a potencialidade de multiplicação de mudas para o atendimento das demandas futuras.
A meta do novo programa, que está em fase de elaboração, é incentivar e fomentar a produção anual de aproximadamente 170 milhões de mudas de batata-doce para cada biodestilaria, com potencial de produzir 50% do produto consumido no RS, que hoje importa 99% do álcool consumido. Pelas condições de clima e solo, estas estarão prioritariamente localizadas na metade sul do Estado.
De acordo com o coordenador da Câmara Temática, Valdir Zonin, o incremento do etanolé uma tendência internacional. "Nos Estados Unidos, por exemplo, são produzidos 50 bilhões de litros por ano. No Brasil, a produção é de 23 bilhões de litros", informou.
As plantas agroindústrias teriam, ainda, uma complementação envolvendo matéria-prima de arroz energético, sorgo sacarino e triticali, otimizando seu funcionamento o ano todo. O programa prevê ainda o fomento de pequenas destilarias que produziriam para autoconsumo no caso de organizações cooperativas ou associativas de agricultores, ou também para comercialização em projetos de menor porte, que estarão disponíveis para todos o municípios gaúchos.
A comitiva visitou, também, neste município, a Empresa Parobrás, que trabalha com equipamentos de secagem e armazenagem de grãos e se dispõe a produzir equipamentos mecanizados para o plantio e colheita da batata-doce.
Edivaldo Del Grande
As perspectivas do agronegócio brasileiro são as mais promissoras dos
últimos anos. A projeção da produção agrícola para 2014 é de 205 milhões de toneladas de grãos. Nos últimos dez anos, o setor registrou forte expansão,crescendo acima de 50%. E a presença do agronegócio brasileiro no mercado externo é cada vez mais forte; somos um dos principais players mundiais,exportando produtos agrícolas para dezenas de países.
Esse papel de player global incomoda. O agronegócio brasileiro sempre
cresceu tendo que enfrentar os poderosos interesses de países da União
Europeia e dos Estados Unidos que, apesar do discurso liberal e pró-mercado,são pródigos em criar barreiras e legislação para impedir a comercializaçãode nossos produtos. Na verdade, esses países impõem tarifas protecionistaspara barrar produtos brasileiros porque têm que proteger uma agricultura menos produtiva que a nossa. As vitórias do Brasil na Organização Mundial de Comércio (OMC), como no caso do algodão em relação aos EUA, dão um testemunho inequívoco dessa situação.
Para ajudar nessa batalha contra o protecionismo, o Ministério da
Agricultura tomou uma importante medida ao criar, em 2010, o cargo adido
agrícola, inicialmente em oito embaixadas brasileiras: Buenos Aires
(Argentina), Washington (EUA), Genebra (Suíça), Bruxelas (Bélgica), Moscou (Rússia), Pretória (África do Sul) Pequim (China) e Tóquio (Japão). Agora,para que a missão dos adidos possa ser cumprida, se faz necessário abrir cargos em mais países.
O agronegócio, portanto, vem ajudando o Brasil a conquistar novos mercados.
Os produtos agrícolas têm grande peso na balança comercial, além de
movimentar o mercado de máquinas, equipamentos e insumos. Os impactos
internos também têm ajudado a criar ilhas de prosperidade do interior do
país. Mas esse bom desempenho no setor deve ser considerado como mais uma tapa no processo de evolução do nosso comércio exterior. Agora, já está mais do que na hora de o Brasil dar um salto de qualidade nas relações comerciais globais, superando a fase de vender apenas commodities, que são produtos de baixo valor agregado.
Para inverter essa lógica e ampliar a comercialização de produtos com maior valor agregado, é necessário adotar medidas como a criação ou ampliação das cadeias produtivas. A soja, por exemplo, pode ser processada em óleo para exportação; e o frango pode ser oferecido em cortes diferenciados, em vez de exportarmos a ave inteira.
Além disso, precisamos investir mais em ciência, tecnologia e inovação e
estabelecer uma política industrial definida. Dessa forma, poderemos criar melhores empresas, ampliar a criação de emprego e qualificar a mão de obra.Com uma pauta de exportações com mais produtos de alto valor agregado o Brasil, cujo comércio externo já é pujante, terá muito mais força para combater ações protecionistas dos países industrializados e melhorar as regras do comércio mundial.
Edivaldo Del Grande é presidente da Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo
(Ocesp) e do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo no Estado de São Paulo (Sescoop/SP)