No mês de agosto, a Agrocana (Associação Garimpense dos Fornecedores de Cana) realizou um dia de campo denominado “O fornecedor de cana do futuro” onde apresentou, na fazenda Alagoas Capão Dantas, em área cultivada pelo produtor Antônio Claret Strini Paixão, localizada no Município de Conceição das Alagoas- MG, mais de cem experimentos envolvendo variedades de cana e tratamentos numa área superior a 65 hectares.
Na área genética foram plantadas mais de 70 cultivares de cana-de-açúcar, dos três Programas de Melhoramento Genético de Cana do país (CTC, IAC e Ridesa), sendo que alguns despertaram maior atenção dos profissionais técnicos da Copercana presentes: Amauri Aparecido da Costa, Augusto Segatto Strini Paixão e Gustavo Nogueira.
De cultivares mais tradicionais do CTC, a 2 e 15 foram as primeiras destacadas pelo trio, as duas com ótima adaptabilidade ao plantio e colheita mecanizados com a primeira tendo o perfilhamento como grande característica, enquanto que a segunda tem sua força na rusticidade, adaptada a ambientes mais restritivos, apesar da suscetibilidade deste cultivar a Ferrugem Alaranjada.
Ainda dentro do portfólio do Centro de Tecnologia Canavieira, a CTC 9008 é um lançamento que recebeu muitos comentários como uma cultivar bastante utilizada na microrregião (da unidade Volta Grande da Delta Sucroenergia), apontada como uma alternativa em ambientes onde a CTC 4 vai bem. Seu desempenho na área amostral mostra o motivo de seu sucesso, isso porque ela foi o material que mais produziu colmos por hectare (165 mil) aos 109 dias após o plantio, segundo contagem realizada pela Agrocana.
Outra novidade que os técnicos estavam curiosos em conhecer foi a CT04 3445, isso por sua rusticidade, tanto para ambiente de produção como época de colheita.
Da coleção da Ridesa, a RB016916 foi apontada como uma potencial alternativa em áreas que a RB966928 vai bem, com a diferença de conseguir ter um desempenho melhor em ambientes C. Como as duas cultivares precisam ser colhidas no primeiro bimestre da safra e se houver atrasos as chances são altas de ocorrer à rachadura dos colmos, os técnicos da Copercana comentaram sobre o uso do inibidor de florescimento como um manejo que deve ser considerado como um “seguro”, pois, além de proteger contra a queda de produtividade ocasionada pelo florescimento, “chochamento”, promove ainda um estimulo na brotação da soqueira.
A RB925211 também foi considerada forte substituta da RB855156, contudo com o diferencial de ser resistente ao carvão. Para encerrar a coleção, os produtores lembraram quanto a RB988082 é um material que vai bem em território mineiro e a grande expectativa com a RB127825, liberada recentemente.
Dos cultivares do IAC, a IACSP01 5503 é uma variedade bastante flexível, podendo ser colhida até em novembro e ser plantada em ambientes de A até D, o que já vem atraindo grande procura por parte dos produtores, isso porque, além dos atributos já citados, ela também responde no plantio e corte mecanizados e tem rápida brotação (mesmo sob a palha), o que, no conjunto da obra, resulta numa ótima opção para quem planeja adotar o manejo de corte do terceiro eixo.
Ensaio de plantio
A associação também realizou um ensaio com objetivo de enxergar qual a quantidade ideal de cana colocada do sulco de plantio. O trabalho consistiu na formação de três parcelas que foram divididas entre a que foi colocada apenas uma cana, a outra foram despejadas duas mudas e na última três.
Utilizando a variedade padrão do talhão (RB85 5156) e o manejo idêntico, o resultado aos 109 dias após o plantio mostrou que o uso de duas canas foi o mais indicado atingindo mais de 10 mil colmos por hectare a mais em relação ao segundo colocado (onde foi colocada apenas uma cana), o experimento também mostrou que o excesso prejudica ainda mais o canavial com a população abaixo dos 90 mil colmos na área plantada com três canas.
Além do jardim varietal, ainda aconteceram diversos ensaios de adubação, tratamento de sulco e pré-seca.
Para o engenheiro agrônomo da Copercana, Gustavo Nogueira, estes eventos são de fundamental importância para o conhecimento de variedades, trocar experiências sobre manejos e sobretudo ver o desenvolvimento em ambientes diferentes: “Vamos sair daqui hoje com uma visão mais apurada de variedades que devemos plantar na Fazenda Santa Rita, bem como materiais que devemos aumentar ou diminuir a área”.