Mulheres do agro celebram suas conquistas e os avanços do setor

15/12/2023 Noticias POR: Fernanda Clariano

A presença das mulheres no agro não para de crescer dentro e fora da porteira, elas estão presentes na cadeia produtiva do setor, no campo, na indústria, nos institutos de pesquisas, nas startups, nas cooperativas e nos mais diversos segmentos. E cada vez mais as mulheres são protagonistas do agronegócio nacional e não apenas como força de trabalho, mas como liderança.

Elas que são parte fundamental do movimento de transformação que acontece hoje no agro com a evolução, o desenvolvimento da agricultura de precisão, os investimentos em tecnologia e o melhoramento genético.

O 8º CNMA – Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio, realizado na Capital paulista, nos dias 25 e 26 de outubro, reuniu mais de 3.300 congressistas de 26 estados, além de países como Paraguai, Argentina, Bolívia e representantes da Europa e da América do Norte. Mulheres essas, exemplos de lideranças que têm ajudado a transformar, a trazer mais inovação e sustentabilidade.

Atualmente, cerca de 1,7 milhão de mulheres chefiam a produção agropecuária do país e ocupam 34% dos cargos de lideranças e gestão de fazendas. Isso mostra que cada vez mais mulheres de diferentes gerações, diferentes partes do Brasil, estão preparadas e qualificadas para liderar a transformação no campo.

São mulheres capazes de implementar soluções inovadoras e também sustentáveis, tanto no ponto de vista ambiental, como do social e também de governança. A tecnologia e a agricultura 4.0, assim como as iniciativas a favor do meio ambiente, das comunidades, têm sido grandes aliadas das mulheres para fechar negócios, melhorar a produtividade e gerenciar suas propriedades, mas claro que ainda há muito que avançar.


Durante os dois dias do CNMA, as participantes acompanharam uma série de palestras e debates discutindo os caminhos do setor rumo a uma produção ainda maior,
com mais inovação, sustentabilidade e tecnologia, aliada ao crescimento da presença e liderança feminina.

O sucesso de uma é a celebração da outra

O Prêmio Mulheres do Agro, idealizado pela Bayer em parceria com a ABAG (Associação Brasileira do Agronegócio), reconhece e valoriza o trabalho de mulheres que fazem a diferença no campo.

Desde a primeira edição em 2008, a premiação já recebeu mais de 1.110 inscritas e reconheceu 54 mulheres que estão à frente de pequenas, médias e grandes propriedades realizando a gestão sustentável com foco nos pilares de governança, s desenvolvimento social da comunidade ou colaboradores, o bem-estar animal e a valorização do capital humano.


Da esquerda para a direita, Flávia Saldanha (grande propriedade), Ingrid Graziano (média propriedade), Ana Paula Curiacos (pequena propriedade)
e Patrícia Monquero (Ciência e Pesquisa)

Conheça as vencedoras desta 6ª edição do Prêmio Mulheres do Agro em suas categorias.

Pequena propriedade

1º lugar – Ana Paula Curiacos, Monte Carmelo (MG)
2º lugar – Rossana Aboud, Teresina (PI)
3º lugar – Alessandra Barth, Ipiranga (PR)

Em seu discurso, a vencedora da categoria pequena propriedade, Ana Paula Curiacos, falou sobre o legado que quer passar para as duas filhas. “Quero deixar para elas o exemplo de fazer tudo com verdade, que elas possam ser a minha melhor versão e façam um bom trabalho. A mulher desempenha um bom trabalho, está sendo protagonista e eu fico muito feliz de poder mostrar isso para as minhas meninas, deixar um impacto positivo”.

Média propriedade

1º lugar – Ingrid Graziano, Formosa (GO)
2º lugar – Cláudia Araújo, Caicó (RN)
3º lugar – Cláudia Sulzbach, Maranhão (MA)

“Fazer o que gosta faz a diferença e acho que é o que nos mantém sempre em frente. Tenho grande paixão pelo campo e pra mim meu pai sempre foi um exemplo dessa paixão. Eu morava em São Paulo e a fazenda fazia parte das minhas férias, praticamente cresci no campo”, disse Ingrid Graziano.

Grande propriedade

1º lugar – Flávia Saldanha, Jacarezinho (PR)
2º lugar – Maíra Coscrato, Guaíra (SP)
3º lugar – Mariana Veloso, Carmo do Paranabaíba (MG)

“No agro enfrentamos muitos desafios por ser uma ‘empresa a céu aberto’, mas temos que ser resilientes e colocar amor em tudo o que fazemos, além da ética, a honestidade e a humildade, que é a base de tudo, e são valores que recebi dos meus pais e que procuro passar para as minhas filhas. Eu não conquistei esse prêmio sozinha e estou aqui representando toda a minha rede de apoio, todas as mulheres a quem devo imensa gratidão, dentre elas minha mãe, que me ajuda nos cuidados com as minhas filhas para eu poder trabalhar, me dedicar e proporcionar o melhor para elas, e as minhas 20 colaboradoras que estão comigo no dia a dia”, comentou Flávia Saldanha.

Ciência e Pesquisa

A novidade na premiação deste ano foi o lançamento da categoria Ciência e Pesquisa, que reforça a contribuição e o papel da mulher em diferentes cadeias do setor. Quem conquistou a nova modalidade de premiação foi a pesquisadora Patrícia Monquero, que tem dedicado boa parte de seus estudos para aprofundar no manejo e na biologia das plantas daninhas.

“Eu estou muito honrada, somos muitas pesquisadoras dentro da agropecuária. Muito obrigada pelo reconhecimento. O papel da mulher na ciência vem aumentando nas últimas décadas, cada vez mais a mulher está inserida em buscar novas soluções e a ciência tem que estar junto de quem está no campo procurando inovação e soluções, juntas”, afirmou Patrícia Monquero.

Pesquisa – “Percepção do Agronegócio Brasileiro na Europa”

No último dia do evento foi divulgada uma pesquisa realizada na Europa sobre a percepção do agro do Brasil em quatro países fundamentais para a difusão dessa imagem pelo mundo: Inglaterra, Alemanha, França e República Tcheca, com cerca de 590 mil entrevistados, divididos em três categorias: cidadão, jornalistas e distribuidores.

A pesquisa “Percepção do Agronegócio Brasileiro na Europa” foi conduzida pela consultoria europeia de Brand Value Managemente, OnStrategy, com coordenação da Biomarketing, patrocínio da Serasa Experian e apoio da ABAG, com o objetivo de identificar lacunas, educar, e construir pontes de confiança e cooperação e mostrou que a população da Europa ainda possui um elevado grau de desconhecimento sobre o agro brasileiro, apontando para a necessidade de maior diálogo e cooperação.

Dos 590 mil pesquisados, 57% disseram não conhecer nada sobre o agro brasileiro; apenas 11,2% disseram conhecer bem e, na categoria cidadãos, menos de 8,8% afirmaram conhecer o agronegócio do Brasil. Já na categoria jornalistas foram os franceses que demonstraram maior percentual de conhecimento, 31,1%.

A pesquisa também mostrou que não basta comunicar, é preciso conquistar corações e mentes e revelou a importância da cidadania, do carisma, dos valores humanos e praticamente de um “abraçar a todos” através do alimento, energia, meio ambiente e do social.

Destacou ainda que há muito a ser feito na cadeia produtiva, mas sem jamais esquecer o poder da percepção, e que é preciso mostrar a jornada do agro pelo aperfeiçoamento e os estágios já alcançados, pois as realidades do agro brasileiro são muito maiores do que suas percepções e vitais para a vida no planeta Terra.