Na Agricultura, Maggi é mistério para ambientalistas e ruralistas

12/05/2016 Agricultura POR: Valor Econômico
Entre 2003 e 2004, o desmatamento na Amazônia superou 26 mil quilômetros quadrados e o Mato Grosso batia recordes de derrubada. O Greenpeace contemplou o então governador Blairo Maggi com o prêmio “Motoserra de Ouro”. À época, os apelidos do agrônomo gaúcho oscilavam de “Exterminador do Futuro” a “Rei da Soja” e “Estuprador da Amazônia” — este último inspirado em título de matéria do britânico “The Independent”. O empresário Maggi teria aprendido a lição deter imagem negativa no exterior e ser um dos maiores exportadores de grãos do país. O político, provável ministro da Agricultura de Temer, é, contudo, mistério para ambientalistas e ruralistas.
Maggi fez por merecer seus apelidos do passado. Em 2003, ao chegar ao governo do Mato Grosso, declarou ao “The New York Times” sem constrangimento: “Um aumento de 40% no desmatamento da Amazônia não significa nada. Não sinto a menor culpa pelo que estamos fazendo por aqui”. Diante da ameaça de perder mercado, absorveu o discurso da sustentabilidade nos negócios da família, começou a operar com soja não transgênica e a certificar produtos. “Virou um ícone do mal, mas depois fez caminho mais ao centro, se reposicionou e saiu da linha de tiro”, diz um ambientalista.
Amaggi e Cargill lideraram as "trades" na moratória da soja, em 2006.
Duas vezes governador do Mato Grosso, Maggi elegeu­se senador em 2010. Já foi filiado aos partidos Progressista (PP), da República (PR), Popular Socialista (PPS) e no fim de 2015 ingressou no PMDB. Em março, disse que continuaria no PR até as eleições, mas nesta semana quebrou a promessa e anunciou filiação ao PP para assumir a pasta da Agricultura.
Líderes do agronegócio entendem esta movimentação como volatilidade política e não sabem como Maggi irá se comportar diante das bandeiras do setor — Plano Safra plurianual, seguro agrícola, política de preços mínimos —, caminho que Katia Abreu, ministra de Dilma, havia começado a trilhar.
Os temores dos ambientalistas são outros. Em março, em sessão da comissão de infraestrutura, ele defendeu “o abrandamento do licenciamento em rodovias em manutenção”. Referia­se à icônica BR­319, a estrada aberta na Amazônia pelos governos militares, ligando Porto Velho a Manaus. Foi tomada pela floresta e sua pavimentação é rodeada de controvérsias.
Maggi, 59 anos, é o relator da PEC 65. Por ela, a partir da apresentação de um Estudo Prévio de Impacto Ambiental, obras não podem ser suspensas ou canceladas. O tema assombra o setor ambiental. “Ser relator deste projeto denota sua falta de preocupação real com sustentabilidade e ambiente”, interpreta um ambientalista.
Nesta semana, Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento do inquérito que investigava Maggi por lavagem de dinheiro na chamada Operação Ararath, seguindo o entendimento do procurador­geral da República, Rodrigo Janot, de que a investigação não teria chegado a provas até agora.
Entre 2003 e 2004, o desmatamento na Amazônia superou 26 mil quilômetros quadrados e o Mato Grosso batia recordes de derrubada. O Greenpeace contemplou o então governador Blairo Maggi com o prêmio “Motoserra de Ouro”. À época, os apelidos do agrônomo gaúcho oscilavam de “Exterminador do Futuro” a “Rei da Soja” e “Estuprador da Amazônia” — este último inspirado em título de matéria do britânico “The Independent”. O empresário Maggi teria aprendido a lição deter imagem negativa no exterior e ser um dos maiores exportadores de grãos do país. O político, provável ministro da Agricultura de Temer, é, contudo, mistério para ambientalistas e ruralistas.
Maggi fez por merecer seus apelidos do passado. Em 2003, ao chegar ao governo do Mato Grosso, declarou ao “The New York Times” sem constrangimento: “Um aumento de 40% no desmatamento da Amazônia não significa nada. Não sinto a menor culpa pelo que estamos fazendo por aqui”. Diante da ameaça de perder mercado, absorveu o discurso da sustentabilidade nos negócios da família, começou a operar com soja não transgênica e a certificar produtos. “Virou um ícone do mal, mas depois fez caminho mais ao centro, se reposicionou e saiu da linha de tiro”, diz um ambientalista.
Amaggi e Cargill lideraram as "trades" na moratória da soja, em 2006.
Duas vezes governador do Mato Grosso, Maggi elegeu­se senador em 2010. Já foi filiado aos partidos Progressista (PP), da República (PR), Popular Socialista (PPS) e no fim de 2015 ingressou no PMDB. Em março, disse que continuaria no PR até as eleições, mas nesta semana quebrou a promessa e anunciou filiação ao PP para assumir a pasta da Agricultura.
Líderes do agronegócio entendem esta movimentação como volatilidade política e não sabem como Maggi irá se comportar diante das bandeiras do setor — Plano Safra plurianual, seguro agrícola, política de preços mínimos —, caminho que Katia Abreu, ministra de Dilma, havia começado a trilhar.
Os temores dos ambientalistas são outros. Em março, em sessão da comissão de infraestrutura, ele defendeu “o abrandamento do licenciamento em rodovias em manutenção”. Referia­se à icônica BR­319, a estrada aberta na Amazônia pelos governos militares, ligando Porto Velho a Manaus. Foi tomada pela floresta e sua pavimentação é rodeada de controvérsias.
Maggi, 59 anos, é o relator da PEC 65. Por ela, a partir da apresentação de um Estudo Prévio de Impacto Ambiental, obras não podem ser suspensas ou canceladas. O tema assombra o setor ambiental. “Ser relator deste projeto denota sua falta de preocupação real com sustentabilidade e ambiente”, interpreta um ambientalista.
Nesta semana, Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento do inquérito que investigava Maggi por lavagem de dinheiro na chamada Operação Ararath, seguindo o entendimento do procurador­geral da República, Rodrigo Janot, de que a investigação não teria chegado a provas até agora.