Entre 2003 e 2004, o desmatamento na Amazônia superou 26 mil quilômetros quadrados e o Mato Grosso batia recordes de derrubada. O Greenpeace contemplou o então governador Blairo Maggi com o prêmio “Motoserra de Ouro”. À época, os apelidos do agrônomo gaúcho oscilavam de “Exterminador do Futuro” a “Rei da Soja” e “Estuprador da Amazônia” — este último inspirado em título de matéria do britânico “The Independent”. O empresário Maggi teria aprendido a lição deter imagem negativa no exterior e ser um dos maiores exportadores de grãos do país. O político, provável ministro da Agricultura de Temer, é, contudo, mistério para ambientalistas e ruralistas.
Maggi fez por merecer seus apelidos do passado. Em 2003, ao chegar ao governo do Mato Grosso, declarou ao “The New York Times” sem constrangimento: “Um aumento de 40% no desmatamento da Amazônia não significa nada. Não sinto a menor culpa pelo que estamos fazendo por aqui”. Diante da ameaça de perder mercado, absorveu o discurso da sustentabilidade nos negócios da família, começou a operar com soja não transgênica e a certificar produtos. “Virou um ícone do mal, mas depois fez caminho mais ao centro, se reposicionou e saiu da linha de tiro”, diz um ambientalista.
Amaggi e Cargill lideraram as "trades" na moratória da soja, em 2006.
Duas vezes governador do Mato Grosso, Maggi elegeuse senador em 2010. Já foi filiado aos partidos Progressista (PP), da República (PR), Popular Socialista (PPS) e no fim de 2015 ingressou no PMDB. Em março, disse que continuaria no PR até as eleições, mas nesta semana quebrou a promessa e anunciou filiação ao PP para assumir a pasta da Agricultura.
Líderes do agronegócio entendem esta movimentação como volatilidade política e não sabem como Maggi irá se comportar diante das bandeiras do setor — Plano Safra plurianual, seguro agrícola, política de preços mínimos —, caminho que Katia Abreu, ministra de Dilma, havia começado a trilhar.
Os temores dos ambientalistas são outros. Em março, em sessão da comissão de infraestrutura, ele defendeu “o abrandamento do licenciamento em rodovias em manutenção”. Referiase à icônica BR319, a estrada aberta na Amazônia pelos governos militares, ligando Porto Velho a Manaus. Foi tomada pela floresta e sua pavimentação é rodeada de controvérsias.
Maggi, 59 anos, é o relator da PEC 65. Por ela, a partir da apresentação de um Estudo Prévio de Impacto Ambiental, obras não podem ser suspensas ou canceladas. O tema assombra o setor ambiental. “Ser relator deste projeto denota sua falta de preocupação real com sustentabilidade e ambiente”, interpreta um ambientalista.
Nesta semana, Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento do inquérito que investigava Maggi por lavagem de dinheiro na chamada Operação Ararath, seguindo o entendimento do procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, de que a investigação não teria chegado a provas até agora.
Entre 2003 e 2004, o desmatamento na Amazônia superou 26 mil quilômetros quadrados e o Mato Grosso batia recordes de derrubada. O Greenpeace contemplou o então governador Blairo Maggi com o prêmio “Motoserra de Ouro”. À época, os apelidos do agrônomo gaúcho oscilavam de “Exterminador do Futuro” a “Rei da Soja” e “Estuprador da Amazônia” — este último inspirado em título de matéria do britânico “The Independent”. O empresário Maggi teria aprendido a lição deter imagem negativa no exterior e ser um dos maiores exportadores de grãos do país. O político, provável ministro da Agricultura de Temer, é, contudo, mistério para ambientalistas e ruralistas.
Maggi fez por merecer seus apelidos do passado. Em 2003, ao chegar ao governo do Mato Grosso, declarou ao “The New York Times” sem constrangimento: “Um aumento de 40% no desmatamento da Amazônia não significa nada. Não sinto a menor culpa pelo que estamos fazendo por aqui”. Diante da ameaça de perder mercado, absorveu o discurso da sustentabilidade nos negócios da família, começou a operar com soja não transgênica e a certificar produtos. “Virou um ícone do mal, mas depois fez caminho mais ao centro, se reposicionou e saiu da linha de tiro”, diz um ambientalista.
Amaggi e Cargill lideraram as "trades" na moratória da soja, em 2006.
Duas vezes governador do Mato Grosso, Maggi elegeuse senador em 2010. Já foi filiado aos partidos Progressista (PP), da República (PR), Popular Socialista (PPS) e no fim de 2015 ingressou no PMDB. Em março, disse que continuaria no PR até as eleições, mas nesta semana quebrou a promessa e anunciou filiação ao PP para assumir a pasta da Agricultura.
Líderes do agronegócio entendem esta movimentação como volatilidade política e não sabem como Maggi irá se comportar diante das bandeiras do setor — Plano Safra plurianual, seguro agrícola, política de preços mínimos —, caminho que Katia Abreu, ministra de Dilma, havia começado a trilhar.
Os temores dos ambientalistas são outros. Em março, em sessão da comissão de infraestrutura, ele defendeu “o abrandamento do licenciamento em rodovias em manutenção”. Referiase à icônica BR319, a estrada aberta na Amazônia pelos governos militares, ligando Porto Velho a Manaus. Foi tomada pela floresta e sua pavimentação é rodeada de controvérsias.
Maggi, 59 anos, é o relator da PEC 65. Por ela, a partir da apresentação de um Estudo Prévio de Impacto Ambiental, obras não podem ser suspensas ou canceladas. O tema assombra o setor ambiental. “Ser relator deste projeto denota sua falta de preocupação real com sustentabilidade e ambiente”, interpreta um ambientalista.
Nesta semana, Dias Toffoli, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) determinou o arquivamento do inquérito que investigava Maggi por lavagem de dinheiro na chamada Operação Ararath, seguindo o entendimento do procuradorgeral da República, Rodrigo Janot, de que a investigação não teria chegado a provas até agora.