Ninguém toma remédio para o colesterol sem fazer um exame de sangue

10/11/2023 Noticias POR: Marino Guerra

Hoje em dia um produtor rural recebe, seja de maneira presencial ou virtual, uma enxurrada de ofertas das mais variadas tecnologias através de um verdadeiro exército de representantes. Lógico que cabe a ele criar filtros para selecionar as que realmente lhe trarão evolução na sua operação, pois se for prestar atenção em todo mundo, ele não faz mais nada o dia todo.

Devido a essa alta concorrência, vem se intensificando a prática da cotação a lanço, ou seja, um pedido é encaminhado, em algumas vezes para mais de dez fornecedores diferentes, vencendo aquele com o menor valor ou então o orçamento mais baixo vira trunfo para conquistar um desconto maior em outro fornecedor que ele tem maior confiança.

Sob o ponto de vista único e exclusivo de preço, a prática não está errada, mas quando o pensamento se trata em fazer vidas (plantas são seres vivos) atingirem o seu máximo potencial, o método se torna falho. Imagina o chefe da delegação olímpica dos Estados Unidos dar aos seus atletas o produto indicado pelo balconista de uma farmácia pois ele conseguiu chegar ao melhor valor, ignorando todas as recomendações da equipe de médicos, fisiologistas dentre outros profissionais especializados na medicina de alto rendimento competitivo.

“Certo dia veio um cooperado já decidido em comprar 200 toneladas de calcário para espalhar num talhão com cana dele. Aí eu apresentei para ele todo o conjunto de serviços relacionados à correção com agricultura de precisão que a Copercana está prestando e os resultados de quem mudou seu manejo de aplicação de fixo para taxa variável com base em mapas constituídos através de informações geradas a partir de uma metodologia de amostragem e análise de solo. Ele fechou o pacote e no final das contas acabou comprando apenas 30 toneladas”. O relato acima é do RTV da Copercana com sede em Pitangueiras, Carlos Madeira, que complementa explicando o por quê contou a história.

 

“Nós não estamos aqui para fazer uma venda crua, nosso trabalho consiste em proporcionar aos cooperados o insumo correto aplicado no momento, local e dose certos, depois acompanhar se a recomendação resolveu o problema e explicar porque tomamos aquela atitude e como ele deve proceder de maneira preventiva, acredito que esse é um dos principais diferenciais na forma de trabalhar da cooperativa e foi assim, sem aquele conceito de balcão de negócios, que conseguimos ganhar a confiança da grande maioria dos produtores canavieiros referências em cada região que atuamos”.

A declaração acima surgiu após uma pergunta sobre como a sua região de atuação havia se tornado uma das principais na utilização do pacote de correção envolvendo a agricultura de precisão na atual temporada, englobando diversos perfis de tamanho e níveis de tecnificação.

“Quando tomei conhecimento que a Copercana passou a oferecer esse pacote de serviços, que vai desde uma coleta automatizada e georreferenciada de solo até os manejos de correção em taxa variada, eu vi uma oportunidade de estender o conhecimento gerado nesta prática para a nutrição, ou seja, sabendo que o cooperado estava com seu terreno apto e de posse das informações do déficit nutricional em seu solo, foi possível planejar o modo de ação com os tipos de adubo que realmente fariam a diferença pensando em desenvolvimento de cada talhão”, concluiu Madeira.

Dentre os diversos casos de sucesso, tendo cada um na sua especificidade, o técnico da Copercana destacou um que por ter duas lâminas de vinhaça aplicadas na linha da cana, a análise de solo comprovou que ele não precisava aplicar o potássio, o que gerou redução de custo e evitou a saturação do macronutriente, que traz problemas de absorção de cálcio e magnésio, manifestando sintomas muito parecidos de doenças de ferrugem.

15 cortes

Resultados expressivos. Quando cooperados e cooperativa estão alinhados, o vigor da plantação vem de forma natural, como é o caso de Marcos Consoli, que atua com base em Pitangueiras e tem uma área que chegou ao 15º corte na última safra, produzindo mais de 90 toneladas de cana por hectare.

Claro que em se tratando de agricultura não existe um manejo isolado que garanta empreitadas bem-sucedidas como a de Consoli, porém há erros que sozinhos podem colocar a perder uma trajetória que tinha todos os motivos para ser vitoriosa e a correção de solo é um exemplo.

 

Sobre esse ponto, o produtor possui duas características de trabalho que com certeza minimizam suas chances de errar. A primeira é só tomar a decisão de o que, quanto e quando aplicar com base na análise de solo, enquanto que a segunda é o trabalho de calagem e gessagem serem realizados somente em taxa variável.

Com média de produção de 117 toneladas por hectare na atual safra, ele executa o manejo bem antes da Copercana se estruturar a prestar o serviço, contudo, mediante a forte ligação que tem com a cooperativa, o levou a ser um dos primeiros a adotar a aplicação à taxa variável quando iniciou a oferta do serviço e também todo o pacote de correção com o uso de técnicas de agricultura de precisão. Inclusive é o primeiro da fila para fazer a fosfatagem, fechando o ciclo do manejo.

“A correção à taxa variável é um manejo consolidado na nossa operação, para ter ideia nesse ano eu arrendei uma área e reformei um canavial de nove cortes que nunca havia visto uma tonelada de calcário, lá foi solicitado uma média de nove toneladas. Por outro lado, em minhas áreas a executo a cada três anos em sistema rotativo e tive casos de lugares que não chegou a meia tonelada ou até mesmo não foi necessária nada”, disse Consoli.

Como percursor do manejo, ele também atesta a evolução do serviço prestado pela cooperativa: “O intervalo entre o resultado da análise e a aplicação está cada vez mais curto, bem como o serviço de aplicação. Tiveram dias que foram dez caminhões fazendo quase 300 hectares. Vejo o investimento constante em tecnologia da Copercana, seja na coleta da amostragem, em novas análises do laboratório e novos caminhões de aplicação, o que me traz bastante confiança”, completa o produtor Mediante esse aspecto, o engenheiro-agrônomo da Copercana, Gustavo Nogueira, disse que a redução do tempo do processo completo, que tem seu início no desenho dos talhões para a definição dos grids de amostragem de solo e termina com a última correção (gesso ou fósforo, se necessários) vem diminuindo a cada safra com investimentos em equipamentos que fazem as análises de maneira mais ágeis no laboratório, a compra de veículos (quadriciclos que coletam o solo e caminhões de aplicação), crescimento da equipe, mas com destaque para a implementação do acompanhamento em campo da distribuição, o que trouxe uma agilidade muito maior na solução de problemas, reduzindo o tempo de parada e, consequentemente, elevando a quilometragem de aplicação ao longo de um dia.

“Acredito que só vai aumentar, se tem a possiblidade de fazer, o único argumento técnico que justifica a aplicação fixa é no caso o terreno não apresentar variabilidade considerável, assim vamos continuar a evoluir quanto ao nosso compromisso como cooperativa que é o de dar condições ao produtor para não perder mais produtividade, longevidade e dinheiro em decorrência de um solo mal corrigido”, comentou Nogueira.

Tirando o “sangue de tatu” da terra

Silvio Lovato, produtor com base em Sertãozinho iniciou em 2023 o uso da agricultura de precisão na correção e sem ver os resultados já percebeu a diferença: “Antes eu fazia uma média e jogava em tudo, agora espero corrigir minhas áreas de modo perfeito. Quando vi o mapa percebi porque haviam alguns lugares que os antigos diziam que havia sido derramado sangue de tatu, pois a cana não desenvolvia de jeito nenhum”.

Sempre com muito capricho na sua roça, Lovato também destaca outro manejo fundamental na correção especialmente em áreas de cana, a incorporação: “Nas minhas reformas eu eliminei a soqueira, passei o calcário, entrei com uma grade pesada para incorporar até uns vinte centímetros, aí passei o arado aiveca para atingir profundidades maiores”.

Manejo aprovado por Nogueira: “O calcário não tem solubilidade, por isso a incorporação no plantio é muito importante para ele corrigir em profundidades maiores, pois o sistema radicular vai começar a se desenvolver abaixo dos 25 a 30 centímetros (média de profundidade de sulcação na formação de um canavial) demandando um ambiente corrigido e com disponibilidade de cálcio”.

“O produtor hoje fica muito mais preocupado com o adubo que custa três mil reais a tonelada do que o calcário que a tonelada fica uma média de duzentos, porém de nada adianta investir no fertilizante se não tiver raiz para absorver”,
concluiu Lovato.