No Vale do Silício, tecnologias para transformar a agricultura e alimentos

09/04/2015 Agricultura POR: Valor Econômico
Novas tecnologias que prometem mudar a forma que os alimentos são cultivados, transportados e vendidos estão atraindo cada vez mais o interesse dos mesmos investidores que ajudaram a criar as potências do Vale do Silício.
O dinheiro envolvido em "startups" do setor de alimentos nos Estados Unidos ainda é pequeno comparado com as empresas de internet. Mas os investimentos de risco na agricultura e em alimentos subiram 54% no ano passado, para US$ 486 milhões, segundo a Dow Jones VentureSource.
As grandes empresas agrícolas também estão lançando suas próprias iniciativas de capital de risco e gestores de investimentos têm captado recursos para fundos dedicados à tecnologia agrícola e de alimentos. A empresa de private equity Paine & Partners, com sede em Nova York, por exemplo, levantou US$ 893 milhões em janeiro para investir no aumento da produtividade em áreas como produção de proteínas e segurança alimentar, segundo seu diretor­superintendente, Kevin Schwartz.
Os investimentos recebem impulso do barateamento da tecnologia de comunicações sem fio, de melhores ferramentas de coleta de dados e monitoramento de safras e de jovens empresários que buscam atender às novas demandas do mercado e alimentar uma crescente população global. Cada vez mais consumidores conscientes em relação à saúde também examinam de forma minuciosa os ingredientes de seus alimentos, pressionando
fabricantes a aumentar a transparência da cadeia de fornecimento.
"A agricultura é a última fronteira para uma série de tecnologias diferentes", diz Roger Royse, advogado do Vale do Silício que organiza uma conferência sobre tecnologia agrícola na Baia de San Francisco há dois anos. Aqui, as cinco áreas essenciais que estão atraindo interesse: 
Agricultura de precisão
Os produtores começam a se munir com o tipo de dados detalhados e atualizados a cada minuto sobre custos de produção, velocidade e produtividade que se tornou padrão em muitas fábricas americanas. Os produtores de milho e soja adotaram nos últimos anos técnicas de "agricultura de precisão" para tomar decisões com base em mais informações, e isso vem se espalhando por todo o setor. 
Thomas McPeek, por exemplo, adaptou uma tecnologia de escaneamento a laser usada em projetos arquitetônicos para medir de forma exata cada canto interno e externo do prédio. Posicionado em um pequeno caminhão, um aparelho móvel de escaneamento desenvolvido por sua empresa, a AGERPoint Inc., analisa como a luz reflete nas
árvores para determinar desde a altura e densidade de sua copa até quais laranjas ou galhos estão precisando de água ou sendo atacados por doenças ou pragas.
Ele gera um mapa que alguns produtores estão usando para aplicar melhor água, pesticidas e fertilizantes e tratar as árvores doentes. Sua empresa está prestes a receber um investimento de uma firma de capital de risco que irá triplicar a equipe para 12 funcionários, diz ele, sem informar quanto dinheiro está sendo investido.
Agricultura em interiores
A produção agrícola em interiores está crescendo, instalando muitas fileiras densas de vegetais em estantes com várias prateleiras umas sobre as outras em antigos armazéns e outros prédios dos EUA. Entre as novas empresas da chamada "agricultura protegida" estão a The Plant, FarmedHere LLC e Green Spirit Farms LLC. Elas alegam que reduzem despesas ao evitar a necessidade de transportar as hortaliças através do país, o que aumenta os custos e reduz a longevidade do alimento nas prateleiras.
"Estamos tentando estabelecer uma legião de produtores urbanos", diz Todd Dagres, sócio da Spark Capital. A empresa de capital de risco, que já investiu na plataforma de edição de blogs e rede social Tumblr e no varejista on­line de óculos Warby Parker, comandou, em dezembro, uma rodada de captação de US$ 3,7 milhões para a
Freight Farms Inc., de Boston. 
Os contêineres de transporte marítimo de carga reformaddos pela Freight Farms, equipados com luzes de LED, sensores e sistemas hidropônicos que produzem alface e ervas, estão surgindo em terrenos baldios e becos. Os contêineres lacrados podem produzir 500 cabeças inteiras de alface por semana, o ano todo, mesmo em
Minnesota ou no Canadá, onde algumas das 25 unidades vendidas até agora pela Freight Farms estão operando.
Cada unidade custa US$ 76 mil e não exige a aplicação de pesticidas, segundo o diretorpresidente Brad McNamara. 
Segurança Alimentar
Uma série de recalls a partir de 2000 de alimentos que envenenaram ou mataram centenas de pessoas nos EUA alarmou os agricultores do país e incentivou os legisladores federais a elaborar novas leis de segurança alimentar, um setor em que muitas empresas já vêm investindo bilhões de dólares todos os anos.
Uma delas é a Icix North America LLC, que desenvolve software para ajudar os varejistas de alimentos a monitorar a rota dos produtos até o mercado através de fornecedores e transportadores. Já a Invisible Sentinel Inc. está desenvolvendo sistemas especializados para testar rapidamente alimentos e bebidas para bactérias e vírus como salmonela e listeria. Os testes teriam indicadores semelhantes a um teste de gravidez. E a RapidBio Systems Inc. informa que pode eliminar horas do processo de testar horaliças e outros alimentos para vários patógenos tóxicos por meio de um dispositivo de mão que pode testar, em questão de minutos, os produtos à medida que eles são colhidos e processados.
Alimentos alternativos
Jovens consumidores estão cada vez mais buscando alimentos mais saudáveis e se preocupando com a maneira pela qual os animais são tratados, além do consumo de água, terra e outros recursos utilizados na produção de alimentos. Por isso, investidores estão apostando que alimentos produzidos de formas alternativas se tornarão
bastante procurados. 
Empresas como a Hampton Creek Inc., Impossible Foods e Beyond Meat, entre outras startups, estão produzindo alimentos como hambúrgueres e maionese usando ingredientes vegetais em vez de proteínas animais. Uma empresa, a Modern Meadow Inc., está até produzindo proteína animal em um laboratório a partir de células
animais, enquanto a Rosa Labs já comercializa uma bebida nutritiva chamada Soylent a partir de vitaminas, minerais e outros nutrientes que seria capaz de substituir a necessidade de se mastigar uma dieta sólida bem equilibrada. 
Elas afirmam que seus métodos de produção resolvem preocupações sobre o bem­estar de animais, tornam a produção de alimentos mais eficiente e são favoráveis ao meio­ambiente ao consumir menos água e outros recursos que a produção de animais requer. E elas garantem que seus alimentos são saborosos.
Essas startups já conseguiram investimentos de Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft Corp., do bilionário de Hong Kong Li Ka­shing e da Google Ventures. Em dezembro, a Hampton Creek, que usa ervilhas amarelas do Canadá e sorgo em vez de ovos em sua maionese e biscoitos, captou US$ 90 milhões em uma rodada liderada pela
Horizons Ventures, de Li, e pela Khosla Ventures, firma de capital de risco do Vale do Silício.
"Agora que as pessoas estão se tornando conscientes das consequências negativas de algumas de nossas práticas [de produção de alimentos], há um interesse renovado na busca de melhorias", diz Sarah Sclarsic, diretora de negócios da Modern Meadow. "Nós queremos repensar a produção de alimentos do ponto de vista da sustentabilidade e da saúde."
Robôs agrícolas
Grande parte da colheita na agricultura ainda é feita por homens. A Harvest Automation Inc., que tem os inventores do aspirador de pó automático Roomba entre seus fundadores, acredita que robôs podem ajudar a elevar a produção de frutas e verduras a um custo menor ao repassar parte do trabalho para máquinas autoguiadas pouco maiores que um cesto de lixo. 
A Harvest informa que já tem 30 clientes usando seu modelo de robô HV­100 para produzir flores em vasos no setor de plantas em estufa dos EUA, que movimenta US$ 14,5 bilhões. O diretor­presidente, John Kawola, diz que plantas em vasos administradas por frotas de robôs podem permitir cerca de 50% mais plantas por hectare. A empresa captou cerca de US$ 25 milhões em financiamentos de firmas de investimento desde 2010.
Novas tecnologias que prometem mudar a forma que os alimentos são cultivados, transportados e vendidos estão atraindo cada vez mais o interesse dos mesmos investidores que ajudaram a criar as potências do Vale do Silício.
O dinheiro envolvido em "startups" do setor de alimentos nos Estados Unidos ainda é pequeno comparado com as empresas de internet. Mas os investimentos de risco na agricultura e em alimentos subiram 54% no ano passado, para US$ 486 milhões, segundo a Dow Jones VentureSource.
As grandes empresas agrícolas também estão lançando suas próprias iniciativas de capital de risco e gestores de investimentos têm captado recursos para fundos dedicados à tecnologia agrícola e de alimentos. A empresa de private equity Paine & Partners, com sede em Nova York, por exemplo, levantou US$ 893 milhões em janeiro para investir no aumento da produtividade em áreas como produção de proteínas e segurança alimentar, segundo seu diretor­superintendente, Kevin Schwartz.
Os investimentos recebem impulso do barateamento da tecnologia de comunicações sem fio, de melhores ferramentas de coleta de dados e monitoramento de safras e de jovens empresários que buscam atender às novas demandas do mercado e alimentar uma crescente população global. Cada vez mais consumidores conscientes em relação à saúde também examinam de forma minuciosa os ingredientes de seus alimentos, pressionando
fabricantes a aumentar a transparência da cadeia de fornecimento.
"A agricultura é a última fronteira para uma série de tecnologias diferentes", diz Roger Royse, advogado do Vale do Silício que organiza uma conferência sobre tecnologia agrícola na Baia de San Francisco há dois anos. Aqui, as cinco áreas essenciais que estão atraindo interesse: 
Agricultura de precisão
Os produtores começam a se munir com o tipo de dados detalhados e atualizados a cada minuto sobre custos de produção, velocidade e produtividade que se tornou padrão em muitas fábricas americanas. Os produtores de milho e soja adotaram nos últimos anos técnicas de "agricultura de precisão" para tomar decisões com base em mais informações, e isso vem se espalhando por todo o setor. 
Thomas McPeek, por exemplo, adaptou uma tecnologia de escaneamento a laser usada em projetos arquitetônicos para medir de forma exata cada canto interno e externo do prédio. Posicionado em um pequeno caminhão, um aparelho móvel de escaneamento desenvolvido por sua empresa, a AGERPoint Inc., analisa como a luz reflete nas
árvores para determinar desde a altura e densidade de sua copa até quais laranjas ou galhos estão precisando de água ou sendo atacados por doenças ou pragas.
Ele gera um mapa que alguns produtores estão usando para aplicar melhor água, pesticidas e fertilizantes e tratar as árvores doentes. Sua empresa está prestes a receber um investimento de uma firma de capital de risco que irá triplicar a equipe para 12 funcionários, diz ele, sem informar quanto dinheiro está sendo investido.
Agricultura em interiores
A produção agrícola em interiores está crescendo, instalando muitas fileiras densas de vegetais em estantes com várias prateleiras umas sobre as outras em antigos armazéns e outros prédios dos EUA. Entre as novas empresas da chamada "agricultura protegida" estão a The Plant, FarmedHere LLC e Green Spirit Farms LLC. Elas alegam que reduzem despesas ao evitar a necessidade de transportar as hortaliças através do país, o que aumenta os custos e reduz a longevidade do alimento nas prateleiras.
"Estamos tentando estabelecer uma legião de produtores urbanos", diz Todd Dagres, sócio da Spark Capital. A empresa de capital de risco, que já investiu na plataforma de edição de blogs e rede social Tumblr e no varejista on­line de óculos Warby Parker, comandou, em dezembro, uma rodada de captação de US$ 3,7 milhões para a
Freight Farms Inc., de Boston. 
Os contêineres de transporte marítimo de carga reformaddos pela Freight Farms, equipados com luzes de LED, sensores e sistemas hidropônicos que produzem alface e ervas, estão surgindo em terrenos baldios e becos. Os contêineres lacrados podem produzir 500 cabeças inteiras de alface por semana, o ano todo, mesmo em
Minnesota ou no Canadá, onde algumas das 25 unidades vendidas até agora pela Freight Farms estão operando.
Cada unidade custa US$ 76 mil e não exige a aplicação de pesticidas, segundo o diretorpresidente Brad McNamara. 
Segurança Alimentar
Uma série de recalls a partir de 2000 de alimentos que envenenaram ou mataram centenas de pessoas nos EUA alarmou os agricultores do país e incentivou os legisladores federais a elaborar novas leis de segurança alimentar, um setor em que muitas empresas já vêm investindo bilhões de dólares todos os anos.
Uma delas é a Icix North America LLC, que desenvolve software para ajudar os varejistas de alimentos a monitorar a rota dos produtos até o mercado através de fornecedores e transportadores. Já a Invisible Sentinel Inc. está desenvolvendo sistemas especializados para testar rapidamente alimentos e bebidas para bactérias e vírus como salmonela e listeria. Os testes teriam indicadores semelhantes a um teste de gravidez. E a RapidBio Systems Inc. informa que pode eliminar horas do processo de testar horaliças e outros alimentos para vários patógenos tóxicos por meio de um dispositivo de mão que pode testar, em questão de minutos, os produtos à medida que eles são colhidos e processados.
Alimentos alternativos
Jovens consumidores estão cada vez mais buscando alimentos mais saudáveis e se preocupando com a maneira pela qual os animais são tratados, além do consumo de água, terra e outros recursos utilizados na produção de alimentos. Por isso, investidores estão apostando que alimentos produzidos de formas alternativas se tornarão
bastante procurados. 
Empresas como a Hampton Creek Inc., Impossible Foods e Beyond Meat, entre outras startups, estão produzindo alimentos como hambúrgueres e maionese usando ingredientes vegetais em vez de proteínas animais. Uma empresa, a Modern Meadow Inc., está até produzindo proteína animal em um laboratório a partir de células
animais, enquanto a Rosa Labs já comercializa uma bebida nutritiva chamada Soylent a partir de vitaminas, minerais e outros nutrientes que seria capaz de substituir a necessidade de se mastigar uma dieta sólida bem equilibrada. 
Elas afirmam que seus métodos de produção resolvem preocupações sobre o bem­estar de animais, tornam a produção de alimentos mais eficiente e são favoráveis ao meio­ambiente ao consumir menos água e outros recursos que a produção de animais requer. E elas garantem que seus alimentos são saborosos.
Essas startups já conseguiram investimentos de Bill Gates, um dos fundadores da Microsoft Corp., do bilionário de Hong Kong Li Ka­shing e da Google Ventures. Em dezembro, a Hampton Creek, que usa ervilhas amarelas do Canadá e sorgo em vez de ovos em sua maionese e biscoitos, captou US$ 90 milhões em uma rodada liderada pela
Horizons Ventures, de Li, e pela Khosla Ventures, firma de capital de risco do Vale do Silício.
"Agora que as pessoas estão se tornando conscientes das consequências negativas de algumas de nossas práticas [de produção de alimentos], há um interesse renovado na busca de melhorias", diz Sarah Sclarsic, diretora de negócios da Modern Meadow. "Nós queremos repensar a produção de alimentos do ponto de vista da sustentabilidade e da saúde."
Robôs agrícolas
Grande parte da colheita na agricultura ainda é feita por homens. A Harvest Automation Inc., que tem os inventores do aspirador de pó automático Roomba entre seus fundadores, acredita que robôs podem ajudar a elevar a produção de frutas e verduras a um custo menor ao repassar parte do trabalho para máquinas autoguiadas pouco maiores que um cesto de lixo. 
A Harvest informa que já tem 30 clientes usando seu modelo de robô HV­100 para produzir flores em vasos no setor de plantas em estufa dos EUA, que movimenta US$ 14,5 bilhões. O diretor­presidente, John Kawola, diz que plantas em vasos administradas por frotas de robôs podem permitir cerca de 50% mais plantas por hectare. A empresa captou cerca de US$ 25 milhões em financiamentos de firmas de investimento desde 2010.