Novas técnicas de plantio em 2020

18/05/2020 Cana-de-Açúcar POR: Edição 166 Abril 2020

Marcos G. A. Landell é pesquisador científico e coordenador do Programa Cana do IAC

Rubens L. do C. Braga Jr. é proprietário da RBJ Consult e consultor do IAC

Pelo quarto ano consecutivo, o Programa Cana do Instituto Agronômico (IAC), pertencente à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, realizou pesquisa sobre as novas práticas utilizadas nas áreas de renovação dos canaviais brasileiros. O objetivo desse trabalho é o de quantificar os produtores que estão adotando as técnicas mais modernas e obtendo ganhos de produtividade e redução de custos.

Neste ano, o levantamento atingiu 145 produtores em todo o Brasil, totalizando uma área superior a 715 mil hectares a serem plantados, distribuídos pelos seguintes estados: Bahia (1), Espírito Santo (2), Goiás (16), Mato Grosso (4), Mato Grosso do Sul (10), Minas Gerais (21), Paraíba (1), Paraná (16), São Paulo (73) e Tocantins (1).

Os resultados mostraram que o sistema de meiosi está em franca expansão entre os produtores. No ano de 2020, 82% dos produtores pesquisados disseram que utilizarão essa técnica em seus canaviais. Nas áreas de renovação, 28% das mesmas terão suas mudas oriundas desse sistema de produção, o que representa um acréscimo de 42% em relação ao ano anterior. Outro aspecto interessante mostra que 37% das áreas de meiosi utilizaram mudas de MPB, garantindo a maior sanidade e eficiência de multiplicação.

Na maioria dos episódios, essas áreas vão gerar plantios sem falhas e com boa brotação que por sua vez irão produzir canaviais mais vigorosos e sadios. Além disso, a meiosi permite o plantio de uma cultura intercalar de ciclo mais curto, agregando receita aos produtores na mesma área e servindo ainda, em muitos casos, como adubo verde, o que propicia ganhos de produtividade, principalmente nos próximos ciclos da cana.

Outro aspecto vantajoso da meiosi está nas taxas de multiplicação dos canaviais. Os produtores que utilizarão essa técnica (seja desdobra das linhas de meiosi feita manualmente ou mecanicamente) responderam que terão uma proporção de 1 para 8,8, enquanto que a taxa de multiplicação dos plantios mecanizados será, em média, de 1 para 4,3. Essa diferença permite uma significativa sobra de mudas que poderá ser encaminhada para a moagem, gerando mais receita para os produtores adeptos dessa prática.

A figura 1 mostra que a soma das culturas intercalares e adubo verde terá um aumento de 5.5 pontos percentuais em 2020, em relação ao ano passado, mostrando que os produtores estão cada vez mais utilizando essa técnica em suas áreas de renovação, visando à redução dos seus custos por tonelada de colmos produzidos através do aumento de produtividade em seus canaviais.

Figura 1- Cultura intercalar utilizada nas áreas de meiosi

É interessante observar que houve uma importante alteração no uso das culturas intercalares entre os anos de 2019 e 2020, com o aumento de 3,1 pontos percentuais para o cultivo da soja e uma redução de 4,4 pontos percentuais no cultivo do amendoim. Vale destacar também o significativo acréscimo de 6,3 pontos percentuais na utilização de adubo verde.

A pesquisa mostrou que mais da metade (52%) do plantio da cultura intercalar será realizada com estrutura própria das empresas e que a técnica mais utilizada nesse plantio é o cultivo mínimo (44% das áreas de plantio), seguido do preparo convencional (41%), conforme se observa na figura 2.

Figura 2 – Divisão das áreas de manejo de solo no caso do uso da cultura intercalar

Ainda analisando o sistema de meiosi, nota-se o uso intensivo de mão de obra no plantio, pois em 84% dessas áreas a desdobra será realizada manualmente. Essa proporção é 10% menor que a do ano passado, o que mostra que estão sendo criadas novas técnicas para mecanizar esse sistema.

Outra tecnologia similar e que também está gerando ganhos de produtividade é o uso da cantosi, que consiste na formação de pequenos viveiros em blocos estabelecidos em áreas marginais. Em 2020, 44% dos produtores pretendem se utilizar desse método, ocupando 7% das áreas de renovação. Vale destacar que a soma das áreas de plantio com o uso de meiosi e cantosi  representará  35% do total das áreas de renovação e que essa área é 17% superior a do ano passado.

Todos esses aspectos descritos mostram que as tecnologias modernas, com excelentes resultados, estão sendo ampliadas. Essa inovação no sistema de plantio deverá gerar ganhos na produtividade da cana-de-açúcar nos próximos anos, garantindo a sustentabilidade do setor sucroenergético brasileiro.