Novidades na pesquisa de amostragem de perdas na colheita mecanizada de grãos

Colunista POR: Profa. dra. Carla Segatto Strini Paixão Voltarelli - Coordenadora do curso de graduação de Engenharia Agronômica - Centro Universitário Facens

Para você, produtor de grãos, este artigo lhe atualizará sobre as últimas pesquisas referentes à amostragem de perdas durante a colheita mecanizada. A maioria conhece a metodologia clássica (copo medidor e armação retangular), que parou no tempo por muitos anos, sem mudanças significativas.

Porém, nos últimos cinco anos estamos estudando, pesquisando e testando maneiras e possibilidades desse processo se tornar mais prático, rápido e eficiente, sem a necessidade de parar o processo de colheita ou ainda carregar milhões de aros (metodologia circular) em sua caçamba.

Esta atualização irá compor uma série de dois artigos, no qual testamos posições de amostragem, e junto trazemos boas notícias. Sim, estamos no caminho certo. E informação boa deve ser compartilhada, então, vamos conhecer?

Só para ciência, por ser uma das principais etapas do processo de produção, a colheita torna-se uma operação muito importante, sendo necessária uma boa execução, visando reduzir as perdas nesse processo para que o produtor tenha o retorno do seu investimento. Em estimativas, o Brasil perde aproximadamente 1,5 milhão de toneladas de grãos com a colheita de soja.

Para aumentar a produtividade, devemos fazer um monitoramento dessa operação e acompanhar de perto sua execução, porém existe carência de praticidade na hora da avaliação do nível de perdas em determinada área e algumas empresas tentam suprir essa carência incluindo monitores de perdas nas colhedoras. No entanto, faltam estudos que comprovem sua eficiência e até mesmo experimentos que mostrem qual a melhor forma de regulagem para diferentes situações.

Nos últimos estudos, a metodologia dos aros circulares (Augsburger,1992) vem sendo constantemente empregada para amostragem de perdas na colheita mecanizada de soja, na qual são utilizados quatro aros de 0,56 m de diâmetro cada, totalizando uma área de 1,0 m2, porém esses aros devem ser posicionados após a passagem da plataforma e antes do triturador de palha da colhedora de grãos, sem pontos pré-determinados, não possuindo assim um padrão para amostragem.

Assim, percebemos que ficaria muito difícil passar essa informação adiante, que não existia uma regra para a posição desses aros e como eles deveriam ser lançados, e precisávamos estudar essa suposição. Dessa forma, objetivou-se neste trabalho avaliar qual a melhor posição das armações para quantificar as perdas na colheita mecanizada de soja, permitindo assim uma padronização para o processo de amostragem, utilizando o controle estatístico de processo (análise estatística, que expliquei em live durante a feira Agronegócios Copercana). Em palavras mais simples, queremos provar que se você, produtor, posicionar a armação em qualquer ponto dentro de um retângulo de amostragem, conseguirá estimar as suas perdas de forma eficiente, legal não é? Será que deu certo?

Como foi feito o experimento

Para determinação das perdas, utilizamos armações circulares, pois depois de três anos avaliando e comparando com a armação retangular, decidimos a superioridade desse modelo. Elas foram confeccionadas com aros de 0,25 m², vedados com tela de mosqueteiro, assemelhando-se a peneiras, sendo utilizados quatro aros de mesmo tamanho, que juntos totalizam uma área de 1,00 m².

Para avaliação do experimento consideramos o retângulo formado entre os quatro rodados cobrindo todo comprimento da plataforma, e posicionamos oito aros circulares nesse espaço, divididos em duas fileiras. Uma fileira de quatro aros posicionada próxima da plataforma de corte (A), perto do triturador de palha (B).

Quando fazemos essa amostragem, inclusive já falei dela em um artigo anterior, conseguimos amostrar de uma só vez perdas na plataforma (todos os grãos abaixo da armação) e perdas do mecanismo interno (debulha; grãos em cima da armação).

Resultados encontrados

Apresentarei as cartas de controle da parte estatística só para você acompanhar. Foque nas linhas de cima vermelha e compare A com B (olhando os valores na coluna vertical), e veja se os pontos estão sempre próximos da linha do meio, na cor verde (essa seria uma interpretação bem básica).

Cartas de controle para as perdas na plataforma nos locais A (perto da plataforma de corte) e B (perto do triturador de palha)

Cartas de controle para as perdas nos mecanismos internos nos locais A (perto da plataforma de corte) e B (perto do triturador de palha)

** Para as duas figuras anteriores, os valores da linha verde são semelhantes, o que evidencia a média de perdas e as linhas vermelhas também próximas

Cartas de controle para as perdas totais nos locais A (perto da plataforma de corte) e B (perto do triturador de palha)

** Observe a figura anterior, com praticamente o mesmo comportamento em todos os pontos. No círculo amarelo notamos que ocorreu uma elevação das perdas e nas duas fileiras foi evidenciado esse aumento

Considerações finais

Existe uma proximidade elevada dos valores de perdas para ambos os locais de coleta, fazendo com que não exista discrepâncias entre qual seja o melhor lugar para a determinação das amostragens.