Novos tempos do setor aeroagrícola brasileiro

26/09/2022 Noticias POR: FERNANDA CLARIANO

Congresso sediado no interior do Estado de São Paulo comemora os 75 anos da aviação agrícola brasileira e a retomada após as restrições da pandemia da Covid-19

O mercado brasileiro de aviação agrícola tem a segunda maior frota mundial do setor, atrás apenas da dos Estados Unidos. No ano passado cresceu 3,4%, chegando a 2.432 aeronaves atuando em 23 Estados, conforme levantamento nos registros da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil).

 

Na manhã de 19 de julho, dia em que o Sindag (Sindicato Nacional das Empresas de Aviação Agrícola) comemorou 31 anos de fundação, deu-se o início do Congresso da Aviação Agrícola do Brasil. O evento que teve como tema “Novos Tempos” também comemorou os 75 anos da aviação agrícola brasileira e retomou as atividades presenciais após as restrições da pandemia da Covid-19, reunindo no Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, interior de São Paulo, 170 expositores do setor tripulável agrícola e não tripulável para apresentar o que há de mais moderno em tecnologias para agregar à agricultura brasileira.



Na entrada interna do pavilhão, o público pode conferir as aeronaves expostas - PA-25 Pawnee biplace de instrução, fabricada em 1959 e PA-18 Super Cub


Na abertura, além do presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva, e do prefeito municipal de Sertãozinho, Wilson Fernandes Pires, esteve presente a chefe da Divisão da Aviação Agrícola, do Mapa (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento), Uéllen Lisoski Duarte Colatto, que reconheceu a importância da aviação agrícola para o avanço do agronegócio brasileiro e reforçou a disposição do Mapa para a melhoria das políticas públicas para o setor e melhoria regulatória. “Estamos numa ascendente de produção, é nosso dever valorizar cada vez mais o agronegócio brasileiro e o setor de aviação agrícola se faz muito importante nesse processo”. O diretor da ANAC, major-brigadeiro Luiz Ricardo de Souza Nascimento, na ocasião comentou que os “Novos tempos”, tema do Congresso, trouxeram para a agência a necessidade de estarem mais próximos do setor. “Queremos estar mais perto, ouvir mais o setor e tratar os temas com quem entende as dificuldades do dia a dia da aviação”. Nascimento também destacou a Lei do Voo Simples, que traz três pilares: menos burocracia, menos Estado e menos custos para o setor e adiantou a intenção de levar esses três pilares para dentro da RBAC 137, que é a maior regulamentação para a aviação agrícola e que está sendo reorganizada. “Precisamos fazer a aviação agrícola digna dos números que temos no nosso país. A função da ANAC não é ficar no embate com o setor, e sim ter condições de preparar as melhores normas e fazer mais pela aviação do nosso Brasil”.

Também presente na abertura, o diretor-executivo da Fearca (Federação das Associações da Aviação Agrícola da Argentina), Danilo Cravero, falou de alguns desafios do setor na Argentina que são semelhantes aos do Brasil e da união com o Sindag para debater assuntos de interesse comum e destacou que “O Brasil e a Argentina são os principais provedores mundiais de alimentos e o setor de aviação agrícola é fundamental para a economia desses dois países”.


Da esquerda para a direita, o comandante Henrique Hacklander (presidente do SNA); major-brigadeiro Luiz Ricardo de Souza Nascimento (diretor da ANAC); Thiago Magalhães Silva (presidente do Sindag); Wilson Fernandes Pires (prefeito de Sertãozinho); Danilo Cravero (diretor executivo da Fearca) e Uéllen Lisoski Duarte Colatto (chefe da Divisão da Aviação Agrícola do Mapa).


Já o presidente do SNA (Sindicato Nacional dos Aeronautas), comandante Henrique Hacklander, enfatizou a importância de relembrar o passado do setor de aviação agrícola e poder ver a grande evolução nesses 75 anos de história. “Temos um país e uma aviação muito grande, somos o segundo maior mercado de aviação agrícola do planeta. Isso obviamente traz à ANAC uma responsabilidade para trazer uma regulação para melhorar as condições e servir de exemplo para o mundo. O SNA sempre serviu de parceiro no sentido de tentar chegar nessas condições através do Sindag, da ANAC e demais entidades, e vai continuar fazendo seu trabalho, tentando apontar possíveis melhorias que possam ser adotadas para que esse setor seja cada vez mais seguro”.

Para o presidente do Sindag, o Congresso retoma de forma presencial em um momento importante para o setor. “Estamos celebrando neste congresso o pioneirismo e brindando os novos tempos. Este ano crescemos de forma pujante – são 170 marcas representadas - um crescimento de 70% com relação ao Congresso de 2019. São quase 2.700m2 de estandes montados de área construída e um espaço dedicado para empresas que representam a aviação não tripulada - os drones”, comentou Silva, destacando ainda que essa edição do evento recebeu antecipadamente mais de 2 mil inscritos, uma marca que ultrapassa os congressos anteriores e mais de 40 expositores estreantes. “Esses números não surgiram do nada. Temos uma equipe muito empenhada no Sindag e agradeço a todos”.


O diretor comercial Varejo da Copercana Marcio Meloni e o gerente Comercial da Copercana Ricardo Meloni, prestigiaram a abertura do Congresso e aproveitaram para cumprimentar o presidente do Sindag, Thiago Magalhães Silva


Tecnologia e conectividade invadem a agricultura


No Centro de Negócios de Drones, empresas apresentaram os seus modernos equipamentos e até fizeram demonstrações


O Congresso teve início no dia 19 e se estendeu até o dia 21 de julho. Além de trazer discussões por meio de painéis que abordaram demandas e tendências de mercado para o setor, também apresentou tecnologias de aplicação por meio dos drones. Esses modernos equipamentos estão sendo cada vez mais incorporados na agricultura e entram em áreas onde os aviões agrícolas não conseguem. No evento eles tiveram um espaço especial no “Centro de Negócios de Drones”, que reuniu 14 estandes com
muitas novidades.

Parceria visando melhorias no campo e no bolso

Os drones estão cada vez mais presentes no dia a dia dos produtores rurais. Trata-se de uma tecnologia consolidada e preparada que agregar valor no manejo de sua lavoura. A Copercana, em parceria com a ARYS, Empresa Brasileira de Tecnologia Aeroespacial está trazendo para os cooperados uma nova tecnologia, um drone híbrido – um drone movido a combustível que gera energia e com isso proporciona uma economia nas pulverizações agrícolas. A empresa, que já apresentou a tecnologia durante o 18º Agronegócios Copercana, levou a inovação para o público do Congresso da Aviação Agrícola. O agrônomo da Unidade de Grãos da Copercana, Gustavo Nogueira, visitou o espaço da empresa e falou sobre essa inovação e parceria. “A Copercana firmou uma parceria com a ARYS, que é a única empresa neste Congresso que está trazendo essa tecnologia híbrida e esse diferencial foi o que motivou a cooperativa. Isso para o produtor vem ao encontro pelo custo de pulverização que chega a ser quatro vezes mais barato do que um drone convencional movido à bateria”, disse Nogueira.

O diretor comercial da Arys, Marco Rao, na oportunidade falou sobre o diferencial desse drone híbrido de fabricação nacional. “É superimportante poder mostrar nesse congresso o diferencial da tecnologia do drone híbrido a combustão que proporciona maior economia por hectare, beneficiando o produtor rural. O diferencial desse nosso equipamento é o custo operacional baixíssimo, manutenção e a assistência técnica local. A nossa parceria com a Copercana visa oferecer aos cooperados essa tecnologia que vem ao encontro com o objetivo da Copercana para com seus cooperados.

Além das peças, vamos oferecer treinamentos para os cooperados que terá todo o suporte com garantia de atendimento e reposição de peças com maior agilidade”, comentou Rao. O Congresso da Aviação Agrícola do Brasil recebeu fabricantes, produtores rurais, pilotos, representantes de várias empresas ligadas ao agronegócio e apaixonados pela aviação e terminou com o recorde de mais de 4,2 mil participações. A próxima edição já está marcada e acontecerá de 18 a 20 de julho de 2023 e novamente o Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho-SP, será palco para o evento.


Da esquerda para a direita, Antônio Mendes (ARYS), Gustavo Nogueira (Copercana), Marco Rao (ARYS) e Leonardo da Rocha Fernandes (Copercana)