A Nufarm, multinacional australiana de defensivos agrícolas, captou R$ 143 milhões por meio da emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA). Os recursos serão usados para financiar as vendas de produtos da Nufarm a seus clientes no país, mas também insumos de outros fornecedores. A remuneração oferecida aos investidores foi de 100% da taxa interbancária (CDI).
Conforme Luciano Daher, diretor¬presidente da Nufarm no Brasil, o CRA precisa de escala para se viabilizar, e a empresa serviu como um catalisador. O crédito rural é mais barato (em 8,75% ao ano, ante cerca de 14% do CDI), mas está mais restrito, lembra. "Hoje, o problema é a capacidade de financiamento do produtor em função da crise econômica, da queda dos preços das commodities e da baixa liquidez. Os bancos se retraíram, e vimos nisso uma forma de ajudar nossos clientes", afirma.
Os CRAs da Nufarm vencem em 30 de maio de 2020, e ao todo, 277 investidores adquiriram os títulos, que oferecem isenção de IR a pessoas físicas. "É uma operação de ganha¬. Para a Nufarm, o CRA ajuda a ampliar as vendas à vista. Com isso diminui a pressão sobre capital de giro e aumenta nossa capacidade de continuar financiando o crescimento da empresa no país", afirma Daher.
Inicialmente, a Nufarm prospectou clientes que participariam da operação. Depois, fez a estruturação junto à securitizadora Octante, à seguradora de crédito AIG e ao Santander, que atuou como o banco coordenador. Nesse processo, definiu¬ se uma lista de clientes e os limites de crédito de cada um.
Com a proposta da emissão formatada, o prospecto foi levado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Simultaneamente, houve a emissão de CPRs financeiras (Cédula de Produto Rural) pelos agricultores e CDCAs (Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) pelos distribuidores de insumos clientes da Nufarm ¬ dois títulos que servem de lastro à operação. Depois de apresentados os detalhes ao mercado e recebidas as demandas dos investidores (bookbuilding), houve a emissão do CRA, com a liquidação financeira realizada em 20 de julho.
"Como a Moody's atribuiu nota AAA aos títulos e houve grande demanda do mercado, conseguimos pagar apenas o piso de CDI. Foi o primeiro papel, até hoje emitido, que saiu pagando apenas o CDI", afirma David Telio, diretor de gestão de risco da Nufarm. Segundo ele, foi necessário rateio porque houve mais demanda do que papel ofertado.
Cerca de 50% dos R$ 143 milhões captados foi para a Nufarm, na forma de compra de insumos à vista, e a metade restante para outros fornecedores dos agricultores e das revendas envolvidos na operação, para pagar fertilizantes ou sementes. A Nufarm registrou vendas globais de 2,74 bilhões de dólares australianos (US$ 2,07 bilhões) no ano fiscal encerrado em 31 de julho de 2015. A empresa não detalha números no Brasil.
Por Mariana Caetano
A Nufarm, multinacional australiana de defensivos agrícolas, captou R$ 143 milhões por meio da emissão de certificados de recebíveis do agronegócio (CRA). Os recursos serão usados para financiar as vendas de produtos da Nufarm a seus clientes no país, mas também insumos de outros fornecedores. A remuneração oferecida aos investidores foi de 100% da taxa interbancária (CDI).
Conforme Luciano Daher, diretor¬presidente da Nufarm no Brasil, o CRA precisa de escala para se viabilizar, e a empresa serviu como um catalisador. O crédito rural é mais barato (em 8,75% ao ano, ante cerca de 14% do CDI), mas está mais restrito, lembra. "Hoje, o problema é a capacidade de financiamento do produtor em função da crise econômica, da queda dos preços das commodities e da baixa liquidez. Os bancos se retraíram, e vimos nisso uma forma de ajudar nossos clientes", afirma.
Os CRAs da Nufarm vencem em 30 de maio de 2020, e ao todo, 277 investidores adquiriram os títulos, que oferecem isenção de IR a pessoas físicas. "É uma operação de ganha¬. Para a Nufarm, o CRA ajuda a ampliar as vendas à vista. Com isso diminui a pressão sobre capital de giro e aumenta nossa capacidade de continuar financiando o crescimento da empresa no país", afirma Daher.
Inicialmente, a Nufarm prospectou clientes que participariam da operação. Depois, fez a estruturação junto à securitizadora Octante, à seguradora de crédito AIG e ao Santander, que atuou como o banco coordenador. Nesse processo, definiu¬ se uma lista de clientes e os limites de crédito de cada um.
Com a proposta da emissão formatada, o prospecto foi levado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Simultaneamente, houve a emissão de CPRs financeiras (Cédula de Produto Rural) pelos agricultores e CDCAs (Certificado de Direitos Creditórios do Agronegócio) pelos distribuidores de insumos clientes da Nufarm ¬ dois títulos que servem de lastro à operação. Depois de apresentados os detalhes ao mercado e recebidas as demandas dos investidores (bookbuilding), houve a emissão do CRA, com a liquidação financeira realizada em 20 de julho.
"Como a Moody's atribuiu nota AAA aos títulos e houve grande demanda do mercado, conseguimos pagar apenas o piso de CDI. Foi o primeiro papel, até hoje emitido, que saiu pagando apenas o CDI", afirma David Telio, diretor de gestão de risco da Nufarm. Segundo ele, foi necessário rateio porque houve mais demanda do que papel ofertado.
Cerca de 50% dos R$ 143 milhões captados foi para a Nufarm, na forma de compra de insumos à vista, e a metade restante para outros fornecedores dos agricultores e das revendas envolvidos na operação, para pagar fertilizantes ou sementes. A Nufarm registrou vendas globais de 2,74 bilhões de dólares australianos (US$ 2,07 bilhões) no ano fiscal encerrado em 31 de julho de 2015. A empresa não detalha números no Brasil.
Por Mariana Caetano