Número de multas por queima da palha da cana cresce 169% na região de Ribeirão

23/08/2014 Cana-de-Açúcar POR: Folha de São Paulo
Agravante da qualidade do ar no período de seca, a queima irregular da palha da cana na região de Ribeirão Preto (a 313 km de São Paulo) rendeu um aumento de 169% no número de multas em comparação com ano passado.
Segundo a Cetesb (companhia ambiental de São Paulo), de janeiro a 31 de julho foram 35 multas, num valor total de R$ 4,4 milhões.
No mesmo período de 2013, foram aplicadas 13 multas.
"Um terço de todas as penalidades aplicadas em todo o Estado estão na nossa região", disse Marco Artuzo, gerente regional da Cetesb.
As advertências também aumentaram neste mesmo período: passaram de nove para 14 casos –alta de 55%.
Em toda a safra passada, foram aplicadas apenas duas multas na região, segundo informou a Cetesb.
A maior parte das multas é referente ao descumprimento de resolução da Secretaria do Meio Ambiente, que proíbe queimadas nas lavouras entre 6h e 20h, até novembro.
A resolução também prevê que, quando a umidade relativa do ar for inferior a 20%, a queima está suspensa em qualquer período do dia.
Segundo Artuzo, as penalidades foram aplicadas a usinas e produtores locais.
"A estiagem prolongada e o ritmo da safra, mais intenso, acarretou nestas queimadas irregulares", disse.
Em decorrência da fiscalização feita pela Cetesb, Artuzo afirmou que a situação tende a melhorar até novembro.
Além dos danos ambientais, a queimada irregular da palha da cana-de-açúcar afeta a saúde da população.
Paulo Finotti, vice-presidente do CBH-Pardo (Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Pardo), disse que a fuligem tem substâncias cancerígenas que, a longo prazo, podem causar reações adversas.
"Crianças e idosos são mais suscetíveis a doenças respiratórias", afirmou.
Segundo ele, a situação da região está crítica, e os donos das propriedades rurais deveriam criar mecanismos para fiscalizar as lavouras e impedir incêndios criminosos.
Em Ribeirão, a prefeitura sancionou uma lei que proíbe queimadas da palha de cana no mês passado. Nenhuma multa foi aplicada.
Produtores rurais receberão comunicados, segundo a prefeitura. As multas variam entre R$ 63 mil e R$ 650,8 mil.