O ano de 2016 começou diferente para o setor sucroenergético brasileiro. Depois de amargos inícios de safras, pela primeira vez em anos, vislumbra-se uma luz no fim do túnel, mesmo considerando a atual conjuntura política e econômica vivida pelo País.
O setor, que por anos foi o principal partícipe na matriz energética nacional, amargou longo e tenebroso calvário, vendo suas dívidas subirem exponencialmente e tendo de conviver com o fechamento de dezenas de usinas, o que acarretou, evidentemente, em milhares de postos de trabalho fechados.
Com dívida beirando os 100 bilhões de dólares, agravada justamente pela alta da moeda norte-americana, em detrimento da desvalorização do Real, o setor sucroenergético precisou se reinventar e agora, com muito esforço, começa a vislumbrar um ano de bons presságios.
Vamos aos fatos.
A ideia, hoje tão presente no inconsciente da população, de que temos uma das gasolinas mais caras do mundo não parece tão verdade assim. Afinal, conforme apuração da Consultoria Datagro, o preço da gasolina, apesar da desvalorização cambial, base refinaria, está 25,7% acima do valor praticado no mercado externo.
Todavia, ainda segundo a Datagro, se considerarmos os custos para a internação do combustível fóssil, o preço da gasolina no mercado doméstico estaria hoje apenas 0,3% abaixo do preço da gasolina que seria importada.
Levando em consideração esses dados, percebemos nitidamente que os preços internos da gasolina hoje refletem bem a política de estabilidade de preços praticada pela Petrobrás, o que faz com que não tenhamos tanta oscilação nos preços.
Parto do pressuposto, então, que temos preços relativamente alinhados aos preços internacionais, o que não traz margem para possíveis desvalorizações no mercado interno.
Nos atuais patamares, e levando-se ainda em consideração que o etanol tem como balizador a gasolina, podemos prever que os preços praticados com o biocombustível neste ano serão mais remuneradores que os praticados até então, servindo como grande estímulo para que, tirado o custo de produção e da dívida das usinas, possa haver uma melhor remuneração no principal produto da cadeia bioenergética.
Por sua vez, esses melhores preços do etanol também devem pressionar as cotações do açúcar, que tem o Brasil como maior produtor mundial. Some a isso o fato de que após cinco anos de superávit, enfim, há um déficit mundial na produção da commodity, o que também deve pressionar as cotações.
Como se não bastassem os argumentos anteriores, ainda temos um Dólar alto, sem perspectivas de baixa em decorrência dos fundamentos macroeconômicos para 2016, e assim, animam-se os analistas com expectativas de boas remunerações para a commodity nesta safra.
Acredito que vivamos hoje o alvorecer de uma nova esperança para o setor sucroenergético nacional, que tem, também, alguns desafios pela frente: equilibrar seus custos e voltar a investir onde realmente se faz o açúcar e o etanol: no campo.
Defendo e volto a frisar que investimentos, tanto na indústria como na lavoura, não devam ser considerados como custos, como muitos insistem em afirmar.
Precisamos cortar custos, mas não investimentos. É chegada a hora de plantarmos mais cana pois as perspectivas apontam para um aumento de demanda, conforme argumentamos acima e ainda esperamos um 2017 mais seco, talvez com a influência de um La Ninã. Então, a hora de investirmos é agora.
Aprender com o passado é importante em qualquer segmento. Em cana-de-açúcar tentamos aprender há quase cinco séculos. Mas uma certeza nos é fortemente reforçada: se focarmos todas as nossas energias na crise, com certeza, ela se agravará e perderemos a oportunidade de construir um novo caminho.
Parafraseando o poeta da floresta, Thiago de Mello, “não tenho um caminho novo, o que eu tenho de novo é um jeito de caminhar”. Caminhemos com otimismo, então...
Antonio Cesar Salibe é presidente executivo da UDOP
O ano de 2016 começou diferente para o setor sucroenergético brasileiro. Depois de amargos inícios de safras, pela primeira vez em anos, vislumbra-se uma luz no fim do túnel, mesmo considerando a atual conjuntura política e econômica vivida pelo País.
O setor, que por anos foi o principal partícipe na matriz energética nacional, amargou longo e tenebroso calvário, vendo suas dívidas subirem exponencialmente e tendo de conviver com o fechamento de dezenas de usinas, o que acarretou, evidentemente, em milhares de postos de trabalho fechados.
Com dívida beirando os 100 bilhões de dólares, agravada justamente pela alta da moeda norte-americana, em detrimento da desvalorização do Real, o setor sucroenergético precisou se reinventar e agora, com muito esforço, começa a vislumbrar um ano de bons presságios.
Vamos aos fatos.
A ideia, hoje tão presente no inconsciente da população, de que temos uma das gasolinas mais caras do mundo não parece tão verdade assim. Afinal, conforme apuração da Consultoria Datagro, o preço da gasolina, apesar da desvalorização cambial, base refinaria, está 25,7% acima do valor praticado no mercado externo.
Todavia, ainda segundo a Datagro, se considerarmos os custos para a internação do combustível fóssil, o preço da gasolina no mercado doméstico estaria hoje apenas 0,3% abaixo do preço da gasolina que seria importada.
Levando em consideração esses dados, percebemos nitidamente que os preços internos da gasolina hoje refletem bem a política de estabilidade de preços praticada pela Petrobrás, o que faz com que não tenhamos tanta oscilação nos preços.
Parto do pressuposto, então, que temos preços relativamente alinhados aos preços internacionais, o que não traz margem para possíveis desvalorizações no mercado interno.
Nos atuais patamares, e levando-se ainda em consideração que o etanol tem como balizador a gasolina, podemos prever que os preços praticados com o biocombustível neste ano serão mais remuneradores que os praticados até então, servindo como grande estímulo para que, tirado o custo de produção e da dívida das usinas, possa haver uma melhor remuneração no principal produto da cadeia bioenergética.
Por sua vez, esses melhores preços do etanol também devem pressionar as cotações do açúcar, que tem o Brasil como maior produtor mundial. Some a isso o fato de que após cinco anos de superávit, enfim, há um déficit mundial na produção da commodity, o que também deve pressionar as cotações.
Como se não bastassem os argumentos anteriores, ainda temos um Dólar alto, sem perspectivas de baixa em decorrência dos fundamentos macroeconômicos para 2016, e assim, animam-se os analistas com expectativas de boas remunerações para a commodity nesta safra.
Acredito que vivamos hoje o alvorecer de uma nova esperança para o setor sucroenergético nacional, que tem, também, alguns desafios pela frente: equilibrar seus custos e voltar a investir onde realmente se faz o açúcar e o etanol: no campo.
Defendo e volto a frisar que investimentos, tanto na indústria como na lavoura, não devam ser considerados como custos, como muitos insistem em afirmar.
Precisamos cortar custos, mas não investimentos. É chegada a hora de plantarmos mais cana pois as perspectivas apontam para um aumento de demanda, conforme argumentamos acima e ainda esperamos um 2017 mais seco, talvez com a influência de um La Ninã. Então, a hora de investirmos é agora.
Aprender com o passado é importante em qualquer segmento. Em cana-de-açúcar tentamos aprender há quase cinco séculos. Mas uma certeza nos é fortemente reforçada: se focarmos todas as nossas energias na crise, com certeza, ela se agravará e perderemos a oportunidade de construir um novo caminho.
Parafraseando o poeta da floresta, Thiago de Mello, “não tenho um caminho novo, o que eu tenho de novo é um jeito de caminhar”. Caminhemos com otimismo, então...
Antonio Cesar Salibe é presidente executivo da UDOP