Dá gosto de ver a estratégia de alguns atores desse segmento no enfrentamento da crise
Antes mesmo de sessar a pandemia, não é ousadia cravar a percepção muito positiva a respeito do setor sucroenergético, devido a postura de diversos atores, ele demonstra ter atingido o seu nível máximo no quesito “estratégia”.
A cada vez maior capacidade de definir, conforme os ânimos de mercado, o mix de produção e também a utilização de diversos mercados onde é possível travar preços, fizeram com que a crise encontrasse uma cana muito mais protegida.
Prova disso foram os resultados do primeiro trimestre deste ano, último da safra, da Raízen Energia, divulgados nesta semana.
O grupo alocou a venda tanto de açúcar como etanol no período, chegando a um lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado de R$ 1,5 bilhão no primeiro quarto do ano, o melhor valor para um trimestre da história e mais de 10% melhor que a previsão de uma das mais respeitadas corretoras de valores do país.
Diante esse fato é possível reforçar a visão para duas tendências: (I) as solicitações de pedido de auxílio ao setor feitas ao governo federal perderam força em decorrência dos grupos estruturados simplesmente conseguirão brigar com o coronavírus com as próprias armas, realidade totalmente diferente para as unidades que lutam para se manter de pé e já bastante baleadas; (II) o valor do Consecana-SP para o mês de maio (R$ 0,69) apresenta que não foi um último suspiro antes de uma desastrosa queda brusca, é natural que ele caia, mas as chances dos números serem iguais ou melhores, em relação a junho e julho de 2019, são grandes.
Observando o movimento dos fornecedores de cana se nota também que eles mostraram bastante visão de mercado principalmente em conseguir consolidar uma importante segunda renda com a rotação de cultura (tendo a soja como protagonista), e, especialmente no ano atual, anteciparem a compra de insumos quando perceberam que o dólar estava a poucos passos de tomar o elevador.
Independência, solidez, maturidade e estratégias não querem dizer que a prosperidade pairou nos canaviais, ainda há muitos riscos que podem contaminar as mais organizadas das agroindústrias, contudo não será qualquer vento torto que trará a pneumonia de outros anos depressivos.
