Ricardo Mussa durante live realizada pelo Valor
Novo CEO da empresa vê ótimas oportunidades para o etanol no cenário pós-coronavírus
O recém mandatário da Raízen, maior processadora de cana de açúcar do país, Ricardo Mussa, demonstrou muito otimismo no cenário de médio e longo prazo do setor em live concedida na manhã dessa segunda-feira (11) ao diário “Valor”.
Na opinião do executivo, um ponto positivo que a quarentena trouxe é que as populações de grandes centros urbanos, que consomem combustível fóssil, espalhados pelo mundo, passaram a enxergar e perceber como é mais prazeroso viver sem a presença do poluente que sai do escapamento dos carros.
Ele citou como por exemplo o caso da Índia, cujo diesel é o combustível principal, onde cidades há mais de trinta anos não conseguiam enxergar a cordilheira do Himalaia, e em apenas um mês de quarentena, a magnífica imagem desenhou novamente o céu dessas comunidades.
Outro fator importante para o futuro do biocombustível apontado por Mussa é o RenovaBio, programa que segundo ele, se estivesse um pouco mais maduro conseguiria ser a ferramenta necessária para o setor passar por um cenário como o atual sem precisar solicitar o auxílio do governo, em especial o aumento da Cide sobre a gasolina.
E nesse contexto ele concluí que não espera resultados financeiros significativos com o programa em 2020, até dezembro será para que ele se estabeleça e também comece a ter um fluxo inicial de funcionamento e assim passar a ser relativamente importante, sob o ponto de vista monetário, a partir de 2021. No final ele destacou a importância dos atores do setor em proteger o andamento do programa para a crise não o afetar a ponto de exterminá-lo.
O mercado de açúcar também deverá ter pelo menos uma vida média muito positiva para o setor produtivo nacional, isso porque a alta valorização do dólar está compensando no comparativo com a queda do valor da commodity no mercado internacional.
Além disso, ele enxerga que o ciclo de alta que estava começando antes de chegar a pandemia foi apenas postergado, isso porque os principais concorrentes no mundo não deverão ter produções com altas representativas, fazendo com que embora o Brasil produza muito em 20/21, os estoques se mantenham baixos ainda por um bom período.
Contudo, para chegar a essa estabilidade, na visão do CEO, a caminhada no curto prazo não será nada fácil, isso porque como há um bom número de empresas com problemas de caixa, crédito e infraestrutura de estocagem, muitas empresas não vão conseguir resistir e vão sair do mercado.
E seu recado final foi exatamente sobre essa realidade, como o grupo que lidera ficou conhecido como um grande comprador de unidades que se tornaram vulneráveis na crise passada (que mal chegou a terminar), um dos jornalistas participantes quis saber se postura será a mesma.
Na sua resposta, o entrevistado informou que o foco principal da companhia é diminuir a ociosidade de seu parque industrial, porém como um grupo capitalizado, eles não descartam a possibilidade de alguma aquisição caso apareça uma possiblidade interessante.