O assunto do dia 15 de junho de 2020: O novo normal será com menos petróleo?

15/06/2020 Etanol POR: Marino Guerra

Movimentações de mercados indicam que sim.

A principal notícia deste início de segunda quinzena de junho vem do setor fóssil, com o anúncio da petroleira britânica BP de uma baixa contábil (reconhecimento de desvalorização de ativos) entre US$ 13 e R$ 17,5 bilhões até o final do mês corrente.

Como consequência real da decisão, a companhia poderá deixar de extrair petróleo e gás de alguns ativos, não somente em decorrência dos baixos preços e problemas de liquidez ocasionados com o surgimento do Covid-19, mas por enxergar que essa realidade se perdurará em tempos pós-pandemia.

Para a empresa um dos legados do momento vivido em todo planeta será a aceleração no processo de implementação de políticas de baixo carbono, onde os governos direcionarão recursos para pacotes e planos que estimulem iniciativas de combate a mudanças climáticas.

Os pontos se ligam se voltarmos para o final do ano passado, quando os ingleses em conjunto com os norte-americanos da Bunge anunciaram a união de suas unidades produtoras de açúcar, etanol e energia numa joint venture que detém três agroindústrias em São Paulo (Moema, Ouroeste e Guariroba), uma no Mato Grosso do Sul (Monteverde), quatro em Minas Gerais (Frutal, Santa Juliana, Ituiutaba e Itapagipe), duas em Goiás (Tropical e Itumbiara) e uma em Tocantins (Pedro Afonso).

A operação, onde cada grupo é dono de metade do bolo, tem capacidade de moagem de 32 milhões de toneladas que podem exportar para a rede elétrica 1,2 mil GWh de energia elétrica, 1,1 milhão de toneladas de açúcar e 1,5 bilhões de litros de etanol.

Contudo há um terceiro fator que força a BP a se direcionar por um caminho mais verde, sua alta alavancagem, que ultrapassou os 40% no primeiro trimestre, ganho de 5% frente a soma dos três meses anteriores e pelo menos 10 pontos percentuais a mais que a meta.

Assim, para diminuir essa conta, ela tem dois caminhos, ou espera por dias melhores no mercado do petróleo, o que na visão deles não deve acontecer, até porque a previsão da própria BP para o Brent no longo prazo caiu de US$ 70 o barril para US$ 55.

A segunda estrada leva para a venda de ativos, o que numa petroleira significa campos de extração.

Hoje pensar num barril a US$ 90 é uma loucura, como também causava risos há um ano falar que o preço chegaria ao fundo do poço como foi vivenciado em abril. Portanto nesse metiê qualquer exercício de futuro é mera especulação, para nós, quanto mais verde ele se desenhar, melhor.