Nova Lei do Agro e Plano Safra 2020 devem ser os instrumentos para girar o ano
As vezes números muito positivos, como da última safra de soja, traz uma falsa impressão de que corre tudo bem com o agro nacional, que o coronavírus é coisa da cidade grande e para o campo ele passará despercebido.
Ledo engano, muitos produtores agropecuários do Brasil, assim como os empresários urbanos, vão ser fortemente impactados pelas consequências econômicas que a pandemia trouxe. Pessoal das flores, do leite, da cana e do algodão já estão cientes que não importa quanto consigam tirar de suas lavouras, o ano vai ser bem difícil.
Mesmo para aqueles que estão inseridos em culturas menos afetadas em termos de preço e demanda, acabarão sendo afetados ou na hora do escoamento da safra atual, ou na compra de insumos com dólar nas estrelas, ou até mesmo em possíveis problemas logísticos para a chegada do adubo, caso o problema se prolongue demasiadamente.
Perante a situação, começam a surgir ferramentas de financiamento que com certeza serão muito bem-vindas para girar o ano.
A mais tradicional delas é o Plano Safra, que entra em vigor dia primeiro de julho e há expectativas para uma sensível queda na taxa de juros, isso considerando dois fortes argumentos: a forte redução da taxa Selic, que hoje está em 3,75% e também uma forte pressão vinda da agricultura familiar.
Na negociação, o ministério da Agricultura deseja uma taxa média de 3% ao ano, valor que o pessoal do Paulo Guedes acha complicado chegar, sob o argumento de que juros muito baixos farão com que um número menor de agricultores consiga acessar o recurso, pois segundo eles (em reportagem publicada pelo Valor), cada operação acaba ficando mais cara.
Esse encarecimento vem, pois com juros menores a CAT (custo administrativo e tributário) das instituições financeiras precisarão ser cobertas através o aumento de taxas.
Outra novidade deverão ser linhas de financiamento específicas para demandas surgidas na realidade pós-coronavírus, como armazenagens (vamos ver se surge algo para o etanol) e irrigação, no sentido de equalização de operações de hedge para os produtos cotados em bolsa e também nas lavouras mais afetadas pela mudança repentina do cenário.
A segunda ferramenta se trata da recém sancionada MP do Agro, que vai desburocratizar a obtenção de crédito através de diversos mecanismos que modernizam o oferecimento de garantias resultando, naquilo que é mais importante, queda o spread dos montantes que vão parar na conta dos agricultores.
Saber quando e qual a profundidade dessa crise é uma tarefa praticamente impossível no momento, assim a maior das recomendações é para o produtor acompanhar o seu fluxo de caixa com todo cuidado do mundo e planejar de maneira muito cuidadosa onde conseguir alocar seus recursos.