Capacidade de escoamento pode ser um entrave para o açúcar
“Navegar é preciso; viver não é preciso ... / Viver não é necessário; o que é necessário é criar / Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. / Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpo e a (minha alma) a lenha desse fogo”. Fernando Pessoa
Hoje foi informado que a trading chinesa COFCO vai focar a utilização de seu terminal no porto de Santos para o escoamento de açúcar, dando prioridade ao produto ao invés dos grãos, principalmente o milho, ao longo de todo segundo semestre de 2020.
O grupo asiático, que administra quatro usinas (Catanduva, Meridiano, Potirendaba e Sebastianópolis do Sul; todas no estado de São Paulo), disse que a medida foi tomada pelo ganho de produção do adoçante na atual safra.
E este doce mix de produção já é algo consolidado, em primeiro lugar pelos dois tiros levados no peito do etanol. E também nos valores remuneradores fixados no início do ano no mercado internacional e que até hoje ainda tem preços interessantes, como mostra o relatório publicado ontem (27) por uma importante instituição financeira.
Nele mostra por exemplo que a variação de preço do VHP em Nova York foi negativa em 25% considerando como ponto de partida o dia 26 de fevereiro. Contudo, no mesmo período houve uma variação positiva cambial de 21%, fechando a conta numa depreciação de 4%.
Para se ter ideia, o preço do etanol hidratado na usina caiu nada menos que 33% ao longo desses três meses, um belo sinal para onde a nau do mercado vai navegar.
Aí vem um alerta que já vem sendo circulado de forma ainda leve, como uma brisa de um dia de calmaria, mas que ganha força com a notícia vinda da COFCO hoje, e pode virar mais uma tormenta para o setor.
A questão é: Santos vai ter capacidade para escoar tudo que for vendido até o final do ano?
Nunca uma velha frase do mundo dos mares, “Navegar é preciso”, fez tanto sentido para o nosso imenso mar de cana, pois se o porto travar, a sobrevivência de muitos estará em risco.
