O Brasil de todas as energias

08/07/2013 Geral POR: Udop
"Emília sonhou com uma baleia que esguichava petróleo. Cada um contou o sonho geológico que teve. No de Emília, apareceu uma `baleia petrolífera´, com várias torneiras pelo corpo imenso; uma que dava gasolina; outra, óleo combustível; outra, querosene; outra, óleo lubrificante... e o Brasil tem petróleo para abastecer o mundo inteiro durante séculos." É o Visconde de Sabugosa contando para as crianças do "Sítio do Pica-Pau Amarelo" a história do petróleo, na sábia visão de Monteiro Lobato, em sua obra "O Poço do Visconde", de 1937.
A ditadura Vargas e companhias estrangeiras sabiam que o escritor se referia ao que hoje se chama Pré-sal, mas contrariava os interesses dessas forças ter o País concorrendo. Lobato foi preso por falar a verdade. Só 70 anos depois do "Poço", o Brasil anunciou a `descoberta´ e a extração de petróleo, a 180 km da costa e a 7 mil metros de profundidade. A `baleia´ sonhada pela boneca Emília, do tamanho de 80 bilhões de barris, prenuncia o País autossuficiente e um dos maiores exportadores. Claro, mesmo que nos `deixassem´ ter petróleo, a tecnologia da época não permitiria extrair com a mesma eficiência de hoje, mas pelo menos a autossuficiência anunciada pelo ex-presidente Lula não seria frustrante. Setenta anos de atraso, sem investimento tecnológico, que mantiveram a Nação refém e exilada em seu próprio País.
O tormento persiste. A importação de petróleo desafia e ameaça a economia, a ponto de obrigar até quem não tem carro a pagar a conta-petróleo por conta do subsídio, para segurar a inflação. Prejuízo que se reflete na balança comercial, na dependência energética, na geração de riqueza, na saúde e na qualidade do ar, corrompidas pela queima de combustíveis fósseis.
Enquanto isso, o etanol, que veio para ajudar a enfrentar a maior crise de energia da História, jamais para substituir a gasolina, evitou que o Brasil gastasse mais US$ 275,2 bilhões com a importação de petróleo, desde a implantação do Proálcool, em 1975. Economia de divisas proporcionada por fonte brasileira, renovável, limpa, que gera empregos e subprodutos como nenhuma outra no Planeta: de plástico, adubo e ração animal à energia elétrica de biomassa. Existisse a autossuficiência prometida, o Brasil não teria desperdiçado em 2012 US$ 10 bilhões com a importação de petróleo. Mesmo assim, o superávit foi garantido graças ao agronegócio, do qual a economia canavieira é parceira importantíssima.
Em menos de 3% do território nacional, acontece um fenômeno que resiste às campanhas internacionais que veem na lavoura canavieira uma monocultura ou inimiga da produção de alimentos. Para quem conhece a cana apenas por rótulos de garrafas de cachaça, na renovação dos canaviais, a cada cinco anos em média, o solo é ocupado e reconstituído com lavouras de soja, feijão, sorgo, amendoim, crotalária... que fixam o nitrogênio e proporcionam uma economia significativa desse componente dos fertilizantes.
Ao mesmo tempo, a cultura da cana oferece mais de 100 derivados. E ainda falam em monocultura... O ex-dirigente cubano Fidel Castro foi um dos pioneiros dessa insensata campanha, mas sua ilha enfrenta crise histórica de falta de alimentos. Curioso é que quando ele mesmo enaltecia a economia açucareira, essa crise era menor. Depois que abandonou os canaviais, a carência aumentou.
É preciso abandonar a economia planejada pela inflação; desatrelar o etanol da gasolina; torná-la um produto de mercado, com preço em vez de tarifa. O que ajuda a reverter esse rombo é a expansão do consumo do etanol, da gasolina, do diesel, dos produtos do Pré-sal, do gás, da energia eólica e da energia solar. Em resumo: ampliar a matriz energética. Tecnologia já existe e fontes não faltam. Caso contrário, sempre haverá crise do petróleo e todos sabem que ela interessa só a quem exporta.
Inimaginável como o Brasil seria melhor se esses recursos não migrassem para o Exterior. Mas a dúvida é recorrente e cruel: nós decidiremos como gerir o Pré-sal? 
Jairo Menesis Balbo é empresário do setor sucroenergético e pioneira na cogeração de eletricidade pela biomassa
"Emília sonhou com uma baleia que esguichava petróleo. Cada um contou o sonho geológico que teve. No de Emília, apareceu uma `baleia petrolífera´, com várias torneiras pelo corpo imenso; uma que dava gasolina; outra, óleo combustível; outra, querosene; outra, óleo lubrificante... e o Brasil tem petróleo para abastecer o mundo inteiro durante séculos." É o Visconde de Sabugosa contando para as crianças do "Sítio do Pica-Pau Amarelo" a história do petróleo, na sábia visão de Monteiro Lobato, em sua obra "O Poço do Visconde", de 1937.
A ditadura Vargas e companhias estrangeiras sabiam que o escritor se referia ao que hoje se chama Pré-sal, mas contrariava os interesses dessas forças ter o País concorrendo. Lobato foi preso por falar a verdade. Só 70 anos depois do "Poço", o Brasil anunciou a `descoberta´ e a extração de petróleo, a 180 km da costa e a 7 mil metros de profundidade. A `baleia´ sonhada pela boneca Emília, do tamanho de 80 bilhões de barris, prenuncia o País autossuficiente e um dos maiores exportadores. Claro, mesmo que nos `deixassem´ ter petróleo, a tecnologia da época não permitiria extrair com a mesma eficiência de hoje, mas pelo menos a autossuficiência anunciada pelo ex-presidente Lula não seria frustrante. Setenta anos de atraso, sem investimento tecnológico, que mantiveram a Nação refém e exilada em seu próprio País.
O tormento persiste. A importação de petróleo desafia e ameaça a economia, a ponto de obrigar até quem não tem carro a pagar a conta-petróleo por conta do subsídio, para segurar a inflação. Prejuízo que se reflete na balança comercial, na dependência energética, na geração de riqueza, na saúde e na qualidade do ar, corrompidas pela queima de combustíveis fósseis.
Enquanto isso, o etanol, que veio para ajudar a enfrentar a maior crise de energia da História, jamais para substituir a gasolina, evitou que o Brasil gastasse mais US$ 275,2 bilhões com a importação de petróleo, desde a implantação do Proálcool, em 1975. Economia de divisas proporcionada por fonte brasileira, renovável, limpa, que gera empregos e subprodutos como nenhuma outra no Planeta: de plástico, adubo e ração animal à energia elétrica de biomassa. Existisse a autossuficiência prometida, o Brasil não teria desperdiçado em 2012 US$ 10 bilhões com a importação de petróleo. Mesmo assim, o superávit foi garantido graças ao agronegócio, do qual a economia canavieira é parceira importantíssima.
Em menos de 3% do território nacional, acontece um fenômeno que resiste às campanhas internacionais que veem na lavoura canavieira uma monocultura ou inimiga da produção de alimentos. Para quem conhece a cana apenas por rótulos de garrafas de cachaça, na renovação dos canaviais, a cada cinco anos em média, o solo é ocupado e reconstituído com lavouras de soja, feijão, sorgo, amendoim, crotalária... que fixam o nitrogênio e proporcionam uma economia significativa desse componente dos fertilizantes.
Ao mesmo tempo, a cultura da cana oferece mais de 100 derivados. E ainda falam em monocultura... O ex-dirigente cubano Fidel Castro foi um dos pioneiros dessa insensata campanha, mas sua ilha enfrenta crise histórica de falta de alimentos. Curioso é que quando ele mesmo enaltecia a economia açucareira, essa crise era menor. Depois que abandonou os canaviais, a carência aumentou.
É preciso abandonar a economia planejada pela inflação; desatrelar o etanol da gasolina; torná-la um produto de mercado, com preço em vez de tarifa. O que ajuda a reverter esse rombo é a expansão do consumo do etanol, da gasolina, do diesel, dos produtos do Pré-sal, do gás, da energia eólica e da energia solar. Em resumo: ampliar a matriz energética. Tecnologia já existe e fontes não faltam. Caso contrário, sempre haverá crise do petróleo e todos sabem que ela interessa só a quem exporta.
Inimaginável como o Brasil seria melhor se esses recursos não migrassem para o Exterior. Mas a dúvida é recorrente e cruel: nós decidiremos como gerir o Pré-sal? 
Jairo Menesis Balbo é empresário do setor sucroenergético e pioneira na cogeração de eletricidade pela biomassa