O Brasil, o clima e a energia nuclear

16/02/2016 Energia POR: José Inácio Werneck, jornalista e escritor, trabalhou no Jornal do Brasil e na BBC, em Londres. Colaborou com jornais brasileiros e estrangeiros. Direto da Redação
Sem utilizar o petróleo, que opções restam para o Brasil ter energia elétrica, além das hidrelétricas? A da central nuclear? Na próxima semana, colunista tratará da questão do tratamento do urânio e do lixo atômico.
O Acordo Climático em Paris colocou para o mundo a necessidade de gradativamente abandonar os combustíveis fósseis, responsáveis pelo lançamento de CO2 na atmosfera e o consequente aquecimento global.
A redução do uso de combustíveis fósseis implica no aumento do uso de outras fontes de energia, como as renováveis.
Mas elas – a eólica, a solar, a hidrelétrica e as de biomassa – por si só não podem substituir por completo os combustíveis fósseis.
Como Barack Obama ressaltou na reunião de Chefes de Estado, em Paris, uma parte importante da solução tem que vir do uso de energia nuclear, que não produz gases do efeito estufa, como o CO2.
Onze por cento de toda a energia elétrica no mundo é produzido por usinas nucleares e o Brasil infelizmente aparece em uma modestíssima colocação.
Enquanto a França tem 77% de sua energia elétrica produzida por usinas nucleares, o Brasil tem apenas 2,9%.
Alguns poderiam dizer que a China, em grande desenvolvimento, tem apenas 2,4% de sua energia elétrica produzida por usinas nucleares.
Mas tal argumento é facilmente rebatido com o fato de que a China está consciente de que, com o Acordo Climático Global, não poderá mais continuar a depender  tanto de energia produzida por carvão quanto no momento.
Como resultado desta realização na China, o país está construindo 28 novas usinas nucleares.
E o Brasil? O Brasil está construindo apenas mais uma, Angra 3, cuja entrada em funcionamento já foi adiada diversas vezes, com previsão agora apenas para 2018.
Há muito tempo o mundo vem ouvindo alertas quanto ao perigo da energia nuclear, com ênfase no que aconteceu em Chernobyl, na década de 80, e mais recentemente em Fukushima, no Japão.
Mas Chernobyl é um caso atípico, causado por tecnologia defeituosa que já foi abandonada. Basta dizer que a Ucrânia, onde o acidente ocorreu, tem 50% de sua atual energia elétrica proveniente de usinas nucleares, numa demonstração de confianca em novas tecnologias.
O mesmo acontece no Japão, que retomou o caminho da energia nuclear, apesar do que ocorreu em Fukushima.
O Japão aprendeu com o maremoto que matou 19 mil pessoas.
A maior lição do desastre foi o fato de que nenhuma das mortes ocorreu em consequência do “meltdown”, do derretimento das barras de combustível da usina.
Em outras palavras, apesar da devastação causada pela onda de 13 metros de altura que passou por cima da murada de proteção da usina, os sistemas de segurança funcionaram para salvar vidas humanas.
Por isto, numa notável demonstração de pragmatismo, a partir do último mês de agosto o Japão voltou a permitir o funcionamento de usinas nucleares, que estão sendo aperfeiçoadas com novos sistemas de ventilação.
Já falei da percentagem de eletricidade produzida na França por usinas nucleares, mas alguns outros países aparecem também em posição muito melhor do que o Brasil: a Eslováquia com 57%, a Hungria com 54%, a Ucrânia (já citada) com 50%, a Bélgica com 48%, a Coreia do Sul com 31%, entre outros.
Os Estados Unidos produzem no momento 20% de sua eletricidade com energia nuclear e novas usinas, com tecnologia mais moderna, estão para ser aprovadas pelo presidente Barack Obama.
Obama já sinalizou que nos Estados Unidos a energia nuclear vai desempenhar papel importante na defasagem de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, para combater o aquecimento global.
As fontes renováveis, como a eólica, a solar e a hidrelétrica são importantes e o Brasil é rico em todas elas, mas a nossa equação energética e nossa contribuição para reduzir o acúmulo mundial de CO2 na atmosfera só estarão completos se o país de fato produzir energia nuclear em níveis significativos.
Sem utilizar o petróleo, que opções restam para o Brasil ter energia elétrica, além das hidrelétricas? A da central nuclear? Na próxima semana, colunista tratará da questão do tratamento do urânio e do lixo atômico.
O Acordo Climático em Paris colocou para o mundo a necessidade de gradativamente abandonar os combustíveis fósseis, responsáveis pelo lançamento de CO2 na atmosfera e o consequente aquecimento global.
A redução do uso de combustíveis fósseis implica no aumento do uso de outras fontes de energia, como as renováveis.
Mas elas – a eólica, a solar, a hidrelétrica e as de biomassa – por si só não podem substituir por completo os combustíveis fósseis.
Como Barack Obama ressaltou na reunião de Chefes de Estado, em Paris, uma parte importante da solução tem que vir do uso de energia nuclear, que não produz gases do efeito estufa, como o CO2.
Onze por cento de toda a energia elétrica no mundo é produzido por usinas nucleares e o Brasil infelizmente aparece em uma modestíssima colocação.
Enquanto a França tem 77% de sua energia elétrica produzida por usinas nucleares, o Brasil tem apenas 2,9%.
Alguns poderiam dizer que a China, em grande desenvolvimento, tem apenas 2,4% de sua energia elétrica produzida por usinas nucleares.
Mas tal argumento é facilmente rebatido com o fato de que a China está consciente de que, com o Acordo Climático Global, não poderá mais continuar a depender  tanto de energia produzida por carvão quanto no momento.
Como resultado desta realização na China, o país está construindo 28 novas usinas nucleares.

E o Brasil? O Brasil está construindo apenas mais uma, Angra 3, cuja entrada em funcionamento já foi adiada diversas vezes, com previsão agora apenas para 2018.
Há muito tempo o mundo vem ouvindo alertas quanto ao perigo da energia nuclear, com ênfase no que aconteceu em Chernobyl, na década de 80, e mais recentemente em Fukushima, no Japão.
Mas Chernobyl é um caso atípico, causado por tecnologia defeituosa que já foi abandonada. Basta dizer que a Ucrânia, onde o acidente ocorreu, tem 50% de sua atual energia elétrica proveniente de usinas nucleares, numa demonstração de confianca em novas tecnologias.
O mesmo acontece no Japão, que retomou o caminho da energia nuclear, apesar do que ocorreu em Fukushima.

O Japão aprendeu com o maremoto que matou 19 mil pessoas.
A maior lição do desastre foi o fato de que nenhuma das mortes ocorreu em consequência do “meltdown”, do derretimento das barras de combustível da usina.

Em outras palavras, apesar da devastação causada pela onda de 13 metros de altura que passou por cima da murada de proteção da usina, os sistemas de segurança funcionaram para salvar vidas humanas.

Por isto, numa notável demonstração de pragmatismo, a partir do último mês de agosto o Japão voltou a permitir o funcionamento de usinas nucleares, que estão sendo aperfeiçoadas com novos sistemas de ventilação.

Já falei da percentagem de eletricidade produzida na França por usinas nucleares, mas alguns outros países aparecem também em posição muito melhor do que o Brasil: a Eslováquia com 57%, a Hungria com 54%, a Ucrânia (já citada) com 50%, a Bélgica com 48%, a Coreia do Sul com 31%, entre outros.

Os Estados Unidos produzem no momento 20% de sua eletricidade com energia nuclear e novas usinas, com tecnologia mais moderna, estão para ser aprovadas pelo presidente Barack Obama.

Obama já sinalizou que nos Estados Unidos a energia nuclear vai desempenhar papel importante na defasagem de combustíveis fósseis, como o carvão e o petróleo, para combater o aquecimento global.

As fontes renováveis, como a eólica, a solar e a hidrelétrica são importantes e o Brasil é rico em todas elas, mas a nossa equação energética e nossa contribuição para reduzir o acúmulo mundial de CO2 na atmosfera só estarão completos se o país de fato produzir energia nuclear em níveis significativos.