O caminho de cada um

13/07/2023 Noticias POR: Marino Guerra

É incrível a liberdade canavieira. Ela se revela de modo mais evidente através do amplo horizonte de produtos que as suas duas principais matérias primas que oferta para a indústria (açúcar e fibra) são capazes de produzir de maneira limpa, auxiliando inclusive o mundo a se libertar da poluição.

Na lavoura, a origem da cadeia, isso não é diferente, porém ela é uma liberdade mais perigosa, aquela fácil de se perder, pois os produtores possuem um leque enorme de opções em cada fase da cultura. Somente no plantio, de maneira muito superficial, já surgem questionamentos como o que fazer na reforma (se vai fazer ou não e, se sim, qual cultura de rotação vai adotar), passando em como vai adquirir as mudas, a forma de plantio e quais materiais genéticos vai utilizar.

O que prova a necessidade de se conhecer muito bem para ser um canavieiro de sucesso, ou seja, para ser bom, ter personalidade é tão fundamental quanto as chuvas de verão.

Outra evidência são os desafios que cada safra explicita, mostrando que a tentativa de padronização numa roça de cana não dá certo, tanto que todos sabem que a produtividade cai proporcionalmente perante o tamanho da área que um produtor de qualidade tem que administrar.

Nesta safra, como o clima e o mercado de insumos estão comportados, questões envolvendo o risco trabalhista e a falta de capacitação da mão de obra, a forma como vender e principalmente receber pelo fornecimento de cana e os desafios num momento de juros pesados são temas fora do manejo que testarão a capacidade de tomada de decisão do produtor.

Dessa forma, a única certeza que temos é de que o carreador nunca será curto, asfaltado e com sombra, porém nele sempre terão milhares de histórias para serem recebidas e compartilhadas, numa relação de troca que trará o conhecimento necessário para não se perder no caminho.

 

Uma safra para cultivar pessoas

Crise de mão de obra abre reflexão sobre como a canavicultura está
desenvolvendo seus talentos

 

Nas caminhadas pelos canaviais da área de abrangência da Copercana desde o início do ano, a mão de obra foi um assunto constante em cada entrevista realizada, inclusive identificado por muitos produtores como um dos principais obstáculos quando eles sentam para planejar o crescimento da atividade.

O aumento significativo do passivo trabalhista nas operações de plantio manual e a falta de operadores de tratores e máquinas qualificados é um problema que atingiu tamanha magnitude ao ponto de ser mais um item na lista de fatores que travam a evolução da produtividade dos canaviais do Centro-Sul brasileiro.

Perante este cenário, o setor como um todo precisa se movimentar no sentido de formar profissionais qualificados para atuar com o maquinário utilizado nos campos canavieiros, que a cada dia surgem com recursos mais inovadores que demandam gente com maior conhecimento ciclo que torna imprescindível que cada agricultor em específico se esforce no sentido de formar e manter talentos, ou seja, além de cultivar a cana, é primordial o cultivo de pessoas.

Um exemplo desse manejo vem da operação do produtorcooperado de Valparaíso, Antônio Soares Neto, que se destaca não por práticas modernas, ou maquinários imponentes, mas por conseguir engajar um grande número de pessoas para aturem juntas no propósito da produtividade.

“Aqui não existe a primeira pessoa do singular, não existe o eu, trabalhamos com um grupo enorme de pessoas que nos ajudam e participam da tomada de decisão, desse grupo fazem parte empresas, cooperativas, pessoal da usina, associações, assim a produção da minha propriedade é feita por no mínimo cinquenta mãos. Todos se dedicam no sentido de ganho de produção, pois no final a remuneração acaba sendo dividida, mas a principal satisfação disso é sentir uma alegria coletiva quando conseguimos entregar uma matéria-prima de qualidade”, explicou Soares Neto.

Como exemplo do seu processo, ele citou a relação que tem com um sojicultor da região, onde há algumas safras ele faz o repasse da sua área para o plantio de soja sem cobrar renda, pois como seu objetivo é pegar a área limpa e nitrogenada, ao invés de elevar o custo do manejo, ele prefere que o parceiro invista em tecnologias que resultem em fatores que vão levar benefícios na hora do plantio.

Falando no momento de formação de um novo canavial, o produtor apresenta mais uma credencial de como se preocupa com as pessoas na sua atividade. Plantando de maneira manual, na forma de esparrame, ele segue à risca todas as regras estabelecidas pela NR-31.

“Na minha operação sempre procuro atender ao máximo possível a norma, que diz que você precisa ter seus funcionários registrados no e-social porque é importante recolher INSS para o futuro deles. É importante fornecer e exigir o uso de todos os EPIs, porque ele precisa trabalhar em segurança, precisamos oferecer banheiros masculino e feminino, água gelada, protetor solar, entre tantas outras obrigações que considero justas, pois elas fazem que o trabalho se torne digno para um ser humano executá-lo.
Faço parte de um programa criado pelo grupo que forneço cana que desenvolveu uma escala para identificarmos em qual o nível de sustentabilidade está nossa operação e estamos nos aproximando do topo, o que significa que nós respeitamos as leis, as pessoas e o meio ambiente”, disse Soares Neto, que manifestou sua opinião sobre os problemas trabalhistas do plantio manual deste ano com uma visão que de tão macro, se estende para os grandes desafios do agronegócio nacional.

“A questão não é apenas em plantar com a mão ou com a máquina, mas é buscar a sustentabilidade em todos os aspectos do negócio, o mundo inteiro está dizendo que você tem que cumprir as leis ambientais e trabalhistas e o mundo inteiro é cliente do Brasil porque somos os maiores produtores de commodities agrícolas. Se o seu cliente está dizendo que quer comprar o seu produto, desde que ele seja fabricado de forma sustentável, você que está aqui na ponta da produção da matéria-prima tem que entender isso e mudar suas práticas para conquistar as certificações exigidas por eles.
Acredito que quando entendermos isso em grande parte do setor produtivo agropecuário, não conseguirão mais impor barreiras comerciais para nos bloquear e nos tornaremos um dos países mais importantes do mundo. Vejo que estamos num processo de aprendizado, que em todos os segmentos há um esforço, e nós, no papel de fornecedores de cana, se quisermos ver o etanol reconhecido como combustível limpo na corrida pelo estabelecimento de matrizes energéticas limpas que vivemos no momento, temos que seguir ainda mais essas tendências mundiais”.

Parte da formação desse modo coletivo e macro de enxergar as coisas é herança de seu pai. João Francisco de Arruda Soares foi um dos fundadores da canavicultura no município e também do noroeste paulista no final da década de 70, implantada junto com a fundação da Univalem, constituída através da união de pecuaristas que decidiram apostar na cana-de-açúcar e no álcool combustível.
“Atuo na lavoura de cana desde os meus 18 anos. Como meu pai foi presidente da Univalem por um período, eu consegui desenvolver uma visão de cadeia e entender as necessidades de uma indústria, por isso sempre mantive um relacionamento muito próximo, pois enxergo que não podemos nos excluir daquilo que é um consenso, como por exemplo o que estamos vivendo agora, com o fato da unidade começar a produzir etanol de segunda geração em meados de 2025, sei que isso vai demandar mais biomassa, e o meu papel como fornecedor é trabalhar para atender essa necessidade, como também, já estou estudando em termos de manejo como será quando precisarem da palha que fica no campo. Hoje o mundo muda de maneira muito rápida e temos que aprender a nos modelar às novas situações”.

 

Reflexões sobre o mercado Spot

Um paradoxo sobre a segurança na venda da cana

 

Em quase todas as praças canavieiras do Centro-Sul do Brasil, quando se fala em segurança na venda da cana, logo se pensa no estabelecimento de um contrato, com duração de pelo menos um ciclo do canavial (cerca de cinco safras), garantindo assim um percentual um pouco maior de previsibilidade, pois sempre ocorrerão imprevistos gerados pelos fatores bióticos (pragas, doenças, invasoras e nematóides) e abióticos (clima, composição física do solo, temperatura, entre outros), quanto a entrada de recursos em caixa.

Quando tem oportunidade, o que é traduzido na possibilidade de entregar a cana em mais de uma unidade industrial, alguns fornecedores sempre acabam reservando um percentual, pequeno, de sua produção, para “tentar a sorte” no mercado spot.

Funciona mais ou menos como nos grãos, o estabelecimento do contrato seria uma espécie de travamento do valor para entrega futura, enquanto o spot é a venda para entrega imediata, porém diferentemente, não dá para armazenar a cana no silo, colheu, precisa moer, o que elimina o trunfo de segurar a produção para esperar uma melhora do mercado do lado do produtor na mesa de negociação. Fator que justifica ainda mais a busca pela garantia que o contrato dá.

Porém, na região de Descalvado, a noção de segurança é outra, pois em decorrência da maior crise que acometeu o setor, que teve o seu epicentro em 2013, várias unidades industriais da região entraram em recuperação judicial, e muitos fornecedores, que se achavam protegidos pelo contrato, tiveram problemas, alguns perduram até hoje para receberem a matéria-prima entregue.

“Hoje a maioria dos acordos que faço relacionados à venda spot da cana recebo no dia seguinte conforme a quantidade entregue, assim meu risco de não receber pela cana é praticamente nulo, pois se perder será apenas a colheita de um dia, cerca de 600 toneladas”, disse o produtor de Descalvado, Eduardo Luís Caramori Botaro.
A mistura da inadimplência com a alta concorrência foram os fatores determinantes que transformaram o mercado Spot a forma mais usual de se comercializar a cana na região: “Antes havia uma destilaria de cachaça que comprava cana no Spot, eu cheguei a entregar cerca de 20 mil toneladas lá, depois da crise as usinas foram obrigadas a entrar, quem não entrou começou a perder muita cana”, conta o tio e sócio do Eduardo, Antonio Lauro Botaro.

“Outro fator que fez perdurar o negócio Spot aqui é que não há nenhum grupo com mais de uma usina, ou seja, no nosso raio de 40 quilômetros temos cinco unidades industriais com administrações diferentes que concorrem pela cana”, completou Eduardo.

Os fornecedores explicaram como funciona a dinâmica do mercado, onde as negociações são iniciadas com os compradores das usinas nos meses de fevereiro e março, nesse momento é que fica evidente uma das grandes vantagens para quem vende, pois quanto maior for a perspectiva de quebra na produção, melhor será o preço ofertado, ou seja, o produtor não fica refém de variáveis macroeconômicas que influenciarão na rentabilidade de sua safra num longo período até o seu fechamento do Consecana no último dia de março.

Porém, para tentar atingir valores ainda melhores, os produtores deixam um pequeno percentual sem a venda na manga: “eu sempre procuro não fechar tudo, para ver se consigo um preço final com a safra em andamento, mas também tento destinar pelo menos uma quantidade pequena para todas as usinas que nos procuram, pois é sempre bom ter o pé em mais de uma canoa”, explicou Lauro.

“Para cada tonelada de cana que eu entregar, recebo por uma quantidade de quilos de ATR negociados antes, com o preço do fechamento do mês anterior ao dia que estou entregando”, explicou Eduardo para exemplificar outra vantagem da prática comercial, que é a entrada de recursos no caixa praticamente diariamente ao longo de toda a safra, o que é importante, por exemplo, para a compra de insumos com uma exposição menor a taxas de juros.

Quando perguntados se eles não tinham receio de uma queda abrupta de preço ou então de ter que deixar a cana bisar, Eduardo manifestou o seu ponto de vista: “Existe um acordo verbal para ter um direcionamento da venda, mas não temos compromisso com ninguém antes de fecharmos a negociação. Quanto a oscilação de preço, não temos medo, porque se cair muito, dever chegar próximo ao que é pago quando se estabelece um contrato longo, considerando o valor médio praticado aqui na região, se alguém me oferecer um contrato de cinco anos nessas condições, eu deixo o spot na hora”.

A questão da organização da colheita também é um ponto de atenção nessa forma de fornecimento, pois diversos fatores são favoráveis para o produtor ter sua própria frente, como a criação de mais uma fonte de renda, pois como a cana sempre é negociada com a usina em pé no campo, quem tem colhedora acaba sendo um prestador de serviço da própria área.

Mas a logística da safra é o que mais influencia: “Temos a colhedora desde 2017, porque queríamos ter uma colheita de melhor qualidade, mas também para andarmos com o manejo conforme havíamos planejado antes. Como fornecemos para várias usinas, por exemplo, ao longo da safra entrego 30 mil toneladas para uma, se é ela quem vem colher, eles chegam com uma frente com duas ou três máquinas e em uma semana leva toda cana embora, não respeitando a época de maturação e deixando uma grande demanda de serviços de tratos de soqueira”, explicou Eduardo.

O exemplo, segundo o produtor, cria um desequilíbrio na quantidade de serviços fazendo com que hora sua equipe fique ociosa e num segundo momento não consiga realizar o que precisa fazer em decorrência da grande área a ser manejada. Para piorar, se coincide de duas usinas colherem ao mesmo tempo, aí que a coisa complica de vez.

“Nossa rotina é de colher seis hectares por dia, nesse ritmo tenho uma equipe e maquinário para entrar fazendo os tratos culturais como corte de soqueira, adubação, entre outros”, relata o produtor que também destaca as vantagens sob o ponto de vista da qualidade: “Se é um terceiro que vem colher, não tem como eu ser preciso perante o nível de qualidade do serviço, como eles precisam fazer o serviço render, já vi muitos casos das colhedoras trabalharem em velocidades absurdas, principalmente no período noturno, quando é cedo só se vê as socas arrancadas junto com a palhada. Outro, porém, é a espera do tempo correto para entrar na área depois de uma chuva”.

Ele finaliza o assunto com mais uma vantagem do mercado spot para quem colhe a própria cana, pelo menos em Descalvado, quem não realizar o manejo tem um desconto na negociação da safra corrente.

Somando as duas vantagens financeiras com o uso da máquina de modo correto, colher a cana é algo muito rentável, se pensar que eles têm apenas uma máquina fabricada em 2017 com 11 mil horas de uso, tempo que numa usina é atingido em apenas três temporadas, o valor do investimento pode se pagar em até uma safra considerando uma área média de mil hectares.

Linhagem de agricultores

Hoje, com uma área de aproximadamente 1,3 mil hectares entre talhões próprios e arrendados, a história da linhagem Botaro vem de muito tempo atrás. O Seu Lauro, e seu irmão Benedito, pai do Eduardo, são representantes da quarta geração, que se destacaram pelo grande crescimento junto com a atividade canavieira.

“Meu bisavô, Alexandre Botaro, foi quem chegou primeiro, ele adquiriu uma fazenda que ficou com seu filho único, o meu avô João Botaro. Quando a minha avó faleceu ele decidiu vender a propriedade e dividir entre os filhos, ficando cada um com 80 mil réis. Todos foram para a cidade, menos meu pai, que com o dinheiro comprou um sítio de quatro alqueires onde tudo era mato”, contou Seu Lauro.

Ele lembrou que desde os oito anos já trabalhava no campo destocando e limpando as áreas para a entrada da roça de arroz e milho e assim o tempo foi passando, no resto da vida a única expansão de seu pai foi a compra de um sítio de 14 alqueires.

Até a segunda metade da década de 70, Lauro e Benedito, já sócios, aumentaram um pouco a área através de arrendamentos. Em 1978, com o surgimento das primeiras linhas de incentivo relacionadas ao Proalcool, a oportunidade de crescimento passou e eles a agarraram através da compra de uma colhedora de milho, uma de arroz, um trator Valmet 65 ID (que trabalha até hoje), uma grade niveladora e um arado de três bacias, passando a prestar serviços por toda região.

Já na década de 80, com a grande demanda por cana gerada através da ampliação da antiga Usina Vassununga na moderna Usina Santa Rita, eles formaram o primeiro canavial, bem pequeno, entregando algo em torno de mil toneladas.

Assim, entraram num círculo virtuoso de crescimento através do arrendamento e também compras de terras: “Antigamente não pagávamos nem 30 toneladas por alqueire em locais muito bons, hoje para conseguir uma área, sem olhar a qualidade, dificilmente conseguimos por menos de 60 toneladas com 120 quilos de ATR. Também sempre ficamos atentos para alguma possibilidade de compra”, conta Seu Lauro.

Em 2006, recém-formado em agronomia, o Eduardo vem para a operação e com a cabeça muito aberta para tecnologias passa a adotar novos manejos conforme a realidade da lavoura foi alterando.

“Em todas as mudanças que adotamos sempre houve uma questão de mercado que influenciou, quando cheguei ainda colhíamos o canavial queimado, de 2014 a 2016 foi o período de transição para o corte mecanizado, onde a usina realizou o serviço, a partir de 17 assumimos novamente. Aí surgiu a necessidade de novos manejos, principalmente de pragas e plantas invasoras, que ganharam força com o fim do fogo, e agora estamos nos preparando para migrar o plantio para o mecanizado em decorrência do grave problema com disponibilidade e segurança jurídica da mão de obra”, conta Eduardo.

O berço do Sphenophorus

Desde a primeira safra sem a queima dos canaviais, os produtores perceberam que um dos principais problemas dos novos tempos seria o Sphenophorus, nesse ponto é importante deixar claro que ele já existia antes, porém o fogo fazia o controle de sua população que também não tinha como se movimentar, e consequentemente, alastrava menos por não ter as colhedoras para pegar carona.
“Ele é um alvo complicado de atingir porque não se vê, pega por exemplo a broca, ela é visível, está na folha, então pegamos o pulverizador e fazemos uma, duas, três aplicações até enxergarmos o controle, agora o Sphenophorus, nem os métodos de avaliação são confiáveis, quando se vê ele já estragou o canavial”, analisa Eduardo que trabalhou dois anos com métodos de levantamento de infestação como base de tomada de decisão se cortava a soqueira ou não, mas não achou eficiente e então partiu para o trabalho em área total. “Se lembrarmos do passado, na época do fogo, se convivia com ele, e agora é preciso ter isso em mente, se tiver uma população de dez, é preciso pensar ou em manter ou, se der tudo muito certo, reduzir em um indivíduo, pois não consigo enxergar viabilidade em um manejo que limpe toda a área praguejada”, comentou o RTV da Copercana, Murilo de Falco de Souza.

Sobre os trabalhos que faz para estabelecer essa convivência, o de maior destaque é o desenleiramento somente da linha para garantir o máximo de eficiência no corte da soqueira e com isso fazer com que o defensivo atinja as raízes:
“Percebi que principalmente nos solos mais arenosos a quantidade de envelopamento da palha na hora que passava o disco, e com isso a criação de uma barreira de acesso do produto, era muito alta, por isso decidimos abrir somente a soqueira, deixando a palha ao lado”, explicou Eduardo.

Outro detalhe que o produtor aprendeu em sua constante luta contra a praga é a questão do perfil genético, o qual variedades com maior perfilhamento deixam menos falhas, pois se tiver 20 perfilhos em um metro e ele comer quatro brotos, ainda sobram 16, agora se tiver 15, já cai para onze.

Por fim, ele conta que o Sphenophorus foi importante na tomada de decisão de voltar a cultivar a cana de ano. Escolhendo sempre solos mais nobres, variedades precoces e corte programado para o final da safra, isso para pegar a rebrota na época das águas, num momento que a soqueira está mais forte, ele percebeu que se somadas as produções de primeiro e segundo corte, a média fica muito próxima do canavial de 18 meses, além de ter a vantagem logística de esticar a janela de plantio.

Compra da plantadeira

Como em todos os lugares onde há cana plantada do centro para baixo do Brasil, o plantio de cana é um problema e para a operação dos Botaro isso não é diferente.
“Estamos sendo literalmente obrigados a partir para o plantio mecanizado, enxergo que para quem tem mais de mil hectares, ou você muda ou para com a atividade, pelo simples fato de não ter mais mão de obra para fazer o plantio de cana”, disse Eduardo a respeito dos problemas vividos com a falta de profissionais.

Em fase final de aquisição de uma plantadeira mecanizada, Eduardo analisa que se não tivesse com uma estrutura de colheita consolidada não teria como adquirir uma plantadeira, isso devido ao corte das mudas, que ele imagina que não será necessária a adaptação da máquina com o kit completo de colheita de muda.
“Vejo que se ao término da safra o rolo está liso, gasto de tanto uso, é melhor para preservar as gemas em relação à borracha que vai na talisca da canela, então para o primeiro ano eu penso em apenas tirar o jogo de facão e colocar um assoalho liso no elevador e ir trabalhar”, explicou Eduardo.

Arrendando área para a rotação de cultura (soja e amendoim) até como mais um item da lista de controle do Sphenophorus, eles adotam como estratégia sempre deixar uma certa área livre para iniciar o plantio em caso de atraso da colheita nas lavouras de verão, e mesmo assim, em decorrência das chuvas, na última janela houve um atraso médio de 15 dias.
“Nas nossas áreas, quando chovem 30 mm, temos de esperar pelo menos três dias para entrar, nesse verão e outono aconteceu que quando estava secando, chovia mais 30, chegamos a ficar uma semana sem plantar, as curvas de nível chegaram a ficar mais de mês para secar”, contou Eduardo que destacou o uso do GPS como ferramenta primordial para o atraso ainda não ser maior: “O GPS ajudou demais, pois secava, íamos e marcávamos os pontos, montando o projeto de linhas, o que permitia plantar onde estava seco, deixando a área das curvas para depois”.

O produtor ainda destaca que o fato de ter áreas com solos mais argilosos em reforma, foi outro que atrasou o plantio.

Encerrando o assunto, eles sabem da necessidade de que, com o novo manejo, terão que rever o perfil das variedades utilizadas, aqui cabe a ressalva de que trabalham de maneira muito efetiva a variabilidade genética tanto que as sete mais cultivadas não chegam a 80% da área, ou seja, índice considerado excelente pelo IAC.

Dentre as opções que estão de olho disseram já estarem muito interessados na RB85-5156 por sua fama de nascer bem no plantio mecanizado. Sobre as características que estão levando em consideração, eles falaram do tamanho da gema (se for muito grande, muito saltada, fica vulnerável na hora da colheita da muda) e também a quantidade de gemas por metro que serão colocadas no sulco, pois se perfilhar menos, é preciso colocar mais cana, o que eleva o custo.

Dessa maneira, atentos a cada detalhe do canavial e ouvindo dele as recomendações para a tomada de decisão, para se ter ideia o Seu Lauro roda num quadriciclo até hoje com uma bomba costal para eliminar qualquer indício de praga ou planta invasora, eles possuem planos de crescimento, como um pomar de laranja que vão substituir por cana numa área ao lado do principal bloco da operação. Pois, assim como o agro brasileiro, sua trajetória de prosperidade não vai parar, os Botaro continuarão a servir de exemplo por mais muitas gerações.

 

Se errar na conta, de nada adianta saber se a cana está saudável

Saber aproveitar as oportunidades financeiras é tão importante
quanto acertar na dose dos insumos

 

Quase dez anos depois, sua esposa herda uma fazenda de gado em Orindiúva. Após mais alguns anos, e então, influenciado pela Usina Moema, instalada no município, e pelo produtor Norio Nomiyama, ele decide iniciar sua trajetória na canavicultura, que desde o início não se resumiu apenas na lavoura.

“Em 1997 eu comecei a plantar a minha cana. Nessa época tinha um trator ocioso na fazenda e surgiu a oportunidade de prestar serviço para a usina, pois eles queriam substituir os caminhões grandes e pesados pelo conjunto trator e carreta, chamado de “mulinha” na época, para pegar a cana dentro do talhão, pois já começavam a ter problemas de compactação do solo”, contou o produtor que também falou sobre a formação da sua primeira frente de colheita (cana queimada) no ano seguinte.

“Logo em seguida comprei mais dois tratores e três carregadeiras de cana o que foi importante para criar mais uma renda que ao lado do pequeno canavial já formado e um bananal me geravam os recursos para ir substituindo o pasto da propriedade pela lavoura canavieira”.

É válido ressaltar que ele foi tocando as atividades de bancário e produtor rural em paralelo até 2002: “passava a semana no banco em Votuporanga e vinha na sexta à noite para Orindiúva onde ficava até o domingo à noite sempre acompanhado de sua esposa e os dois filhos”, seu sacrifício foi importante para completar com cana a área disponível na fazenda.

“Acredito que esses poucos mais de dez anos que foram transitórios entre as minhas duas profissões tenham sido de muita importância, pois consegui enxergar a atividade agrícola dos dois lados, de quem empresta e quem precisa do recurso, além disso fui me aperfeiçoando em como gerir uma operação canavieira”.

Nesta altura da história já dá para identificar três grandes virtudes do produtor, a primeira é sua capacidade de administrar mais de um negócio, o que é impossível perante a segunda, a de gostar de trabalhar duro que também é mãe da terceira, o empreendedorismo.

Conjunto de talentos que se expande ainda mais com a chegada da colheita mecanizada na sua região de atuação: “Cerca de quatro anos após o início do plano de eliminação gradativa do corte da cana queimada, a usina começou a demonstrar o interesse na retomada do plano que tinha anteriormente, na época da queima, onde frentes formadas por fornecedores faziam a colheita dos canaviais dos associados da Oricana, porém nesse momento ninguém queria investir nas colhedoras pelo fato de poucas pessoas conhecerem seu funcionamento e principalmente realizar as manutenções. Inspirado pelo produtor Sr. Roberto Cestari, que foi um percursor da colheita mecanizada na região e meu grande incentivador, no ano de 2010 comprei uma colhedora Cameco usada da usina e um caminhão-pipa, pois aquilo pegava fogo igual palito de fósforo. Como já tinham os tratores e transbordos, nasceu ali meu negócio de colheita mecanizada”.

Um dos fatores mais fantásticos de uma produção agrícola é a união que ela proporciona entre duas formas de vida, a botânica e a humana. É incrível ver a germinação e desenvolvimento de milhares de sementes, (ou toletes, como no caso da cana), que como num ballet vão manifestar de maneira sincronizada todos as fases de sua vida para culminar numa colheita que é a fonte de alimentos e recursos para um segundo desenvolvimento, o humano.

Como são semelhantes, as duas manifestações de vida precisam de cuidados para se desenvolver, assim como a comida é essencial para os humanos, as plantas são dependentes dos nutrientes vindos dos adubos. Como os remédios, que permitem uma grande parcela da humanidade completar o seu ciclo, os defensivos agem da mesma forma com as plantas.

E, dessa maneira, o mundo vegetal e animal racional se assemelha em diversas áreas para conseguir sobreviver e evoluir, inclusive na financeira, onde, especialmente em se tratando de Brasil, entender como funciona o mundo dos juros é fundamental para a prosperidade tanto da fazenda como da casa.

Inspirador dessa reflexão, o produtor da região de Orindiúva, Gutemberg Assunção Rodrigues, mostra como a experiência adquirida nos 25 anos em que se dedicou como bancário foram fundamentais para construir uma eficiente operação agrícola.

Tudo começou no início da década de 80, quando assumiu sua primeira gerência de crédito rural no Banespa (Banco do Estado de São Paulo), banco estadual e um dos principais financiadores da agropecuária paulista na época.

“Como vim de uma família de agricultores sempre tive uma ligação com o campo e quando entrei na área de crédito rural desenvolvi uma rotina de visitar as propriedades, porque sabia que ao ver a lavoura o capricho dos meus clientes eu conseguiria saber exatamente quem tinha maior potencial de investimento do que se ficasse na agência sendo guiado pelos números que os relatórios me mostravam”, contou Gutemberg, que também é conhecido por “Guto”.

Quase dez anos depois, sua esposa herda uma fazenda de gado em Orindiúva. Após mais alguns anos, e então, influenciado pela Usina Moema, instalada no município, e pelo produtor Norio Nomiyama, ele decide iniciar sua trajetória na canavicultura, que desde o início não se resumiu apenas na lavoura.

“Em 1997 eu comecei a plantar a minha cana. Nessa época tinha um trator ocioso na fazenda e surgiu a oportunidade de prestar serviço para a usina, pois eles queriam substituir os caminhões grandes e pesados pelo conjunto trator e carreta, chamado de “mulinha” na época, para pegar a cana dentro do talhão, pois já começavam a ter problemas de compactação do solo”, contou o produtor que também falou sobre a formação da sua primeira frente de colheita (cana queimada) no ano seguinte.

“Logo em seguida comprei mais dois tratores e três carregadeiras de cana o que foi importante para criar mais uma renda que ao lado do pequeno canavial já formado e um bananal me geravam os recursos para ir substituindo o pasto da propriedade pela lavoura canavieira”.

É válido ressaltar que ele foi tocando as atividades de bancário e produtor rural em paralelo até 2002: “passava a semana no banco em Votuporanga e vinha na sexta à noite para Orindiúva onde ficava até o domingo à noite sempre acompanhado de sua esposa e os dois filhos”, seu sacrifício foi importante para completar com cana a área disponível na fazenda.

“Acredito que esses poucos mais de dez anos que foram transitórios entre as minhas duas profissões tenham sido de muita importância, pois consegui enxergar a atividade agrícola dos dois lados, de quem empresta e quem precisa do recurso, além disso fui me aperfeiçoando em como gerir uma operação canavieira”.

Nesta altura da história já dá para identificar três grandes virtudes do produtor, a primeira é sua capacidade de administrar mais de um negócio, o que é impossível perante a segunda, a de gostar de trabalhar duro que também é mãe da terceira, o empreendedorismo.

Conjunto de talentos que se expande ainda mais com a chegada da colheita mecanizada na sua região de atuação: “Cerca de quatro anos após o início do plano de eliminação gradativa do corte da cana queimada, a usina começou a demonstrar o interesse na retomada do plano que tinha anteriormente, na época da queima, onde frentes formadas por fornecedores faziam a colheita dos canaviais dos associados da Oricana, porém nesse momento ninguém queria investir nas colhedoras pelo fato de poucas pessoas conhecerem seu funcionamento e principalmente realizar as manutenções. Inspirado pelo produtor Sr. Roberto Cestari, que foi um percursor da colheita mecanizada na região e meu grande incentivador, no ano de 2010 comprei uma colhedora Cameco usada da usina e um caminhão-pipa, pois aquilo pegava fogo igual palito de fósforo. Como já tinham os tratores e transbordos, nasceu ali meu negócio de colheita mecanizada”.

Um ano depois ele já adquiriu uma John Deere, marca que é fiel até hoje, onde trabalha com uma frota formada por cinco máquinas que colhem entre abril e outubro a cana própria e de fornecedores e nos meses excedentes também a matéria-prima cultivada pela própria usina.

Opção pela perenidade

Com uma lavoura de aproximadamente 1,4 mil hectares (um pouco mais da metade em Orindiúva e o restante em Fronteira- MG) de cana-de-açúcar, divididos entre áreas próprias e cessão da usina, Guto fornece 100% de sua produção para a mesma unidade industrial que mantém relacionamento desde que começou.
O que evidencia mais uma característica do produtor, a de gostar de estabelecer relacionamentos próximos e duradouros, explicada na sua atuação associativista e também participação ativa, para não dizer quase que exclusivas, nas cooperativas que faz parte.
“Gosto das cooperativas porque elas estão ao seu lado, te visitando o ano todo, a conversa é muito mais fácil como o que acontece na Copercana, que além do atendimento do Bruno (Bruno Borges, RTV da Copercana na região), também investe constantemente na infraestrutura da filial, inclusive inaugurando uma loja e depósito de insumos novos agora em 2023”.
Ele ainda menciona que em algumas vezes que teve problemas por desencaixe de caixa, conseguiu resolver de maneira tranquila os vencimentos com a cooperativa, o que poderia gerar juros muito mais altos e até mesmo correr atrás de garantias adicionais caso o fornecimento tivesse ocorrido de fornecedores de outras naturezas.

Isso explica o fato dele ter um pouco o pé atrás quando se fala de soja, “eu não gosto muito da dinâmica do mercado de grãos, com a cana dificilmente você fica rico, mas fica estável”, comentou sobre sua experiência com a cultura de rotação.

Finalizando a terceira safra de soja, a qual cultiva somente nas áreas próprias de reforma, ele contou que a lavoura de 250 hectares formada na última temporada se mostrava com muito vigor até a chegada da colheita, o que lhe dava a perspectiva de produzir acima das 65 sacas por hectare. Contudo, as chuvas mudaram a trajetória: “tive áreas que ficaram 19 dias dessecadas, demorando uma semana para colher 26 hectares, outra área foram mais 11 dias para atingir o ponto de colheita, fora que as variedades cresceram demais e deitaram. Havia dias que começava às 10 horas, mas quando era três da tarde chovia, não dava meio caminhão e então ficava pelo menos dois dias parado para terminar. No final acabei colhendo uma média de 58 sacos por hectare, o que de certa forma foi positivo se olhar que nas duas temporadas anteriores tinham 55 de média”.

Quando questionado se voltaria a usar os dois principais materiais genéticos que cresceram além do necessário na última temporada (BA 5770 e NS 6700), ele disse que sim, porém considerando, influenciado pelo clima, o uso do regulador de crescimento.

Safra pesada e atrasada

Ao enxergar um bom rendimento dos canaviais, Guto calcula uma média de 15 dias de atraso na safra decorrente prioritariamente de dois motivos, o primeiro são as chuvas que caíram após o primeiro de abril, isso porque uma precipitação de cinco mm é o suficiente para parar a colheita e consequentemente a moagem e as caldeiras da Usina, que depois precisam de dois a três dias para esquentar e voltar à ativa.

O segundo fator foi o atraso do plantio, isso em decorrência da colheita lenta da soja, como já dito, em razão da rotina chuvosa do primeiro trimestre de 2023 e problemas com mão de obra, o que acabou sendo um nicho de negócios que o produtor soube aproveitar.
“Eu planto mecanizado desde 2013 no lançamento de uma distribuidora, sendo mais uma vez um dos pioneiros da região. Na operação fazia a sulcação, posteriormente ela jogava os toletes e em seguida vinha o cobridor, em decorrência de pressão em razão da alta compactação do solo, em 2019 migrei para uma máquina plantadeira automatizada. Mediante os problemas enfrentados pelo plantio manual, a demanda aumentou, então comecei a prestar serviço com a aquisição de uma segunda máquina”. Assim junto com a renda da cultura de rotação ele consegue realizar o seu plantio com recursos para adotar todos os manejos necessários, especialmente os relacionados ao controle do Migdolus, principal praga de sua operação do lado paulista, e o Sphenophorus, grande problema do lado mineiro.

No comparativo, o produtor analisa que nas áreas onde há Migdolus não há ou o Sphenophorus é muito menos agressivo se comparado, por exemplo, com o outro lado do Rio Grande.

Segundo o produtor e com o agrônomo da Copercana dando o aval, a barreira química através do uso do Regent (Fipronil) e uma aração profunda é importante, porém pelo produto não ter um residual de dois ou três anos, no segundo ou terceiro corte a praga volta.

Ele também conta que para o corte de soqueira faz o rodízio entre várias ferramentas, sendo as principais o Imidagold (Imidacloprido) e o Actara (Tiametoxan), mas ressalta que o objetivo é sempre o da convivência, que é mais harmoniosa em anos mais úmidos e/ou áreas irrigadas com vinhaça, cujo produtor tem um contrato com cerca de 300 hectares através de um acordo com a usina para a passagem de um duto no meio de sua propriedade.

Parceria aprovada por Guto: “Minha parceria com a usina contempla a irrigação, o que é muito bom, pois além de ganhar uma lâmina de água adicional, o que vale ouro nos anos mais secos, há também a fertilização com o potássio, tanto que tenho um talhão que deu no ano passado dez cortes com uma média superior a 70 toneladas por hectare, até daria para levar mais umas duas safras, mas pela questão de falhas e também do meu plano de reformas, ano que vem vou fazer a reforma”.

Por fim, o produtor demonstra muita preocupação quanto ao seu plantel varietal, ele procura substituir variedades mais velhas por cultivares que vai ampliando o cultivo conforme vai aprovando sua ambientação, atualmente os destaques, do lado paulista são: RB07-5322 e a RB97-5033, já em Minas Gerais, trabalha com as variedades IACSP94-5003, CTC4 e CV 7870.

Mercado

Com expectativas positivas quanto às questões macros que envolvem a atividade, como por exemplo preços de açúcar, etanol e energia e consequentemente da cana, o produtor se qualifica como reticente a expansão em virtude da nebulosidade política e também o comportamento insano de preços de nichos específicos, mas com grande relevância na sua planilha de custos.
“A prestação de serviços eu diminui, tirei uma colhedora, o preço da máquina subiu muito após a pandemia, além do alto valor dos juros. Em 2013 comprei um trator que paguei nele por volta de R$ 150 mil, vendi ele no começo do ano por R$ 400 mil, uma máquina já com seus quase dez anos de uso, quem anima investir em maquinário numa realidade dessas”, conta Gutemberg que ainda vai além fazendo uma conta relacionando o valor da soja.
“Vê quantos sacos de soja são necessários produzir para pagar a prestação anual de um trator de R$ 700 mil em seis anos? Mais de 1,2 mil, considerando juros de 18%, recebendo R$ 120,00 por saco, e com uma produtividade de 60 sacos por hectares, isso considerando que toda a renda vá exclusivamente para pagar a máquina, precisaria de 20 hectares para pagar a parcela do ano”.
Visão preservada quanto à frente de colheita de cana: “Investir numa estrutura própria hoje é um mau negócio, pois além dos preços, vivemos uma séria crise quanto encontrar mão de obra qualificada, conto com profissionais com mais de 15 anos de experiência no meu time, reconheço a complexidade e perigos do serviço, não é para qualquer um pegar um trator ou uma colhedora e entrar à noite no meio de um canavial, por isso é uma tarefa para poucos, e, perante a demanda, não conseguimos formar gente o suficiente, tendo que muitas vezes dar oportunidades para o profissional se desenvolver em pleno voo”.

Desta maneira, como se ele estivesse analisando o seu trabalho o tempo inteiro para decidir se liberaria um crédito ou não, o produtor se mantém forte, nos últimos anos ainda mais, pois começou a organizar e preparar a sua sucessão junto com a esposa e filhos, focando em dias melhores que lhe permitirão aumentar não apenas o seu negócio, mas também sua influência e legado numa forma de encarar a atividade com um nível de governança mais elevado.