O desafio do manejo de plantas daninhas na cultura da cana-de-açúcar em épocas semissecas e secas

20/06/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
* Roberto Toledo


A produção de cana-de-açúcar no Brasil cresce de forma contínua. O país é o maior produtor do mundo, com 9 milhões de hectares para plantação. No entanto, a média de produtividade não acompanha a vasta extensão de área, e entre os motivos desse cenário estão a dificuldade em adotar e definir estratégias eficazes para o manejo de plantas daninhas na cultura, que podem reduzir a longevidade do canavial, aumentar os custos da plantação e causar redução de até 80% da produtividade.

A situação fica ainda mais preocupante pela diversidade de espécies de plantas daninhas na cana-de-açúcar em virtude da ampla presença da cultura em diferentes regiões do Brasil. Portanto, para o adequado manejo em todas as fases do sistema produtivo, a seleção dos herbicidas e a definição de doses, épocas e números de aplicações, são fatores fundamentais para o sucesso do setor canavieiro.

Neste período de início de safra, onde os canaviais estão em época de transição de umidade para a seca (semisseca), é necessário entender as características físico-químicas e as associações a serem utilizadas. Pois, muitas vezes, tanto o herbicida quanto algumas associações poderão resultar em fitotoxicidade elevada à cana-de-açúcar e/ou em baixa eficácia de controle.

Cada cultivar de cana responde de uma forma diferente à ação dos herbicidas, por isso é preciso considerar pontos como a identificação das espécies daninhas, as formulações e a época do ano em que se fará a aplicação. Os herbicidas sulfentrazone, ametrina + hexazinone, tebuthiurom, diuron, hexazinona + clomazone e hexazinone + diurom, dentre outros, são os mais versáteis e permitem alternativas interessantes em associações em aplicações únicas ou sequenciais.

Quando aplicados corretamente, os herbicidas reduzirão os danos das plantas daninhas, bem como promoverão significativa redução dos níveis de infestação ao longo dos anos, além de diminuir os custos adicionais, por exemplo, com aplicações complementares e repasses de herbicidas que não estavam planejados e orçados. Portanto, é imprescindível considerar sempre a seletividade do herbicida à cultura, compatibilidade entre os diferentes produtos, o nível de infestação e as espécies de plantas presentes na área.

O produtor precisa contar com orientações técnicas e um portfólio completo de produtos que considerem as infestações e as épocas de precipitação. As formulações devem ser divididas em estações: úmida, semiúmida, seca e semisseca, para garantir a seletividade e o manejo das plantas daninhas. Essa definição de estratégias auxiliará o setor sucroenergético a superar os desafios para o aumento da produtividade média.
 
*Roberto Toledo é gerente de Produto Herbicidas e Cana-de-açúcar da Ourofino Agrociência