O etanol e o samba de uma nota só da política econômica

22/04/2014 Etanol POR: Luis Nassif Online / O jornal de todos os Brasis
É incompreensível a maneira como o governo Dilma Rousseff vem tratando a questão do etanol.
Nos vários planos de política industrial, um dos pontos centrais é o estímulo a setores nos quais o país tenha vantagens competitivas.
Não existe setor mais de acordo com a vocação brasileira do que o etanol:
Parte de um diferencial competitivo brasileiro, que é a produtividade da cana, os avanços tecnológicos do setor e a disponibilidade de terras.
É um produto industrializado, fugindo da maldição das commodities de baixo valor agregado.
Em que pesem os efeitos da crise mundial, é uma commodity que pode ser comercializada internacionalmente.
No entanto, o setor está sendo demolido pelo samba de uma nota só que passou a dominar a política econômica, a ênfase total no combate à inflação.
***
Reajustes de preços essenciais - como os combustíveis - têm dois impactos sobre a inflação. Em períodos de reajustes generalizados de preços, podem colocar mais lenha na fogueira. Em períodos mais calmos, impactam apenas uma vez a inflação, no mês em que forem aplicados.
Por isso mesmo, em um quadro de reajustes disseminados de preços, evitam-se choques adicionais. Mas, passados esses momentos críticos, há que se trazer os preços de volta à realidade para evitar as sequelas.
Não é isso o que vem acontecendo.
***
Até a crise de 2008 - e a descoberta do pré-sal - o mercado do etanol estava em franca expansão. O boom da economia mundial estimulava as campanhas pelo desenvolvimento sustentável. Os estímulos dos EUA ao etanol de milho abriam espaço para a criação de um mercado internacional. Havia planos de se avançar sobre a América Central e a África, levando não apenas o etanol, mas tecnologia agrícola, usinas, gestão agrícola e capitais.
***
A crise derrubou provisoriamente o interesse internacional pelo meio ambiente e, automaticamente, pelo etanol.
Mas o combate primário à inflação fez o trabalho sujo. Para impedir pressão sobre os preços, o governo tirou a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) da gasolina e segurou os reajustes. Ora, devido à diferença energética atual, o preço do etanol deve corresponder a 75% do preço da gasolina, para ser competitivo. Com o preço da gasolina sendo contido, o etanol não conseguiu manter a competitividade.
***
A medida racional seria recompor os preços assim que cessassem as pressões sobre a inflação. Não foi feito.  Havia também um conjunto de medidas compensatórias que também foram deixadas de lado.
Por exemplo, o governo Dilma concedeu incentivos extraordinários à indústria automobilística, com a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Bastaria um IPI diferenciado para induzir o setor a desenvolver motores com um fator de paridade superior a esses 75%.
***
Mas a política econômica atual sofre de uma incapacidade crônica de atuar em ambientes complexos - como o da economia. Define-se uma prioridade - o combate à inflação - e lança-se mão de qualquer medida que esteja na prateleira, sem a menor capacidade de analisar as consequências.
É incompreensível a maneira como o governo Dilma Rousseff vem tratando a questão do etanol.
Nos vários planos de política industrial, um dos pontos centrais é o estímulo a setores nos quais o país tenha vantagens competitivas.
Não existe setor mais de acordo com a vocação brasileira do que o etanol:
Parte de um diferencial competitivo brasileiro, que é a produtividade da cana, os avanços tecnológicos do setor e a disponibilidade de terras.
É um produto industrializado, fugindo da maldição das commodities de baixo valor agregado.
Em que pesem os efeitos da crise mundial, é uma commodity que pode ser comercializada internacionalmente.
No entanto, o setor está sendo demolido pelo samba de uma nota só que passou a dominar a política econômica, a ênfase total no combate à inflação.
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Reajustes de preços essenciais - como os combustíveis - têm dois impactos sobre a inflação. Em períodos de reajustes generalizados de preços, podem colocar mais lenha na fogueira. Em períodos mais calmos, impactam apenas uma vez a inflação, no mês em que forem aplicados.
Por isso mesmo, em um quadro de reajustes disseminados de preços, evitam-se choques adicionais. Mas, passados esses momentos críticos, há que se trazer os preços de volta à realidade para evitar as sequelas.
Não é isso o que vem acontecendo.
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Até a crise de 2008 - e a descoberta do pré-sal - o mercado do etanol estava em franca expansão. O boom da economia mundial estimulava as campanhas pelo desenvolvimento sustentável. Os estímulos dos EUA ao etanol de milho abriam espaço para a criação de um mercado internacional. Havia planos de se avançar sobre a América Central e a África, levando não apenas o etanol, mas tecnologia agrícola, usinas, gestão agrícola e capitais.
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A crise derrubou provisoriamente o interesse internacional pelo meio ambiente e, automaticamente, pelo etanol.
Mas o combate primário à inflação fez o trabalho sujo. Para impedir pressão sobre os preços, o governo tirou a CIDE (Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico) da gasolina e segurou os reajustes. Ora, devido à diferença energética atual, o preço do etanol deve corresponder a 75% do preço da gasolina, para ser competitivo. Com o preço da gasolina sendo contido, o etanol não conseguiu manter a competitividade.
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A medida racional seria recompor os preços assim que cessassem as pressões sobre a inflação. Não foi feito.  Havia também um conjunto de medidas compensatórias que também foram deixadas de lado.
Por exemplo, o governo Dilma concedeu incentivos extraordinários à indústria automobilística, com a isenção de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Bastaria um IPI diferenciado para induzir o setor a desenvolver motores com um fator de paridade superior a esses 75%.
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Mas a política econômica atual sofre de uma incapacidade crônica de atuar em ambientes complexos - como o da economia. Define-se uma prioridade - o combate à inflação - e lança-se mão de qualquer medida que esteja na prateleira, sem a menor capacidade de analisar as consequências.