Passamos a maior parte da nossa vida trabalhando. Por isso, amar o que fazemos é fundamental para sermos mais completos. O homenageado desta edição é o colaborador Amauri Aparecido da Costa, que há 44 anos desempenha a função de assistente técnico para a Copercana e Canaoeste com muito amor.
Amauri nasceu na Santa Casa de Misericórdia da cidade de Pitangueiras-SP, no dia 26 de dezembro de 1957. Filho de Dionísio da Costa (in memoriam) e de Santina da Costa (in memoriam) ele tem como irmãos Maria Fátima da Costa; Amarildo Dionísio da Costa; Amaro Marcos da Costa; Rosemeire Ida da Costa e Rogério Marcos da Costa, todos nascidos em Pitangueiras.
Uma infância bem vivida
A infância de Amauri foi de muita diversão e peraltice. “Naquela época tínhamos mais liberdade de brincar na rua, vivíamos soltos. Eu estudava no período da manhã, saía da escola, passava em casa para pegar o meu estilingue e seguia para o meio do mato caçar passarinhos com os meus amigos Ronaldo e Paulo. E tinha dia que nem almoçava, ficava caçando e só voltava para a casa no fim da tarde”.
Amauri conta que foi praticamente criado na casa da sua avó paterna Ida da Costa, que morava na mesma rua, mas por um motivo bem peculiar, pois sempre que fazia arte apanhava do seu pai e quando podia corria para a casa dos avós. “Quando eu fazia alguma arte que já sabia que poderia apanhar, eu saía da escola e já ia direto para a casa dos meus avós. Lá eu tomava banho e já ficava, pois tinha uma cama que eu dizia que era minha. Na verdade, eu ficava por lá esperando a poeira baixar e meus pais esquecerem da minha arte”.
Além do estilingue, soltar pipa era algo que Amauri gostava muito, inclusive ganhou vários concursos na sua cidade. “Antigamente, no Campo do Comercial, em Pitangueiras, eram realizados concursos de pipas onde escolhiam a mais bonita, a maior e eu sempre participava. Minha mãe me incentivava comprando os materiais e eu produzia minhas pipas. Os prêmios eram bolas e caminhões e eu sempre ganhava e ficava muito feliz”.
Outra coisa da infância que Amauri não se esquece é das viagens que fazia com sua mãe para comprar tecidos. “Minha mãe era uma costureira conhecida na cidade e para contribuir com o orçamento confeccionava roupas, ela tinha uma boa clientela. Lembro-me que íamos de trem para a cidade de Americana comprar os tecidos e eu adorava”.
Estudo
Amauri estudou na Escola Estadual Orminda Guimarães Cotrim, em Pitangueiras, até a quarta série. E no colégio interno – Colégio Técnico Agrícola José Bonifácio, em Jaboticabal, onde se formou em 1976 como técnico agropecuário.
Trabalho
Em 1977, através da influência de seu pai, que trabalhava no almoxarifado da Zanini, em Sertãozinho, Amauri conquistou uma vaga na mesma empresa onde passou a trabalhar como auxiliar administrativo do engenheiro Paulo Canesin. Lá trabalhou por um ano e três meses, até que surgiu uma oportunidade de emprego na Copercana. “Fiquei sabendo que havia uma vaga na minha área na Copercana e fui falar com o Manoel Ortolan (in memoriam). Fiz a entrevista e ele disse que a vaga era minha. Eu saí de lá e fui direto conversar com o Paulo Canesin, que era o meu chefe e que foi bem bacana. Não precisei nem cumprir aviso prévio, ele me liberou rapidamente e disse que estava feliz porque eu iria trabalhar na minha área.
Amauri então foi contratado pela Copercana como técnico agropecuário, onde passou a exercer a função no dia 1º de abril de 1978. “A Copercana tinha um laboratório de sacarose onde hoje é a loja de Ferragens e Magazine em Sertãozinho e o químico era Leonídio Petean e a minha função era trabalhar na externa, coletando amostras de cana-de-açúcar na usina Santa Elisa e fazendo apontamentos, pois tudo precisava ser identificado para a análise das amostras. E foi através desse trabalho que passei a identificar as variedades de cana. Fizemos esse trabalho coletando amostras, analisando e mandando os dados para a Orplana de 1978 a 1982. E em 1983, quando foi aprovado o pagamento de cana pelo teor de sacarose, passei a prestar serviços também para a Canaoeste, onde contratava fiscais e os colocavam nas usinas para acompanharem as análises de cana dos associados”.
Fazenda Santa Rita
No ano de 1983, a Copercana adquiriu a Fazenda Santa Rita na cidade de Terra Roxa com 120 hectares e Amauri foi chamado para tomar conta da propriedade juntamente com Antônio Roberto Verri (in memoriam).
“Recebi a notícia com grande alegria. Quando fui conhecer a fazenda eu me apaixonei. Contratamos naquela época três funcionários para fazer plantio de soja e eu fazia o acompanhamento. E no ano de 1986 implantamos o viveiro de mudas de cana-de-açúcar. Adquiríamos mudas de cana do IAC, Copersucar e da Ridesa, plantávamos e fornecíamos para os nossos associados e cooperados e até hoje fazemos isso”.
O viveiro iniciou com dez alqueires e foi dando certo, houve interesse dos cooperados e associados e foi aumentando. Atualmente são 43 alqueires de cana-de-açúcar. “Hoje fazemos o nosso trabalho de multiplicação dos clones e as nossas avaliações junto às três mais importantes instituições de pesquisas”.
Viveiro de árvores nativas
Devido ao grande espaço, em dado momento o saudoso Manoel Ortolan pediu que no local também fosse montado um viveiro com mudas de árvores nativas. “Fomos conhecer um viveiro em outra cidade e depois disso montamos uma estrutura. Fizemos a estufa, comprávamos sementes de árvores e colocávamos para germinar e, depois de germinada, colocávamos em tubetes e vendíamos essas mudas para os cooperados e associados a preço de custo para que eles pudessem reflorestar suas áreas. Ainda mantemos esse viveiro, porém com uma quantidade menor de mudas e ainda as disponibilizamos”.
Atualmente, Amauri e o engenheiro agrônomo da Unidade de Grãos da Copercana, Gustavo Nogueira, são responsáveis pela fazenda exercendo as atividades, um com a parte técnica e o outro com a prática. E, a partir deste ano, Amauri também passou a fazer o acompanhamento de aplicação de calcário pós-venda.
Um trabalho reconhecido
Com seu profundo conhecimento sobre variedades, o “professor”, como é chamado, é procurado por cooperados e associados em busca de orientações.
Muitos cooperados e associados se dirigem até a fazenda em busca orientações, me pedem para fazer o planejamento varietal e isso para mim não tem preço, é confiança no meu trabalho, um trabalho que eu amo, que é o que eu sei fazer, que gosto de fazer. Quando eu passei a trabalhar com cana-de-açúcar eu não tinha conhecimento prático, apenas teórico e quando eu comecei a conhecer, peguei gosto. Para mim é uma satisfação plantar uma variedade, ver ela nascer, perfilhar e crescer. Graças a Deus eu amo o que eu faço”.
Sua família
Do fruto do seu primeiro casamento com Sandra Helena Toniello, Amauri teve os seus dois filhos – Jacqueline Toniello da Costa, que atualmente tem 36 anos e é engenheira agrônoma e Murilo Toniello da Costa, de 28 anos, advogado. “O meu relacionamento com os meus filhos é maravilhoso. Eu os amo demais e sempre procuro estar presente”.
Há 27 anos conheceu a artesã, Maria Marlei Teresinha Mouro. “Eu conheci a Marlei em um rancho próximo ao da minha família no rio Mogi. Uma amiga em comum me informou que ela assim como eu, também já não tinha compromisso com ninguém. Ela começou a ir ao rancho com mais freqüência e passamos a nos conhecer melhor. Eu morava em Pitangueiras e ela em Sertãozinho, depois de seis meses que havíamos nos conhecido eu fui morar com ela que é o meu braço direito, é a mulher da minha vida, minha parceira. Gostamos muito de viajar para a praia, de ir ao rancho e ela tem amor nos artesanatos dela e eu sempre apoio”.
Pandemia
Devido à idade, Amauri precisou se afastar das suas funções presencialmente no período de pandemia e diz que foi uma fase de muita angústia ter que ficar longe da fazenda. “Fiquei por um período afastado e para mim foi uma tristeza não poder executar o meu trabalho na fazenda e ver como estavam as plantas. Os outros funcionários continuaram trabalhando e o meu contato com eles era pelo celular, eu sabia como estava o andamento de tudo, mas era angustiante não poder estar presente. A coisa que eu sempre falo com orgulho é que trato aquela fazenda como se fosse minha. Inclusive brinco quando me perguntam para onde vou e eu digo que estou indo para a minha fazenda. É a minha segunda casa, na verdade a primeira porque passo mais tempo lá do que na minha própria casa e ficar afastado de lá devido à pandemia foi um sofrimento”.
Gratidão
Amauri contou que além do amor que tem pelo seu trabalho, ele é grato à Copercana e Canaoeste pelas oportunidades e conquistas. “O senhor Manoel Ortolan (in memoriam) era com um pai para mim e sou muito agradecido pelo apoio e a oportunidade de emprego que ele me deu. Eu tenho 64 anos e só tenho a agradecer as oportunidades e a confiança em mim depositada nesses 44 anos de trabalho. Se hoje tenho uma situação mais tranquila é devido ao meu emprego. Minhas conquistas são graças a essa empresa que eu amo. Crescemos juntos, é uma vida. O quanto eu puder ficar na fazenda, com meus fornecedores, plantando minhas canas, fazendo a minhas avaliações, vou ficar porque eu gosto muito do que faço”.