“O RenovaBio a curto prazo é um alento para o setor”

30/07/2019 Agronegócio POR: Revista Canavieiros
Por: Fernanda Clariano


A afirmação acima é de Guilherme Nastari - mestre em Agroenergia pela FGV (Fundação Getulio Vargas - SP) e bacharel em Economia pelo Ibmec-SP. O executivo se destaca no agronegócio como uma das principais lideranças jovens da atualidade. Diretor da consultoria agrícola Datagro desde 2005, e também da AEXA (Associação de Exportadores de Açúcar e Álcool), desde 2009 - Nastari participa de congressos no mundo todo, falando com desenvoltura sobre o setor sucroenergético. Em um rápido bate-papo com a Revista Canavieiros, ele falou sobre o setor, RenovaBio e energia renovável. Confira!

Revista Canavieiros: O RenovaBio é a redenção do setor?
Guilherme Nastari: Eu acredito que a palavra não seja redenção. O RenovaBio é o início da quarta onda de expansão e a primeira vez em que os consumidores, na bomba, estão preocupados com a emissão de carbono do produto. Então, produtos verdes terão mais incentivos para serem consumidos. Eu acho que o RenovaBio em curto prazo é um alento sim porque o setor está numa crise muito grande, mas é a segurança de que nós estamos no setor certo e que precisamos continuar porque ele é o setor do momento no mundo. O aquecimento global e a preocupação com o meio ambiente são a agenda de vários países.
 
Revista Canavieiros: O que o setor pode esperar a curto prazo?
Nastari: O dia 10 de julho foi uma data importante, a Câmara aprovou o texto-base da reforma da Previdência em 1º turno  acredito que a reforma trará para o Brasil como um todo um cenário diferente. Então isso vai refletir no setor sucroenergético, haverá maior consumo de energia – consequentemente de etanol, e também o mercado de açúcar está iniciando um ciclo de déficit internacional, onde o preço deve vir também para o açúcar. Acredito que são momentos bons, os próximos 15 - 18 meses devem ter sinalização de preço favorável para a produção de açúcar e etanol aqui no Brasil.
 
Revista Canavieiros: Quais os principais desafios e ameaças do setor atualmente?
Nastari: O principal desafio é a implantação do RenovaBio de forma correta para que  não exista ação que o tire do rumo certo. E a maior ameaça é continuarmos ficando quietos, sem falar. Precisamos comunicar nossos atributos e mostrar para a sociedade que o produto é tão moderno quanto o orgânico lá da prateleira, que é três vezes mais caro que o produto normal.
 
Revista Canavieiros: O que seria do mercado de açúcar se na safra 18/19 produtores brasileiros não tivessem alterado o mix, reduzindo a produção em 9,6 milhões de t?
Nastari: Estaria muito pior, não dá para falar. Consumimos 10 milhões de t na safra passada, o que convertidos em etanol implicam em uns 10 milhões nessa safra. Acabamos com o surplus no mercado mundial de 6,5 milhões de t em um ano ou em 15 meses.
 
Revista Canavieiros: O que é a plataforma Biofuturo? O Rota 2030 e o RenovaBio são plataformas para o Biofuturo?
Nastari: É a internacionalização das políticas de países que estão preocupados em ter programas de biocombustíveis. Então, o que o Brasil leva para a plataforma é o Rota 2030 e o RenovaBio que são conteúdos para o Biofuturo. Essa plataforma é um acordo internacional de 19 países com a mesma agenda.
 
Revista Canavieiros: O Brasil é a vanguarda do movimento de energia renovável?
Nastari: O Brasil não só é a vanguarda desse movimento, mas é também o que tem provavelmente uma das maiores oportunidades para desenvolver energia renovável no mundo. No âmbito de energia solar, temos uma região de alta incidência de sol em várias regiões do País. Temos ainda uma costa muito grande e espaço para se desenvolver. Em relação a energia eólica, temos muito vento em várias regiões. O mercado de energia renovável brasileiro é o mais desenvolvido no mundo, é o que tem maior escala, posicionamento. O Brasil é o melhor país produtor de energia renovável no mundo. O que vai nos fazer trocar uma energia ou fóssil para renovável ou entre as renováveis e o tempo que isso demorará, é política pública.