O setor de máquinas teme juro maior em programa de apoio
08/11/2012
Agricultura
POR: Valor Econômico
Com a redução dos juros do PSI (Programa de Sustentação do Investimento, do BNDES), anunciada no fim de agosto, muitos produtores estão antecipando para os últimos meses do ano algumas compras de máquinas agrícolas previstas para 2013, segundo Milton Rego, vice-presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
As indústrias do setor trabalham com estoques menores em comparação com a automobilística. Por isso, o aumento de demanda neste fim de ano, avalia Rego, não será acompanhado de produtos prontamente disponíveis nas concessionárias. "Não vai ter estoque, mas não vai faltar produto", afirma Rego.
Apesar da boa procura por máquinas, o setor não deixa de estar preocupado com os rumos dos juros do PSI. A redução das taxas de 5,5% para 2,5% vale até o fim de dezembro. Mas segundo o vice-presidente da Anfavea, os agentes financeiro avisaram as empresas que vão encerrar o recebimento de novos contratos com os juros reduzidos no início de dezembro.
Assim, as instituições financeiras irão interromper os contratos por cerca de 20 dias no último mês do ano à espera da definição da nova taxa pelo BNDES. Rego diz que a Anfavea não recebeu nenhuma sinalização por parte do governo de que manterá a redução dos juros do PSI.
Com essa interrupção de novos contratos do PSI em dezembro, a indústria teme perder faturamento, pois se trata de um mês importante para a comercialização de colheitadeiras. Entre dezembro e março, as empresas vendem praticamente dois terços do que o mercado nacional demanda em um ano.
As vendas internas no atacado das empresas associadas à Anfavea somaram 7,5 mil unidades em outubro, alta de 18,9% na comparação com setembro e aumento de 17,6% ante o mesmo mês de 2011. No acumulado do ano, as vendas tiveram alta de 2,5%, para 57,8 mil unidades.
Milton Rego acredita que 2012 vai fechar com incremento entre 2,5% e 5% da comercialização doméstica no atacado em comparação a 2011. A produção de janeiro a outubro subiu 2,6%, para 71,05 mil unidades.
Já as exportações no mês passado recuaram 14,5%, ante outubro de 2011, para 1,48 mil unidades. Sobre setembro, a alta é de 30,1%. No acumulado de 2012, os embarques caíram 11%, para 13,6 mil máquinas. Em valor, as vendas externas somaram US$ 2,5 bilhões, queda de 6% na mesma base de comparação.
Rego estima que os embarques deste ano devem recuar entre 10% e 12% em relação a 2011, diante das restrições impostas pela Argentina, antes um mercado que representava metade das exportações brasileiras. "A Argentina é uma grande incógnita", salienta.